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quarta-feira, 28 de setembro de 2022

 

Filhos e herdeiros do Brasil de sempre

Padre David Francisquini*

São Francisco de Assis afirmava: “Quando eu digo Ave Maria os céus sorriem, os anjos se rejubilam, o mundo se alegra, treme o inferno e fogem os demônios”. Como chave de ouro, a oração abre um cofre de tesouros da sabedoria e bondade de Deus.

Além de nossa salvação eterna, estas dádivas incluem meios e instrumentos poderosos para a vida diária neste vale de lágrimas que é nossa peregrinação terrena; elas incluem avaliações e posicionamentos que nos levam a ter confiança e discernir o panorama religioso e político do momento.

As palavras sábias e cheias de unção do grande santo, coluna da Igreja, traduzem com propriedade o ensino de Nosso Senhor aos apóstolos: “O Reino de Deus está entre vós”. De fato, no coração de cada homem fiel aos ensinamentos da Igreja, na medida em que os ame e propague, está este Reino.

A decadência moral e religiosa dos últimos séculos não se deu de maneira casual, mas por articulado processo revolucionário, conduzido meticulosamente por forças contrárias à lei de Deus e do Corpo Místico que é a Santa Igreja, mirando os frutos que sua benévola influência trouxe às atividades humanas.

Que forças são essas? Aquelas capitaneadas por Satanás, o eterno revoltado que, perdendo o seu posto no Céu, lançado no inferno com seus sequazes, quer se vingar do que Deus fez pelos homens na Terra: além de nos ter reaberto as portas celestiais, por sua Paixão e Morte, propiciou-nos, como frutos da Redenção, tesouros espirituais que deram origem à civilização cristã.

O que vêm tais forças fazendo? Opõem-se odiosamente a esses frutos, para implantar o caos na sociedade, solapando nos homens as faculdades espirituais, constitutivas de sua alma, a inteligência, a vontade e a sensibilidade. Querem transformá-los de filhos de Deus em seres mais semelhantes a animais irracionais, ou robôs completamente despersonalizados.

Ora, o homem vive em sociedade, e o fundamento desta é a família, tal qual a herdamos da tradição judaico-cristã; trabalham, pois, diuturnamente para aniquilá-la, mediante a introdução dos elementos destrutivos como temos testemunhado: divórcio, legalização de uniões entre pessoas do mesmo sexo, prostituição, amor livre, ideologia de gênero, o aborto e todos os maus costumes.

A família tradicional é dos principais alvos da ação revolucionária comunista; isso vem sendo proclamado abertamente por seus principais dirigentes na cena política brasileira. A ponto de hoje, ao contrário do passado ainda recente, não mais ser feito de forma dissimulada e sub-reptícia, mas abertamente, constando até em seus estatutos partidários!

O objetivo de degradar a família, para assim remover obstáculos ao comunismo, já está escancarado. Tudo para destruir as estruturas básicas da sociedade, a propriedade privada, a ordem social e o estado de direito civilizado. A sociedade supostamente sem classes conduziria à anarquia, à degradação dos costumes… até a uma sociedade totalmente sem moral, incestuosa.

Eis como uma nova ordem ideológica, econômica, política e social pretende modificar radicalmente o caráter católico que ainda persiste na sociedade.

Cabe-nos, como herdeiros da civilização e cultura cristãs, lutar para que os princípios tradicionais, dos quais somos legatários, prevaleçam sobre toda essa impiedade. Se tal avalanche avança sobre nós desapiedadamente, não temos alternativa senão reagir, opondo uma ação contra outra ação.

Pensamos no Brasil neste momento histórico, pois nas próximas eleições estarão em jogo duas concepções: a católica e a não católica. Isso está muito além e acima dos representantes das principais forças da disputa, a do atual presidente e a do ex-presidiário.

Diante de tal quadro, a questão encerra um embate que também vai além da esfera meramente terrena, pois é todo ele constituído pela metafísica do bem e do mal, consistindo na negação ou aceitação das normas de direito divino, que os eleitores forçosamente terão de discernir com clareza para acertar na escolha.

A eleição deste ano, sem dúvida, será um divisor de águas e suas consequências perdurarão por largo horizonte. A esquerda a todo custo quer ocultar o lado religioso, e procura colocar foco apenas em aspectos econômicos. Caso vença, irá arrastar o Brasil para aquele bloco de nações cujos rumos, como sabemos de sobejo, são hostis a filosofia do Evangelho.

O flagelo que isto representa fica claro num simples olhar à nossa volta, para os infelizes vizinhos que já se deixaram dominar.

Com o peso do Brasil, as ideias propostas pela revolução cultural prevaleceriam no Continente, com o delírio de imaginar um futuro melhor sem Deus nem religião, sem verdadeira noção de família e no mais completo esquecimento da noção de Cristandade. O resultado traria a intoxicação dos espíritos, e uma antecâmara do inferno na Terra.

Com efeito, com a nossa costumeira bonomia, descurando de nossas obrigações mais graves diante de Deus e dos homens, vimos sendo defraudados paulatinamente no entendimento das verdades sobrenaturais.

Muitos recebem com indiferença e até simpatia a má doutrina, cínica e declarada. Ou, às vezes, da forma subliminar, difundida pelos meios de comunicação, livros e novelas, postos a serviço do mal.

A estratégia da Revolução Cultural é repetir exaustivamente suas mentiras, manipular palavras, usar ambiguidades, desmoralizar boas decisões tomadas pelos dirigentes. Buscam a todo custo rebaixar e reduzir as pessoas que pensam diferente de suas ideias revolucionárias, comunistas, ateias e vulgares.

Isto pode ser facilmente constatado todos os dias no noticiário tendencioso da grande mídia, de orientação claramente esquerdista; substituindo fatos por narrativas, não se pejam de ressoar boatos transformados em notícias e, alguns dias depois, declararem o contrário, se lhes convier.

A doutrina marxista não reconhece a verdade, apenas trata de interesses a serem defendidos na estratégia revolucionária. O que nos deixa vivamente perplexos e aturdidos é a possibilidade de a esquerda tomar o poder em nossa Pátria.

Partidos com siglas variadas e distintas aparecem unidos num mesmo projeto de governo, que visa à instauração de um regime diametralmente oposto ao que nossos antepassados nos legaram.

Mantendo fidelidade à formação de nosso povo, o Brasil real percebeu, felizmente, que enfrenta questão genuinamente religiosa, sobre uma concepção católica do universo. A cruz de Cristo, desde a origem do Brasil, foi regada com as bênçãos do altar. Aos seus pés a Terra de Santa Cruz nasceu, e ali se realiza misticamente o sacrifício do Calvário.

Foi no altar que ressurgiu revigorado o heroísmo dos cruzados e mártires, para implantar no Novo Mundo um continente católico. Nestas considerações lançamos luzes sobre o panorama.

Pois não queremos um regime ateu e materialista, que substitua a Cruz pela Foice e Martelo. E confiamos nas bênçãos e graças da Virgem de Aparecida, nossa Padroeira, que nos garantirá uma retumbante vitória contra as presentes ameaças.

 

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