Postagem em destaque

O novo rito da Missa não é substancialmente idêntico ao anterior? Discussão sobre Traditionis Custodes: Dom Jerônimo alega que o Papa Fran...

Postagens mais visitadas

domingo, 24 de janeiro de 2010

Stat Crux


Pe. David Francisquini

Para falar da cruz não vou remontar à árvore da graça no Paraíso, nem sua passagem através da ponte do rei Salomão para Jerusalém até a escolha desse lenho para a crucifixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Além de a tarefa ser árdua, seria muito longa.
Na linguagem moderna e quase irreverente do publicitário Alex Periscinotto, em palestra proferida aos bispos do Brasil (1977), a cruz se tornou o primeiro e o mais feliz dos ‘logotipos’. Sempre presente no alto das torres, a cruz permite identificar que ali existe uma igreja católica.
Como fora escondida depois do mistério da morte de Cristo, a História registra sua descoberta em Jerusalém no ano de 326, por Santa Helena (na pintura, à direita), mãe de Constantino (à esquerda). A partir de então, a devoção à cruz difundiu-se tão rapidamente, e antes de se encerrar o século, surgiu o hino Flecte genu lignumque Crucis venerabile adora (genuflexo, adora o venerável lenho da Cruz).
De alguns lustros para cá, vem surgindo aqui, lá e acolá um debate sobre a presença de símbolos religiosos, sobretudo da cruz, em lugares ou repartições públicas tais como escolas, hospitais, câmaras legislativas, prefeituras e mesmo no Judiciário.
Por exemplo, recente acórdão judicial obrigou a construção de uma sala-mesquita para alunos muçulmanos num bairro de Berlim, pois a Constituição alemã proíbe toda manifestação religiosa nas escolas. Em 1995, uma Corte anulara a legislação bávara que permitia fixar crucifixos nas escolas públicas.


Na Itália, a questão vem se repetindo. Como os Estados não se envolviam diretamente na proscrição e na retirada desses símbolos em tais lugares, a Corte Européia de Direitos Humanos de Estrasburgo decidiu contra o uso de crucifixos em salas de aula na Itália.


Quando a autoridade judicial determina a retirada dessas insígnias, costuma causar descontentamento geral, pois apesar de o Estado ser laico e defender a liberdade religiosa, a maioria dos cidadãos que compõem tais Estados, como na Itália, são católicos.
É muito estranho que um costume milenar arraigado na alma dessas nações, seja bombardeado por minoria perturbadora e intolerante ao querer impor suas idéias. Por toda a parte, como por exemplo em Roma, sede do cristianismo. Afinal, por que tanto ódio à cruz?
Nosso Senhor Jesus Cristo morreu pregado numa cruz, no alto do Monte Calvário, em Jerusalém. Nessa ocasião ocorreu a Redenção do gênero humano, ou seja, Ele imolou-se pela humanidade e abriu as portas do Céu, até então fechadas pelo pecado de nossos primeiros pais.
A partir de Jerusalém, os Apóstolos pregaram o Evangelho. E São Paulo afirmava alto e bom som: “Eu só sei pregar a Cristo e Cristo Jesus crucificado”. Os povos converteram-se ao cristianismo, da Europa e posteriormente das Américas, e o catolicismo hoje conta com mais de um bilhão de fíéis.
A Religião católica tornou-se oficial em muitas nações. Reis e imperadores carregaram a Cruz no alto de suas coroas, estamparam-na sobre seus estandartes e viveram séculos sob a influência benfazeja de nossa santa Religião. A cruz tornou-se o sinal do cristão, e indica os principais mistérios da nossa fé.



Pretendo dar continuidade ao já exposto num próximo artigo.

Stat Crux II 

Em artigo anterior, escrevemos sobre a cruz ao longo da História; a cruz como sinal do cristão; a cruz que aponta os mistérios da fé católica, apostólica, romana; a cruz perseguida, diante da qual — genuflexos — adoramos o instrumento da Redenção do gênero humano pelo Homem-Deus.
É pela compreensão do papel do sofrimento e do mistério da cruz e sua aceitação que os homens poderão ser salvos da crise tremenda que se abate sobre a sociedade hodierna. E sua rejeição, por aqueles que permanecerem fechados até o último momento ao seu convite amoroso, poderá lhes acarretar as penas eternas.
Para os servos de Deus, a cruz é arma invencível e barreira que resiste a todos os esforços do inferno. É muito conhecido na História o acontecimento no qual Constantino — em luta contra Maxêncio pelo título de imperador — às portas de Roma viu nos céus uma cruz [pintura abaixo] junto à inscrição In hoc signo vinces (Com esse sinal vencerás).
Tendo colocado a cruz e essa inscrição em seu estandarte, ele triunfou. O local ficou conhecido como Saxa Rubra, pela abundância de sangue derramado. Tornando-se imperador, Constantino aboliu o suplício da cruz, o mais infamante e o mais terrível, no qual padeciam os piores criminosos. E, a partir daquela data — 28 de outubro de 312 —, ninguém mais seria crucificado.
Depois de Nosso Senhor Jesus Cristo ter sido morto no madeiro da cruz, esse símbolo tornou-se o mais nobre, o mais elevado e o mais precioso da História. Como de uma árvore veio o pecado de nossos primeiros pais Adão e Eva, de outra árvore veio a salvação. Ela representa o verdadeiro escudo contra as potestades infernais.
Ao abolir tais símbolos — como propõe o novo Programa Nacional de Direitos Humanos —, o Estado leigo afirma não professar religião e postula a vida social desvinculada do fator religioso. Trata-se na realidade de confessionalismo ideológico e agnóstico, pois equivale a dizer: “Como você tem uma convicção, uma religião, não pode impô-la a mim. Mas eu Estado, todo-poderoso, agnóstico e ateu, posso impor a minha a você. Nós divergimos, mas quem tem razão sou eu, pois tenho a mente livre e não atada por dogmas religiosos!”
Na verdade, parece tratar-se mais de um bizarro Estado dito democrático e pluralista, no qual só os ateus e agnósticos têm o direito de falar e modelar leis e costumes segundo seus princípios. Seria essa a nova ditadura na qual os “dogmas” do laicismo seriam impostos a todos?
Se hoje nas escolas, nas repartições, nos prédios e nos lugares públicos a cruz de Cristo não pode aparecer, amanhã, em nome do mesmo princípio, os pais não poderão ensinar a Religião, pois violariam a opção livre de seus filhos. Até aonde chegará a ousadia do Estado moderno?
*sacerdote da igreja do Imaculado Coração de Maria, Cardoso Moreira - RJ
Deus e o “casamento” homossexual





Pe. Davi Francisquini

Deus fez “chover sobre Sodoma e Gomorra enxofre e fogo [vindo] do céu; e destruiu estas cidades, e todo o país em roda, todos os habitantes das cidades, e todo a vegetação da terra”(Gen. 19, 24-26).

Entrou em pauta no Congresso um projeto para legalizar o dito “casamento” homossexual, pleiteado pela ex-deputada e atual Prefeita de São Paulo, Marta Suplicy. Ainda não está claro se vai ser aprovado ou rejeitado pela maioria de nossos deputados. No ínterim, convém estudar o que representaria sua aprovação aos olhos de Deus. Para isso, temos duas fontes: as Sagradas Escrituras e os comentários dos Padres da Igreja e dos Papas.

Na leitura desses textos, duas coisas saltam aos olhos: a clareza com a qual a homossexualidade é definida como uma aberração antinatural; e a energia com que sua prática é punida por Deus.

Já no Antigo Testamento afirma-se que “aquele que pecar com um homem, como se ele fosse uma mulher, ambos cometeram uma coisa execranda, sejam punidos de morte, o seu sangue caia sobre eles” ( Lev. 20,13 ).

Essa ameaça divina não ficou no ar. Todos sabemos como Deus fez “chover sobre Sodoma e Gomorra enxofre e fogo [vindo] do céu; e destruiu estas cidades, e todo o país em roda, todos os habitantes das cidades, e toda a vegetação da terra” (Gen. 19, 24-26). No total, foram cinco as cidades punidas, as quais estão ainda submersas ao sul do Mar Morto, como se pôde constatar recentemente em trabalhos arqueológicos. Aliás, o Mar Morto leva esse nome por não haver nele sinal de vida, e porque, nas regiões circunvizinhas, o deserto testifica a maldição de Deus sobre as cidades criminosas que lá se encontravam.

A energia desse castigo divino ficou tão firmemente registrada na memória da humanidade, que ainda hoje a prática do homossexualismo é conhecida como “sodomia”, precisamente em lembrança do castigo bíblico a Sodoma.

Não apenas o Antigo Testamento condena o homossexualismo

Há, contudo, quem pense que no Novo Testamento o vigor dessa reprovação divina da prática homossexual foi temperado pela misericórdia da Lei da Graça trazida por Nosso Senhor Jesus Cristo. Engana-se rotundamente.


Leia-se o que diz o Apóstolo São Paulo, descrevendo os frutos da idolatria: “Porque as suas próprias mulheres mudaram o uso natural, em outro uso, que é contra a natureza. E do mesmo modo, também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam nos desejos mutuamente, cometendo homens com homens a torpeza, e recebendo em si mesmos a paga que era devida ao seu desregramento. E, como não procuram conhecer a Deus, Deus abandonou-os a um sentimento depravado, para que fizessem o que não convém, cheios de toda iniqüidade, malícia e fornicação” (I Rom., 26 e ss.).

E a condenação do Apóstolo não se limita aos que praticam a sodomia, mas até às pessoas que a aprovam complacentes: “As quais, tendo conhecido a justiça de Deus, não compreenderam que os que fazem tais coisas são dignos de morte; e não somente quem as faz, mas também quem aprova aqueles que as fazem” (idem, 32).

E a morte com que ele ameaça esses pecadores não é nem sequer desta vida, mas é a morte eterna! Veja-se: “Não vos enganeis: nem mesmo os fornicadores, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, ... possuirão o reino de Deus” (I Cor. 6, 9-10). Ou seja, irão para o Inferno.


São Judas Tadeu - Escola quitenha, Igreja de São Domingos, Quito (Equador)

São Pedro e São Judas Tadeu condenam a sodomia

Hoje está na moda afirmar que São Paulo dizia essas coisas porque era um espírito radical demais, misógino, influenciado pelo legalismo romano etc. Para desmentir esses curiosos exegetas, no que toca à homossexualidade, basta citar o que dizem outros dois Apóstolos.

O próprio Príncipe dos Apóstolos, São Pedro, nos diz que Deus condenou a uma total ruína as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinzas, para servirem de exemplo àqueles que venham a viver impiamente (cfr. I Petr. 2, 6-9). E São Judas Tadeu em sua epístola afirma que “Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas que fornicaram com elas, e se abandonaram ao prazer infame, foram postas por escarmento, sofrendo a pena do fogo eterno”. (Jud, 7)

(Santo Agostinho - Autor desconhecido.)
Santo Agostinho vitupera o pecado contra a ordem natural

A Tradição multissecular da Igreja recolheu em seu magistério a mesma rejeição a qualquer condescendência com a sodomia. Por exemplo, Santo Agostinho, grandíssimo Doutor da Igreja, afirma que “as devassidões contrárias à natureza devem ser condenadas em toda a parte e sempre, como o foram os pecados de Sodoma”. E ainda agrega um pensamento que deveria fazer refletir os brasileiros inclinados a imitar servilmente os países supostamente mais “p’ra frente”: “Ainda que todos os povos as cometessem [as devassidões contra a natureza], cairiam na mesma culpabilidade de pecado, segundo a lei de Deus que não fez os homens para assim usarem dele [o instinto sexual]” (cfr. Confissões. C. III, pág. 8)

Santo Tomás de Aquino equipara o homossexualismo ao canibalismo

Santo Tomás de Aquino chega a colocar a prática da homossexualidade no mesmo plano de pecados torpíssimos — como o de canibalismo — por ser, como eles, um atentado contra a própria natureza.

E o grande São Pio X, em pleno século XX, ensina em seu catecismo que a homossexualidade, por seu caráter antinatural, está entre os pecados que provocam a ira de Deus e clamam por vingança.

A exigüidade deste artigo me impede citar ainda outros testemunhos, mais recentes, da enérgica reprovação de Deus e da Igreja à sodomia. Mas esses poucos já permitem constatar à saciedade que Deus não ficará indiferente diante de uma eventual aprovação do dito “casamento” homossexual no nosso tão amado Brasil, o maior país católico do mundo.

Se as coisas continuarem a correr do jeito que vão, manterá o Brasil essa condição de católico?



O submarino comunista



Pe. David Francisquini

Como sabemos, em Cuba mantém-se o regime marxista-leninista clássico. Castro, depois de tomar o poder pelas armas e instalar o paredón, “reelegeu-se” desde 1959, até o momento em que problemas de saúde obrigaram-no a entregar o poder a seu irmão.

Por sua vez, o venezuelano Hugo Chávez e seus companheiros bolivarianos –– Correa no Equador, Morales na Bolívia, Lugo no Paraguai, Ortega na Nicarágua –– tornaram-se coadjuvantes de Cuba. Logo atrás, com variadas velocidades, caminham na mesma direção Lula, o casal Kirchner, Bachelet e outros dirigentes latino-americanos.

Assim, a América Latina –– continente de maior população católica do mundo, esperança da Igreja no futuro –– vê-se diante da triste e ameaçadora realidade do “socialismo do século XXI”, que não é senão uma adaptação do antigo comunismo ateu, materialista, violento, sanguinário e persecutório. O submarino comunista voltou à tona e ameaça tragar um continente inteiro.

Tudo ia caminhando, quando um pequeno país, Honduras, percebendo o rumo trágico que seu dirigente ia dando à nação, levantou-se como o pequeno David diante do gigante Golias. E com o apoio de todas as forças vivas daquela nação, suas autoridades puseram para fora do governo o presidente “chavista” Manoel Zelaya. Pois este, com o apoio escancarado de Hugo Chávez, violara gravemente a Constituição do país.

Embora se intitulem democratas e promovam constantes eleições e referendos para mascarar suas tiranias e se perpetuarem no poder, os “chavistas” reprimem tudo o que se lhes oponha. Ao mesmo tempo eles estatizam a economia, promovem a “idolatria” de seus chefes, amordaçam a imprensa, perseguem seus opositores e implantam leis cada vez mais atentatórias à moral cristã e ao Direito natural, numa ruptura com o passado de seus povos. São leis como o divórcio, o aborto, a eutanásia, o pseudo-casamento homossexual, além de pesquisas com células-tronco embrionárias. E, no campo sócio-econômico, luta de classes, Reforma Agrária confiscatória, estatização das empresas, atiçamento dos índios contra os brancos, discórdias raciais, impostos extorsivos, descriminalização das drogas, sem falar do controle do Estado em todos os campos, como na educação e na saúde.

Assim como a Áustria, ocupada pelos soviéticos no fim da II Grande Guerra mundial, só conseguiu expulsar os invasores mediante a recitação do santo rosário, numa verdadeira cruzada de oração à Maria Santíssima, rezemos também Àquela que é “terrível como um exército em ordem de batalha” para que nos liberte da presente ameaça que nos circunda.

Que Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira das Américas, proteja Honduras e todo nosso continente de tal perigo.

O homem do campo



Pe. David Francisquini
Como de costume, este ano já percorri a região rural de meu município no pastoreio das almas que me foram confiadas. Com alegria, pude notar que a paisagem contrastava com a do ano anterior. A terra ressequida, batida e nua deu lugar a vegetação, pois chovera praticamente o ano todo, o que deixa o homem do campo feliz da vida.

O ambiente acolhedor, calmo, distendido e aprazível foi sempre ocasião para boas e longas conversas, motivo de entretenimento e descanso, longe do frenesi, da agitação e da eletricidade que grassa nas megalópoles modernas, e que se estendem até as cidades de porte bem menor. Nelas, o prazer parece se encontrar ora nas altas velocidades das barulhentas motocicletas e carros, ora em permanecer horas a fio diante da TV e da internet ou dos jogos eletrônicos. Distanciados disso, há ainda os que se ajuntam nos botequins para se embriagarem, ocasião para desavenças e até homicídios.

É tal a saturação da cidade, que basta um feriadão para que as estradas fiquem insuportáveis, pois as pessoas procuram alívio para suas almas aflitas. Outrora era ocasião para freqüentarem as festas religiosas, assistirem às missas, participarem das procissões, pois aprendiam que a verdadeira felicidade só se encontrava em Deus.

Era ocasião também das visitas entre amigos e parentes para se irmanarem no seio das famílias constituídas e, ao matar saudades, gozarem de uma verdadeira felicidade que é calma e casta. Hoje, as pessoas procuram desenfreadamente as praias, e toda sorte de divertimentos neopagãos.

Na medida em que percorria a extensão geográfica de minha paróquia, foi vincando em meu espírito o seguinte pensamento: quantas almas se perdiam ali por não procurarem os sacramentos e a vida religiosa. Mas uma coisa era clara: a diferença entre o homem do campo e o da cidade. O camponês ainda pensa e conversa. Ele tem suas falhas, como a falta de freqüência aos atos religiosos e o relaxamento na indumentária. Mas ainda conversam sobre temas com certa profundidade e precisão, que surpreendem quer pela elevação quer pela sabedoria, lembrando o entretenimento de Nosso Senhor com temas como a semente lançada na terra, a ceifa, os lírios dos campos, a videira, a mostarda, os pássaros, o pastor de ovelhas, a serpente. E até a galinha com seus pintainhos.

Todo esse panorama em que o homem fica envolto no meio rural serve de lição para compreender e antegozar o Reino dos céus. Não precisa ser observador profundo para perceber quanto o camponês tira de seu ambiente lições para a vida. O contato com a terra tem seus momentos difíceis, mas leva com freqüência a meditar e a relacionar as coisas com Deus.
“Isto é o meu corpo”







Pe. David Francisquini
Instituições, cerimônias, manifestações de piedade surgidas misteriosamente pela ação da graça divina foram registradas na História da Igreja. A parábola evangélica que compara o Reino de Deus – a Igreja Católica – ao grão de mostarda pode-se aplicar aqui. A menor das sementes ao germinar e crescer torna-se a maior de todas as hortaliças, a tal ponto que as aves do céu podem fazer ninhos em seus ramos.

Com a vinda do Espírito Santo, a Igreja – minúscula comunidade em Jerusalém – difundiu-se por toda parte, à semelhança de imensa árvore que estende seus galhos. Um aspecto da ação do Espírito Santo na Igreja e nas almas é a devoção ao Santíssimo Sacramento. Com aquele grupinho reunido com Nosso Senhor Jesus Cristo no Cenáculo, na Quinta-feira Santa, passou-se algo de transcendental importância.

O Divino Mestre instituiu o Sacramento da Eucaristia, ao mesmo tempo em que tornou-se presente aos homens sob as espécies eucarísticas do pão e do vinho consagrados no sacrifício da Nova Lei, a santa Missa. Essa semente de vida teve tamanha força de expansão que a Eucaristia foi colocada no centro da vida cristã. E tendo Ela fecundado, fez desabrochar a civilização católica, cujo apogeu se deu na Idade Média.

A Igreja lançou raízes profundas nos povos e é inegável que a civilização cristã deitou benfazeja influência na Terra inteira. No momento mesmo em que seria traído, no ápice de sua aparente derrota, Nosso Senhor Jesus Cristo obtinha a vitória, pois ali o Homem-Deus nos cumulou com o Sacramento do divino amor: “Isto é o meu corpo”, “Este é o cálice do meu sangue”.

Para enriquecer o culto sagrado e preservar o Sacramento da Eucaristia de abusos, profanações e sacrilégios, surgiram costumes, leis e normas. O que transparece em torno de tais normas é o respeito, a compostura, o espírito de piedade e devoção, todo um modo de agir e de ser que atestam a nossa fé e o nosso amor na presença real de Nosso Senhor na Hóstia consagrada.

Tudo feito com precisão, dignidade e elevação, pois se trata do culto ao verdadeiro Deus. Exemplos de culto eucarístico são as genuflexões, os ricos e adornados sacrários, os ostensórios, os cálices, as âmbulas e as tecas para levar a comunhão aos enfermos. E até mesmo as patenas, utilizadas para evitar a queda de hóstias e de seus fragmentos no momento da distribuição da comunhão as fiéis.

Aspecto mais belo e tocante do culto divino é a bênção solene do Santíssimo Sacramento. Doze velas são acesas no altar, seis de cada lado do sacrário. A sagrada Hóstia é colocada num rico ostensório. O sacerdote usa paramentos solenes, como a sobrepeliz, a estola, o pluvial e o véu umeral. Ele sustenta o ostensório e traça grande cruz sobre os fiéis ajoelhados, e depois reza e canta hinos de adoração.

Enquanto isso, um acólito com o turíbulo incensa o Santíssimo Sacramento, enchendo o ambiente com um aroma perfumado que acaba por dominar suavemente todo o recinto. Aquela fumaça branca e odorífica se impregna na igreja inteira, podendo ser sentida até fora do edifício da Igreja.