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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Padres casados? Desejo dos fieis?

Pe. David Francisquini

O celibato sacerdotal vem dos tempos apostólicos e está vinculado ao próprio Jesus Cristo. Por sua vida, seu exemplo e sua missão redentora, Ele veio trazer o remédio para curar a natureza humana decaída.
Sendo Nosso Senhor o ponto de referência para todos os estados de vida, não O compreende, nem a sua missão salvadora, quem rejeita o celibato sacerdotal, conforme os evangelistas: “Todo aquele que por minha causa deixar irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos, terras ou casa receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna”.
Para se perceber bem o alcance desta via, é indispensável compreender a grandeza do celibato sacerdotal ligado à tradição apostólica, pois o padre é o sal da terra e a luz do mundo, outro Cristo na terra.
Pela sublimidade de seu ministério, ele sai do meio do povo para mais bem defendê-lo, agindo in persona Christi por efeito de sua ordenação sacerdotal. De tal forma que, ao ensinar, guiar e santificar, o sacerdote procede como outro Cristo.
O padre não é mero funcionário da Igreja, mas está ligado a Ela como membro vivo de santificação. Pela virtude que recebe no momento da ordenação, ele se torna instrumento vivo do próprio Jesus Cristo, que colocou em suas mãos o destino das almas.
A não se compreender assim o sacerdócio, não se entenderá o celibato e suas implicações com Jesus Cristo. São Paulo afirma que quem se encontra ligado à mulher cuida das coisas do mundo, e quem está ligado a Cristo pelo celibato cuida de agradar à Igreja e ao próprio Cristo.
Nosso Senhor fala daqueles que se castraram para o Reino do Céu. Com efeito, o homem desligado da mulher terá tempo para as coisas de Deus. E São Pedro, ao confirmar a íntima união entre esposo e esposa, afirma ser melhor ao homem não se prender à mulher.
Jesus ensina: “Há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor ao Reino dos céus. Quem puder compreender, compreenda” (Mt 19,12).
Ora, os possuidores da vocação sacerdotal compreendem o esplendor que consiste em seguir mais de perto a Jesus Cristo. É o que os incita à renúncia dos bens da terra com vistas ao Reino dos Céus, sinal distintivo dos que desejam salvar-se por essa via.
Em todas as épocas de decadência religiosa o celibato sacerdotal foi posto à prova, exatamente como ocorre em nossos dias. Ao se questionar a estrutura da vida sacerdotal ligada ao celibato, há todo um desapreço em relação a esses valores inerentes ao sacerdócio.
Assim foi na época do protestantismo, das revoltas cismáticas e das crises de fé e de doutrina ao longo da história da Igreja. A presente crise que assola a Igreja Católica não pode servir de pretexto para a absurda hipótese de o padre se casar e ter filhos para educar, formar, sustentar e proporcionar bem-estar.
Ainda mais em nossos dias, quando grassam as drogas e outras crises que abalam os já tênues laços familiares tornarão insustentável a vida do sacerdote, porque este não saberá se cuida dos paroquianos ou da família. A experiência de padres casados não resolverá a crise moral do clero, mas a fará recrudescer ainda mais.
Modelo dos sacerdotes e contrário per diamentrum disso foi São João Batista Vianney, o Cura d’Ars, cuja festa celebramos no dia 4 de agosto. A seu respeito o demônio confessou que se existissem mais dois padres como ele, o seu reino estaria destruído.

A solução para a crise na Igreja não está no abandono do celibato e da virgindade, mas no aumento do apreço pela grandeza do estado dos padres celibatários e virtuosos. 

quinta-feira, 10 de julho de 2014

“Renascimento” do quê?


Num lar católico, pelo seu modo de ser a mãe cria em torno de si o ambiente próprio para a formação do subconsciente dos filhos, onde as primeiras noções de moralidade e de bom comportamento deitam as suas raízes. Como por uma fresta de janela o raio de sol entra para formar um pequeno cenário de luzes e de sombras, a ação benfazeja da mãe faz o ambiente próprio para incutir no coração da criança a noção de recato e pudor.

À medida que a mãe consegue fazer desabrochar nos filhos o encanto pelo belo, nobre e elevado, ela desperta neles o horror ao feio, ao imoral, à cacofonia, pois desta antítese nascerá a ideia de moralidade. Noção fundamental que fará aflorar outros valores naqueles corações como o dever de lutar contra tudo que lhe for contrário. Trabalho de ourivesaria que só pode ser levado a cabo dentro da família e do lar.

A criança assim formada passará a amar o que é verdadeiro e sério, a ter uma ideia exata de Deus, pois a sua família não conhece fissuras, pai e mãe compreendem a necessidade do vínculo conjugal indissolúvel, condição normal e ideal para a formação e educação da prole.  Os pais, com a concorrência mais próxima da mãe, devem saber despertar nos filhos o senso do ser, de responsabilidade e do dever.

É no sadio ambiente familiar que se destila o espírito que deve dar sentido à vida. As cerimônias de nascimento, por exemplo, feitas do carinho e do desvelo da mãe incute nos filhos a ideia de um lar cristão. Ou ainda, o reencontro diário do pai e da mãe diante de uma imagem de Jesus Crucificado ou de Maria Santíssima, na recitação do terço em família – ato de piedade conhecido – vinca neles a ideia de Deus e da eternidade.

As mães pelo simples fato de cuidar da higiene dos filhos vão deixando claro para eles que nem tudo pode ser feito diante dos outros, como se banhar, se vestirem, etc. Isso remete ao espírito da criança a noção de bem e de mal, do belo e do feio, da verdade e do erro, em suma a noção de pecado que é a desobediência às leis Deus escritas naturalmente em seus pequenos corações.

Fonte: ABIM 
Aos domingos, a mãe conduz os filhos à Missa, e lá, a se comportarem bem. Vêm as aulas de catecismo já iniciado no recinto do lar. As celebrações religiosas passam a ser assíduas. Não será a babá eletrônica a cuidar dos filhos, mas mãe que lhes contará belas histórias que elas mesmas quando crianças ouviram de seus pais. A entonação de voz e a fisionomia da mãe tocam fundo no coração dos filhos, carnes de sua carne. 

Nas horas difíceis, as histórias ensinam heroísmo e confiança, expressão de como todo ser humano deve ser, pensar e agir. O corte, as dobras, a composição de cores de suas roupas e até mesmo o seu comprimento parecem incutir neles a ideia de príncipes e de princesas, pois Deus os criou para reinar contra as paixões desordenadas, e que para isso vale a pena lutar pela ordem. 

O que a mãe é, será também o seu filho. A temperança de vida se forma na família cristã. Como os pais procedem diante dos filhos, eles se comportarão diante de outros, quer licenciosamente ou com compostura, recato e nobreza. Como o sol lança os primeiros raios para inaugurar um novo dia, os primeiros dias da criança marcarão o que ela será pelo resto da vida. Não se iluda o leitor de que o que se passa hoje seja fruto do acaso.

O mundo vem se descristianizando desde o Renascimento... Renascimento do que mesmo? – Do paganismo! De lá para cá, o povo outrora cristão foi abandonando a fé católica. As crianças de hoje sequer aprendem as orações mais elementares e trilham por caminhos opostos à razão mesma de ter sido criada: prazeres, drogas e prostituição. Querem viver sem lei e os frutos todos conhecem: o crime, a violência, o homicídio...

Onde a miséria ou a pobreza se mistura com a promiscuidade, surgem todos os vícios, a lepra moral. É preciso organizar a sociedade – a começar pela família – sobre a ideia de Deus e da eternidade.  A noção de bem e de mal consignados nos Mandamentos é essencial para a uma sociedade. Não basta ter noção, é preciso criar condições para que vicejem a virtude do recato e do pudor.

As autoridades abdicaram de seus deveres. Leis atentatórias à moral cristã são aplicadas. Alastra-se a desordem social. A família está dilacerada. Hoje se reivindica tanto, cobra-se dos políticos bens materiais como saúde, emprego, transportes, lazer, mas nunca se ouve uma voz autorizada a ensinar que a moralidade é fundamento da ordem social ou que o decálogo deva ser cumprido. Quem semeia ventos!...

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Onde estão os nossos pastores?

*Pe. David Francisquini
Por instituição divina, a Igreja visa à salvação das almas, pois o preceito de Jesus Cristo é claro: “Ide por toda parte e pregai o Evangelho, aquele que crer e for batizado será salvo e o que não crer será condenado”. A Igreja é católica, isto é, universal, abarca todos os povos e nações, e haverá um só rebanho e um só pastor.
Nosso Salvador se comparou ao bom pastor que não apenas vigia, mas que é capaz de lutar e dar a vida por suas ovelhas. Quis Ele mesmo ser modelo vivo dos pastores que viria instituir para dar continuidade à Sua obra, os quais devem ser vigilantes e militantes na defesa do rebanho a eles confiado.
Exemplo de militância que a Igreja deve sempre mostrar é o de Nosso Senhor enfrentando por três vezes a Satanás, ensinando-nos com isso que a vida neste mundo é de luta. Outros exemplos deixou-nos o Divino Mestre quando discutia com os escribas, os fariseus e os doutores da Lei.
Portanto, o sacerdócio católico deve ser militante – tônica essencial da Santa Igreja até a consumação dos séculos. Depois do pecado de nossos primeiros pais, a luta contra as más paixões passou a ser regra neste exílio, neste vale de lágrimas, como se reza na Salve Rainha.
Luta posta pelo próprio Deus ao decretar: “Porei inimizades entre ti e a Mulher, entre a tua descendência e a descendência d’Ela, e Ela te esmagará a cabeça e tu armarás ciladas ao Seu calcanhar” (Gn. 3,15). Luta que não existe apenas agora, mas que há de recrudescer até o fim dos tempos.
Vigilância e luta poderia bem ser o lema dos sacerdotes, pois os filhos das trevas costumam ser mais sagazes do que os filhos da luz. Os seguidores de Satanás não se cansam de investir contra as muralhas indefectíveis da Santa Igreja, o que perpetuará esta luta até a fim do mundo.
Como é incessante hoje em todos os lugares e em todas as circunstâncias a propagação do erro – quer nas tendências, nas ideias e nos fatos – isso nos impõe, ou pelo menos deveria nos impor, não somente uma vigilância contínua, mas uma luta sem tréguas, sob pena de trairmos a missão sacerdotal.
Iniciativas como o aborto, a contracepção, a identidade de gênero, o pseudo-casamento homossexual e a prostituição; a eliminação da família, da propriedade e do pátrio poder; o interconfessionalismo religioso e o laxismo moral – todas elas visam à completa relativização do ensinamento de Jesus Cristo.
Meios não faltam aos propagadores do mal, cujos erros fazem grassar através da mídia, da educação, dos divertimentos, dos shows, das músicas que apodrecem a moralidade e, portanto, as famílias e a vida pública. Com toda razão, os fieis poderiam perguntar: – Onde estão os pastores?
Ao decretar que as portas do inferno não prevaleceriam contra a Sua Igreja, Nosso Senhor sem dúvida nos confirmava na fé e na esperança. Caso contrário, poderíamos vacilar nessas virtudes, à vista da imobilidade de muitos pastores diante dos lobos que investem contra os seus rebanhos. 


segunda-feira, 9 de junho de 2014


Requinte, elevação, nobreza

*Pe. David Francisquini

Nosso Senhor Jesus Cristo comparou a Igreja a uma minúscula semente de mostarda que ao vicejar se enche de tal vigor que os pássaros podem se aninhar em seus ramos. A metáfora representa a potência e a expansão da Igreja ao deitar suas raízes em todos os campos da atividade humana. 

Corpo místico de seu divino fundador, dentro dessa fortaleza só pode haver requinte, elevação, nobreza, predicados próprios do Deus humanado. Razão sem dúvida sobejamente forte para que seus ministros se identifiquem com os hábitos e as indumentárias que lhe são próprios. 

Pousam sobre os sacerdotes os desígnios de Deus. Ao se apresentarem em público, seus predicados – internos ou externos – ajudam-nos sem dúvida a ser reconhecidos pelo rebanho fiel, que poderá assim ser mais facilmente conduzido ao redil, para se arrepender de suas faltas. 

O sacerdote não pode se confundir com a massa, pois ele é o fermento que a leveda. Na epístola aos Hebreus, São Paulo recomenda ao candidato a ministro de Deus que, além da vocação, se compadeça dos que estão na ignorância e no erro, porque também ele está cercado de fraquezas. Por isso deve oferecer sacrifícios, tanto pelos seus pecados quanto pelas culpas do povo fiel. 

Se o hábito não faz o monge, pelo menos ajuda enormemente a tornar mais digno o homem consagrado a Deus. Até o Concílio Vaticano II, o hábito talar – ou seja, a batina que desce ao calcanhar – caracterizava todo sacerdote católico. Infelizmente ele foi desprezado, juntamente com toda a hierarquia de valores que representava.

Bispos Leste2 - Vista de Limina - 2010, de acordo com os novos rumos e ventos

 As consequências aí estão: incontáveis apostasias, tanto nas fileiras do clero quanto entre os católicos. E compreende-se, pois sem esta barreira que separava o padre do mundo, ele se tornou mais vulnerável às nefastas influências deste; e ao verem o padre igualado a si mesmos os fieis se desedificaram.

Por ocasião da convocação do referido Concílio, os bispos, cardeais, metropolitas e patriarcas partiram revestidos de suas
Magna Assembleia Conciliar decide os novos rumos da Igreja 
respeitáveis indumentárias que transcendiam requinte e esplendor. A pompa com a qual se apresentaram foi objeto de admiração por parte dos fieis do mundo inteiro. Mas ao findar a primeira fase daquela Magna Assembleia, voltaram às suas dioceses despojados dos trajes que os elevavam em dignidade e nobreza, além da respeitabilidade própria desses atributos.

Não há dúvida de que as vestes eclesiásticas faziam parte da vocação, do chamado divino que desperta nas almas o sobrenatural, reaviva nelas a fé, a consciência do bem e do mal, produzindo sentimentos de arrependimento e de propósitos a ponto de se poder exclamar que Deus vive entre nós por meio do padre.

A presença de um sacerdote virtuoso e bom dá conforto, segurança, equilíbrio, convida a pensar em Deus e a viver com vistas à vida eterna. Diante da investida protestante do século XVI, o Concílio de Trento determinou que os clérigos portassem sempre o hábito talar, como manifestação de honestidade interior dos costumes.

São Pio X

Infelizmente, a dessacralização na Igreja já se fazia sentir no início do século XX entre os modernistas, que bradavam contra o “triunfalismo da batina” e queixavam-se do requinte e da grandezadas insígnias reais dos papas. Com santa justiça foram eles condenados por São Pio X. 

Por natureza e sagração, o sacerdote é outro Cristo. E seu instrumento para difundir a graça e o perdão. Isso pode ser visto, por exemplo, quando ele se aproxima de um moribundo que se contorce de dor e preocupação em face da eternidade. O agonizante se recompõe, a paz e a tranquilidade passam a reinar em seu coração.

*Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria - Cardoso Moreria-RJ

domingo, 25 de maio de 2014

Chegou o tempo?

Casamento com a Santa Missa
A mídia tem sido pródiga em divulgar declarações do ex-presidente do Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, o cardeal Walter Kasper, de 81 anos. Ele acaba de apresentar mais uma proposta escandalosa: a admissão na comunhão eucarística de divorciados que tenham contraído novas uniões. 
O que a doutrina católica ensina a respeito?  São Paulo deixa claro: a Escritura, inspirada por Deus, é útil para ensinar, repreender, corrigir e formar na justiça. E a Igreja ensina que o casamento é indissolúvel nas dores e nas alegrias, no luto e nas dificuldades, nas vitórias e nas derrotas, nos reveses e nas bonanças, nas desilusões e nas esperanças. 
Caso a união anterior não tenha preenchido as condições para a sua validade, diz-se que o casamento não existiu. Portanto, o matrimônio realizado posteriormente, preenchendo as devidas condições, passa a ser legítimo e verdadeiro. 
Aos efésios confirma São Paulo o Gêneses: o que Deus uniu o homem não separe. O homem deixará seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher e serão dois em uma só carne. Ficam excluídos da Eucaristia aqueles que estão em aberta violação da Lei de Deus.
A Igreja não pode abrir as portas deste Sacramento aos cônjuges que violam ensinamentos multisseculares, pois eles próprios é que resolveram viver em situação irregular, abandonando com isso a frequência dos sacramentos.
Uma comunhão sacrílega 
Já aos coríntios, ao ensinar as condições para se comer da Carne de Cristo e beber de Seu sangue, São Paulo aponta o dever de se encontrar em estado de graça, pois quem o fizer indignamente come e bebe a própria condenação. 
A Igreja especifica as condições para o acesso à Eucaristia, a fim de que os fiéis a recebam com frutos. Nenhuma autoridade humana pode abrir seu acesso àqueles que vivem de maneira irregular, pois aproximar-se deste Sacramento em pecado mortal constitui sacrilégio, profanação do Corpo de Cristo. 
Ninguém pode ensinar algo diferente do que foi sempre ensinado, afirma a tradição. São Paulo adverte: “Ainda que alguém – nós ou um anjo baixado do céu – vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema.” 
O que dizer de um eclesiástico que ensina e propõe o contrário daquilo que o Magistério sempre ensinou? Santo Afonso de Ligório afirma, com base nas Sacras Letras, que é de fé que os impudicos, os impuros e os fornicadores não possuem o Reino dos Céus. 
A iniciativa do cardeal Kasper de tentar liberar a comunhão eucarística aos recasados acabará por envolver a instituição familiar numa crise sem precedentes, pois diz respeito aos fundamentos de nossa religião. Essa crise será também a ruína de tantos que deveriam pregar a boa doutrina. 
São Paulo Apóstolo
A vida matrimonial e familiar é sustentada pelos princípios, convicções e certezas oriundos da Fé, e tudo o que se constrói sobre o sentimentalismo não passa de edificação fantasiosa. 
Cumpre encontrar soluções para que os recasados se afastem do mau caminho, e não subterfúgios para abalar ainda mais os já tênues laços familiares, como propõe o cardeal Kasper.
São Paulo recomenda: “Prega a palavra, insiste, quer agrade, quer desagrade; repreende, suplica, admoesta com toda paciência e doutrina. Porque virá tempo em que os homens não suportarão a sã doutrina, mas contratarão para si mestres conforme os seus desejos, levados pela curiosidade de ouvir. E afastarão o ouvido das verdades para abrirem às fábulas.”
Terá chegado esse tempo? – Para o referido cardeal, expoente do progressismo, parece que sim...

domingo, 18 de maio de 2014

Onde está o teu tesouro?

*Pe. David Francisquini
                                                              
Células constitutivas da sociedade, as famílias funcionam como um termômetro dela. Quando estão sadias, a sociedade se ordena. Quando não, o corpo social fica comprometido, com reflexos em todos os campos da atividade do homem, da religião à economia.  
Assim, o grau de decadência da sociedade atual pode ser avaliado em função da situação das famílias que a constituem. De tal modo elas se distanciaram da formação recebida de seus antepassados que romperam com a estabilidade perene dentro das mutações normais das coisas. Romperam com aquilo que é imutável no mundo que muda, ou seja, a tradição.
Em sua obra-prima Revolução e Contra-Revolução, Plinio Corrêa de Oliveira afirma que a crise do homem contemporâneo tem sua raiz nos problemas de alma mais profundos. E ao apontar para a amplitude da Revolução, o autor mostra que ela visa destruir toda uma ordem de coisas legítima a fim de substituí-la por uma situação ilegítima.
Ao sacramentar o matrimônio, Jesus Cristo abriu para os esposos uma via de santidade, na qual o fim natural da multiplicação da espécie humana foi elevado a um objetivo ainda mais nobre: o da geração de membros para o seu Corpo Místico. Por isso, a verdadeira composição da sociedade tem por base a união familiar indissolúvel entre o homem e a mulher.
Mas essa indissolubilidade está profundamente abalada, como também a educação religiosa e moral dos filhos. Devido ao hedonismo de nossos dias e de leis cada vez mais socialistas, a finalidade primordial do matrimônio – a procriação e educação da prole – não é mais levada em conta, levando à fragmentação da estabilidade e do equilíbrio da instituição familiar.
Hoje os filhos não mais aprendem com seus pais a se dirigirem a Deus, pois muitas vezes sequer são batizados. Como uma sociedade que não reza poderá alcançar as graças de Deus? Enquanto as igrejas estão vazias, os estádios, os shoppings centers, os bancos, as repartições públicas regurgitam de gente: “onde está o teu tesouro, aí está o teu coração”.
A ausência dos pais, especialmente da mãe, no ambiente doméstico, tem contribuído para corromper a sua autoridade junto aos filhos. As crianças são afastadas do aconchego materno e da vida de família e colocadas em creches, onde não raro seguem uma cartilha socialista, aprendendo vícios, passando a ter sede precoce de liberdade e independência.
Em vez de cultivar as mais sólidas virtudes e princípios que regerão suas vidas, as crianças são educadas para a intemperança, o desequilíbrio e o desajuste. Na realidade, apenas nos braços de uma mãe extremosa aprendem elas amar a Deus e ao próximo, a regrar os seus instintos. Quando os pais as entregarem à sociedade, elas saberão se comportar no convívio social.
Quando se elimina Deus do centro da vida humana, tudo perde a razão de ser. Se a sociedade se encontra hoje pervertida e erodida, é porque o conjunto das famílias abandonou a moral, a religião, até mesmo a lei natural. Quando isso acontece, ela cai nas mãos de políticos aventureiros, demagogos e inescrupulosos, oriundos eles mesmos de famílias e de colégios que os corromperam e doutrinaram.



sábado, 3 de maio de 2014


Morta a morte, o triunfo de Cristo
 
*Pe. David Francisquini


        Por que Jesus Cristo morreu na Cruz?  - Para redimir o homem. Parar destruir o pecado. Para abrir as portas do Céu. Para purificar a Terra e deixá-la preparada para que sobre ela se edificasse a Igreja. Depois de ter recebido honras funerárias de seus discípulos, o corpo do Filho de Deus foi colocado no sepulcro.
         As piedosas e heroicas mulheres que O acompanharam em todos os passos da Paixão se condoíam, mas algo nelas lhes fazia pressentir um triunfo glorioso. A ideia de ir ao encontro do Divino Salvador as perseguia devido à fidelidade, ao amor, ao carinho que iluminava suas almas. Como um sol, Jesus Cristo para elas era tudo; não podiam viver sem Ele.
 

Ao alvorecer do domingo foram até o sepulcro e o encontraram vazio. Dois homens com vestes resplandecentes pararam perto delas e disseram: –– Por que procurais entre os mortos Àquele que está vivo? Não está aqui, mas ressuscitou. Recordai-vos que quando estava na Galileia, dizia ser necessário que o Filho do Homem fosse entregue aos pecadores e crucificado, para ressuscitar ao terceiro dia.
          Com efeito, as santas mulheres viram a grande pedra fora da entrada do sepulcro. Àquela hora, enquanto os inimigos ainda dormiam, prostrados por atormentado sono, a vida rejuvenesce o Salvador, pois Ele é o Rei da glória. Como o troar do canhão ao prestar homenagens a um rei vivo, a terra tremeu para O vencedor da morte à maneira de um grande terremoto.
          Tratava-se do aviso de que Cristo saíra do sepulcro, mesmo antes de a lousa sepulcral ser retirada. O Anjo apenas removeu a pedra para que as santas mulheres pudessem ver e acreditar que o Senhor tinha realmente ressuscitado e levarem a boa nova aos discípulos.
            Enquanto na Paixão o sol se eclipsou, produzindo tristeza, luto e temor, pois Cristo havia sido crucificado, os resplandecentes Anjos que anunciaram a sua ressurreição demostravam grande alegria e júbilo. Eles se apresentaram revestidos de luz, trajes próprios para aquele momento ápice da História, o anúncio do grande vencedor do duelo com a morte, pois era esta que estava morta.
Quando as santas mulheres se encontraram com os Anjos, elas não se prosternaram, mas apenas inclinaram a cabeça. Mesmo alguns apóstolos que viram o Senhor depois da ressurreição, não se prostraram em atitude de adoração. Daí o costume na Igreja de se rezar algumas orações aos domingos e durante o tempo pascal não de joelhos, mas de cabeça inclinada, para perpetuar a lembrança da Ressurreição do Senhor.
              Ao dizer às mulheres para não buscarem entre os mortos
Aquele que está vivo, o Anjo lembra que Cristo já havia anunciado a Sua paixão, morte e ressurreição. Jesus, que acabara de passar um dia inteiro e duas noites na sepultura para testemunhar a Sua morte, não podia dilatar por mais tempo para que não ficasse oculta a verdade da incorruptibilidade de seu corpo.
Brilhou no meio das trevas a chama viva de Cristo, o triunfador glorioso do demônio, do mundo e da carne, e também da própria morte. Uma vez reportado tudo isso, temos razões de sobra para nos enchermos de esperança e de certeza de que a Igreja triunfará do novo paganismo que tomou conta dos nossos dias.
             Ao sair da sepultura, triunfante e glorioso, Jesus Cristo passou a iluminar o caminho da sua Igreja, que triunfará pela fidelidade dos bons, pois que A assiste a divina proteção.

domingo, 6 de abril de 2014


Na Sexta-Feira Santa promova um terço público em reparação as ofensas cometidas contra Nosso Senhor!

  Este vídeo convida você e a todos os seus amigos e familiares a participarem de um grande ato em reparação às ofensas que Nosso Senhor Jesus
Cristo tem sofrido durante toda a quaresma.


  Saiba mais detalhes assistindo o vídeo abaixo:

 



Em 1972, sob o título de Jesus Cristo Superstar, o musical estreou no Brasil pela primeira vez, com tradução de Vinícus de Moraes. Na ocasião, o professor Plinio Corrêa de Oliveira, na época presidente da TFP (Tradição, Família e Propriedade), fez o seguinte comentário a respeito desse musical blasfemo:

“Considero a peça destinada a lançar sobre a figura divinamente majestosa de Cristo o ridículo e a irrisão. ‘Jesus Cristo Superstar’ não se sustenta sequer como trabalho artístico”.


Confirme sua presença!
Participe deste grande ato de amor à Cristo!

Envie e-mail para defendojesus@adf.org.br confirmando a sua participação em sua cidade.

Assine agora a Carta Aberta pedindo que o Ministério da Cultura suspenda imediatamente o patrocínio à peça blasfema “Jesus Cristo Superstar”.

Surdos, mudos e cegos

 *Pe. David Francisquini

           Ao vir a este mundo, Jesus Cristo se revestiu do divino poder de ensinar, operar milagres e expulsar demônios. Agora na
Quaresma a Igreja propõe para reflexão dos fiéis o Evangelho em que o Filho de Deus expulsa o demônio de um homem cego e surdo-mudo, executando três milagres de uma só vez: o de fazê-lo ver, ouvir e falar.
          O Evangelho traz ensinamentos para todos os tempos. Que lição podemos tirar hoje desse prodígio? O mundo contemporâneo se nega a ouvir, falar e ver, pois grassa nele uma surdez e mudez generalizada à palavra de Deus, cujos ensinamentos não são ouvidos nem pregados.
          Enquanto o vício e o erro se desfecham na devassidão dos costumes, desviando as pessoas do ensinamento perene da Igreja, Ela mostra que Cristo é o caminho, a verdade e a vida.  Ao realizar o tríplice milagre, nosso Salvador concorreu para que através dos séculos muitos cressem nos seus divinos preceitos e os aceitassem.
          Enquanto a multidão rendia glória a Deus por milagre
 
tão sublime, escribas e fariseus se empenhavam em não reconhecê-lo, atribuindo o prodígio a Belzebu. A contradição – um demônio contrapondo outro – foi aproveitada por Nosso Senhor em sua réplica: “Todo reino dividido perecerá”. 
        Em que pese a crise instalada na Igreja, o seu reino e a sua fé inabalável e indivisível subsistirão sempre nesta terra de exílio, onde haverá uma luta perpétua entre o bem e o mal, entre a verdade e o erro, entre luz e as trevas, luta que durará até a consumação dos séculos, pois que foi colocada pelo próprio Deus.
          Nosso Senhor revidou os inimigos ao afirmar que não era pelo poder do demônio que Ele expulsava demônios, mas pelo dedo de Deus. Ele se referiu ao Espírito Santo, pois Jesus lia e perscrutava os pensamentos daqueles fariseus e respondia às objeções que estavam no segredo de seus corações. Caso Nosso Senhor tivesse recorrido às Escrituras, eles não teriam prestado atenção. De onde a comparação entre cidades e reinos, pois é grande a união dos súditos em torno de reinos e casas.
         No mundo atual se propaga uma crise avassaladora, crise de fé com suas múltiplas consequências: crise da família, da sociedade, da propriedade, das instituições, dos valores, dos costumes, e até dos hábitos. Como um grande incêndio, tal crise invade todos os segmentos do corpo social, chegando mesmo a ser generalizada e constante, rumo ao caos. E isso só pode ser obra do demônio e de seus satélites.
       Ao expulsar o demônio daquele homem, Jesus quis nos ensinar acerca do poder conferido à Sua Igreja, o de anunciar o Evangelho. Ele não apenas expulsou aquele demônio, mas conquistou méritos infinitos para a Igreja com a Sua paixão e morte.
       Segundo a narração do Evangelho, depois de expulso o demônio andou por lugares secos e áridos; e não podendo voltar para aquele homem, pois sua alma estava ornada e limpa, tomou então sete espíritos piores para a ele retornar, tornando-o pior do que antes. Assim acontecerá com esta geração perversa e má.
        Atualmente presenciamos a apostasia do mundo ocidental. O que aconteceu com o povo judeu ao rejeitar o Salvador repete-se hoje com o abandono da Igreja verdadeira por parte não apenas dos fiéis, mas de muitos de seus pastores.
         Assistimos a uma verdadeira paixão da Igreja, a qual já teria perecido se não fosse imortal. Assim como Jesus foi condenado à morte, morrem hábitos, costumes e modos de ser que marcaram o mundo outrora cristão e civilizado. Mas a Igreja não morrerá, pois temos a promessa de que as portas do inferno não prevalecerão.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Andai na luz antes que as sombras os surpreendam
 


                *Pe. David Francisquini


                Ao se sujeitar à Lei antiga que obrigava as mães irem ao Templo para se purificar, Maria Santíssima deu um exemplo admirável de obediência e humildade. Imaculada, Ela nos trouxe a segunda pessoa da Santíssima Trindade, o Homem-Deus, daí a diferença entre Maria e as mulheres que concebem seus filhos pelo concurso de um varão.
                Aquele que nasceu d’Ela é obra sublime do Espírito Santo, o mesmo que iria realizar outra maravilha nas almas com a instituição da Santa Igreja. Maria nasceu sem a mancha do pecado original. O Filho Unigênito é seu filho primogênito e Deus é zeloso de seu amor.
                O Filho de Deus, concebido nas  entranhas de Maria sem deixar traço que desabonasse a sua virgindade, acrescentou n’Ela a virtude da nobreza pelo fato de ter se tornado mãe de Deus, para Quem nada é impossível. A impossibilidade se encontra nos olhos concupiscíveis daqueles que nasceram com a nódoa original.
                O que nasceu da carne é carne e o que nasceu do espírito
é espírito, disse Jesus a Nicodemos. Jesus Cristo ao nascer de Maria quis introduzir o reino da castidade, só possível na Igreja instituída por Ele que concede ao mesmo tempo os meios necessários e eficazes para que ela seja praticada. Protestantes há que se enchem de ódio contra Maria pelo fato de ser virgem.
                Ao mesmo tempo, eles  odeiam o sacerdócio católico em razão de não contrair matrimônio, além do voto de castidade para mais bem servir a Cristo Nosso Senhor. Guardar a castidade é possível sim, para aqueles que têm devoção a Nossa Senhora e frequentam os sacramentos instituídos por Jesus Cristo.
                Quem não a guarda é porque se expõe ao perigo, à ocasião próxima de pecado e não possui a verdadeira devoção a Nossa Senhora. Maria ao levar seu Filho ao Templo de Jerusalém para ser apresentado ao Senhor e resgatá-Lo, agiu para nos mostrar a virtude e a força do Senhor. Ao conduzi-Lo 40 dias depois de Seu nascimento ao Templo para oferecê-Lo ao Senhor em sacrifício, e, Ela mesma ser purificada – se necessário fosse – simbolizaram outras realidades mais altas.
                A circuncisão que se dava no oitavo dia do nascimento representava o rompimento dos nexos do corpo mortal e, assim, nos livrar dos vícios. Ao ser apresentado no Templo, diante de Deus, Ele nos tornou livres desses mesmos vícios para que desfrutássemos das alegrias da Cidade Eterna. Jesus Cristo ao derramar o Seu sangue no momento da crucifixão, conquistou-nos a verdadeira liberdade e nos elevou pela graça à filiação divina e membros da Igreja.
                E o velho Simeão, cheio do Espírito Santo, ao tomar nos braços aquele Menino, louvou a Deus dizendo: “Agora, Senhor, deixai ir em paz o Vosso servo, porque meus olhos viram o Salvador”. Ele que havia tido a inspiração divina de que não morreria sem ver o Messias, o esperado das Nações, foi largamente atendido naquele momento ditoso.
                Quanto mais se ama a Deus, mais empenho se tem em
evitar ofendê-Lo e perder a sua graça. O velho Simeão, homem prudente e justo, não procurava a glória e a felicidade mundana para os filhos de Israel, pois o verdadeiro brilho se encontra na verdade e quem no-la transmitiu foi Nosso Senhor Jesus Cristo.
                Com efeito, a lei antiga não passa de sombra diante da nova lei e São Paulo diz ser ela apenas uma figura versando em prescrições sobre comidas, bebidas e abluções impostas que não podem tornar perfeita a consciência de quem presta culto.
                Ao passo que a verdadeira realidade sobrevinha com o sacrifício do Redentor que se encontrava encoberta naquela divina sombra entrevista por Simeão. Aquele Menino era o Salvador. Tendo Ele vindo ao mundo por meio de Maria, as sombras deram lugar à luz. Por isto, Nosso Senhor Jesus Cristo pregou: “Andai na luz antes que as sombras os surpreendam”.

 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014


Quem não tem Maria por mãe
não tem Deus por Pai


*Pe. David Francisquini

         Imagine Maria Santíssima, Mãe das mães, ao tomar conhecimento de que seu Filho se encontrava prestes a partir para a vida pública. Ela que já experimentara a perda de seu Filho em Jerusalém sabia bem o quanto lhe custara aquele distanciamento, pois caro Christi est caro Mariae (a carne de Cristo é a carne de Maria). Agora o seu divino Filho vai se ausentar para não mais voltar à casa de Sua Mãe.
            Jesus havia completado 30 anos, e, nos desígnios de Deus Pai, chegara o momento de semear a boa semente da palavra, pois Seu reino não se circunscrevia à casa de Nazaré. José já havia falecido. O que poderia passar naquele coração de Mãe a falta do Filho que partia para o campo de batalha do apostolado e que terminaria a sua vida terrena pendurado numa Cruz?
            Figuremos a sua solidão ao vê-Lo partir, acompanhando-O com os olhos até que desaparecesse. Maria ficou só, pois havia chegado a hora. Jesus tomou a direção do rio Jordão a fim de se encontrar com João Batista. Quando O viu, João, maravilhado, exclamou: “Eis o Cordeiro de Deus, eis Aquele que tira os pecados do mundo”.
            Jesus pede o batismo, e João Batista reluta em concedê-lo.

 Argumenta que deveria ser ele batizado por Jesus e não o contrário. Mas o divino Mestre insiste, pois fazia a vontade do Pai. Enquanto isto, Maria passava rezando pelo Filho. Maria silenciosa e pensativa sabia que Jesus não Lhe pertencia, pois deveria redimir o gênero humano. Acompanhava Ela com o coração tudo o que o Seu filho fazia e por onde ia.
            Poucas semanas depois de estar só, Maria foi convidada para uma festa de casamento em Caná, pequena cidade da Galileia, distante a duas horas de viagem de Nazaré. Os noivos eram íntimos amigos de Maria e teriam manifestado grande alegria pela sua presença. Ademais, eles encontrariam n’Ela grande apoio para o casamento e não queriam dar passo tão decisivo na vida sem a presença d’Ela.
            A festa já se desenrolava quando aparece o Seu filho rodeado dos discípulos, maravilhados com tudo quanto Ele dizia. Jesus sabia que Sua Mãe se achava ali, e trouxe os discípulos para conhecê-La, para mostrar o papel de Maria no Reino de Deus, e, que Ele, qual prófugo, iniciava a pregação.
            A ocasião era mais que propícia. De Maria Ele nascera e durante 30 anos Lhe foi submisso. Com o consentimento d’Ela, Jesus daria ali o início a uma série de milagres na ordem da natureza, pois o primeiro milagre na ordem da graça se dera por ocasião da visita de Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel ao santificar São João Batista ainda no ventre materno.
            Cheia de graça e de virtudes, Maria não ficou indiferente diante de um fato que poderia passar despercebido a muitos, mas muito constrangedor aos anfitriões: a falta de vinho naquela festa nupcial. Ela sabia que o seu Filho poderia resolver aquela questão que parecia sem solução.
            Maria que ainda não havia presenciado milagre de Jesus,  com bondade de mãe, dirigiu-se ao Filho, tomou-O pelas mãos e Lhe sussurrou aos ouvidos: “Eles não têm mais vinho”. Cena simples e encantadora. O Filho que nada A nega, olha para Ela e diz: “Mulher, que há entre Mim e Ti? Minha hora ainda não chegou”.
            Palavras misteriosas, pois somente Maria conhece o Filho que tem. Só Ela consegue penetrar e sentir as palpitações do Seu coração. Portanto, aquelas palavras tiveram altíssimo significado. Ao chamá-La de mulher, ressaltava o sexo feminino. Ao chamá-La de mulher, fazia-nos voltar aos primórdios da humanidade, quando o livro Gêneses trata d’Aquela mulher ilustre, nobre, excelente e destemida que esmaga a cabeça da serpente.
            Faz-nos lembrar da mulher forte do Livro da Sabedoria que
com todo o zelo ornou a sua casa e nada lhe faltou. É a mulher forte, intrépida e corajosa do Apocalipse. É a mulher que São João Evangelista relata se encontrar no Calvário aos pés da Cruz em companhia das Santas Mulheres, e que Jesus voltando-se para Ela disse: “Mulher, eis aí teu filho”, e voltando-se para João: “Eis aí a tua Mãe”.
            Não há Jesus sem Maria, nem Maria sem Jesus. O Jesus que adoramos e seguimos é Jesus que sempre obedeceu, seguiu, respeitou e amou Maria. Quem rejeita Maria, rejeita Jesus. Quando Jesus afirma: “Minha hora não chegou”, Maria sabia que para Ela, toda hora é hora, ou seja, Seu Filho não deixaria de atendê-La.
            Prontamente foi dizer aos servos para acatar a tudo que Ele ordenasse. Com efeito, Jesus quis ressaltar que o papel de Maria é misterioso e eficiente. O Filho belo, cativante, elevado, nobre, verdadeiro Deus e verdadeiro homem não poderia deixar de operar o milagre, mesmo que a hora do Pai ainda não tivesse soado.
            A mãe tem um poder de intercessão inigualável junto ao filho. Assim procedendo, Maria contribuía para revelar o seu Filho ao mundo e cooperar na elevação dos homens a Deus. De fato, Jesus atendeu ao pedido d’Ela ao transformar a água em delicioso vinho, Seu primeiro milagre, e, seus discípulos creram n’Ele.
            Tal prodígio compete a Deus que é o Senhor dos elementos da natureza. E Ele fez isto para iluminar a nossa inteligência para receber a virtude da Fé, com a qual vamos acatar os Seus ensinamentos e a Sua vida. O milagre não é contra a natureza, mas está acima dela. Não apresenta explicação natural, o que o explica é o poder de Deus para confirmar o que ensina. Seu objetivo é conduzir os homens à verdadeira doutrina e religião instituída por Ele.
            Eis o papel de Nossa Senhora por ocasião do primeiro milagre de Jesus Cristo, aliás, feito com antecipação para atender ao pedido d’Ela. Quem rompe com Nossa Senhora, rompe com Nosso Senhor Jesus Cristo, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Quem não tem Maria por mãe não tem Deus por Pai.