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quarta-feira, 16 de março de 2011

Pertencer à Igreja (I)
                                                                                                              *Padre David Francisquini


Entre os doze artigos do Credo, há um que afirma: “Creio na Santa Igreja Católica”. Os leitores sabem que não nos referimos apenas ao edifício material, onde os fiéis se reúnem para rezar, pagar seu tributo de amor a Deus pelos benefícios auferidos, receber os sacramentos e assistir ao Santo Sacrifício da Missa.
As homenagens que prestamos a Deus se chamam religião, enquanto o templo material se chama casa de Deus ou casa de oração. Mas afinal, o que é a Igreja Católica, Apostólica Romana? – É um grupo de fiéis reunidos que professam a mesma fé, participam dos mesmos sacramentos e estão submissos aos legítimos prelados, sobretudo ao Papa.
Com efeito, o Romano Pontífice é o Vigário de Cristo e a cabeça visível da Igreja, enquanto Jesus Cristo é a cabeça invisível. A Igreja é um corpo moral, Reino de Jesus Cristo ou Corpo Místico de Cristo. Seu corpo docente – a hierarquia – deve governar, ensinar e santificar, enquanto os fiéis, membros da Igreja discente, devem ser governados, instruídos e santificados.
Os que pertencem à hierarquia – papas, bispos e sacerdotes –recebem o Sacramento da Ordem, ao passo que os fiéis fazem parte da Igreja pelo batismo, porta de entrada de todos na Igreja Católica, fora da qual não há salvação. Contudo, não basta pertencer à Igreja para se salvar, é preciso ser membro vivo d’Ela, estar na graça de Deus.
Como escreveu Plinio Corrêa de Oliveira numa de suas belas Vias Sacras, “pertencer à Igreja é coisa muito alta e muito árdua. Devemos pensar como a Igreja pensa, sentir como a Igreja sente, agir como a Igreja quer que procedamos em todas as circunstâncias de nossa vida. Isto supõe um senso católico real, uma pureza de costumes autêntica e completa, uma piedade profunda e sincera”.
A Arca de Noé é apontada como uma prefigura da Santa Igreja de Cristo, pois todos os que nela entraram encontraram a salvação no dilúvio universal. Portanto, a nova arca da aliança é a barca de Pedro, ou seja, a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra Ela”.
Na Cruz, a Igreja saiu do lado de Jesus Cristo, como do lado de Adão surgiu Eva. Por isso a Igreja é a Esposa de Cristo. E todos nós, batizados, fazemos parte de Cristo como membros. Os que por ignorância invencível ou por impossibilidade de pertencerem à Igreja Católica procuram agir retamente pertencem à alma d’Ela pelo desejo ou pelo voto.
Os trigais, a vinha e os sarmentos, o grãozinho de mostarda, a parábola do bom pastor, o agricultor que saiu a semear no campo, os trabalhadores que foram contratados para trabalhar na vinha, a parábola do banquete, são exemplos entre outros da expansão da Igreja, de sua vitalidade, da sua força e da sua fundação. Através de suas maravilhosas parábolas, o Divino Mestre nos dá ensinamentos em profusão para que possamos entender a Santa Igreja. Revestido dos poderes sacerdotais da Santa Igreja de Jesus Cristo, tenho a obrigação de conduzir, evangelizar, converter e santificar as almas, por cujo bom ou mau desempenho eu deverei um dia prestar contas a Deus. Como deverá prestá-las cada fiel em particular, porque “pertencer à Igreja é coisa muito alta e muito árdua”. Mas vale a pena. Como nos foi prometido, a recompensa será demasiadamente grande e eterna!

Até breve, quando eu retomar ao tema.








terça-feira, 1 de março de 2011

Um vigia cego?

Um vigia cego?                                                                                                                
                                                                                                                  
*Padre David Francisquini


Lembro-me de ter comentado recentemente com meus leitores a doutrina moral da Santa Igreja Católica sobre o uso dos preservativos, seja como meio de contracepção seja como profilático, sobretudo com o advento letal da AIDS.
Para os cientistas, o preservativo não é 100% eficaz para a contracepção e sua falha tem como conseqüência o desenvolvimento de uma nova vida. Como profilático, em se tratando do HIV, qualquer falha representa morte certa. (Cfr. Aids e o preservativo por Mons. Michel Schooyans).
Ademais, quem pratica a luxúria torna-se escravo das paixões desordenadas, perdendo a consciência do bem e do mal; a memória fica atormentada e a inteligência obnubilada; perde a perspicácia e a segurança de julgamento; perde, enfim, o temor de Deus e o respeito para consigo mesmo.
Quanto à castidade, os teólogos tradicionais da Igreja – bem como todos os santos – recomendam a máxima cautela, seriedade e severidade tanto quanto for necessário, nunca fazendo concessão alguma, a fim de não se desviar do caminho de Deus.
Nas páginas dos Evangelhos, Nosso Senhor com toda severidade nos alerta a propósito dos escândalos: “Ai do mundo por causa dos escândalos, mas ai de quem ele vier, melhor atar uma pedra de moinho ao pescoço e ser atirado nas profundezas do mar”.
Prova disso foram os terríveis castigos infligidos pelo dilúvio e as conhecidas punições sobre as cidades de Sodoma e Gomorra, que incorreram na prática infame do vício da impureza. Se alguém quiser analisar com clareza as conseqüências que a depravação dos costumes acarretam, que veja certos doentes de hospitais e hospícios.
Não há como negar a correlação entre os vícios da impureza e o uso das drogas. E todos nós sabemos que as drogas vêm conduzindo a sociedade para a violência e para o seu corolário, o crime. Pelo caminhar da carruagem, não é preciso ser profeta para anunciar a ruína da sociedade moderna.
É bom que nossos governantes saibam que não será com preservativo que se vai sanar o flagelo da AIDS, mas na prática da pureza e da continência. E muito mais que a doença corporal, o mais grave será a perda da alma, como afirma as Escrituras: “Nada de impuro pode entrar no reino dos Céus”.
Jesus Cisto enalteceu a virtude da pureza colocando-a entre as bem-aventuranças: “Bem aventurados os puros de coração, porque verão a Deus”. Podemos, pois, concluir que a prática da castidade nos leva a um claro conhecimento de Deus, a uma morte santa e feliz, a uma especial honra e dignidade no Céu.
Como sacerdote, não quero sofrer a censura feita por Deus àqueles que deviam velar por Israel: "As suas sentinelas estão todas cegas, todos se mostram ignorantes; são cães mudos, que não podem ladrar, que vêem coisas vãs, que dormem e que amam os sonhos" (Is. LVI, 10).
Não quero, repito, ser vigia cego ou cão mudo. Se lhes digo isso, é para adverti-los da responsabilidade que alguns podem assumir diante de Deus ao favorecer a corrupção do povo, difundindo ou incentivando o pecado que cedo ou tarde conduzirá à ruína da sociedade.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

A vida não foi feita para o prazer (II)

A vida não foi feita para o prazer (II)
                                                                                                                     *Padre David Francisquini


Como vimos no artigo anterior sobre o candente assunto dos preservativos, o seu uso abre as portas para todas as libertinagens morais. Tomemos o caso de um jovem que passe a ter relação sexual precoce. Ele acabará logo por perder o domínio do seu instinto, tornar-se-á inescrupuloso, passará a encarar isso com naturalidade e não mais respeitará qualquer princípio ou regra de ética ou moral.
Infelizmente, o preservativo vem sendo distribuído a mancheias, espalhando o amor livre e a depravação dos costumes, o que provoca por sua vez desordens e chagas sociais que gangrenam toda a sociedade. Esse meio apenas serve para destruir os fundamentos da vida conjugal e da família. Com todo o propósito, Santo Agostinho afirma que a impureza de costumes – como a embriaguez – faz perder a inteligência e o bom senso.
Já São Tomás de Aquino assegura que o desonesto não vive mais conforme a razão. E São Pedro Damião acrescenta: Trata-se de uma peste que destrói os fundamentos da fé, desfibra as forças da esperança, dissipa os vínculos da caridade, aniquila a justiça, solapa a fortaleza, elimina a esperança, embota o gume da prudência.
Tal difusão em escala de preservativos pelos governos a pretexto de evitar a AIDS favorece o amor livre. E, longe de evitar as tais DST, representa a ruína da sociedade com o sexo livre, mas “seguro”. No entanto, a verdadeira segurança para não contrair tais doenças encontra-se unicamente na castidade.
Dentre os muitos tratadistas sobre o assunto do ponto de vista da doutrina católica, cito João Paulo II: “A pureza de costumes, disciplinadora da atividade sexual, é o único modo seguro e virtuoso para por fim à trágica praga da AIDS, que têm ceifado tantos jovens” (Cf. L’Osservatore Romano, 8-9/9/1993).
Como já nos referimos acima, uma vez desencadeadas no jovem as paixões, tendo ou não preservativo ele vai fazer uso do sexo. Além do mais, ele arrancará dos cofres públicos o dinheiro suado do contribuinte dos impostos, o qual deveria ser utilizado para fins honestos como a melhoria da saúde, da educação, da segurança e do amparo à velhice. Na verdade, tal política empurra a sociedade despenhadeiro abaixo da corrupção moral.
Chamamos a atenção que tal política contrasta diametralmente com a que vem sendo adotada com eficácia por alguns países da África. A Uganda, por exemplo, previne sua população através de recomendações e mesmo com o favorecimento de uniões estáveis, além de empenhar-se na prática da virgindade até o casamento. Essa é única e certeira política para conter a AIDS. Com efeito, não se conhece nenhuma doença proveniente da castidade, antes, há um sem-número de moléstias provenientes da depravação sexual, sendo a AIDS a mais devastadora delas.
No relatório do Professor Henri Lestradet, da Academia de Medicina de Paris (1996), lê-se: “Convém (...) assinalar que o preservativo foi inicialmente preconizado como meio contraceptivo. Ora (...) o índice de falha varia em geral entre 5 a 12% por casal e por ano de uso. O HIV – 500 vezes menor que um espermatozóide – se beneficiaria de um índice de falha maior”.
Entretanto, há uma grande diferença entre essas duas situações. Poderemos voltar uma vez mais ao assunto. Até lá.




domingo, 13 de fevereiro de 2011

A vida não foi feita para o prazer ( I )

A vida não foi feita para o prazer ( I )


*Pe. David Francisquini
     
Para mim, a década de 1960 não representou os “golden sixties”, como querem muitos formadores de opinião. Minha idade permite-me considerar em retrospectiva os anos de minha juventude e analisar os seus principais acontecimentos, bem como tudo aquilo que decorreu de lá para cá. Por exemplo, o papel da imprensa ao publicar certas declarações e/ou atitudes provenientes de personalidades, ora do mundo acadêmico ora do mundo eclesiástico, difundindo desconcerto geral na opinião pública.
Esperta e diabolicamente, tais declarações são noticiadas com lente de aumento – ou mesmo distorcidas – e amplamente propagadas pela mídia laica e anticristã, visando induzir as pessoas a pensar que a moral católica é capaz de mudar com o tempo [história] ou com o lugar [geografia]. Cingir-me-ei ao caso recente da grande divulgação dada pela mídia a propósito de uma possível mudança na posição da Igreja quanto ao uso dos famigerados preservativos.
Se isso proporciona de um lado verdadeiro escândalo nas consciências retas, nas famílias bem constituídas e nas pessoas honradas, de outro lado contribui poderosamente com aqueles que disseminam a imoralidade, os vícios e todas as formas de pecado contra a ordem natural criada por Deus em relação ao sexo.
          Ora, do ponto de vista da doutrina Católica, o uso do preservativo é intrinsecamente perverso, além de constituir pecado de luxúria e pecado contra a natureza. Com efeito, ele se reveste de uma malícia peculiar dentro do clima hedonista de que a vida foi feita para o prazer e, portanto, sem nenhum compromisso com a Santa Lei de Deus e a Lei Natural.
          Em decorrência do VI e IX Mandamentos da Lei de Deus e da própria Lei Natural, a Igreja sempre ensinou que tanto o homem como a mulher deve conservar-se perfeitamente castos, logo virgens, até o casamento. Isso pressupõe observar as regras postas por Deus na própria ordem da natureza.
O ato sexual, segundo a doutrina Católica, só é permitido e tem sua justificativa dentro do matrimônio com a finalidade principal da procriação, a qual todos os outros fins devem se subordinar. A relação conjugal do homem com a mulher é voltada para a propagação da espécie, educação da prole, o que não se dá retamente sem um estável vínculo conjugal. (Carta Encíclica de Pio XI sobre o casamento casto).
          Em nome da modernidade, a corrente liberal ou aggiornata dentro dos meios católicos pretende mudar a moral do magistério tradicional da Santa Igreja. No caso do uso do preservativo, a moral o enquadra entre os pecados que clamam aos Céus por vingança, pois se trata de um pecado de onanismo, o qual se caracteriza por duas malícias: a da luxúria e a do impedimento do processo normal de fecundação, ou seja, da transmissão da vida.
          Citado nas Sagradas Escrituras por violar as leis e as regras da procriação, Onan foi castigado por Deus no próprio ato infame para servir de exemplo aos casais futuros ao fazerem mau uso do ato transmissor da vida.
Em nossos dias, a malícia de certas pessoas que querem revolucionar a ordem criada por Deus as leva a impor um estado de coisas e um ambiente nos quais todas as suas paixões desregradas sejam satisfeitas, sem constrangimentos e riscos para a saúde, como é o caso específico da AIDS. Na verdade, o preservativo abre as portas para todas as libertinagens morais.
Num futuro próximo voltarei ao tema.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A luz do mundo

A luz do mundo




*Padre David Francisquini


Em precedentes artigos, ao tratarmos da Sagrada Família apontamos as virtudes de São José, casto esposo de Maria e Pai adotivo do Menino-Deus, além de salientarmos as excelências de Nossa Senhora, exemplo das mais sublimes virtudes maternas, dignas da Mãe de Deus. O Menino Jesus não poderia deixar de ser o centro dessa santa família.
O que dizer do Filho de Deus feito homem? O criador do Céu e da Terra, dos anjos e dos homens, quis viver como criança dentro de uma família para ser o exemplo de todos os filhos. Chamava com naturalidade São José de “pai” e Nossa Senhora de “mãe”, e estava sempre pronto para atender a todas suas vontades e ordens.
Sendo o Deus encarnado, enobreceu a tal ponto a família de Nazaré, que todas as crianças do mundo vão abeberar-se das águas cristalinas de suas virtudes. O Menino-Deus não apenas cativa e atrai admiração sobre Si, mas é exemplo para todos, grandes e pequenos, pois é a própria inocência! Deus e homem, Ele obedece aos que são menos.


Ele gosta de conviver com seus pais, admirá-los, reverenciá-los e conversar com eles, ademais de participar dos afazeres da casa e da carpintaria. Oriundo da real estirpe de David, na humilde casa de Nazaré nasceu o nobre por excelência, exemplo para todos os nobres e pobres da terra.
Com a onisciência própria à sua divindade, o Menino Jesus sabia apreciar de modo absoluto tanto os valores do Céu como as grandezas de seu sangue. Sabia utilizar sua posição – nobre e filho de carpinteiro – para cristianizar a terra inteira, nobilitando a todos pelo valor e destemor de seus atributos e preparar o seu reino sobre esta terra.
Ao nascer nobre e de uma família pobre, quis ensinar aos pobres a não se revoltar contra a situação em que vivem. Os seus antepassados gozavam de grandes riquezas, mas essa humilde família vivia de seu próprio trabalho, sem se revoltar com tal situação nem cobiçar os bens alheios, como denota em nossos dias a luta de classes marxista.
Reflexos dessa luta igualitária se manifestam em quase todos os setores da sociedade hodierna, com o advento de leis positivas cada vez mais socialistas que atentam sistematicamente contra a Lei divina. Leis atentatórias à moral – consubstanciada nos Dez Mandamentos da Lei de Deus – conduzem a luta de classes com invasões de propriedades alheias.
Cumpre voltarmos os olhos para a Sagrada Família, sol que ilumina o mundo, e pedir filialmente auxílio celestial para que pais, mães e filhos cumpram dignamente as suas vocações respectivas. Pois só o auxílio celeste evitará que a família já tão combalida deixe de existir, além do direito de propriedade particular e tantos outros valores da civilização cristã.
O PNDH-III – por exemplo – subverte todos os valores cristãos, como a família e a propriedade privada, e deseja implantar a sodomia com direitos à adoção de filhos, legalizar a prostituição como profissão, matar os inocentes através do aborto, dentre outras aberrantes propostas visando arrancar do Brasil a Cruz aqui implantada no dia de seu descobrimento!