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quarta-feira, 26 de outubro de 2022

 DIÁLOGO, ONTEM E HOJE…

 

Padre David Francisquini *

Baldeação Ideológica Inadvertida e Diálogo é uma das obras do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira que se destacam em sua vasta contribuição intelectual. Absolutamente inovador, o insigne autor formula ali princípios de atuação sobre a mente das pessoas; e mostra como o comunismo — terceira etapa histórica de uma Revolução que vem destruindo ao longo dos séculos a civilização cristã — leva a cabo essa atuação.

Interessante e oportuna utilização do memorável livro, que veio a lume em 1965, encontra-se em sua íntegra disponível gratuitamente no seguinte link:

https://www.pliniocorreadeoliveira.info/livros/1965.pdf

Seu objetivo imediato foi desmascarar a ignóbil política vaticana ora em curso para estabelecer convivência pacífica com a China comunista. As reflexões suscitadas na atualização de conteúdo, feita em lúcido artigo de Machado Costa, são muitas e ricas. Aqui vai uma delas, dentre inúmeras outras.

Para compreender melhor a temática, lembremos a situação geopolítica dos anos 60/70, radicalmente diferente da que vivemos hoje. Já era possível vislumbrar sinais de um grande fracasso: o dos esforços para submeter ao regime comunista as nações de cultura eslava, capitaneados pela Rússia.

Terminada a Segunda Guerra mundial, expandiu-se a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, pela anexação de infelizes nações católicas milenares, como a Polônia, a Hungria, a Áustria, e tantas outras. A derrocada deste império do mal já podia ser vislumbrada inevitável em horizonte próximo.

O ensaio do Prof. Plinio era arma poderosa para uma batalha daquele momento, contra o esquerdismo católico criado pela Revolução para minar resistências das almas católicas ao comunismo. Mas muito maior era o seu alcance filosófico, pelos conceitos explicitados, denunciando inúmeras outras manobras revolucionárias, nesta secular guerra das forças do mal para destruir a ordem estabelecida, a cultura e a sociedade orgânica ocidentais.

Baldeação Ideológica Inadvertida e Diálogo era direcionada para determinada situação, emblemática, vigente na Polônia. Mas seu conteúdo trazia o discernimento de conceitos e métodos de manipulação da opinião pública, algo inédito na literatura política e sociológica, jamais formulado antes por qualquer intelectual, católico ou não.

Façamos um esforço de síntese, para aqueles que ainda não leram o livro: é possível conduzir de modo habilidoso a mente de pessoas, de uma posição para outra, contrária, que elas não aceitariam se isso lhes fosse proposto às claras. O conceito era magnificamente sintetizado no título do livro: baldeação ideológica inadvertida.

Era ela aplicada por elites dirigentes, políticas e culturais, sobre populações desavisadas, mediante o uso de técnicas sofisticadas de propaganda e comunicação social. Com sua explicitação, foram tais manobras detalhadamente desmascaradas pelo Prof. Plinio, num livro de pequena dimensão e fortíssimo impacto.

Como operavam? Mediante o uso sutil de palavras-chave cuidadosamente escolhidas, que ele designou “palavras-talismã”, numa referência a uma aparente mágica, na realidade manobra psicológica sutil. A principal dessas palavras, naquele momento, era diálogo!

Não se devia combater para destruir o inimigo, mas sim chegar a uma coexistência pacífica com ele, para assim obter a liberdade de culto, o fim das perseguições ao Catolicismo etc. Atitude real de capitulação era travestida de atitude de bom senso, equilíbrio e saudável busca pela paz. Com enorme economia de vidas e sofrimentos.

Os condutores deste processo vão atribuindo novos sentidos a palavras relevantes, cuidadosamente escolhidas, para agregar-lhes novos significados, que vão se alterando sutilmente e aos poucos. Isso é feito em ambientes supostamente variados, com vozes aparentemente dissonantes, diversas.

Na realidade, em bastidores, essas vozes estão muito bem articuladas, todas participando do mesmo jogo de engano sobre as massas desavisadas, que bem poderiam ser designadas (como se expressou Nosso Senhor no Evangelho) como rebanhos sem pastor…

O livro Diálogo deu origem, na ocasião, a acirrada polêmica de Plinio Corrêa de Oliveira com um jornalista polonês, quando as forças esquerdistas infiltradas no meio católico consideraram imprescindível contraditá-lo… Ledo engano! A força da verdade aumenta quanto mais é exposta, e o estrago causado nas hostes adversárias foi aumentado pelos ecos da disputa. Assim se mostrou instrumento utilíssimo naquela conjuntura.

Hoje, serve-nos para compreender o propósito de criar a “linguagem neutra”, ou o comportamento, por exemplo, da grande parte da mídia brasileira, ao longo dos 30 anos posteriores à malfadada Constituição brasileira de 1988… Basta lembrar a torsão midiática de termos tão em voga, como democracia, estado democrático de direito e ações antidemocráticas.

Presentemente, tal uso da linguagem vai preparando as mentes para aceitar as consequências de décadas de infiltração do esquerdismo na vida política brasileira. Com destaque para a perseguição sistemática que o establishment promove contra as forças da direita política brasileira.

Estas, porém, não param de crescer, apontando de modo positivo um futuro cada vez melhor, inspiradas e fortalecidas pela feliz lembrança da promessa de Cristo, proclamada no Evangelho de São João (8,32) — agora sabidas de cor por todos os brasileiros: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.

Contra as águas turvas da linguagem insinuante de partidos de esquerda, nada melhor do que a verdade cristalina dita em alto e bom som.

 

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