Pe. David Francisquini(*)
A missão do sacerdote é por natureza e vocação de suma importância e valor, porquanto o padre é investido dos mesmos poderes de Nosso Senhor Jesus Cristo. “Tu es sacerdos in aeternum secundum ordinem Melchisedech” – Tu és sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque.
Trata-se de uma verdadeira escolha que Deus faz entre os homens, a fim de que estes ofereçam dons e sacrifícios pelos pecados do povo e pelos próprios, além de se compadecerem dos que ignoram e erram, pois ele mesmo está cercado de fraquezas, como nos diz São Paulo aos Hebreus. (Hebr. 5, 1-11).
O nascedouro natural da vocação sacerdotal – o sal que salga e a luz que ilumina – encontra-se sempre no seio das famílias verdadeiramente cristãs, dentro do lar imbuído da Fé e da mentalidade da Igreja, bem como da pureza de costumes, da piedade e devoção.
De tão sublime, tal chamado de Deus é comparável a uma cidade sobre um monte ou a uma torre inexpugnável, pois um bom padre salva consigo uma multidão, enquanto um mau padre pode levar atrás de si outra multidão.
Na Epístola aos Efésios, São Paulo engrandece o sacramento do matrimônio ao confrontá-lo com a instituição da Igreja.
Ao ressaltar a submissão da Igreja a Cristo, o Apóstolo convida as mulheres a seguirem o exemplo da Igreja quanto à submissão aos seus maridos; e a estes, a amarem suas esposas como Cristo ama sua Igreja. Em suma, fazer do lar o que faz Cristo com a Igreja: digna, pura, resplandecente, sem mancha nem ruga, santa e imaculada.
Toda a grandeza do matrimônio se patenteia nessa consideração do apóstolo em relação ao amor de Cristo à sua Igreja. E São Paulo ressalta que o relacionamento de Cristo com a maior das instituições é um verdadeiro mistério, pois a própria Santa Igreja Católica Apostólica Romana é de origem divina.
Como sacerdote, acabo de tomar conhecimento da aprovação de novo Projeto de emenda constitucional sobre o divórcio, facilitando ainda mais as separações conjugais. As leis apenas referendam o amor livre que, na prática, já vige há tempos. Como esperar que de tal sociedade surjam vocações sacerdotais e religiosas? Como pretender o aparecimento de santos e heróis?
Com efeito, houve toda uma mudança de mentalidade, mudança do eixo em torno do qual gira e se orienta a sociedade. A família monogâmica e indissolúvel, nascida no altar diante do sacerdote com todo requinte e pompa, se reduz a um contrato provisório. E já se ouve falar em “família” formada por casais do mesmo sexo. Através de uma mudança cultural profunda vai-se assim fazendo aos poucos o que a União Soviética tentou implantar pela força. Mãos hábeis, cabeças inteligentes e corações empedernidos souberam trabalhar a sociedade para descristianizá-la e levá-la ao torpor, tornando-a indiferente e atéia.
Não é de se alarmar que, sem nenhuma reação, o Estado vá ocupando cada vez mais o lugar dos pais e das famílias. Afinal, são eles próprios que correm pressurosos a entregar seus filhos nas creches públicas, onde são educados desde a mais tenra idade.
Em troca, os pais recebem uma pensão do Estado, a dita bolsa escola. A continuar assim, não tardará o dia em que as crianças passarão a dormir nas escolas como internos, e ao serem indagadas sobre quem são os seus pais, elas respondam: – Meu pai é o Estado socialista, e minha mãe, a Pátria laica e atéia.
Um comentário:
ler todo o blog, muito bom
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