Quando a barba do vizinho arde...
Padre
David Francisquini
Em
contraste com o imenso apoio popular ao candidato anticomunista vencedor aqui, cuja
reeleição se quer a todo custo impedir, aumenta a apreensão dos brasileiros com
o rumo político dos países vizinhos, onde a manipulação midiática e a abstenção
conduziram ao poder elementos da esquerda. Desenha-se um embate histórico no
continente ibero-americano, cujo desfecho definirá o rumo de todo o Ocidente.
Senão
vejamos: ao norte, Cuba, Nicarágua e Venezuela padecem há décadas sob a férula
do socialismo mais radical, mantido ‘manu militari’; ao sul, por incompetência
da direita, a Argentina recaiu nas garras da esquerda peronista, embora balance
agora na incompetência ainda maior dos comunistas; a oeste, Bolívia, Peru e
Chile são campos de batalha onde as táticas do Foro de São Paulo vêm
prevalecendo; e agora foi a vez da Colômbia eleger presidente um
ex-guerrilheiro cuja ‘conversão’ a ninguém convence.
O
que levou os nossos irmãos sul-americanos a estas infelizes opções? Propensão a
um masoquismo político/econômico? Não está mais do que demonstrado o fracasso
do socialismo? Não chega ele sempre pela força ou por artimanhas, ou ainda por
cumplicidades, em não menos suspeitas eleições?
Com
efeito, há muito a demagogia marxista deixou de convencer a classe trabalhadora
no tocante à luta de classes e outros pruridos igualitários; temos um bando de
oportunistas com interesses escusos e plataformas embaralhadas, outros já ricos
e grã-finos, e mais, artistas, apadrinhados por proteção escandalosa de
governos, e a benevolência de uma imprensa totalmente infiltrada.
Os
artífices desse sistema político/econômico antinatural ‘aparentaram’ abandonar
as armas por mera estratégia política, para colher melhores dividendos junto
aos incautos. Mas, quando julgam oportuno, recorrem a elas sem cerimônia, como
na recente invasão da Rússia de Putin à Ucrânia.
Também
têm perdido nichos relevantes, destacando-se o ‘ensurdecedor’ silêncio da
chamada esquerda católica, que de católica só tem o nome, a qual se
mantém calada porque conquistou o grau máximo de rejeição popular. Uma bênção
dos Céus, que devemos a causas remotas, localizadas nas profundezas da
psicologia católica do povo.
O ex-guerrilheiro Gustavo Petro eleito presidente da Colômbia, devido à imensa abstenção de eleitores |
Este
substrato discreto, mas fortíssimo, foi revigorado no século XX pela luta
ideológica incansável, travada ao longo de seis décadas pelo Dr. Plinio Corrêa
de Oliveira e suas organizações. Tal luta é continuada hoje por um pugilo de
pensadores e homens de ação que seguem suas pegadas na defesa dos valores
tradicionais da civilização cristã, com ênfase na família e na propriedade.
Via
de regra, a conquista do poder no subcontinente vem se dando pelo apodrecimento
moral da sociedade, seja pelas drogas, pelo crime e pela imoralidade, seja pelo
banimento do catecismo para a infância e pela infiltração esquerdista no campo
da educação, do primário à universidade.
Cumpre
dizer que o nosso operariado está a quilômetros desse processo tenebroso,
constituindo-se um dos segmentos mais saudáveis de nossa sociedade, aliás,
fenômeno que vem acontecendo em âmbito mundial.
O
que esperar para os próximos meses em nosso País, de modo especial no amado Rio
de Janeiro? As forças do crime organizado, sempre desagregadoras, estão sempre
de mãos dadas com a esquerda política e vêm constituindo uma espécie de casta privilegiada
em favor da qual a nossa justiça coibiu a ação policial nos morros da cidade.
Tal
liberdade resultou na presença inconteste de delinquentes armados impondo suas
leis e arregimentando adeptos. Consequência: o Estado do Rio parece ter sido
escolhido para palco de previsíveis batalhas cruentas que venham a ser
planejadas pelas forças revolucionárias. Eu indago: com que objetivo? E
respondo: a conquista do poder, obviamente!
O
combate do atual governo às drogas e ao crime vem deixando muita gente desconcertada,
gente que já tinha se enquistado nas classes dirigentes do País. A resposta vem
com radicalização. Soubemos, pela imprensa, do ‘diálogo’ cabuloso entre o PCC e
o PT; o ex-presidente, depois de ‘descondenado’, se põe em campanha ‘sui
generis’.
Lula
da Silva declara que viabilizou junto ao governo do PSDB a soltura de uma
dezena de criminosos envolvidos no sequestro do empresário Abílio Diniz; defende
abertamente o aborto e cumprimenta radicais blasfemos que profanaram uma igreja
em plena Missa. Será por questões político-partidárias da esquerda?
Temos
muitas razões para nos preocuparmos e prevenir o que ocorrerá até as eleições
deste ano. Um dos fatos mais graves com os nossos irmãos sul-americanos foi o
de simplesmente não terem comparecido às urnas, favorecendo candidatos da
esquerda com mais de 50% de abstenção.
Ora,
os esquerdistas não se abstêm. Enquanto sacerdote e pastor de almas, não estou pedindo
que optem por tal ou tal candidato. Meu clamor é para que compareçam ao pleito,
evitem desgraças como as dos vizinhos. E dirijo-me especialmente aos mais
velhos, que a lei desobriga de votar. O voto veterano em 2022 poderá ser decisivo
no pleito brasileiro.
O
Brasil vem se mantendo numa situação ímpar. Basta ver que os homens do dinheiro
internacional passaram a investir aqui, prenunciando um período de intensa
atividade econômica, na contramão do resto do mundo; o custo de vida aumentou,
como em todos os países, mas graças a Deus temos a segurança alimentar
assegurada, além de sermos um povo generoso, acolhedor, disposto a passar e
enfrentar momentaneamente por dificuldades em benefício das gerações futuras.
Não
permitamos que se dê um passo rumo ao precipício, sob pena de mais tarde termos
de pedir o nosso Brasil de volta... Não permitamos que a nossa bandeira de
verde se torne vermelha, como anseia a esquerda... Evitemo-lo a qualquer custo e
sirvamos ao mesmo tempo de exemplo para que os nossos irmãos sul-americanos
possam sair o quanto antes do abismo no qual nunca deveriam ter caído.Guerrilheiros do ELN celebraram a vitória
do novo presidente colombiano, Gustavo Petro
Os melhores analistas isentos, dos poucos que
ainda restaram, garantem que o lado para o qual pender este gigante que não é
mais adormecido, irá o maior contingente de população católica do mundo, não
sem propósito denominado outrora o Novo Mundo, Terra de Santa Cruz.
Que
Nossa Senhora Aparecida, nossa Padroeira e Rainha, a Quem a Princesa Isabel
recomendou o trono em sua eventual ausência, nos conduza ao fortalecimento de
nossa fé e confiança, como já vem fazendo, nessa imensa e ingente tarefa.
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