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domingo, 29 de agosto de 2010

Gramsci, um comunista finório

Gramsci, um comunista finório



Pe. David Francisquini


No exercício de minhas atividades paroquiais, sobretudo no pastoreio de almas, não preciso fazer muito esforço para observar nas almas não apenas de meus fiéis, mas sociedade enquanto um todo que as pessoas vão sendo transformadas paulatinamente em suas mentalidades, em seus modos de ser e de viver.
Tais transformações se dão impreterivelmente no sentido oposto aos ensinamentos do Evangelho pregado por Nosso Senhor Jesus Cristo. Na prática, isso significa afastamento das almas em relação a Deus e à religião católica, em contraposição à adoção do ateísmo difuso através da sensualidade desenfreada.
Tudo tende para o igualitarismo e o amor livre por meio de uma revolução nos costumes, na indumentária, nos adornos, na linguagem, no trato social. Ela se passa igualmente nas instituições sociais e culturais como na música, no teatro, nos shows, na família, na forma de propriedade, no ensino. E depois se transformam em leis.
É fácil perceber nas almas o endurecimento dos corações em relação a religião e a Deus, tornando cada vez mais difícil aceitar as máximas do Evangelho, e, assim, cerceando o mais possível o apostolado. Tal fenômeno chegar a levar desânimo a muitos padres, tamanho o desafio. Outros são tentados a entrar na onda.
Como? – Ao mesclar hábitos do mundo com a religião na vã tentativa de atrair fiéis. Diante da dificuldade de atraí-los em razão do forte apelo das paixões desregradas, procuram transformar suas igrejas em palcos de shows, com todos os exageros que podem ser vistos hoje em certos meios católicos.
Há explicação para tal ocorrência? Ela seria espontânea ou dirigida? Quais seriam os mecanismos ou técnicas de manipulação da opinião pública utilizadas para atingir a meta em questão? Afinal, por que o mundo vem piorando dia a dia? Já atingimos o fundo do abismo? Ao ler e estudar Gramsci, pude entender muita coisa do que se passa.
Ateu, materialista e anti-católico, Gramsci quis a destruição da Igreja ao empenhar-se na luta pela mudança social da Itália nas primeiras décadas do século XX rumo à sua meta comunista. Sagazmente, percebeu que para tal só um golpe de estado e a tomada do governo pelas armas não bastariam.
Porquanto ali se encontrava a sede do Papado e a sociedade italiana, à época, se nutria ainda da seiva de séculos de religião católica. Contudo, Gramsci e seus comparsas anelavam destruir os pontos de resistência das almas. Como Arquimedes, ele poderia ter dito: “Dêem-me uma alavanca e um ponto de apoio e eu mudarei o mundo”.
Prometo continuar o assunto no próximo artigo.

Natureza e vocação sacerdotal

Natureza e vocação sacerdotal


                                                                                                   Pe. David Francisquini(*)


A missão do sacerdote é por natureza e vocação de suma importância e valor, porquanto o padre é investido dos mesmos poderes de Nosso Senhor Jesus Cristo. “Tu es sacerdos in aeternum secundum ordinem Melchisedech” – Tu és sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque.
Trata-se de uma verdadeira escolha que Deus faz entre os homens, a fim de que estes ofereçam dons e sacrifícios pelos pecados do povo e pelos próprios, além de se compadecerem dos que ignoram e erram, pois ele mesmo está cercado de fraquezas, como nos diz São Paulo aos Hebreus. (Hebr. 5, 1-11).

O nascedouro natural da vocação sacerdotal – o sal que salga e a luz que ilumina – encontra-se sempre no seio das famílias verdadeiramente cristãs, dentro do lar imbuído da Fé e da mentalidade da Igreja, bem como da pureza de costumes, da piedade e devoção.
De tão sublime, tal chamado de Deus é comparável a uma cidade sobre um monte ou a uma torre inexpugnável, pois um bom padre salva consigo uma multidão, enquanto um mau padre pode levar atrás de si outra multidão.
Na Epístola aos Efésios, São Paulo engrandece o sacramento do matrimônio ao confrontá-lo com a instituição da Igreja.
Ao ressaltar a submissão da Igreja a Cristo, o Apóstolo convida as mulheres a seguirem o exemplo da Igreja quanto à submissão aos seus maridos; e a estes, a amarem suas esposas como Cristo ama sua Igreja. Em suma, fazer do lar o que faz Cristo com a Igreja: digna, pura, resplandecente, sem mancha nem ruga, santa e imaculada.
Toda a grandeza do matrimônio se patenteia nessa consideração do apóstolo em relação ao amor de Cristo à sua Igreja. E São Paulo ressalta que o relacionamento de Cristo com a maior das instituições é um verdadeiro mistério, pois a própria Santa Igreja Católica Apostólica Romana é de origem divina.
Como sacerdote, acabo de tomar conhecimento da aprovação de novo Projeto de emenda constitucional sobre o divórcio, facilitando ainda mais as separações conjugais. As leis apenas referendam o amor livre que, na prática, já vige há tempos. Como esperar que de tal sociedade surjam vocações sacerdotais e religiosas? Como pretender o aparecimento de santos e heróis?
Com efeito, houve toda uma mudança de mentalidade, mudança do eixo em torno do qual gira e se orienta a sociedade. A família monogâmica e indissolúvel, nascida no altar diante do sacerdote com todo requinte e pompa, se reduz a um contrato provisório. E já se ouve falar em “família” formada por casais do mesmo sexo.
Através de uma mudança cultural profunda vai-se assim fazendo aos poucos o que a União Soviética tentou implantar pela força. Mãos hábeis, cabeças inteligentes e corações empedernidos souberam trabalhar a sociedade para descristianizá-la e levá-la ao torpor, tornando-a indiferente e atéia.
Não é de se alarmar que, sem nenhuma reação, o Estado vá ocupando cada vez mais o lugar dos pais e das famílias. Afinal, são eles próprios que correm pressurosos a entregar seus filhos nas creches públicas, onde são educados desde a mais tenra idade.
Em troca, os pais recebem uma pensão do Estado, a dita bolsa escola. A continuar assim, não tardará o dia em que as crianças passarão a dormir nas escolas como internos, e ao serem indagadas sobre quem são os seus pais, elas respondam: – Meu pai é o Estado socialista, e minha mãe, a Pátria laica e atéia.
Nessa perspectiva, o que fazer? “Ad te levavi, oculos meos, qui habitas in coelis”. (Sl 122, 1). Sim! Voltemos nossos olhos para Deus, para a Virgem de Fátima, pedindo perdão e misericórdia; pedindo, sobretudo, a grande vitória prevista em sua aparição, o triunfo de seu Imaculado Coração.