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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Visita da Imagem Milagrosa e Peregrina de
Nossa Senhora de Fátima
Igreja do Imaculado Coração de Maria
Cardoso Moreira-RJ
Dias: 14 e 15 de Julho de 2011

terça-feira, 12 de julho de 2011

Das trevas do paganismo ao seio da Igreja (II)
                                                                                                                                            *Pe. David Francisquini


Em recente artigo fizemos a introdução sobre o papel santificador dos sacramentos e dos sacramentais. Hoje comentaremos as cerimônias da bênção da água batismal, ela mesma um sacramental. Todos os que recebem o santo batismo fazem uso dessa água para se tornarem novos cristãos e membros da Igreja.


Benção da Água Batismal
 Ao benzer a água batismal, o sacerdote louva e agradece a Deus pelo fato de operar maravilhas através dos sacramentos. E lembra que no princípio do mundo o Espírito Santo pairava sobre as águas, comunicando-lhes força e vida, a fim de que esse elemento, tão importante para o homem, fosse meio de virtude e santificação para ele. Outra recordação digna de nota que faz o sacerdote se refere ao mundo corrompido pelo pecado e pelas desordens humanas, e punido pelo dilúvio que simbolicamente terminou com os vícios e o pecado pela regeneração das almas.
Ele suplica que o Senhor de todas as coisas ponha os seus olhos misericordiosos e complacentes sobre sua Igreja, multiplicando o número de seus filhos.
Como manifestação de suas graças, Deus cumula de alegria a Santa Igreja, abrindo-lhe a fonte inesgotável das águas batismais, a fim de que todos os que se aproximarem dela entrem no comércio com Ele e participem como filhos de seus inestimáveis tesouros. É pelo poder do Espírito Santo que a água destinada a regenerar os portadores da culpa original é fecundada.
O sacerdote implora ainda ao Espírito Celeste para transmitir virtude santificadora à água batismal, tornando-a instrumento de concepção de vida nova, de tal maneira que, por efeito dela, a alma fique livre de todos os malefícios do inimigo infernal.
Tocando a água, o eclesiástico pede a Deus para torná-la santa e inocente qual fonte viva. E abençoando-a em nome do Deus vivo, do Deus verdadeiro, do Deus Santo, do Deus que no princípio do mundo separou a água da terra, lembrando mais uma vez que o Espírito pairava sobre ela.
Toma então ele com a mão uma porção da água e a lança na direção dos quatro pontos cardeais da Terra. Ele lembra assim o que Deus realizou no paraíso terrestre, ao fazer brotar uma fonte que se dividiu em quatro rios, irrigando a Terra inteira.
Esse manancial é o coração de Jesus ferido pela lança cruel que jorrou água e sangue, difundindo seus méritos para os quatro cantos da Terra.
Ao infundir na alma a vida sobrenatural – verdadeiro manancial que jorra para a vida eterna – brota dessa fonte um paraíso com quatro rios, que são as quatro virtudes cardeais que enobrecem e enriquecem a alma humana regulando todos os seus atos. São elas: a prudência, a justiça, a temperança e a fortaleza.
Como não posso extrapolar dos limites costumeiros, limito-me a relacionar algumas outras evocações do cerimonial: a transformação da água em vinho nas Bodas de Caná; o batizado do próprio Cristo nas águas do Jordão; a água que jorrou de seu divino lado ao ser perfurado pela lança de Longino e sua ordem aos discípulos para que conferissem o batismo àqueles que abraçassem a fé católica.

domingo, 3 de julho de 2011

Das trevas do paganismo ao seio da Igreja

                                                                                       *Pe. David Francisquini

Ao nos ensinar sobre a vida da graça – que é a amizade entre o homem e Deus – e nossa filiação adotiva, Nosso Senhor Jesus Cristo afirmou: Quem não renascer pela água e pelo Espírito Santo não entrará no Reino do Céu. [Jo 3,5]. Eis aí o tesouro espiritual do batismo que nos tira das trevas do paganismo e nos coloca no seio da Igreja.
Quem nascer da carne é carne, e quem nascer do espírito é espírito. Portanto, pelo Santo Batismo somos renovados numa ordem superior, ocasião em que Deus infunde em nossas almas as riquezas da vida sobrenatural. Afinal, quem não se deixa encantar com a alegria envolvente de uma cerimônia batismal?
Sobretudo se for uma criança. Ricas ou pobres, as pessoas presentes procuram trajar-se dignamente. Balbuciando notas indecisas nos braços de quem o acalenta, tão frágil e delicado o bebê como que pede proteção e aconchego. Tudo enfim confere ao ritual um aspecto sublime.
Para mais bem realçar a atmosfera de felicidade e de paz que paira durante um batizado, evoco o poeta francês Joséphin Soulary, que no soneto Les deux cortèges – Os dois cortejos – faz uma eloqüente antítese entre um cortejo fúnebre e outro batismal que se encontram numa igreja. Recurso poético sim, mas muito didático.
Enquanto o primeiro é marcado pela tristeza, pois conduz o ataúde de uma criança recém-nascida cuja mãe está sufocada pelos soluços que a acabrunham, o outro é de muita alegria, com a mãe radiante ao estreitar no seus braços o filho todo inteiro com olhar triunfante. Ao deixar o recinto do templo, os olhares das mães se entrecruzam.
Ao concluir o soneto, o poeta realça com grandeza e gravidade a circunstância que inspira oração. A jovem mãe – até o momento esfuziante de alegria – chora ao olhar para o esquife, enquanto a mãe que chorava, sorri para o recém-nascido pela água e pelo Espírito Santo! Com efeito, há uma linguagem que só os poetas falam.
Posta esta introdução que se estendeu além do limite usual, cabe-me explicar a ação santificadora dos sacramentos e dos sacramentais, para em seguida tratar do Batismo. A Igreja como instituição divina utiliza-se da água batismal – a água natural especificamente benta – para conferir o primeiro dos sacramentos.
Apenas em caso de risco de morte pode-se utilizar água natural para que a criança não morra sem receber esse sacramento necessário à salvação. Aliás, é ensinamento da Igreja que os pais que protelam o batismo de seus filhos pecam gravemente, pois não cumprem os deveres impostos pelo matrimônio.
O padre é o ministro oficial do batismo. Em caso de premente necessidade qualquer pessoa pode ministrá-lo, desde que tenha a intenção de fazê-lo, utilizando a fórmula: “Fulano de tal, eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”, usando água natural, necessária para comunicar o novo renascimento.
Num próximo artigo pretendemos tratar da água batismal que é benta no Sábado Santo, na vigília pascal ou vigília de Pentecostes. Ou, na falta da água batismal, em outra ocasião abençoa-se com água natural utilizando-se outra fórmula breve. Até lá.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

As Netas de Deus (final)
                                                                     *Pe. David Francisquini

Ninguém de nós duvida da promessa feita por Nosso Senhor, de que permaneceria com a Igreja até a consumação dos séculos e que as portas do inferno não prevaleceriam contra Ela. Com efeito, a assistência do Espírito Santo se difunde em todos os campos da vida da Igreja, que é o próprio Corpo Místico de Cristo.
Como nos ensina Plinio Corrêa de Oliveira, “em suas instituições, em sua universalidade, em sua insuperável catolicidade, a Igreja é um verdadeiro espelho no qual se reflete nosso Divino Salvador”.
Também na sua exterioridade – na arquitetura, na escultura, na pintura, na música etc. – a Igreja deve refletir as perfeições de seu divino Fundador, impregnando com elas as almas dos fiéis. É por isso que as boas obras de arte são uma expressão da Verdade, do Bem e do Belo, cujo absoluto é Deus, e que as obras de arte extravagantes são o contrário disso...
São ainda expressões de Deus – ou Suas “netas”, porque “filhas” dos homens – o som do órgão ou do canto gregoriano, a pintura sacra retratando passagens bíblicas, tudo em harmonia perfeita para nos fazer crescer no amor do Criador e nos preparar para a vida eterna, quando contemplaremos Deus face a face.
Portanto, negar as imagens é negar essa ação e a própria atuação do Espírito Santo. Ele conduz a Igreja a cumprir sua missão aqui na terra. Ademais, elas servem também para assinalar a diferença entre a verdadeira Igreja de Jesus Cristo e as seitas protestantes. Não se trata de idolatria, mas de expressão visível do ensinamento do Divino Espírito Santo.
Romper com isso corresponde romper com a Igreja, una, santa, católica, apostólica, romana. Por isso, São João Damasceno, polemista de renome e de grande cultura teológica, afirma que no Antigo testamento Deus nunca fora representado em imagens, uma porque era incorpóreo e sem rosto.
Contudo – continua o santo oriental –, tendo Deus se encarnado e habitado entre nós, não só podemos, mas devemos representar aquilo que é visível em Deus. Fazendo-o não veneramos a matéria, mas o Criador da matéria. Na verdade, Ele se fez matéria por nossa causa e se dignou habitar na matéria e realizar a nossa salvação através da matéria.
São palavras de São João Damasceno: “Não cessarei de venerar a matéria através da qual chegou a minha salvação. Não a venero de modo algum como Deus! Como poderia ser Deus aquilo que recebeu a existência a partir do não-ser? [...] Mas venero e respeito também a matéria que me propiciou a salvação, enquanto plena de energias e de graças santas”.
Não é por acaso matéria o madeiro da Cruz três vezes santa? E a tinta e o livro santíssimo dos Evangelhos não são igualmente matéria? E o altar da salvação que nos dispensa o pão de vida não é matéria? Não é verdade que a carne e o sangue do Nosso Senhor Jesus Cristo são da mesma forma matérias?
Portanto, não ofenda a matéria. Ela não é desprezível, porque nada do que Deus fez é desprezível (Contra imaginum calumniatores, I, 16, Ed. Kotter, pp. 89-90).

domingo, 29 de maio de 2011

AS “NETAS DE DEUS” (II)



*Pe. David Francisquini


Sempre com fundamento na doutrina católica, damos hoje prosseguimento à matéria sobre a liceidade da veneração de imagens a partir da vinda à Terra do Filho de Deus, encarnando-se no ventre virginal de Maria Santíssima. Segundo São João Damasceno, Aquele que era e é invisível para nós se torna assim visível.
Com efeito, prossegue o Padre oriental da Igreja, uma das grandes figuras do cristianismo, não só da época em que viveu [séc. VII e VIII], mas de todos os tempos: Aquele que é puramente espiritual se torna carne e vive entre nós. É o instrumento que Deus nos deu para nossa redenção e salvação.
Esta nova aliança com o gênero humano Deus a quis selar tornando-se Ele próprio membro integrante desse gênero pela união hipostática.
Cientistas analisaram a mortalha com que Cristo fora envolvido no Santo Sepulcro, conhecida como Santo Sudário de Turim. Nela se encontra portentosamente a figura do divino corpo. As chagas nele impressas são de tal modo visíveis, que escultores puderam talhar em madeira uma reprodução exata de Cristo morto e pregado na cruz.
Numa época como a nossa, adiantada em conhecimento técnico e científico, mas decadente e sem fé, as descobertas no Santo Sudário vieram confirmar tudo aquilo que fora narrado nas Sagradas Letras: Cristo padecendo e morrendo por nós, mostrando ao mundo inteiro que Ele quis nos deixar a sua figura Sagrada impressa naquele tecido.
Ainda na Paixão, o gesto de coragem e dedicação de Verônica ao enxugar o rosto de Cristo foi recompensado com a impressão miraculosa da Santa Face do Salvador na toalha. Todas as relíquias da Paixão - a Santa Cruz, os cravos, a coroa de espinhos - merecem atos de adoração por pertencerem ao Homem-Deus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade.
O culto de latria, ou de adoração, é prestado somente a Deus. Aos santos são prestados cultos de dulia, ou seja, culto de veneração, de homenagem feita ao próprio santo por ser amigo de Deus. E o culto que se presta a Virgem Santíssima é o de hiperdulia, pelo fato de ser Ela a mãe de Deus por obra do Espírito Santo.
Lembramos mais uma vez que não existe na Igreja adoração de imagens de santos, da Santíssima Virgem, e nem mesmo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nós católicos as veneramos, as tratamos com respeito, rendemos-lhes as devidas homenagens, porquanto elas nos animam e nos incentivam na fé, na devoção e na piedade.
Se precisarmos falar com um chefe de Estado, o expediente mais simples consiste o mais das vezes em fazê-lo através de um de seus ministros, ou mesmo de um amigo próximo dele, para assim alcançarmos o mais rapidamente possível o almejado.
Analogamente, ao rezarmos diante de uma imagem de determinado santo, nós o focalizamos enquanto amigo e intercessor junto a Deus. No Ritual Romano, a Igreja tem bênçãos especiais para que tais objetos se tornem sagrados.
Deixo mais uma vez a promessa de voltar ainda ao assunto na primeira ocasião.