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sábado, 3 de setembro de 2022

 

O cristão, aborto e sofrimento

                                                              

 Padre David Francisquini

 

Em recente artigo publicado aqui (30/7/22), mostramos o papel do sofrimento na vida do cristão e sua conexão com a própria Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Com efeito, comentamos um rumoroso escândalo protagonizado por autoridades públicas, ao promoverem um abortamento criminoso, utilizando falsas narrativas, com a cumplicidade de amplos setores da mídia tradicional brasileira.

            Pretendo ainda, desenvolver um pouco mais a avaliação do assunto. Acontece que o aborto faz parte da agenda revolucionária internacional, difundida por inúmeros organismos de extrema-esquerda, como a ONU. Ela inclui banalizar e expor ao ridículo a religiosidade da população, em toda parte do mundo, ferindo a lei natural e divina, em especial no caso, o quinto mandamento da Lei de Deus.

Verifica-se a ausência de unanimidade entre teólogos ilustres, que discordam quanto ao momento exato em que Deus cria uma alma específica - se no momento da concepção ou adiante, como pretendem os abortistas -, mas na verdade isto é irrelevante. Para os que creem no Criador de todas as coisas, o ponto saliente desta discussão é indubitável: Deus na sua onisciência tem, desde a eternidade, o plano de criar todos e cada um dos seres humanos, até o último habitante da terra.

            De tal modo que a interrupção do processo gestacional implica, necessariamente, em interferência indevida nos planos divinos. Para os que possuem a fé, é de pouca importância saber qual o exato momento em que se dá a concepção. O que importa é a conformidade com a vontade de Deus, Senhor também dos variados episódios da vida humana, mesmo daqueles mais indesejáveis e trágicos.

Ele pode, soberanamente, tirar de todas as coisas o melhor proveito, no sentido da sua maior glória e salvação dos homens. Esse episódio causou espécie nas famílias Brasil afora, quando foi noticiada a decisão de permitir a realização de aborto em uma menina de 11 anos. O caso foi tratado como se fosse estupro, quando na realidade o que aconteceu foi fruto de conjunção carnal entre dois menores, com idade inferior a 14 anos, resultando daí uma gravidez.

            Ora, esta não é a situação contemplada sequer pela frouxa e concessiva legislação brasileira em vigor, que regulamenta a questão. Nem se poderia legitimamente assim regulamentar, pois se trata de violação da lei natural, e o pecado contra a natureza clama a Deus por vingança. Omitiu-se, ademais, o fato de estar a mãe-criança carregando uma gestação ao longo de 26 semanas; a vítima era, portanto, um bebê já formado no ventre da mãe, o que configura caso de homicídio.

            A respeito de tal situação, pôde-se ver em importante site de notícias toda uma manipulação verbal, com sentido de distorcer a realidade dos fatos, ocultando aqueles dados tão importantes. Assim se buscava atrair a simpatia do público leitor, por um mal- compreendido humanitarismo, tudo para dar ares de legitimidade ao feito abominável.

            Este foi, sem dúvida, mais um capítulo entre tantos casos deploráveis, em que a proteção ao direito fundamental à vida foi violentamente olvidada, sob pretexto de preservação da saúde e bem-estar da portadora de uma gravidez indesejada. Abortos acarretam, invariavelmente, o agravamento da situação, nunca solução, pois ao longo de uma vida resultarão em graves consequências, físicas e psíquicas para a mãe. Mais sofrimentos, portanto. Estudos sérios e objetivos já o provaram ad nauseam.             Pecados graves têm efeitos ou consequências maiores e mais drásticas do que se possa perceber em avaliações rasas. Um princípio moral vem a propósito. São João da Cruz afirma que, ao consentir num vício ou cometer determinado pecado, outros maus pendores do indivíduo são impulsionados, ganham mais força!

            Para compreender a razoabilidade desse conceito, uma analogia com o mundo físico pode ajudar: no século XVII, o afamado matemático e filósofo Blaise Pascal enunciou um importante princípio, a lei dos vasos comunicantes. Por ele, a pressão exercida num ponto de um líquido se transmite a todos os outros pontos desse líquido e às paredes do seu recipiente.

Percebemos assim o enorme alcance moral que tais situações têm sobre os personagens da trama cruel e sanguinária, assim como o mal social que farão, alcançando uma multidão incontável de outras almas. É todo um sistema de ideias e princípios morais que ficarão abalados, com consequências inimagináveis na estrutura psíquica individual, no tecido social e mental da consciência da sociedade. Pior ainda, partidos de esquerda que estão engajados nesse programa da transformação paulatina da nação, por meio de leis, como por exemplo, o PT e outros partidos de esquerda.

A solução para pulverizar a uma conspiração tão maligna não resta outra alternativa a não ser oração e penitência, sobretudo o santo terço, como nos pediu a Virgem na Cova da Iria.  Rezemos todos nós, assim, pelas vítimas mais frágeis envolvidas nesse gravíssimo acontecimento da vida moral brasileira. E, sobretudo pelo pronto fim desses tempos sombrios e Tão cruéis.  Desfecho que virá, como confiamos, pela vitória do Coração Imaculado de Maria Santíssima, que esmagará a cabeça da serpente revolucionária, como prometido por Ela mesma em Fátima.

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