Ai daquele por quem vêm os escândalos!
*Pe. David Francisquini
Diante da revolução cultural que vem carcomendo o tecido social, dir-se-ia que até a inocência infantil tem seus dias contados, se Deus não intervier para fazer cessar o curso dos acontecimentos. Um dos meios ao nosso alcance para contrarrestar tal revolução consiste em elevarmos nossa mente a Deus pedindo-Lhe que intervenha, e ao mesmo tempo procurar nos elevar até Ele pela contemplação das obras da Criação.
Por exemplo, no campo, onde o homem tem mais contato com
a natureza, não há um só momento em que a ordem das
coisas que o rodeiam deixem
de conduzi-lo a Deus. Enquanto a chuva tudo reverdece e o sol – sem o qual as
coisas não seriam senão o que elas são – difunde o seu calor por toda a parte,
outro calor anima os corações: a vida da graça.
Assistido por ela, o homem transcende e contempla ora o
sol, ora a lua, ora as estrelas, e se vive junto ao litoral, admira a imensidão
em movimento das águas do mar que não cessam de proclamar a grandeza e a beleza
do Criador. Há pouco, ao viajar pelo interior do Paraná, deparei-me com um bando
de crianças a brincar num canteiro que me era familiar.
Minha mais antiga lembrança desse canteiro remonta ao dia
em que me dirigia para o seminário, acompanhado de meu venerando pai. Começava eu
a trilhar os caminhos da vida dando ouvido à minha vocação sacerdotal. Como
sacerdote, caminhando rumo ao ocaso da vida, eu pude enlevado contemplar a cena
das referidas crianças, que empinavam papagaios.
Tem razão Gilberto Amado ao dizer que “empinar papagaio é
bom brinquedo, pois obriga a criança a olhar para o Céu”.
Enquanto uns empinavam suas pipas, outros meninos – numa espécie de torcida – erguiam as mãos até as colocarem juntas, como se estivessem em oração e com os olhos fixos no céu.
Enquanto uns empinavam suas pipas, outros meninos – numa espécie de torcida – erguiam as mãos até as colocarem juntas, como se estivessem em oração e com os olhos fixos no céu.
Aquele pulsar, a louçania das crianças não era senão luz
reflexa da inocência que reverbera diante do maravilhoso. Nada nos eleva a Deus com tanta força do que a
contemplação do belo e do épico, pois temos plasmado na alma os transcendentais
do ser. Enquanto filhas de Deus, as crianças O louvam por possuir tais
atributos de forma absoluta.
Será que essas crianças espelhariam a mesma felicidade de
situação e o mesmo brilho diante de um computador com jogos enaltecendo o feio,
o violento, o monstruoso, o imoral, ou ao som de cacofonias? Elas louvariam
assim a Deus? Ou estariam matando a inocência dentro de suas almas e com isso se
distanciando d’Ele?
Por oportuno, recordemos o ensinamento de Nosso Senhor
Jesus Cristo ao dizer em tom de carinho e atenção aos pequeninos: “Deixai vir a Mim as crianças, porque delas é o Reino dos Céus. Quem se tornar simples e humilde como esta criança, este é o maior no Reino dos Céus”.
E prossegue: “É impossível que não haja escândalos, mas ai daquele por quem eles vêm! Melhor seria que se lhe atasse em volta do pescoço uma pedra de moinho e que fosse lançado ao mar, do que levar para o mal a um só destes pequeninos”.
O que nos deixa perplexos mesmo é assistirmos hoje, inermes, a muitos dignitários eclesiásticos desprezando o bom, o belo, o artístico, pois recusar tais valores significa negar a inocência que nos convida à transcendência, e, através dela, a elevar os nossos corações a Deus. Resta-nos, contudo, a potente arma da oração!
Jesus Cristo ao dizer em tom de carinho e atenção aos pequeninos: “Deixai vir a Mim as crianças, porque delas é o Reino dos Céus. Quem se tornar simples e humilde como esta criança, este é o maior no Reino dos Céus”.
E prossegue: “É impossível que não haja escândalos, mas ai daquele por quem eles vêm! Melhor seria que se lhe atasse em volta do pescoço uma pedra de moinho e que fosse lançado ao mar, do que levar para o mal a um só destes pequeninos”.
O que nos deixa perplexos mesmo é assistirmos hoje, inermes, a muitos dignitários eclesiásticos desprezando o bom, o belo, o artístico, pois recusar tais valores significa negar a inocência que nos convida à transcendência, e, através dela, a elevar os nossos corações a Deus. Resta-nos, contudo, a potente arma da oração!