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segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Levantai os olhos e vede os campos

Pe. David Francisquini

Os campos de minha terra, outrora povoados, encontram-se hoje ermos, esvaziados que foram pelo insano êxodo em busca das lantejoulas das grandes cidades. As poucas casas que ainda restam apresentam aspecto desolador, guarnecidas por uma vegetação rala que abriga parco rebanho.  

Em visita aos fiéis da zona rural, encontrei amigos velhos e velhos amigos, arraigados em suas terras como árvores frondosas. De raízes profundas como estas, nunca abandonarão o local onde nasceram, a não ser mortos.

Ali, como de costume, tudo se desenrola dentro da calma, do bom senso, da arguta observação da natureza, do senso psicológico e da boa prosa que caracterizam o camponês. Além das estiagens, das pragas, dos vermes e de uma exígua economia, ele sofre a falta de apoio dos órgãos do governo e dos políticos, que só se lembram dele para exigir o cumprimento de excessivas leis ambientalistas os primeiros, e de votos os segundos. “O que conta são os votos! E nós somos poucos”, sussurrou-me um.

Outro procura esticar a conversa: “A cada quatro anos uma eleição, promessas para lá, promessas para cá, mas os que ocupam os cargos de direção do País deixam a situação do jeito que está para ver como fica. E nós ficamos na mesma... Aliás, eles também ficam na mesma com os mensalões, pedágios, propinas, altos salários, safadezas de todos os lados. Para nós, só se fala nessa demagógica Reforma Agrária que nunca reformou nada e nem vai reformar”.

Folga ouvir verdades daquelas pessoas simples, mas honestas, que preferem estar de bem com sua  consciência antes que roubar um vintém de quem quer que seja. Seria chover no molhado responsabilizar os governantes pela sua negligência em relação ao verdadeiro agricultor, enquanto muitos de seus membros vestem o boné do MST.

O êxodo rural se deu em nome do desenvolvimento induzido, com enormes prejuízos para as boas tradições, a família e a propriedade rural. Dos lares bem constituídos de antanho foram os filhos saindo para as cidades, desmembrando-se assim de seu antigo tronco, do qual provinha a seiva que lhes dava a vida.

Triste e ao mesmo tempo cheio de consequências esse abandono forçado pelas circunstâncias. Sendo a vida no campo mais orgânica e própria às lides ininterruptas, ela forja o espírito do desbravador no caminho do dever e da honra.

No contato com aquelas pessoas simples e amantes da natureza, que veem nesta um reflexo de Deus, percebe-se que seus antepassados foram almas virtuosas, que encaravam a vida não como feita para os prazeres tantas vezes mentirosos que a grande cidade oferece, mas para seguir nesta Terra as pegadas de Jesus Cristo e depois conquistar o Céu.

Pode-se perceber também, naquele ambiente crepuscular, um lúmen de vitalidade que nos dá a certeza de um novo dia que raiará fulgurante. Sente-se bem-estar no campo e na vida campestre, estado psicológico adequado para que as bênçãos de Deus encontrem abrigo nos corações.
Ela é propícia à vida de oração e à obtenção das graças de Deus, que as distribui mais profusamente onde reina o silêncio – “non in commotione Domine”. E, como no campo a provação do tédio e da aridez costuma ser mais frequente, ele é o lugar mais propício para o homem plantar e colher frutos para a vida eterna. As mais belas passagens de Nosso Senhor não se referem à vida campestre?

“Se Deus veste assim a erva dos campos, que hoje cresce e amanhã será lançada ao fogo, quanto mais a vós, homens de pouca fé?” (Mat. 6, 30).  “Quando vedes soprar o vento do sul, dizeis: Haverá calor. E assim acontece” (Lc. 12). Dizia ainda ao povo: “Quando vedes levantar-se uma nuvem no poente, logo dizeis: Aí vem chuva. E assim sucede” (Lc. 12, 54).

“Não dizeis vós que ainda há quatro meses e vem a colheita? Eis que vos digo: levantai os vossos olhos e vede os campos, porque já estão brancos para a ceifa. O que ceifa recebe o salário e ajunta fruto para a vida eterna; assim o semeador e o ceifador juntos se regozijarão” (Jo. 4, 35- 38).


Se o homem for fiel à Lei divina vivendo em estado de graça, terá mais facilidade para ver as coisas criadas por Deus como luz reflexa da infinita perfeição divina, o cumprimento de seus deveres tornar-se-á mais fácil, e ele se preparará assim para seu fim último que é a vida eterna.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Terrível como um exército em ordem de batalha

Pe David Francisquini         




O já tenso e borrascoso panorama internacional, com guerras aqui, lá e acolá, tornou-se sombrio e ameaçador à paz mundial com a invasão da Ucrânia pela Rússia. A luta dos ucranianos – crentes e tementes a Deus – contra os pró-russos comunistas resulta do direito mais elementar de independência em relação a Moscou.

Putin não ficou só nas palavras quando afirmou que o desfazimento da URSS havia sido a maior tragédia geopolítica do século XX. Ele sonha em restabelecê-la e é por isso que, depois de abocanhar a Crimeia, suas tropas se encontram agora na Ucrânia.

É por isso também que o Metropolita (arcebispo) Greco-católico de Lvov, D. Ihor Voznyak, conclamou a geração de jovens combatentes ucranianos a defender sua pátria contra a agressão daqueles que a querem levar novamente à escravidão.

A prova real de que a Rússia tem enviado tropas, armamentos pesados e ajuda de toda espécie para quebrar aquela nação que luta em nome da Fé contra o criminoso intento do Kremlin, aparece agora em fotografias de satélite, as quais desmentem as reiteradas e cínicas assertivas de Putin em sentido contrário.

O que vem ocorrendo na Ucrânia é sintomático, uma vez que o Kremlin foi responsável, na década de 30 do século passado, pela morte de mais de sete milhões de ucranianos, condenados a uma mortal inanição, além de outros milhões que morreram em campos de trabalho forçado na Sibéria.
Esses acontecimentos foram previstos e advertidos por Nossa Senhora em Fátima em 1917, quando disse:

“A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite, alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para impedi-la virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados.

“Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas, por fim o meu Imaculado Coração triunfará.”

Como a humanidade não atendeu aos pedidos de Maria, tivemos a tragédia das duas guerras mundiais e continuamos a sofrer as consequências dessa desobediência. E por toda parte grassam a confusão, os conflitos, as guerras localizadas, os crimes, as drogas, os assassinatos, as invasões de propriedades rurais e urbanas, entre tantos outros atropelos.

Os meios católicos – dói dizê-lo – de onde deveria provir a reação contra tudo isso, tornou-se, pelo contrário, o principal foco de irradiação da ofensiva demolidora, com o clero de esquerda e a teologia da libertação promovendo a luta de classes e a revolução social.
Tanques russos
Nisto se configura o presságio de Nossa Senhora sobre a expansão dos erros da Rússia e sua promoção de guerras, sendo a invasão da Ucrânia o mais recente exemplo. Exemplo que nos fortalece na certeza de que a Rússia não se converteu uma vez não ter sido consagrada ao Imaculado Coração de Maria de acordo com as condições estabelecidas por Nossa Senhora.

A própria irmã Lúcia previra que, quando consagrassem a Rússia ao Imaculado Coração de Maria seria tarde demais, pois ela já teria espalhado seus erros pelo mundo. Em outra ocasião, Nossa Senhora alerta a irmã Lúcia de que os pecados do mundo são muito grandes, não mais lhe permitindo segurar o braço justiceiro de Deus que pesa sobre o mundo pecador.

E eis como isso se fará. Com o título “Novidades apocalípticas que vêm de Fátima”, no último 17 de agosto o escritor e jornalista italiano Antonio Socci deu conhecimento em seu site do livro “Um caminho sob o olhar de Maria — Biografia da IRMÃ Maria LÚCIA de Jesus e do Coração Imaculado (Carmelo de Santa Teresa, Edições Carmelo, Coimbra, 2013, 496 pp.). Trata-se de uma biografia da Irmã Lúcia escrita por suas irmãs de hábito, a qual contém documentos inéditos. Por exemplo, o relativo ao grande castigo purificador, revelado à vidente no dia 3 de janeiro de 1944.

Nessa passagem, está dito que a cólera de Deus tocará como uma ponta de lança o eixo da Terra, e que haverá um transtorno geral na natureza, com cidades, montanhas e aldeias desaparecendo por completo. Morrerão milhões de pessoas e a Terra será purificada de seus crimes. Após esses terríveis acontecimentos, a Irmã Lúcia diz que a Igreja Católica sairá vitoriosa, cumprindo-se assim o que Nossa Senhora afirmou: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.

O Coração Imaculado de Nossa Senhora, cuja festa celebramos no último dia 22, é “terrível como um verdadeiro exército em ordem de batalha”. Ele suplantará sozinho todas as forças infernais, derrotando as potestades que seguem a Satanás.