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domingo, 9 de outubro de 2011

A semente em terra fértil



                                                                                                      *Pe. David Francisquini


Ao percorrer o território de minha paróquia venho me defrontando com problemas que à primeira vista parecem sem solução. A sociedade dita moderna torna cada vez mais inviável a formação religiosa e moral de seus membros. Ninguém, ou quase tanto, sabe rezar as mais elementares orações do cristão.
Como a misericórdia de Deus nunca deixa de assistir os seus filhos – no caso concreto, pároco e paroquianos – de repente, a luz da graça toca o fundo da alma de certos pecadores, dando-lhes a confiança de que um dia triunfarão. A partir dali, um padre experiente percebe a solução aflorar como a semente lançada em terra fértil.
Se de um lado o ambiente religioso propicia felicidade de situação ao ministro de Deus, este precisa de outro lado esperar – muitas vezes anos a fio – o momento da graça para dizer a determinadas pessoas as verdades necessárias ao seu progresso espiritual visando o seu bem na terra e sua eternidade no céu.
Referi-me acima à semente lançada em terra fértil. Com efeito, a figura do lavrador na sua jornada diária pode simbolizar a ação de outro agricultor, ou seja, daquele que trabalha na seara do Senhor. Ainda que seja pertinaz e acurado no trabalho, ele aguarda preocupado que a semente germine e frutifique.
Em seu campo o agricultor se orienta ora pela chuva, ora pelo bom tempo, ora pelo vento, ora enfim por outros pontos de referência sempre ao alcance de sua observação e que o acompanham no seu afanoso trabalho. Na paróquia, cercado de embaraços e atropelos, o sacerdote fica às vezes como um cultivador cego e paralítico.
Nesse momento de aridez, resta-lhe o melhor dos instrumentos de apostolado que é a oração, o jejum e a penitência para levar a cabo a sua árdua tarefa de salvar as almas. É com espírito de fé e determinação que ele imita os Apóstolos que evangelizaram o mundo em cumprimento do mandamento de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Hoje os campos de minha região – Norte fluminense – encontram-se quase vazios e as cidades cada vez mais cheias. Um problema social? – Sim. Contudo, não nos basta tal constatação sociológica. O bom senso mostra que o homem do campo pode viver mais próximo de Deus que um citadino.
Oportunidades não lhe faltam para a oração e a reflexão. E também para a ação: como todo bom semeador, na medida em que cultiva a boa semente, vai arrancando a cizânia e as ervas daninhas. Tudo isso ele faz com a calma própria da vida camponesa, o que lhe remete a transcender e pensar em Deus e em sua alma.
Nessa lide constante para se manter e se enriquecer, ele deve lutar para extirpar de si as raízes do mal e as suas más tendências, as inclinações desordenadas que o convidam diuturnamente a transgredir as leis de Deus e da Igreja. O fruto dessa luta corresponderá à sua têmpera e ao seu valor.
Somam-se a esses valores a cultura adquirida, o espírito de luta, o senhorio, pois quem cultiva a terra se eleva a um patamar mais alto e mais nobre do que aquele que administra bens de terceiros, como acontece de modo quase generalizado nas cidades, onde a maior parte das pessoas trabalha em negócios de terceiros.
O homem do campo se forma pela meditação e reflexão. Tudo nele se reporta a Deus, à religião, à fé, à sua alma, ao seu futuro. Ao mesmo tempo em que amealha riquezas, se eleva e se enobrece com o seu trabalho, ele não desvia os seus passos da freqüência aos sacramentos e assim se prepara para o céu.
Não é nesse amontoado de prédios, de casarios, de favelas, que mais parecem ninhos de pombo – aliás, “campo fértil” para a proliferação das drogas, da promiscuidade, da limitação de filhos, da violência, da embriaguez, da ociosidade e da criminalidade – que o homem irá pensar em Deus e santificar-se.


sexta-feira, 23 de setembro de 2011

As aves do céu e os homens na terra



                                                                              Pe. David Francisquini

Ao nos depararmos com a natureza criada, incontáveis perfeições e atributos se descortinam diante de nossos olhos, transportando-nos também do criado ao incriado, do limitado ao infinito, do terreno e passageiro à eternidade, do imperfeito ao perfeitíssimo Criador de todas as coisas.
Destinado a ocupar lugar ímpar na ordem visível das coisas, o homem deve refletir a Deus em tudo e, por isso mesmo, ele é considerado o rei da criação, pois é síntese das criaturas, com recursos de inteligência e de vontade suficientes para assimilar e colocar em prática todas as lições necessárias à sua existência.
Ao criar, Deus imprimiu nos seres o selo de sua existência e de suas virtudes de tal forma que a filosofia aristotélico-tomista parte do concreto e do visível para o abstrato e absoluto até chegar às idéias universais ¬ou princípios que devem pautar a vida do homem em seu peregrinar sobre a terra.
Na expectativa de deixar mais claro o alcance de tais leis universais, cito um exemplo ao alcance dos leitores, um ninho de passarinho. Não obstante ser ele construído de maneira instintiva e com material heterogêneo, seu ninho é uma pequena obra prima, com todas as condições para o aconchego e a multiplicação de cada espécie.
A variedade dos ninhos corresponde ao número das espécies de pássaros, o que nos torna fácil deduzir quem lhes ensinou a fazer tão requintada obra e, assim, eles colaboram com os planos divinos na criação. A construção de um ninho exige do passarinho dedicação e diligência.
Exemplo claro para o homem-rei da criação dotado de inteligência e vontade que, resoluto, colabora com os planos de Deus na criação ao enriquecer o universo com o seu engenho e arte. De passagem, lembro a existência de homens que não cooperam com a graça de Deus e, muitas vezes, obra contra ela, consciente e voluntariamente.
Enquanto os irracionais são gregários e se abrigam de maneira instintiva, o homem ao vencer a preguiça torna-se capaz de empreendimentos à procura de seu bem-estar e dos seus familiares, de façanhas e riscos, de descobertas, de obras de arte como a construção de verdadeiros palácios a indicar que são muito superiores aos lírios dos campos e das aves do céu.
Nessa perspectiva, a contemplação da criação divina deslumbra, nobilita e convida o homem a cooperar com Deus pelo fato de ele ter sido criado essencialmente religioso e ter sede de Deus. “Sede perfeito como vosso Pai Celestial é perfeito”, recomenda-nos o próprio Deus.
Com efeito, movido pelo espírito de perfeição imprimimos em tudo aquilo que fazemos de bom e de verdadeiro a elegância, a proeza, a apurada sensibilidade e senso psicológico para que tudo fique impregnado com proporção e harmonia.
Cada pessoa, cada família, cada povo - com as suas qualidades de alma desenvolvidas - representam faces das perfeições infinitas de Deus. No dizer do genial mestre do pensamento humano Santo Agostinho, basta ao homem obedecer aos Dez Mandamentos que o conjunto da sociedade andará em harmonia e progresso.
Se a civilização no conjunto de seus aperfeiçoamentos e edificações, como nas indumentárias, nos hábitos e costumes nos leva a amar a Deus, sem dúvida, o amor a Ele é o único meio de levar o homem ao ápice de si mesmo.
Contudo, se assim não proceder, o homem sistematicamente desobedecerá as Leis de Deus e da Igreja, tornar-se-á capaz das piores torpezas e horrores, degradando-se assim até o ponto de ter sede do absurdo e do pecado. E com o coração cheio de ódio trabalhará como fiel escravo do demônio para fazer da Terra o lugar mais parecido possível com o Inferno.
É o que pretendemos mostrar em ocasião oportuna. Até lá.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Lei da homofobia no reino dos bichos (I)



Pe. David Francisquini
Depois de contemplar as variedades quase sem fim das perfeições existentes na natureza criada por Deus – como as cores da aurora e do ocaso, a gradação matizada das cores das aves e dos pássaros, e, sobretudo as belezas e qualidades do homem – algum leitor ou já tentou hierarquizá-las e sistematizá-las?
Detenhamo-nos por alguns instantes na beleza das feições humanas; por exemplo, no lado delicado, frágil, maternal, afetivo, além da aparência física característica da mulher. Por que foi ela criada assim? – Para que o homem pudesse ser atraído por suas qualidades e construir o seu lar pelos laços invioláveis do matrimonio indissolúvel.
O homem, chefe da casa, e a mulher, rainha do lar – na verdade um só após o casamento conforme as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo – se complementam para a perpetuação da espécie, sendo os filhos príncipes herdeiros de seus pais, portanto merecedores da atenção e amparo para a formação do caráter.
Uma curiosidade da natureza – que até costuma ser motivo de brincadeira de homens e mulheres – pode ser observada na índole puramente animal das aves e dos pássaros, em que o macho é sempre mais bonito que a fêmea. No caso dos homens isso não se passa, pois Deus quis que os homens fossem atraídos para o sexo feminino.
Os pássaros, como todos os animais, seguem a lei inviolável da natureza através dos instintos. Já o homem – inteligente e dotado de vontade – deve controlar suas paixões e impulsos administrando seu corpo e sua alma e direcionando axiologicamente suas idéias e desejos no sentido de amar a Deus sobre todas as criaturas.
O homem não pode amar uma criatura acima de Deus, sob pena de comprometer sua salvação; muito menos erigir leis atentatórias a Deus, Ser pessoal, absoluto, transcendente e imutável; não pode, por exemplo, confundir liberdade com libertinagem.
Com efeito, não há entre os animais irracionais opção ou atração preferencial de um bicho para outro do mesmo sexo. Caso haja tal disfunção, ela será conseqüência de um desequilíbrio qualquer na natureza dele. Pois Deus, ao criar macho e fêmea, o fez para a propagação da espécie.
Figuremos a hipótese de os animais poderem decidir sobre o uso do sexo, rompendo com as regras postas por Deus na natureza deles. O que ocorreria com essas espécies? Tal anomalia resultaria na extinção delas em razão de preferências sexuais e os seus partidários proibidos de assim agir pela suprema corte animal.
Será que a lei da homofobia animal encontraria ressonância no reino dos bichos?


Lei da homofobia no reino dos bichos (II)


Pe. David Francisquini

Será que a lei da homofobia animal encontraria ressonância no reino dos bichos? Irracionais – pois que desprovidos do princípio vital espiritual – e apenas dotados de instintos, eles agirão de acordo com o impulso que os caracteriza, garantindo assim a propagação da espécie, pelo que dão glória a Deus ao complementar a Criação.
Já o homem, ao se degradar a ponto de parecer perder a razão, torna-se, na expressão de Arquimedes, o pior dos animais. Com efeito, ele procede contra a própria racionalidade por ser livre e capaz de domar os seus impulsos. Se não o faz é porque não deseja sair do abismo nem procura os meios que a Santa Igreja lhe oferece.
Há ocorrências piores. Leis e atos jurídicos atentatórios ao próprio direito natural vão conduzindo a sociedade despenhadeiro abaixo. E abismo atrai abismo. Assistimos a uma nova fase do processo revolucionário multissecular já ensaiado em alguns lugares: a revolução cultural.
Com decisões em nome do direito de escolha, tal desordem visa interromper o plano de Deus ao equiparar a união sodomita à família monogâmica e indissolúvel. Na verdade, trata-se de um terrível golpe na instituição familiar, uma página negra a macular a história da Terra de Santa Cruz.
Aonde tudo isso nos conduzirá? É o próprio Estado que se degrada pela ação do seu apodrecimento nas paixões e vícios que correm desabridamente para eliminar o que resta de civilização cristã. Com ela cairá a boa ordem das coisas que nos dão segurança, como a harmonia, a paz e o bem estar.
Caindo a família, cai toda a ordem e o progresso da sociedade. Ao imprimir na alma humana a lei natural, Deus colocou as bases da conduta de todas as suas ações. As leis só têm valor jurídico quando observam a lei natural; caso contrário, favorecerão tão-só minorias impertinentes, dispostas a uma ditadura sobre as pessoas de bem.
Lembremos que no coração de cada homem existe uma lei inviolável – a lei natural, lei não escrita, pois se nasce com ela. Do contrário, leis como da homofobia farão num futuro não muito distante o Brasil refém de animais ferozes em que os mais fortes matarão e devorarão os mais fracos.
O homem deve proceder segundo a razão e conhecer os seus deveres, pois segundo essa mesma lei será um dia julgado como conhecedor do bem e do mal. Tal lei não pode ser obscurecida nem apagada, pois está indelevelmente gravada no próprio coração do homem.
A realidade é que a sodomia contraria o homem como ser racional, dotado de inteligência e vontade, de alma e corpo, criado à imagem e semelhança de Deus e templo do Espírito Santo. Sendo isso, o homem deve acima de tudo obedecer às regras morais inscritas em seu próprio coração.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Visita da Imagem Milagrosa e Peregrina de
Nossa Senhora de Fátima
Igreja do Imaculado Coração de Maria
Cardoso Moreira-RJ
Dias: 14 e 15 de Julho de 2011

terça-feira, 12 de julho de 2011

Das trevas do paganismo ao seio da Igreja (II)
                                                                                                                                            *Pe. David Francisquini


Em recente artigo fizemos a introdução sobre o papel santificador dos sacramentos e dos sacramentais. Hoje comentaremos as cerimônias da bênção da água batismal, ela mesma um sacramental. Todos os que recebem o santo batismo fazem uso dessa água para se tornarem novos cristãos e membros da Igreja.


Benção da Água Batismal
 Ao benzer a água batismal, o sacerdote louva e agradece a Deus pelo fato de operar maravilhas através dos sacramentos. E lembra que no princípio do mundo o Espírito Santo pairava sobre as águas, comunicando-lhes força e vida, a fim de que esse elemento, tão importante para o homem, fosse meio de virtude e santificação para ele. Outra recordação digna de nota que faz o sacerdote se refere ao mundo corrompido pelo pecado e pelas desordens humanas, e punido pelo dilúvio que simbolicamente terminou com os vícios e o pecado pela regeneração das almas.
Ele suplica que o Senhor de todas as coisas ponha os seus olhos misericordiosos e complacentes sobre sua Igreja, multiplicando o número de seus filhos.
Como manifestação de suas graças, Deus cumula de alegria a Santa Igreja, abrindo-lhe a fonte inesgotável das águas batismais, a fim de que todos os que se aproximarem dela entrem no comércio com Ele e participem como filhos de seus inestimáveis tesouros. É pelo poder do Espírito Santo que a água destinada a regenerar os portadores da culpa original é fecundada.
O sacerdote implora ainda ao Espírito Celeste para transmitir virtude santificadora à água batismal, tornando-a instrumento de concepção de vida nova, de tal maneira que, por efeito dela, a alma fique livre de todos os malefícios do inimigo infernal.
Tocando a água, o eclesiástico pede a Deus para torná-la santa e inocente qual fonte viva. E abençoando-a em nome do Deus vivo, do Deus verdadeiro, do Deus Santo, do Deus que no princípio do mundo separou a água da terra, lembrando mais uma vez que o Espírito pairava sobre ela.
Toma então ele com a mão uma porção da água e a lança na direção dos quatro pontos cardeais da Terra. Ele lembra assim o que Deus realizou no paraíso terrestre, ao fazer brotar uma fonte que se dividiu em quatro rios, irrigando a Terra inteira.
Esse manancial é o coração de Jesus ferido pela lança cruel que jorrou água e sangue, difundindo seus méritos para os quatro cantos da Terra.
Ao infundir na alma a vida sobrenatural – verdadeiro manancial que jorra para a vida eterna – brota dessa fonte um paraíso com quatro rios, que são as quatro virtudes cardeais que enobrecem e enriquecem a alma humana regulando todos os seus atos. São elas: a prudência, a justiça, a temperança e a fortaleza.
Como não posso extrapolar dos limites costumeiros, limito-me a relacionar algumas outras evocações do cerimonial: a transformação da água em vinho nas Bodas de Caná; o batizado do próprio Cristo nas águas do Jordão; a água que jorrou de seu divino lado ao ser perfurado pela lança de Longino e sua ordem aos discípulos para que conferissem o batismo àqueles que abraçassem a fé católica.