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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Assim na terra como no céu! I e II

Assim na terra como no céu! (I)



Pe. David Francisquini

Muitos leitores já se terão talvez perguntado sobre as repercussões na vida do homem e da sociedade de um dado regime político. Da monarquia, aristocracia ou democracia, por exemplo. Se tal influência existe, ela deverá também existir num regime totalitário, materialista e igualitário, negador do direito natural e divino.
Com efeito, o Estado exerce uma grande e contínua influência pedagógica sobre a população. Esta será boa se seus dirigentes na sua conduta pessoal derem bons exemplos e elaborarem leis gerais condizentes com essa conduta; e será má caso suceda o contrário.
Um povo cujos dirigentes negam a existência de Deus, do céu e do inferno e procuram estabelecer a negação sistemática dos mandamentos da Lei de Deus, tende para o caos e a desordem, o morticínio e a violência, a bebedeira e o preternatural. É o que constatamos na maioria das nações do mundo de hoje, incluindo o Brasil.

Assim como nas plantas existe o fenômeno do heliotropismo, que é a busca da luz solar, há no homem um movimento natural e possante que poderíamos chamar de Teotropismo, que é a busca de Deus. Por ser essencialmente religioso, o homem tende para Deus.

Seu fim é conhecer, amar e servir a Deus neste mundo, e depois da morte contemplá-Lo face a face no Céu, no gozo da felicidade eterna. E a Igreja Católica Apostólica Romana, instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo, é o instrumento necessário para a salvação, pelo fato de dispor de todos os meios para o homem alcançar o fim último que é Deus.
Sobre isto especificamente, tratarei no próximo artigo.





Assim na terra como no céu! (II)


Pe. David Francisquini


A doutrina, os ensinamentos e os sacramentos da Igreja Católica elevam o homem à vida sobrenatural e o fazem conhecer as verdades da Fé. À Igreja cabe civilizar a humanidade, tornando a mensagem do Evangelho presente na arte, na música, na arquitetura, na escultura, na pintura, no desenvolvimento econômico, social, político, jurídico, nas ciências naturais e humanas.
Ela propicia assim o ambiente para que o homem desenvolva seus talentos e as sociedades rumem à perfeição, obtendo o grau de felicidade possível neste vale de lágrimas, antecipação do gozo do Céu. Ainda se pode notar muita coisa disso no continente europeu, cujos alicerces foram profundamente marcados pelos sinais da Fé católica.
De outro lado, devido ao pecado original, existe no homem uma tendência arraigada que o propende para o vício, agravada pelas quedas no pecado e pelas tentações provocadas pelo demônio. O homem tem sede de absurdo e de pecado, por ter sido sua natureza vulnerada pelo pecado de soberba e de desobediência de nossos primeiros pais, Adão e Eva.
Um regime comunista – como o da antiga Cortina de Ferro, da China, de Cuba ou do neocomunismo bolivariano de Chávez para as Américas –, poderia ser classificado como aquele cujas leis e costumes são feitos de molde a impulsionar em toda a medida do possível os efeitos do pecado original na sociedade, impedindo qualquer bom movimento dela em direção a Deus.

Tais regimes promovem perseguição religiosa, procuram por todos os meios a extinção da Fé, levam os homens à blasfêmia e criam obstáculos para a normal e pacífica celebração do culto, ademais de espalhar toda sorte de vícios, visando ao completo desregramento dos homens. Por isso, tais regimes antinaturais e anticristãos surgem e se mantêm pela força.

Sua conseqüência? – A barbárie traduzida na decadência, na preguiça, no caos mental, na violência, na loucura, no suicídio, na bebedeira, no autoritarismo, nas injustiças de toda ordem, na pobreza, na miséria, na sujeira. Nada funciona e as doenças proliferam. Há fome, guerras, rebeliões, massacres, campos de concentração.
São regimes cuja missão é construir uma sociedade inteiramente oposta aos Dez Mandamentos. Rejeitam a propriedade privada, invadem a esfera privada do indivíduo e da família, propagam o amor livre e toda sorte de vícios para a completa dissolução da família. Grassam a opressão e a miséria. A terra se transforma numa imagem do inferno.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Deus não pode blefar!

Deus não pode blefar!



Pe. David Francisquini

Em artigo anterior escrevi sobre Gramsci, o comunista que ensinou a seus companheiros o caminho para quebrar a resistência das almas, e só depois dessa indispensável ação demolidora implantar-se-ia o regime antinatural que pregava.

Ao teorizar sobre o que ele chamou de ‘senso comum’ na sociedade organizada, ou seja, o conjunto de valores, hábitos culturais, religiosos, sociais e mentais que dominam o ambiente onde a pessoa nasce e vive, encontrou ele diabolicamente o calcanhar de Aquiles da opinião pública.

No caso italiano, tratava-se da civilização cristã. Uma vez que todo homem possui o instinto de sociabilidade, ele tende a imitar o mundo à sua volta. Esse sentir comum se exerce com tal força no espírito do indivíduo que, dificilmente, alguém escapa a essa regra.

Com efeito, quem dominar esse senso comum conquista a sociedade. Para Gramsci, era necessário então mudar tendenciosamente esse “senso comum” rumo à sociedade atéia e igualitária imaginada. Na medida em que houvesse um deslocamento desse senso para a esquerda, todas as pessoas passariam a viver de acordo com ele.

Gramsci sugeriu uma guerra palmo a palmo à Igreja, minando-A na sua estrutura hierárquica. Propunha também demolir paulatinamente a sociedade: mudança de um costume aqui, uma moda mais imoral ali, com a conseqüente desintegração da família.

Apregoava até um linguajar novo e contrário aos costumes cristãos, a instalação de professores revolucionários infiltrados nas escolas para a instilação de doutrinas maléficas nas mentes dos jovens, bem como a promoção de pessoas cujo pensamento fosse comunista ou afim.

Com efeito, como o cupim que carcome a madeira, ao cabo de anos de aplicação de sua teoria mefistofélica a sociedade inteira seria pró-comunista, ou pelo menos estaria intoxicada dessas idéias e costumes. Para Gramsci, tão-só a partir desse momento o comunismo teria chance de triunfar.

Prezado leitor, não é bem isso que assistimos no nosso Brasil? Basta olhar o panorama político para nos darmos conta que nenhum dos candidatos a cargos públicos – pelo menos entre os que mais aparecem - é integramente católico. Aliás, são todos de esquerda e, portanto, cheios de idéias contrárias às máximas do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Contudo, para muito além dessa crise que nos assola, devemos ter a confiança firme nas palavras de Nosso Divino Mestre de que as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja Católica. Os políticos podem blefar, mas a palavra de Deus é eterna.

domingo, 29 de agosto de 2010

Gramsci, um comunista finório

Gramsci, um comunista finório



Pe. David Francisquini


No exercício de minhas atividades paroquiais, sobretudo no pastoreio de almas, não preciso fazer muito esforço para observar nas almas não apenas de meus fiéis, mas sociedade enquanto um todo que as pessoas vão sendo transformadas paulatinamente em suas mentalidades, em seus modos de ser e de viver.
Tais transformações se dão impreterivelmente no sentido oposto aos ensinamentos do Evangelho pregado por Nosso Senhor Jesus Cristo. Na prática, isso significa afastamento das almas em relação a Deus e à religião católica, em contraposição à adoção do ateísmo difuso através da sensualidade desenfreada.
Tudo tende para o igualitarismo e o amor livre por meio de uma revolução nos costumes, na indumentária, nos adornos, na linguagem, no trato social. Ela se passa igualmente nas instituições sociais e culturais como na música, no teatro, nos shows, na família, na forma de propriedade, no ensino. E depois se transformam em leis.
É fácil perceber nas almas o endurecimento dos corações em relação a religião e a Deus, tornando cada vez mais difícil aceitar as máximas do Evangelho, e, assim, cerceando o mais possível o apostolado. Tal fenômeno chegar a levar desânimo a muitos padres, tamanho o desafio. Outros são tentados a entrar na onda.
Como? – Ao mesclar hábitos do mundo com a religião na vã tentativa de atrair fiéis. Diante da dificuldade de atraí-los em razão do forte apelo das paixões desregradas, procuram transformar suas igrejas em palcos de shows, com todos os exageros que podem ser vistos hoje em certos meios católicos.
Há explicação para tal ocorrência? Ela seria espontânea ou dirigida? Quais seriam os mecanismos ou técnicas de manipulação da opinião pública utilizadas para atingir a meta em questão? Afinal, por que o mundo vem piorando dia a dia? Já atingimos o fundo do abismo? Ao ler e estudar Gramsci, pude entender muita coisa do que se passa.
Ateu, materialista e anti-católico, Gramsci quis a destruição da Igreja ao empenhar-se na luta pela mudança social da Itália nas primeiras décadas do século XX rumo à sua meta comunista. Sagazmente, percebeu que para tal só um golpe de estado e a tomada do governo pelas armas não bastariam.
Porquanto ali se encontrava a sede do Papado e a sociedade italiana, à época, se nutria ainda da seiva de séculos de religião católica. Contudo, Gramsci e seus comparsas anelavam destruir os pontos de resistência das almas. Como Arquimedes, ele poderia ter dito: “Dêem-me uma alavanca e um ponto de apoio e eu mudarei o mundo”.
Prometo continuar o assunto no próximo artigo.

Natureza e vocação sacerdotal

Natureza e vocação sacerdotal


                                                                                                   Pe. David Francisquini(*)


A missão do sacerdote é por natureza e vocação de suma importância e valor, porquanto o padre é investido dos mesmos poderes de Nosso Senhor Jesus Cristo. “Tu es sacerdos in aeternum secundum ordinem Melchisedech” – Tu és sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque.
Trata-se de uma verdadeira escolha que Deus faz entre os homens, a fim de que estes ofereçam dons e sacrifícios pelos pecados do povo e pelos próprios, além de se compadecerem dos que ignoram e erram, pois ele mesmo está cercado de fraquezas, como nos diz São Paulo aos Hebreus. (Hebr. 5, 1-11).

O nascedouro natural da vocação sacerdotal – o sal que salga e a luz que ilumina – encontra-se sempre no seio das famílias verdadeiramente cristãs, dentro do lar imbuído da Fé e da mentalidade da Igreja, bem como da pureza de costumes, da piedade e devoção.
De tão sublime, tal chamado de Deus é comparável a uma cidade sobre um monte ou a uma torre inexpugnável, pois um bom padre salva consigo uma multidão, enquanto um mau padre pode levar atrás de si outra multidão.
Na Epístola aos Efésios, São Paulo engrandece o sacramento do matrimônio ao confrontá-lo com a instituição da Igreja.
Ao ressaltar a submissão da Igreja a Cristo, o Apóstolo convida as mulheres a seguirem o exemplo da Igreja quanto à submissão aos seus maridos; e a estes, a amarem suas esposas como Cristo ama sua Igreja. Em suma, fazer do lar o que faz Cristo com a Igreja: digna, pura, resplandecente, sem mancha nem ruga, santa e imaculada.
Toda a grandeza do matrimônio se patenteia nessa consideração do apóstolo em relação ao amor de Cristo à sua Igreja. E São Paulo ressalta que o relacionamento de Cristo com a maior das instituições é um verdadeiro mistério, pois a própria Santa Igreja Católica Apostólica Romana é de origem divina.
Como sacerdote, acabo de tomar conhecimento da aprovação de novo Projeto de emenda constitucional sobre o divórcio, facilitando ainda mais as separações conjugais. As leis apenas referendam o amor livre que, na prática, já vige há tempos. Como esperar que de tal sociedade surjam vocações sacerdotais e religiosas? Como pretender o aparecimento de santos e heróis?
Com efeito, houve toda uma mudança de mentalidade, mudança do eixo em torno do qual gira e se orienta a sociedade. A família monogâmica e indissolúvel, nascida no altar diante do sacerdote com todo requinte e pompa, se reduz a um contrato provisório. E já se ouve falar em “família” formada por casais do mesmo sexo.
Através de uma mudança cultural profunda vai-se assim fazendo aos poucos o que a União Soviética tentou implantar pela força. Mãos hábeis, cabeças inteligentes e corações empedernidos souberam trabalhar a sociedade para descristianizá-la e levá-la ao torpor, tornando-a indiferente e atéia.
Não é de se alarmar que, sem nenhuma reação, o Estado vá ocupando cada vez mais o lugar dos pais e das famílias. Afinal, são eles próprios que correm pressurosos a entregar seus filhos nas creches públicas, onde são educados desde a mais tenra idade.
Em troca, os pais recebem uma pensão do Estado, a dita bolsa escola. A continuar assim, não tardará o dia em que as crianças passarão a dormir nas escolas como internos, e ao serem indagadas sobre quem são os seus pais, elas respondam: – Meu pai é o Estado socialista, e minha mãe, a Pátria laica e atéia.
Nessa perspectiva, o que fazer? “Ad te levavi, oculos meos, qui habitas in coelis”. (Sl 122, 1). Sim! Voltemos nossos olhos para Deus, para a Virgem de Fátima, pedindo perdão e misericórdia; pedindo, sobretudo, a grande vitória prevista em sua aparição, o triunfo de seu Imaculado Coração.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Festa do Imaculado Coração de Maria - Cardoso Moreira - RJ ( 21 e 22 de agosto de 2010).

Estas filmagens foram feitas com câmeras simples, por isso não são de boa qualidade, postamos aqui estes vídeos para que o caro leitor tenha noção de como foram os festejos de nossa padroeira neste ano de 2010.

Vídeo I

Vídeo II

Vídeo III


domingo, 18 de julho de 2010

Talis vita, finis ita

Talis vita, finis ita
Pe. David Francisquini(*)

Posta a vocação para cuidar das almas, natural é que todos os chamados ao sacerdócio amem tal vocação e façam dela o eixo em torno do qual devem gravitar todos os seus ideais, preferências e atividades. O exemplo foi do próprio Homem-Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, Aquele que nos chamou.
É lugar comum entre os formados na nossa santa religião, o papel da família numa sociedade digna desse nome. A família constitui o fundamento da ordem que deve reinar entre os homens criados à imagem e semelhança do Criador, para render-lhe glória nesta e na outra vida.
Com tais pressupostos, recordemos a cena de outros tempos, quando uma família se reunia junto a um altar para rezar um rosário, gesto que não raras vezes atraía muitas outras famílias naquele sagrado convívio, para se alimentarem do amor de Deus e do espírito de Fé.
Já antes da oração, enquanto os homens tratavam de seus negócios e afazeres, suas esposas trocavam notícias e a criançada brincava alegremente de rodas, separadas por sexo. Dessas famílias piedosas, quantas vocações brotavam para o sacerdócio e para os conventos?
Fruto típico e profícuo dessas famílias patriarcais foi a Madre Francisca de Jesus, fundadora, devotíssima de Nossa Senhora e de Jesus Sacramentado. Filha do Barão do Rio Negro, de Petrópolis, ela nos deixou belos exemplos de virtude ao morrer em odor de santidade.
Todos se sentiam na obrigação de se reunir e até mesmo organizar procissões com a participação da vizinhança, até o dia em que construíssem uma capela. A vida religiosa tinha tal impacto e força de propagação que, mesmo sem a presença do sacerdote, os católicos construíam oratórios, capelas, e até igrejas.
Assim nascia uma aldeia na Terra de Santa Cruz, que mais tarde seria cidade. Aquele monumento era o seu ponto de referência. Era outro mundo, outra época, outro povo que vivia sob a sombra da Cruz e bafejado pelas saudáveis influências da doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A manifestação da piedade se encontrava centrada na freqüência aos Sacramentos e à oração, acompanhados dos atos de devoção. Não havia féretro que deixasse de passar pelo recinto sagrado da capela da aldeia, a fim de receber a bênção dos funerais com cuidado e devoção.
O contraste gritante com os nossos dias, quando os defuntos são transportados para o cemitério sem passar pela igreja, faz-nos lembrar a máxima latina: “Talis vita, finis ita”. Tal vida, tal morte! Como se viveu sem praticar a santa religião, assim também morreu e será sepultado.
No Brasil de outrora, a vida social girava em torno da Igreja: quer no batismo, na crisma, na primeira comunhão, nos matrimônios, na assistência à missa dominical, nas festas litúrgicas e religiosas, quer nos sepultamentos. Hoje, se o vigário não for zeloso, quase todos morrem sem assistência espiritual.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Sonho e pesadelo

Sonho e pesadelo (II)
 Pe. David Francisquini*
Escrevi – sob o título de “Sonho e pesadelo” – recente artigo em que procurei analisar o justo ideal de jovens que contraem matrimônio na perspectiva de iniciar uma família bem constituída, mas que não tardam a se deparar com obstáculos quase intransponíveis quanto à educação e à formação moral e religiosa dos filhos.

Em apressadas linhas, procurei dar nomes aos bois ao enquadrar os referidos obstáculos contrastando-os com a boa ordem das coisas criadas por Deus, recorrendo a um profundo estudo histórico e sociológico do insigne líder católico Professor Plinio Corrêa de Oliveira, consubstanciado na sua obra prima Revolução e Contra-Revolução.

Neste estudo, mundialmente conhecido, o autor demonstra que a atual crise que abala os alicerces da nossa sociedade é de origem religiosa e moral, tendo atingido, sobretudo, a civilização Ocidental e Cristã e depois se espalhou por todo o mundo. Não se pode entender, pois, a intricada situação da família descrita no referido artigo abstraindo-se dessa visão.

Muitas pessoas, diante dos alarmantes índices de violência e da vertiginosa expansão das drogas, bem como da dissolução da família e das concepções fora do casamento, recorrem a nós perguntando como proceder de modo equilibrado na educação e formação dos filhos, a fim de preservá-los dos perigos que campeiam.

Há algum tempo, a imprensa de Belo Horizonte registrou para a História entrevista com um assassino confesso. Entre outras perguntas, lhe questionaram sobre o que faria se fosse solto. Arrogante e duro de coração, ele respondeu que não estava arrependido dos crimes cometidos, que não procuraria trabalho, continuaria matando e roubando.

Em seguida, lhe perguntaram a razão de sua atitude e por que ele chegou a tal ponto, ao que ele respondeu com frieza: – “Tudo começou quando em menino cheguei em casa com um doce roubado no bar e minha mãe ao invés de me corrigir deu um sorriso”.

Salta aos olhos que uma concessão, por menor que possa parecer, pode trazer conseqüências desastrosas para o resto da vida. Pois nada de grande – quer no sentido do mal ou quer no sentido do bem – acontece repentinamente. O segredo para as famílias é a integridade na formação moral e religiosa de seus filhos.

Portanto, pais e educadores, no cumprimento de seus deveres estejam atentos para não fazer concessões à maldade e traquinagens das crianças pensando conseguir detê-las no caminho da ruína e da perdição. “Porque, a fascinação das frivolidades obscurece o bem e a inconstância da paixão transtorna o espírito inocente” (Sab. 4, 12).

Como sacerdote de Nosso Senhor Jesus Cristo, assisto com tristeza pais tomarem a defesa de filhos quando eles cometem infrações e são repreendidos. Além de não corrigirem os filhos, ainda se aborrecem quando um professor os admoesta, chegando não raras vezes a romper com a escola onde estudam os filhos na defesa de uma mera travessura infantil.

Outros abdicam à responsabilidade da educação deixando os filhos longamente diante da televisão ou da internet, para mais tarde, ao se deparar com os desvios dos filhos, se perguntarem o que aconteceu. Talvez seja demasiado tarde! Dentro do espírito cristão, sempre haverá uma forma equilibrada e sensata de educar os filhos.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Sonho e pesadelo

(*)Pe. David Francisquini


Imaginemos uma família que se inicia com um admirável e promissor casamento diante de um sacerdote que lhes deu formação necessária para bem compreender a nobreza que tal aliança encerra. Com tal perspectiva, uma nova existência começa cheia de esperança à busca da vida virtuosa em comum, de acordo com os ensinamentos da Igreja.


A boa índole do casal os leva a conceber prole numerosa com boa formação moral e religiosa, filhos de caráter que possam honrar com seus predicados os seus pais. E depois de uma vida de dedicação mútua, de trabalhos, de dedicação – numa palavra – de uma vida fecunda aqui na Terra, se reuniriam no Céu juntos ao trono de Deus.


Com o passar do tempo, sob a pressão do ambiente que o envolve, e do mau exemplo proveniente das classes dirigentes que deveriam ser modelo para as demais, o casal percebeu que a situação atual se encontra nos antípodas de suas mais legítimas aspirações, e que a batalha para atingir sua meta será sobre-humana.


Seus filhos se vêem cercados pela imoralidade e violência nos programas televisivos, pelos shows que propagam as drogas e os maus costumes, por doutrinas revolucionárias que eclodem daqui, de lá e de acolá através da mídia e até mesmo dos livros adotados em nossas escolas. Onde os filhos deveriam se formar para mais bem servir a Deus e a sociedade campeiam os maus exemplos.


Incoercível, tal avalanche inunda seu lar, e aos poucos os filhos começam a mudar. Já não desejam o convívio aconchegante do lar, e preferem a rua. Passam a contestar as ordens paternas na hora de ir para a Igreja, fazendo “corpo mole” no momento das orações, pois se sentem como que entediados das coisas de Deus. Cada vez mais exigentes, eles são intolerantes e cheios de capricho.


Parecem querer ocupar o lugar dos pais. Não aceitam mais usar as roupas de acordo com a modéstia cristã e com os padrões de bom gosto, mas se sujeitam “voluntariamente” à ditadura da moda, vestindo o uniforme atual do jeans desbotado e esfiapado. Os mais rebelados usam cortes de cabelo extravagantes, brincos, piercings e tatuagens.


Para infelicidade dos pais e dos bons educadores, as leis vigentes favorecem de maneira brutal o ambiente de rebelião à ordem constituída, substituindo-a pela anarquia generalizada. Nas escolas, as crianças começam já em tenra idade a ser iniciadas para a vida sem “tabus” através das aulas da assim chamada educação sexual, que as ensinam as piores depravações sob a capa de normalidade.


Como estudioso e diretor de almas, afirmo que tal situação não começou da noite para o dia e que ela não atinge apenas o Brasil. A crise que assola nossa civilização vem do Renascimento, passando pelo protestantismo, Revolução Francesa, comunismo e, agora com a revolução cultural que apregoa a quebra de todos os valores da família, da religião e da propriedade particular.


Trata-se de uma crise profunda e sem precedentes que tem como mola propulsora os vícios do orgulho e da sensualidade, e atinge todos os campos da vida humana, como escreveu o ilustre pensador católico, o Professor Plínio Correa de Oliveira, em seu livro “Revolução e Contra-Revolução”.


Em próximo artigo, pretendo continuar analisando essa candente situação que vem causando justa preocupação não apenas aos zelosos pais que amam e temem a Deus, mas a todos aqueles que procuram zelar pela maravilhosa ordem criada e desejada pelo Criador para propiciar aos seus filhos a eterna felicidade.

domingo, 23 de maio de 2010

Nova ditadura em ascensão


(*)Pe. David Francisquini


Instado por amigos a expor o que penso sobre o Programa Nacional dos Direitos Humanos (PNDH-3) do governo Lula, sinto-me no dever de brasileiro – acrescido da responsabilidade sacerdotal de que sou revestido – de explanar sucintamente o que pensa a Santa Igreja em seus ensinamentos a tal respeito.

Não precisa ser jurista para perceber nele, à primeira vista, um programa revolucionário concebido por mentes alienadas e manipulado por hábeis mãos a fim de descristianizar o Brasil, subvertendo de maneira radical nossas raízes cristãs por meio de leis que se contrapõem à Lei de Deus, codificada nos Dez Mandamentos.
Com efeito, o famigerado Programa se propõe a “desenvolver mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União” e recomenda “o respeito à laicidade pelos Poderes Judiciário e Legislativo, e Ministério Público, bem como dos órgãos estatais, estaduais, municipais e distritais”.
Trata-se do ateísmo implantado em nome da laicidade, uma nova ditadura em ascensão. O PNDH-3 golpeia a instituição da família e da propriedade, fundamento de qualquer ordem social sadia. Não se contentando com isso, ele apregoa o pecado com suas decorrentes desordens morais como valores inalienáveis a quem ninguém pode se opor.
O projeto pretende “reconhecer e incluir nos sistemas de informação do serviço público todas as configurações familiares constituídas por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), com base na desconstrução da heteronormatividade”.
O que até há pouco era anormal passa a ser normal, o que era pecado não o será mais, o que era antinatural passará a ser natural, o que era desordem moral passará a ser coisa inteiramente legal. Uma sociedade assim constituída levará as pessoas à negação de Deus, da Redenção infinita de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Igreja Católica.
O que se depreende disso é que quem vive na situação antinatural terá voz e vez! Quem defende a lei de Deus e a integridade da natureza ficará amordaçado e escorraçado. Na verdade, isso caracteriza um regime antinatural, despótico, tirânico, outrora implantado na ex-União Soviética. Viveremos sob o tacão desse Programa que será imposto ao Brasil?
Outra investida subversiva do PNDH-3 concerne às prostitutas, chamadas de profissionais do sexo, cuja ultrajante “profissão” o agourento Programa prevê regulamentada com todas as garantias de um trabalhador honesto. E ainda prevê fazer em relação a elas programas educativos – como se isso fosse educação – para que o público aceite a nova situação como normal.
Propaganda com dinheiro público, inclusive para as crianças, com a finalidade de que aceitem a prostituição masculina e feminina. Uma verdadeira máquina de meretrício para todas as idades, que fica assim liberada. Como ficam os Mandamentos que mandam não pecar contra a castidade e não cobiçar a mulher do próximo?
Trata-se, caro leitor, de legalizar o pecado e eliminar o conceito de família. Uma concepção nova do ato natural entre o homem e a mulher dentro do matrimônio indissolúvel com a finalidade de propagar a espécie, e o mútuo auxílio. Numa palavra, uma desordem sem nome, colocar isso em forma de lei.
Outro ponto totalmente inadmissível é o apoio ao infanticídio monstruoso do aborto, que é implementado tornando seu acesso livre e fácil a quem o desejar.
Não faltou ao PNDH-3 um forte ataque ao regime da propriedade privada ao propor “a construção de uma sociedade igualitária”, ou seja, a construção de uma nova Cuba no Brasil ou de uma Venezuela do caudilho Chávez, regimes comunistas como o foi o da Rússia soviética, qualificado pelo atual pontífice como “a vergonha de nosso tempo”.
Comunismo este que Nossa Senhora profetizou em Fátima como sendo o erro que se propagaria pelo mundo, constituindo o grande flagelo para punir os pecados da humanidade. Diz Santo Agostinho que a paz é tranqüilidade na ordem. Como poderá haver paz numa desordem tão grande que o tal PNDH-3 quer implantar na Terra de Santa Cruz?
Pelo contrário, ele nos levará ao caos. O mesmo Santo Agostinho nos ensina que se todos observassem o Decálogo – governadores, reis, magistrados, súditos, empregados, patrões, filhos, pais, mestres e alunos, esposos, soldados, enfim, toda a sociedade –, aí sim haveria verdadeira ordem e paz social.
Muitas vezes me pergunto se tantos cataclismos, terremotos, enchentes, epidemias a que temos assistido, não são frutos dessa profunda revolta e inversão de valores contra a ordem natural posta por Deus.