Uma conjuração anticristã
Padre
David Francisquini
Ao criar nossos primeiros pais homem e mulher, Deus os abençoou, ordenou-lhes que crescessem e se multiplicassem e enchessem toda a terra, sujeitando-a, como está escrito no livro Gênesis (1, 27-30): “Eis que vos dei todas as ervas, que dão sementes sobre a terra, e todas as árvores que encerram em si mesmas a semente do seu gênero, para que vos sirvam de alimento, e a todos os animais da terra, e a todas as aves do céu, e a tudo o que se move sobre a terra, em que há alma vivente, para que tenham que comer. E assim se fez".
Como assim dispôs o Criador, cabe-nos, por nossa natureza
e pelas potencialidades e riquezas que nos foram dadas, prover à nossa própria
subsistência e trabalhar em função de nosso progresso natural e espiritual,
rendendo assim maior glória a Deus. O mesmo Pai não criou seus filhos iguais,
antes, os dotou de capacidades diferentes, como se pode depreender da parábola
dos talentos.
Com efeito, nela o servo que soube trabalhar e fazer
render os talentos recebidos de seu senhor foi premiado com outros tantos, e o
que enterrou o talento foi castigado. Como foi agradável aos olhos de Deus a
diligência daquele que se empenhou em fazer progredir suas próprias qualidades,
e como foi desagradável a acomodação daquele que se manteve inoperante diante
dos benefícios recebidos!
Todos nós sabemos que a existência do homem é anterior à
do Estado, cuja ação deve ser apenas supletiva, ou
seja, exercer-se somente quando o corpo social não dispuser de meios para
realizar determinada tarefa. O contrário disso –
a interferência em todos os aspectos da vida dos indivíduos e das sociedades –
é uma característica do Estado
socialista.
Este último contraria a ordem
natural e desafia disposições divinas, com consequências desastrosas para todo
o corpo social, pois torna os homens negligentes, sem iniciativas e
desinteressados, priva-os de sua liberdade de fazer o bem e os leva à miséria e
à desolação, embrutecendo da sociedade e levando ao decrescimento da fé.
***
Rússia. Tendo em vista as comemorações do próximo dia 13 de maio, data de sua primeira aparição aos pastorezinhos, vêm-me ao espírito algumas considerações que desejo compartilhar com os leitores.
Por que, apesar de dotado de inteligência e de vontade –
portanto um ser livre – tem o homem tão coarctada e perseguida em nossos dias
sua liberdade para fazer o bem? Ele vem há séculos perdendo paulatinamente seus
direitos fundamentais, como o de praticar a verdadeira fé, constituir e cuidar
de sua família, ter a sua propriedade.
Isso vem ocorrendo à maneira de um bolo colocado sobre
uma mesa. Na medida em que as pessoas vão passando, cada qual tira um pequeno
pedaço, e em pouco tempo o bolo desaparece... O mesmo se passa com os valores
da alma, recebidos dos nossos maiores, que formavam o arcabouço de toda uma
civilização fundamentada nos evangelhos.
Como demonstra Monsenhor Delassus em seu imperdível livro
A conjuração anticristã, existe um
verdadeiro conluio para negar o pecado e a Redenção de Nosso Senhor Jesus
Cristo. Ele faz com que o homem vá perdendo espaço no panorama da civilização
cristã e resvalando para uma vida tribal diametralmente oposta àquela plasmada
pelos nossos incansáveis pregadores que evangelizaram o Ocidente.
A alma brasileira, indelevelmente marcada pelos
ensinamentos do Evangelho, vem sendo desconstruída pelos revolucionários de
ontem e de hoje nos seus valores cristãos, como o casamento, a criação dos
filhos, a ideia de Deus e da religião, a noção do bem e do mal, a perda das
noções fundamentais de justiça, a desarmonia institucional, entre outros.
De onde o constante apelo dos partidos de esquerda e do
Judiciário no sentido de implantar ideologias nefastas, como o aborto, o
incesto, a identidade de gênero, a poligamia, a adoção de filhos por parceiros
homossexuais – como se tratasse de um casal normal –, o direito de herança, a
eutanásia, entre outros crimes. Numa palavra, levando os homens para um
despenhadeiro rumo ao caos, como já ocorre na Venezuela e na Argentina.
Em seu processo de apodrecimento generalizado da
sociedade, a Revolução gnóstica e igualitária vem aos poucos eliminando,
envenenando e matando, aqui, lá e acolá, com uma força de expansão própria à
dos gases, esses valores morais que a civilização cristã recebeu da Igreja e
nos transmitiu, tentando eliminar assim a própria ligação do homem com Deus. É
a crise religiosa instalada nos quatro cantos da Terra.
Em decorrência do que se propaga sobre o vírus chinês do
Cavid-19, parece que o mundo não voltará mais à normalidade anterior. Se Deus
não intervier, será o advento de um estado de coisas em que não haverá mais
para os homens liberdade de ir e vir, de gerir seus negócios e sua vida como
melhor lhes aprouver, nem de praticar a religião, especialmente a única
verdadeira – a católica –, numa satânica tentativa de conduzi-los ao desespero
e ao ódio a Deus.
Aqueles que reagem a esta avalanche são tachados
arbitrariamente com epítetos de
negacionistas, antidemocráticos,
obscurantistas, contrários à ciência, todas elas palavras-talismãs
cuidadosamente estudadas em laboratórios e utilizadas ad nauseam pela
grande mídia para causar o maior estrago possível nas hostes conservadoras.
O
ponto central da mensagem de Fátima trata dos erros da Rússia que se
espalhariam pelo mundo para perder as almas. Urge atender aos apelos de Nossa
Senhora, rezar e fazer penitência, recitar diariamente o terço, fazer a
comunhão reparadora dos cinco primeiros sábados, e, sobretudo, mudar de vida e
de comportamento diante dos descalabros das modas imorais.
Lutemos e procuremos fazer a nossa parte. Deus, por meio
de sua Mãe Santíssima, nos dará a vitória!