É difícil hoje a vida do cristão
Padre
David Francisquini
Os
livros sagrados proclamam que a criatura, livre da corrupção, alcança a gloriosa
liberdade dos filhos de Deus. Apesar de
gemer no peregrinar dessa vida, num vale de lágrimas, há uma possante eficácia
de alcançar a graça, em conformidade com a providência Divina, pelo fato de Nosso Senhor Jesus Cristo, filho de Deus
encarnado, ter traçado o caminho da integridade ao determinar: “Se quiseres
vir após mim, renuncia-te a ti mesmo, toma a tua cruz e segue-me”. Como? De
que maneira? Simplesmente cumprindo sua santa lei, auxiliado pela graça
oriundos dos sacramentos e pela prática constante
da oração.
“Christianus
alter Christus”, o cristão é um outro Cristo. Muitas vezes, dores inenarráveis trespassam
a alma dos seguidores fiéis. Essas amarguras, unidas aos indizíveis sofrimentos
do Redentor Divino, servem para aplacar a maldade daqueles que têm sede de
absurdos, de torpezas e de pecados, obtendo-lhes graças que não receberiam sem
o mérito de “outros Cristos”, isto é, de outros cristãos, devotos e dedicados
aos princípios imutáveis da Santa Igreja .
Deus
é Pai e garante aos filhos, sofredores, que se mantiverem fiéis até o fim, a recompensa
demasiadamente grande por todos os séculos. O apóstolo São Paulo afirma que
combateu o bom combate e guardou a fé; estava-lhe, pois, garantida a
compensação da coroa imarcescível,
aquela que jamais perderá o esplendor ao fim da laboriosa missão de
evangelizar.
Assim,
entendemos a razão da dificuldade, que há atualmente na vida do cristão,
sobretudo ao enfrentar o ambiente geral com atitudes e opiniões diferentes das
que nele grassam. Dizer ‘não’ ao meio social, tão degradado moralmente, é um
ato de coragem, de destemor e de não se deixar compactuar com as ideias
revolucionárias. Ser cristão é pertencer à Igreja, e lutar por ela, com denodo
e galhardia, é coisa muito alta, mas
também muito árdua e nobre.
Segundo
recomenda o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, devemos pensar como a Igreja
pensa, sentir como a Igreja sente, agir como a Igreja quer que procedamos em
todas as circunstâncias de nossa vida. Isto supõe um senso católico real, uma pureza
de costumes autêntica, uma piedade profunda e sincera. Com efeito, pertencemos
à Igreja militante e devemos nessa qualidade lutar em defesa das leis e dos direitos
de Deus, sobretudo quando mais generalizadamente vilipendiados.
Não
podemos ficar indiferentes diante das ignomínias que todos os dias vêm se
acumulando, como a imoralidade desenfreada e suas funestas consequências, a
promiscuidade, a prática do aborto, os assassinatos, as revoltas, tudo visando à
implantação da sociedade comunista e igualitária.
Olhemos
para o Brasil! Revolucionários tentam controlar os destinos da nação, determinando
rumos anticristãos, violando valores da família com igualdade de ‘gênero’, aborto,
drogas, prostituição, violência e convulsão social. Tudo isso foi sendo lançado
e divulgado aos poucos, em pequenas doses, nas mentes humanas, através das
novelas, séries, filmes, até mesmo jogos e desenhos animados, considerados
infantis, mas que trazem em si uma linguagem subliminar e manipuladora de mentalidades
e pervertimento das tendências.
No
horizonte podemos divisar a estrada rumo ao precipício, que conduziria os
brasileiros à dolorosa situação de nossos irmãos cubanos, venezuelanos e
argentinos. A partir do momento em que uma erva daninha viceje no tronco de uma
árvore, ela começa a matá-la. Com a devida adaptação, o mesmo não acontece com
as pessoas?
Não
uma erva, mas um câncer infectou a civilização cristã, forjadora da sociedade
orgânica medieval, e a vem aniquilando progressivamente; ao corroer e carcomer de
maneira incessante a ordem social e espiritual, produziu a crise de fé e moral
que agora atinge seu ápice. Estas reflexões tomam particular relevância com o
fato recente, relativo à infeliz família na qual um aborto foi praticamente
forçado, mediante falseamento de narrativas estranhíssimas. Com desastrada
atuação de autoridades judiciárias, puseram em xeque o valor da vida, dádiva de
Deus a ser preservada desde o primeiro instante da concepção. Cada nova vida
tem sua finalidade desejada por Deus, o que a torna imune a interferências
criminosas alheias. Não é atribuído ao Estado, nem a quem quer que seja, o poder
para interromper o curso normal da vida desde a concepção, e sobretudo na fase
mais avançada de gestação. É direito inviolável da pessoa humana, não sendo permitido
a ninguém, em nenhuma circunstância, interferir neste processo até o
nascimento. Pois, vale mais obedecer ao Senhor da natureza, do que acatar
determinações de homens, com suas leis perversas e seu querer injusto. Desconhecer
as leis do Criador não é senão uma enorme iniquidade e criminosa presunção.
O
Mandamento “não matarás” é transgredido sistematicamente nos hospitais onde
tais práticas vão se tornando cada vez mais frequentes; qualquer forma de
eliminação do nascituro contraria os planos eternos de Deus para cada ser
humano criado. Não importa a forma como ele foi gerado, porque interferir numa
vida é ir contra os planos do Criador.
É
falacioso o argumento de justificação quando se trata de estupro. A criança não
tem culpa no pecado de seus genitores. Se alguém tem de pagar, esse não é quem
foi gerado, mas os que pecaram, por ação ou omissão, pela forma como foi
concebida. Pensar o contrário leva diretamente à ideia criminosa contra o
nascituro.
Notícias capciosas dos meios de comunicação objetivaram
ardilosamente chancelar um aborto para obter a anuência sentimental dos
brasileiros, justificada por suposto estupro. Sabido é o repúdio de quase 90%
da população a esse procedimento, pura trama da guerra psicológica revolucionária.
Sem argumentos, sem fundamentos, apenas exploram o sentimentalismo, sem ater a
racionalidade do homem.
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