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terça-feira, 12 de julho de 2011

Das trevas do paganismo ao seio da Igreja (II)
                                                                                                                                            *Pe. David Francisquini


Em recente artigo fizemos a introdução sobre o papel santificador dos sacramentos e dos sacramentais. Hoje comentaremos as cerimônias da bênção da água batismal, ela mesma um sacramental. Todos os que recebem o santo batismo fazem uso dessa água para se tornarem novos cristãos e membros da Igreja.


Benção da Água Batismal
 Ao benzer a água batismal, o sacerdote louva e agradece a Deus pelo fato de operar maravilhas através dos sacramentos. E lembra que no princípio do mundo o Espírito Santo pairava sobre as águas, comunicando-lhes força e vida, a fim de que esse elemento, tão importante para o homem, fosse meio de virtude e santificação para ele. Outra recordação digna de nota que faz o sacerdote se refere ao mundo corrompido pelo pecado e pelas desordens humanas, e punido pelo dilúvio que simbolicamente terminou com os vícios e o pecado pela regeneração das almas.
Ele suplica que o Senhor de todas as coisas ponha os seus olhos misericordiosos e complacentes sobre sua Igreja, multiplicando o número de seus filhos.
Como manifestação de suas graças, Deus cumula de alegria a Santa Igreja, abrindo-lhe a fonte inesgotável das águas batismais, a fim de que todos os que se aproximarem dela entrem no comércio com Ele e participem como filhos de seus inestimáveis tesouros. É pelo poder do Espírito Santo que a água destinada a regenerar os portadores da culpa original é fecundada.
O sacerdote implora ainda ao Espírito Celeste para transmitir virtude santificadora à água batismal, tornando-a instrumento de concepção de vida nova, de tal maneira que, por efeito dela, a alma fique livre de todos os malefícios do inimigo infernal.
Tocando a água, o eclesiástico pede a Deus para torná-la santa e inocente qual fonte viva. E abençoando-a em nome do Deus vivo, do Deus verdadeiro, do Deus Santo, do Deus que no princípio do mundo separou a água da terra, lembrando mais uma vez que o Espírito pairava sobre ela.
Toma então ele com a mão uma porção da água e a lança na direção dos quatro pontos cardeais da Terra. Ele lembra assim o que Deus realizou no paraíso terrestre, ao fazer brotar uma fonte que se dividiu em quatro rios, irrigando a Terra inteira.
Esse manancial é o coração de Jesus ferido pela lança cruel que jorrou água e sangue, difundindo seus méritos para os quatro cantos da Terra.
Ao infundir na alma a vida sobrenatural – verdadeiro manancial que jorra para a vida eterna – brota dessa fonte um paraíso com quatro rios, que são as quatro virtudes cardeais que enobrecem e enriquecem a alma humana regulando todos os seus atos. São elas: a prudência, a justiça, a temperança e a fortaleza.
Como não posso extrapolar dos limites costumeiros, limito-me a relacionar algumas outras evocações do cerimonial: a transformação da água em vinho nas Bodas de Caná; o batizado do próprio Cristo nas águas do Jordão; a água que jorrou de seu divino lado ao ser perfurado pela lança de Longino e sua ordem aos discípulos para que conferissem o batismo àqueles que abraçassem a fé católica.

domingo, 3 de julho de 2011

Das trevas do paganismo ao seio da Igreja

                                                                                       *Pe. David Francisquini

Ao nos ensinar sobre a vida da graça – que é a amizade entre o homem e Deus – e nossa filiação adotiva, Nosso Senhor Jesus Cristo afirmou: Quem não renascer pela água e pelo Espírito Santo não entrará no Reino do Céu. [Jo 3,5]. Eis aí o tesouro espiritual do batismo que nos tira das trevas do paganismo e nos coloca no seio da Igreja.
Quem nascer da carne é carne, e quem nascer do espírito é espírito. Portanto, pelo Santo Batismo somos renovados numa ordem superior, ocasião em que Deus infunde em nossas almas as riquezas da vida sobrenatural. Afinal, quem não se deixa encantar com a alegria envolvente de uma cerimônia batismal?
Sobretudo se for uma criança. Ricas ou pobres, as pessoas presentes procuram trajar-se dignamente. Balbuciando notas indecisas nos braços de quem o acalenta, tão frágil e delicado o bebê como que pede proteção e aconchego. Tudo enfim confere ao ritual um aspecto sublime.
Para mais bem realçar a atmosfera de felicidade e de paz que paira durante um batizado, evoco o poeta francês Joséphin Soulary, que no soneto Les deux cortèges – Os dois cortejos – faz uma eloqüente antítese entre um cortejo fúnebre e outro batismal que se encontram numa igreja. Recurso poético sim, mas muito didático.
Enquanto o primeiro é marcado pela tristeza, pois conduz o ataúde de uma criança recém-nascida cuja mãe está sufocada pelos soluços que a acabrunham, o outro é de muita alegria, com a mãe radiante ao estreitar no seus braços o filho todo inteiro com olhar triunfante. Ao deixar o recinto do templo, os olhares das mães se entrecruzam.
Ao concluir o soneto, o poeta realça com grandeza e gravidade a circunstância que inspira oração. A jovem mãe – até o momento esfuziante de alegria – chora ao olhar para o esquife, enquanto a mãe que chorava, sorri para o recém-nascido pela água e pelo Espírito Santo! Com efeito, há uma linguagem que só os poetas falam.
Posta esta introdução que se estendeu além do limite usual, cabe-me explicar a ação santificadora dos sacramentos e dos sacramentais, para em seguida tratar do Batismo. A Igreja como instituição divina utiliza-se da água batismal – a água natural especificamente benta – para conferir o primeiro dos sacramentos.
Apenas em caso de risco de morte pode-se utilizar água natural para que a criança não morra sem receber esse sacramento necessário à salvação. Aliás, é ensinamento da Igreja que os pais que protelam o batismo de seus filhos pecam gravemente, pois não cumprem os deveres impostos pelo matrimônio.
O padre é o ministro oficial do batismo. Em caso de premente necessidade qualquer pessoa pode ministrá-lo, desde que tenha a intenção de fazê-lo, utilizando a fórmula: “Fulano de tal, eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”, usando água natural, necessária para comunicar o novo renascimento.
Num próximo artigo pretendemos tratar da água batismal que é benta no Sábado Santo, na vigília pascal ou vigília de Pentecostes. Ou, na falta da água batismal, em outra ocasião abençoa-se com água natural utilizando-se outra fórmula breve. Até lá.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

As Netas de Deus (final)
                                                                     *Pe. David Francisquini

Ninguém de nós duvida da promessa feita por Nosso Senhor, de que permaneceria com a Igreja até a consumação dos séculos e que as portas do inferno não prevaleceriam contra Ela. Com efeito, a assistência do Espírito Santo se difunde em todos os campos da vida da Igreja, que é o próprio Corpo Místico de Cristo.
Como nos ensina Plinio Corrêa de Oliveira, “em suas instituições, em sua universalidade, em sua insuperável catolicidade, a Igreja é um verdadeiro espelho no qual se reflete nosso Divino Salvador”.
Também na sua exterioridade – na arquitetura, na escultura, na pintura, na música etc. – a Igreja deve refletir as perfeições de seu divino Fundador, impregnando com elas as almas dos fiéis. É por isso que as boas obras de arte são uma expressão da Verdade, do Bem e do Belo, cujo absoluto é Deus, e que as obras de arte extravagantes são o contrário disso...
São ainda expressões de Deus – ou Suas “netas”, porque “filhas” dos homens – o som do órgão ou do canto gregoriano, a pintura sacra retratando passagens bíblicas, tudo em harmonia perfeita para nos fazer crescer no amor do Criador e nos preparar para a vida eterna, quando contemplaremos Deus face a face.
Portanto, negar as imagens é negar essa ação e a própria atuação do Espírito Santo. Ele conduz a Igreja a cumprir sua missão aqui na terra. Ademais, elas servem também para assinalar a diferença entre a verdadeira Igreja de Jesus Cristo e as seitas protestantes. Não se trata de idolatria, mas de expressão visível do ensinamento do Divino Espírito Santo.
Romper com isso corresponde romper com a Igreja, una, santa, católica, apostólica, romana. Por isso, São João Damasceno, polemista de renome e de grande cultura teológica, afirma que no Antigo testamento Deus nunca fora representado em imagens, uma porque era incorpóreo e sem rosto.
Contudo – continua o santo oriental –, tendo Deus se encarnado e habitado entre nós, não só podemos, mas devemos representar aquilo que é visível em Deus. Fazendo-o não veneramos a matéria, mas o Criador da matéria. Na verdade, Ele se fez matéria por nossa causa e se dignou habitar na matéria e realizar a nossa salvação através da matéria.
São palavras de São João Damasceno: “Não cessarei de venerar a matéria através da qual chegou a minha salvação. Não a venero de modo algum como Deus! Como poderia ser Deus aquilo que recebeu a existência a partir do não-ser? [...] Mas venero e respeito também a matéria que me propiciou a salvação, enquanto plena de energias e de graças santas”.
Não é por acaso matéria o madeiro da Cruz três vezes santa? E a tinta e o livro santíssimo dos Evangelhos não são igualmente matéria? E o altar da salvação que nos dispensa o pão de vida não é matéria? Não é verdade que a carne e o sangue do Nosso Senhor Jesus Cristo são da mesma forma matérias?
Portanto, não ofenda a matéria. Ela não é desprezível, porque nada do que Deus fez é desprezível (Contra imaginum calumniatores, I, 16, Ed. Kotter, pp. 89-90).

domingo, 29 de maio de 2011

AS “NETAS DE DEUS” (II)



*Pe. David Francisquini


Sempre com fundamento na doutrina católica, damos hoje prosseguimento à matéria sobre a liceidade da veneração de imagens a partir da vinda à Terra do Filho de Deus, encarnando-se no ventre virginal de Maria Santíssima. Segundo São João Damasceno, Aquele que era e é invisível para nós se torna assim visível.
Com efeito, prossegue o Padre oriental da Igreja, uma das grandes figuras do cristianismo, não só da época em que viveu [séc. VII e VIII], mas de todos os tempos: Aquele que é puramente espiritual se torna carne e vive entre nós. É o instrumento que Deus nos deu para nossa redenção e salvação.
Esta nova aliança com o gênero humano Deus a quis selar tornando-se Ele próprio membro integrante desse gênero pela união hipostática.
Cientistas analisaram a mortalha com que Cristo fora envolvido no Santo Sepulcro, conhecida como Santo Sudário de Turim. Nela se encontra portentosamente a figura do divino corpo. As chagas nele impressas são de tal modo visíveis, que escultores puderam talhar em madeira uma reprodução exata de Cristo morto e pregado na cruz.
Numa época como a nossa, adiantada em conhecimento técnico e científico, mas decadente e sem fé, as descobertas no Santo Sudário vieram confirmar tudo aquilo que fora narrado nas Sagradas Letras: Cristo padecendo e morrendo por nós, mostrando ao mundo inteiro que Ele quis nos deixar a sua figura Sagrada impressa naquele tecido.
Ainda na Paixão, o gesto de coragem e dedicação de Verônica ao enxugar o rosto de Cristo foi recompensado com a impressão miraculosa da Santa Face do Salvador na toalha. Todas as relíquias da Paixão - a Santa Cruz, os cravos, a coroa de espinhos - merecem atos de adoração por pertencerem ao Homem-Deus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade.
O culto de latria, ou de adoração, é prestado somente a Deus. Aos santos são prestados cultos de dulia, ou seja, culto de veneração, de homenagem feita ao próprio santo por ser amigo de Deus. E o culto que se presta a Virgem Santíssima é o de hiperdulia, pelo fato de ser Ela a mãe de Deus por obra do Espírito Santo.
Lembramos mais uma vez que não existe na Igreja adoração de imagens de santos, da Santíssima Virgem, e nem mesmo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nós católicos as veneramos, as tratamos com respeito, rendemos-lhes as devidas homenagens, porquanto elas nos animam e nos incentivam na fé, na devoção e na piedade.
Se precisarmos falar com um chefe de Estado, o expediente mais simples consiste o mais das vezes em fazê-lo através de um de seus ministros, ou mesmo de um amigo próximo dele, para assim alcançarmos o mais rapidamente possível o almejado.
Analogamente, ao rezarmos diante de uma imagem de determinado santo, nós o focalizamos enquanto amigo e intercessor junto a Deus. No Ritual Romano, a Igreja tem bênçãos especiais para que tais objetos se tornem sagrados.
Deixo mais uma vez a promessa de voltar ainda ao assunto na primeira ocasião.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

AS “NETAS DE DEUS”



                                                                                                                    * Pe. David Francisquini


Assim como se cunham moedas para distinguir e enobrecer personagens ilustres, ou ainda para ressaltar acontecimentos históricos e simbólicos da ordem temporal, com todo o propósito podem-se esculpir ou pintar imagens daqueles que se distinguiram pela virtude e santidade na ordem espiritual.
A filosofia nos ensina que sendo o homem composto de corpo e alma, nenhuma idéia ou imagem chega à sua inteligência sem antes passar pelos sentidos. Com esse pressuposto, a pedagogia católica não encontrou melhor maneira de lembrar e perpetuar a santidade de uma pessoa do que a retratando através de sua pintura ou escultura.
Por exemplo, quanto mais requintada for uma pintura ou escultura representando as três pessoas da Santíssima Trindade tanto maior será a idéia que o homem poderá fazer delas – dentro, evidentemente, do limite da compreensão do incompreensível. E, guardadas todas as abissais proporções, análoga lembrança poder-se-á aplicar também aos justos filhos de Deus.
Como conhecer um justo nesse mundo? – Aquele que segue ou procura seguir estritamente a vontade de Deus. São José, por exemplo, foi qualificado pelas Escrituras como varão justo. Outros personagens se sobressaem de tal modo na prática amorosa da Santa Lei que se tornam amigos íntimos de Deus, luzes reflexas do próprio Deus.
Na sua sabedoria infinita, o Criador enriqueceu a natureza com uma grande variedade de seres, cada qual retratando uma de suas facetas. Isso para que esses seres não apenas atendessem aos divinos desígnios, mas para servirem de constante convite ao homem para se elevarem à Causa das causas e assim conhecê-Lo, amá-Lo e servi-Lo neste mundo.
A pintura e a escultura – “netas de Deus”, na linguagem de Dante Alighieri – são produtos da inteligência do homem que ao enriquecerem com sua beleza os templos sagrados concorrem para o enriquecimento da piedade e da devoção dos fiéis, elevando-os a Nosso Senhor.
Quando moldadas pela piedade e pelo bom espírito, tais obras ficam impregnadas de bênçãos, atuando às vezes por obra do Espírito Santo no íntimo dos corações dos pecadores e movendo-os a mudar de vida.
O próprio Templo de Jerusalém – a Casa de Deus por excelência no Antigo Testamento – era adornado por inspiração divina com uma enorme diversidade de símbolos: palmeiras, a Arca da Aliança, as Tábuas da Lei, a vara de Aarão, os querubins, e tantas outras figuras para lembrar a vinda do futuro Salvador do mundo.
Inclinados infelizmente à idolatria, os hebreus recorriam sempre a esta prática criminosa erigindo e cultuando criaturas em lugar de Deus. Preocupada com a idolatria e mesmo com o panteísmo do povo escolhido, a pedagogia divina no Antigo Testamento tomara todo o cuidado para evitar que as almas fossem influenciadas por tal concepção errônea.
Sendo Deus invisível, absoluto, transcendente, puramente espiritual, dotado de inteligência perfeitíssima e de vontade santíssima, era de certo modo inacessível ao povo hebreu. Daí decorria para eles de um lado a necessidade psicológica de confeccionar imagens, e de outro a proibição de o fazerem, a fim de evitar a idolatria, prática comum no Antigo Testamento.
Com fundamento na doutrina da Santa Igreja e nos seus santos, pretendo no próximo artigo justificar a confecção de imagens a partir da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. Até lá.


quarta-feira, 27 de abril de 2011

Façam soar as trombetas!



Padre David Francisquini

No Sábado Santo, vigília da Ressurreição, entre outras cerimônias como a bênção do fogo e a solene procissão do Círio, há o cântico solene da proclamação da Páscoa, chamada na linguagem litúrgica de Precônio Pascal.
Todo o ritual se reveste de muita luminosidade. A coluna de fogo, representada pelo Círio Pascal, nos eleva a um patamar tão alto que toca no próprio Deus. A música solene dignifica e exalta a grandeza do divino Rei, que ressuscitado e na plenitude de sua majestade e poder se levanta da sepultura.
A cruz do Círio exalta a Deus como princípio e fim de todas as coisas, dominador da glória e do império, do tempo e dos séculos, pois Cristo ressurgiu dos mortos, glorioso e triunfante, com as cinco chagas representadas pelos cinco grãos de incenso. Chagas gloriosas que brilham como sóis a colocar em fuga as trevas deste mundo.
Nesse contexto, a voz solene do cantor entoa o Exultet, hino cheio de grandeza e majestade, que se prorrompe em júbilo, convidando as miríades de anjos do céu a exultar de alegria e celebrar com o clangor de suas trombetas os divinos mistérios da vitória de tão grande Rei:
“Exulte o céu, e os anjos triunfantes,

Mensageiros de Deus desçam cantando.
Façam soar trombetas fulgurantes,
A vitória de um Rei anunciando.” [...]


Após ter celebrado e acompanhado as cerimônias tristes, mas belas e ricas de significado da Semana Santa, a Terra inteira se vê iluminada pelos raios que o Rei ressuscitado esparge sobre as almas regeneradas pela ação da graça.
Cristo morre pelos pecados do mundo e ressuscita para manifestar e provar que é o rei da vida e da morte. Ele se debate num duelo persistente e aguerrido, levantando-se da sepultura como rei imortal, glorioso e impassível, triunfador da morte, do pecado e do demônio.
Enquanto de um lado o cantor exalta a grandeza do Rei, de outro ele implora para que o povo fiel obtenha um raio de misericórdia e bondade, para que possa humildemente cantar, louvar e bendizer a Jesus Cristo. Com o afeto do espírito, o canto prossegue, louvando a Deus e ao seu Filho Unigênito, que se dignou vir até a Terra para redimir com o seu precioso sangue a culpa de Adão.
Como outrora os filhos de Israel foram libertados do Egito cruzando a pé enxuto o Mar Vermelho, Cristo dissipou as trevas do paganismo com o fulgor de seus exemplos, de sua doutrina e de seus milagres. E nessa noite verdadeiramente santa de sua Ressurreição, o mundo inteiro foi arrebatado, vendo-se livre dos vícios e das trevas do pecado.
Que aproveitaria ao homem ter nascido se não tivesse sido resgatado? – pergunta o hino, que exclama o excesso do amor de Deus em relação aos homens, ao conceder-lhes tão grande Redentor para redimi-los de sua culpa. Exalta ainda a noite sagrada e ditosa, a única em conhecer o tempo e a hora em que Cristo ressurgiu dos mortos, saindo vitorioso do santo sepulcro.
Para reconhecer ainda mais a majestade dessa noite, canta-se cheio de júbilo: “E a noite será clara como o dia; e a noite será luminosa para me alumiar em minhas delícias.” A melodia recorda a santidade da noite que afugenta os crimes, lava as ofensas, restitui aos culpados a inocência e dá alegria aos tristes; extingue os ódios, restabelece a concórdia e submete os impérios a Deus.
Tenhamos presente que o sacrifício do Homem-Deus, renovado diariamente no altar como uma coluna de fogo acesa pelas mãos de seus ministros, não sofre nenhuma diminuição; pelo contrário, ele comunica a sua luz, porquanto o alimenta a cera que a abelha produziu para compor esse precioso facho.
A referida luminosidade ressalta a excelsitude de tão grandioso Rei, que ressuscitado veio trazer a luz da fé e o facho ardente do fogo do divino amor para fazê-los arder no coração dos homens e elevá-los à dignidade de filhos de Deus por adoção e participação.
Ao despojar os egípcios e enriquecer os hebreus, quer a Igreja significar que sendo Nosso Senhor Deus por natureza, quis tornar-se homem, enriquecer-nos dos dons celestes, quebrar os aguilhões da morte e arrebatar das mãos dos maus o timão da História pela instituição da Igreja como coluna e fundamento da salvação.


domingo, 17 de abril de 2011

Fonte de água viva


                                                                                     *Pe. David Francisquini


O tempo da Paixão compreende as duas últimas semanas depois da Quaresma propriamente dita. Ele visa preparar as almas, através de textos que a Igreja sabiamente vai colocando ao alcance dos fiéis, para o grande dia no qual Jesus Cristo instituiu o sacerdócio católico e a Eucaristia como sacramento e como sacrifício.
Antes mesmo de derramar o seu Sangue, Jesus Cristo se reuniu com os Apóstolos para a celebração da Última Ceia. Nesse memorável dia, o Divino Salvador celebrara o Santo Sacrifício da Missa, prefigura do santo sacrifício da Cruz e, ao mesmo tempo, sua misteriosa e mística renovação através das missas que se perpetuariam na Terra por todos os séculos dos séculos.
No dia seguinte Ele seria açoitado, coroado de espinhos e condenado à morte na Cruz, obrigado a conduzir às costas o madeiro até o alto do Calvário onde seria crucificado para a Redenção do gênero humano. Seus sofrimentos foram de um valor infinito. Com efeito, todos esses tesouros traduzidos em méritos advindos da Paixão constituem uma importância inapreciável.
Apenas um trecho das Sagradas Escrituras seria suficiente para explicar a grandeza e a sublimidade dos méritos do Nosso Divino Mestre: “Todo aquele que bebe dessa água terá ainda sede, porém, aquele que beber da água que eu lhe der não mais terá sede, porque a água que eu lhe der, nele transformar-se-á em fonte de água viva, que brotará até a eternidade” (Jo IV, 13-14).
Olhando para Nosso Senhor na Cruz, vêm-nos ao espírito as dádivas e os dons da graça divina, bem como a elevação da natureza ao estado sobrenatural. Há, realmente, um novo renascimento pela água e pelo espírito, que o Batismo nos infunde, a tal ponto que nos tornamos templos do Espírito Santo ou templos da Santíssima Trindade.
Ao morrer na Cruz, Cristo derrotou o mundo, o demônio e a nossa carne corrompida. O instrumento do deicídio tornou-se a chave para a eternidade: “A hora virá, porém, ou já veio, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, tais são os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito; e os que O adoram em espírito e em verdade O devem adorar” (Jo, IV, 23 e sg).
Tais palavras nos levam a compreender a riqueza do Calvário em relação às almas. Deus nos dá os meios para que sejamos cristãos, isto é, de nos tornarmos filhos d’Ele, e, portanto, herdeiros do Céu. Assim como nas videiras os sarmentos produzem frutos bons, saborosos, de um perfume agradável e delicioso, assim também ficamos enxertados em Jesus Cristo e produzimos frutos que jorram para a vida eterna.
Para entendermos bem o que é a vida sobrenatural que Nosso Senhor veio infundir em nós, ocorre-me uma analogia. Tomemos uma lâmpada convencional. Com sua natureza física e química, ao ser atingido por uma corrente elétrica, o tungstênio faz acender a lâmpada que esparge luz para todos os lados, afastando assim as trevas.
O mesmo se dá com o homem que tem sua natureza decaída em razão do pecado original: ao receber a graça divina, fruto da Redenção, ele se eleva ao estado sobrenatural, passando a brilhar em sua alma o esplender divino. A graça o eleva e diviniza, sem que ele perca sua natureza humana.
Assim como o ferro posto ao fogo fica incandescente e se confunde com o próprio fogo, o fogo divino da graça e os dons do Espírito Santo enobrecem e elevam a uma tal grandeza homem, que este se torna filho de Deus e não Sua mera criatura. Eis aí o papel da Redenção, que pela graça nos tornou partícipes da natureza divina.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Pertencer à Igreja (final)



*Pe. David Francisquini

 
Tratamos em dois artigos anteriores (Pertencer à Igreja I e II) sobre os fundamentos da Igreja Católica lançados por Jesus Cristo ao iniciar a sua vida pública. Reunindo seus discípulos, escolhendo os 12 Apóstolos e pregando o Reino de Deus na terra, ao ser elevado na Cruz, Ele atraiu a Si todos os que seguiriam seus ensinamentos e seriam batizados.
A promulgação se deu no dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo pairou sobre os Apóstolos reunidos com Maria Santíssima no Cenáculo. São João Crisóstomo diz que os Apóstolos saíram de lá não com as tábuas de pedra como o fez Moisés, mas trazendo consigo o Espírito Santo e comunicando-O aos outros como um grande tesouro de verdades e de graças.
Nesse dia converteram-se três mil pessoas, recebendo o batismo pela pregação de São Pedro. O grande Santo Agostinho ensinou a doutrina de nossa incorporação ao Corpo Místico de Cristo – que é a Igreja – através do batismo, meio indispensável tanto para a salvação como para pertencer à Igreja.
Jesus Cristo fundou uma só Igreja para todos os homens em todos os tempos – um só Deus, um só Batismo, os mesmos sacramentos e os mesmos Mandamentos, em todos os lugares e em todos os tempos. A veracidade da Igreja se conhece por ser Una, Santa, Católica e Apostólica. Essas quatro prerrogativas só se encontram na Igreja que tem por chefe o Bispo de Roma, por isso também ela é chamada Romana. São Paulo chama a Igreja de “coluna e fundamento da verdade”, (I. Tim. 3, 15).
Só a Igreja Católica é indispensável para a salvação, porque é o meio instituído por Jesus Cristo, sem o qual não se pode alcançar a vida eterna. Abandoná-la é uma apostasia, e rompe com Jesus Cristo quem rompe com a Igreja. Nosso Senhor ensina numa de suas parábolas que quem rompe com a vide, seus galhos secam e são lançados ao fogo; portanto, perde a fé e está no caminho da perdição eterna.
Por isso devemos pedir a Deus e à Santíssima Virgem Maria, ao nosso Anjo da Guarda e ao anjo da guarda da Santa Igreja, São Miguel Arcanjo, para que não permitam que resvalemos na Fé e nos afastemos da Igreja, porque só Ela tem, como Corpo Místico de Cristo, palavras de vida eterna.
Alguém poderia perguntar: – Qual é o papel do sacerdote na Igreja? – Ninguém possui meios tão excelentes quanto eficazes para a santificação do que um padre vivendo numa paróquia, rezando diariamente o Ofício divino, celebrando o santo sacrifício da Missa, administrando os sacramentos, atendendo os moribundos, instruindo as crianças, aconselhando e dirigindo os jovens, harmonizando e educando as famílias. Mas será assunto para outra matéria.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Cigarro seguro?



                                                                                                                        Pe. David Francisquini (*)


Por ocasião do carnaval, mais uma vez o governo brasileiro agiu de modo irresponsável ao fazer grande estardalhaço com a difusão – segundo dados colhidos da mídia – de 80 milhões de preservativos, sob pretexto de “sexo seguro”, portanto, sem risco das chamadas DST, entre as quais a famigerada AIDS. A propósito, vi recentemente uma comparação que me pareceu bastante esclarecedora.
Trata-se de uma análise entre a campanha que vem sendo feita em âmbito mundial contra o tabagismo e, de outro lado, a campanha igualmente mundial contra a AIDS. A partir do momento em que autoridades mundiais concluíram que o uso do cigarro é perigoso para a saúde, os governos começaram a adotar todo tipo de medidas, inclusive recorrendo a leis.
Para quê? – Para desencorajar aqueles que fumam, é claro! Daí a proibição de se fumar em ambientes fechados e, hoje, até em lugares públicos. Nada mais eficaz. Ninguém ouviu falar de uma campanha nacional ou internacional para promover o “cigarro seguro” encorajando o uso de filtros capazes de reduzir o risco de câncer, insuficiência cardíaca e outras enfermidades decorrentes do fumo.
Com efeito, ninguém promove distribuição maciça de filtros para cigarros em escolas, em prisões como vem ocorrendo com os preservativos. Qual seria a razão? – Parece óbvia. Os promotores das campanhas contra o tabagismo são convictos que a abstinência do fumo constitui a maneira mais eficiente e eficaz para evitar as doenças decorrentes do fumo.
Por que então não se procede da mesma maneira em relação a AIDS? – Não. As mesmas autoridades que combatem as doenças provenientes do hábito de fumar insistem paradoxalmente em promover e patrocinar o dito “sexo seguro”. Quantas vezes ouvi o refrão nascido da sabedoria popular “para os mesmos males, os mesmos remédios”... Incoerência e contradição do século XXI?!
O que nossas autoridades deveriam fazer era, no caso da AIDS, advogar a abstinência, incentivar a fidelidade conjugal, desencorajando assim a promiscuidade. Por que não o fazem? – Infelizmente, essas mesmas autoridades rejeitam a castidade a priori, pois defendem uma cultura erótica, sustentam que o prazer sexual é um “direito humano”...
A Igreja Católica ensina que a castidade dentro e fora do casamento está de acordo com a Lei natural e a Revelação cristã e contribui para elevar o padrão moral da sociedade. Além de trazer benefícios para a saúde, ela é o meio mais eficaz para combater a AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis. Mas por preconceito ideológico, a prática da castidade é simplesmente rejeitada.
A propósito, afirma a Congregação para a Doutrina da Fé: “A união carnal, por conseguinte, não é legítima se entre o homem e a mulher não se tiver instaurado, primeiro e de maneira definitiva, uma comunidade de vida (...). Para que a união sexual possa corresponder verdadeiramente às exigências de sua finalidade própria e da dignidade humana, o amor tem de contar com uma salvaguarda na estabilidade do matrimônio. Tais exigências demandam um contrato conjugal sancionado e garantido pela sociedade”. (Declaração sobre alguns pontos de ética sexual, 1976, Vozes, Petrópolis) Portanto, comete grave pecado todo relacionamento sexual que não seja entre pessoas legitimamente casadas.
A distribuição em massa de preservativos abre as portas para o amor livre, para a licenciosidade dos costumes, desencadeando chagas e desordens sociais em cascatas, verdadeiros tsunamis da moralidade pública e individual bem como da estabilidade social. Com isso se esvaece a ordem e sem ordem não há paz.
Nosso Senhor – e Ele é Deus – que as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja, que é o seu corpo místico. Nesse sentido, nosso Redentor se encontra junto a nós, enquanto Pai amoroso, predisposto a nos compreender, perdoar e até usar de clemência para conosco. Enquanto pastor de almas, tenho alertado os leitores sobre a inutilidade de um vigia cego.
Ao escrever essas linhas o faço com o espírito da caridade nos ensinada pelo próprio Cristo, que se encarnou, padeceu e morreu na Cruz pela salvação de cada um de nós. Pelos méritos dEle temos sede de almas, razão que me leva a estar sempre alerta perante o favorecimento da corrupção, difundindo ou incentivando o pecado que cedo ou tarde conduzirá a ruína da sociedade.
Quem viver, verá.




domingo, 20 de março de 2011

Pertencer à Igreja (II)
                                                                        *Pe. David Francisquini


No artigo “Pertencer à Igreja”, procuramos mostrar o que é a Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, o corpo místico de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ao nos referir à alma da Igreja, apontamos para o que ela tem de mais profundo, ou seja, a Fé, a Esperança e a Caridade, os dons da graça e do Espírito Santo. Todos esses tesouros celestes decorrem dos merecimentos de Cristo Redentor e dos Santos.
Por sua vez, o corpo da Igreja é representado pelo que ela tem de visível e externo, como a associação dos fiéis, o culto, o ministério, o governo e a ordem externa.
Ensina o Papa Pio XII na encíclica “Corpo Místico de Cristo”: “Assim como o Verbo de Deus para remir os homens com suas dores e tormentos quis servir-se de nossa natureza, assim, de modo semelhante, no decurso dos séculos se serve da Igreja para continuar perenemente a obra começada”.
Na sua obra Redentora, Jesus Cristo conquistou os merecimentos para a eterna salvação dos homens, mas não quis aplicar os méritos somente por meio de Si mesmo, mas com a ajuda de colaboradores. Por isso reuniu e formou os Apóstolos que auxiliados pelos sacerdotes governam, ensinam e santificam os fiéis.
“Não vos é segredo (...) que nesses tempos calamitosos foi desencadeada uma guerra cruel e temível contra tudo quanto é católico, por homens (...) imbuídos de doutrina malsã, fechando seus ouvidos à verdade, tem propalado e disseminado (...) doutrinas falsas de toda espécie, provindas do erro e das trevas”, alertou-nos Pio IX.
Pertencer à Igreja é coisa muito alta e muito árdua, já o dissemos. Na defesa da Igreja – de acordo com o aguerrido e virtuoso Pio IX – devemos fazer uso de todos os meios lícitos a nosso alcance, pois horroriza e confrange os corações considerar os monstruosos erros e artifícios inventados para prejudicar a Igreja.
Quer através de insídias e de maquinações, os inimigos da luz estão sempre se esforçando para apagar a piedade, a justiça e a honestidade. Eles lutam dia e noite para depravar os costumes, calcar aos pés os direitos divinos e humanos, perturbar a religião católica e a sociedade civil e até mesmo arrancá-los pela raiz como se lhes fosse possível.
Eles chegam mesmo a uma audácia jamais vista. “Abrindo sua boca e proferindo blasfêmias contra Deus” (Apoc. XIII, 6), eles ensinam pública e desavergonhadamente que os mistérios de nossa santa religião não passam de invenções humanas, que a doutrina da Igreja é contrária ao bem-estar da sociedade, e, se atrevem mesmo a insultar o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo.
Já Leão XIII, na encíclica Divinum Illud, consignou que a Igreja nascera do lado do segundo Adão, adormecido na Cruz. Ela se manifestou à luz do mundo de modo insigne no célebre dia de Pentecostes. E nesse mesmo dia, começou o Espírito Santo a repartir seus benefícios ao Corpo Místico de Cristo.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Pertencer à Igreja (I)
                                                                                                              *Padre David Francisquini


Entre os doze artigos do Credo, há um que afirma: “Creio na Santa Igreja Católica”. Os leitores sabem que não nos referimos apenas ao edifício material, onde os fiéis se reúnem para rezar, pagar seu tributo de amor a Deus pelos benefícios auferidos, receber os sacramentos e assistir ao Santo Sacrifício da Missa.
As homenagens que prestamos a Deus se chamam religião, enquanto o templo material se chama casa de Deus ou casa de oração. Mas afinal, o que é a Igreja Católica, Apostólica Romana? – É um grupo de fiéis reunidos que professam a mesma fé, participam dos mesmos sacramentos e estão submissos aos legítimos prelados, sobretudo ao Papa.
Com efeito, o Romano Pontífice é o Vigário de Cristo e a cabeça visível da Igreja, enquanto Jesus Cristo é a cabeça invisível. A Igreja é um corpo moral, Reino de Jesus Cristo ou Corpo Místico de Cristo. Seu corpo docente – a hierarquia – deve governar, ensinar e santificar, enquanto os fiéis, membros da Igreja discente, devem ser governados, instruídos e santificados.
Os que pertencem à hierarquia – papas, bispos e sacerdotes –recebem o Sacramento da Ordem, ao passo que os fiéis fazem parte da Igreja pelo batismo, porta de entrada de todos na Igreja Católica, fora da qual não há salvação. Contudo, não basta pertencer à Igreja para se salvar, é preciso ser membro vivo d’Ela, estar na graça de Deus.
Como escreveu Plinio Corrêa de Oliveira numa de suas belas Vias Sacras, “pertencer à Igreja é coisa muito alta e muito árdua. Devemos pensar como a Igreja pensa, sentir como a Igreja sente, agir como a Igreja quer que procedamos em todas as circunstâncias de nossa vida. Isto supõe um senso católico real, uma pureza de costumes autêntica e completa, uma piedade profunda e sincera”.
A Arca de Noé é apontada como uma prefigura da Santa Igreja de Cristo, pois todos os que nela entraram encontraram a salvação no dilúvio universal. Portanto, a nova arca da aliança é a barca de Pedro, ou seja, a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra Ela”.
Na Cruz, a Igreja saiu do lado de Jesus Cristo, como do lado de Adão surgiu Eva. Por isso a Igreja é a Esposa de Cristo. E todos nós, batizados, fazemos parte de Cristo como membros. Os que por ignorância invencível ou por impossibilidade de pertencerem à Igreja Católica procuram agir retamente pertencem à alma d’Ela pelo desejo ou pelo voto.
Os trigais, a vinha e os sarmentos, o grãozinho de mostarda, a parábola do bom pastor, o agricultor que saiu a semear no campo, os trabalhadores que foram contratados para trabalhar na vinha, a parábola do banquete, são exemplos entre outros da expansão da Igreja, de sua vitalidade, da sua força e da sua fundação. Através de suas maravilhosas parábolas, o Divino Mestre nos dá ensinamentos em profusão para que possamos entender a Santa Igreja. Revestido dos poderes sacerdotais da Santa Igreja de Jesus Cristo, tenho a obrigação de conduzir, evangelizar, converter e santificar as almas, por cujo bom ou mau desempenho eu deverei um dia prestar contas a Deus. Como deverá prestá-las cada fiel em particular, porque “pertencer à Igreja é coisa muito alta e muito árdua”. Mas vale a pena. Como nos foi prometido, a recompensa será demasiadamente grande e eterna!

Até breve, quando eu retomar ao tema.