Se
pudéssemos Vos dar o sol e todas as estrelas
Pe.
David Francisquini
Reclinado
no presépio, contemplemos o Menino Jesus.
Diante d’Ele – em atitude de adoração – está sua Mãe, cujos olhos doces
e maternais cintilam, tributando ao Homem-Deus a mais alta homenagem possível a
uma criatura. Ao seu lado, encontra-se maravilhado e vigilante São José, prestando
seu preito varonil ao recém-nascido. No mais alto do Céu brilha a estrela,
anunciando a grande Novidade: o Verbo encarnado nasceu e está no meio de nós.
Em torno da manjedoura, os anjos cantam as mais
belas harmonias celestiais para aquele Santo Nascimento. Afanosos, chegam os
reis magos, simbolizando a vassalagem de todos os reis da terra ao Divino
Infante, verdadeiro Deus, Rei dos reis e Senhor dos senhores. E como
demonstração da fé que enchia seus corações, ofereceram-Lhe ouro, incenso e
mirra, para salientar as virtudes daquele Sacerdote, Rei e Vítima que vinha ao
mundo.
Os pastores não permaneceram
insensíveis e acorreram à sagrada gruta. Até os animais reconheceram o seu Senhor,
aproximando-se submissos da manjedoura, enquanto o anúncio da boa nova de que
Cristo havia nascido em Belém de Judá ecoava pelos campos. Estava inaugurado o
marco histórico da Civilização Cristã, que proporcionou tantos frutos aos
homens e que artifício humano algum conseguirá apagar.
Ao
se aproximar mais um Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, olhemos para o mundo
contemporâneo. Ergue-se ele borrascoso e caótico a expelir ameaças, incertezas,
incredulidades, blasfêmias e vícios de toda espécie. Mundo vacilante e
incrédulo por negar a sua origem e o seu fim, e por isso mesmo tirânico em
relação aos valores cristãos, empenhando-se em destruir a família e implantar a
nefasta ideologia de gênero, além de todas as dissoluções morais que visam
macular e destruir o que resta de cristão na face da terra.
Aquele
que nasceu em Belém foi o mesmo que fundou a Santa Igreja Católica Apostólica
Romana e a Ela prometeu a indestrutibilidade. É por esta razão que, remando
contra a maré, surgem verdadeiros católicos dispostos a lutar pela pureza da
fé, pela integridade da lei divina, pela prática do amor de Deus, pela
perfeição da vida espiritual, pela fidelidade aos ensinamentos perenes da Santa
Igreja.
Como
é bom recordar tudo isso ao rezar diante do presépio do Divino Infante na
igreja ou em casa, a fim de implorarmos misericórdia e perseverança para
aqueles que lutam contra a impiedade insolente e orgulhosa, contra o vício que estadeia
com ufania e escarnece da virtude.
Pela
vastidão imensa da terra rezemos pelos que se encontram oprimidos, abandonados,
escarnecidos, pelo fato de permanecerem fiéis à Lei de Deus, para que
perseverem cada vez mais. A mesma oração deve-se dirigir a Deus feito homem para
apressar a vinda do Reino de Maria, conforme pede São Luís Maria G. de
Montfort.
Pedir
empenhadamente pela Igreja Santa e Imaculada. Para isso o leitor poderá utilizar-se
das palavras do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:
"Estes são, Senhor, os que no momento presente,
dispersos, isolados, ignorando-se uns aos outros, entretanto, agora, se acercam
de Vós para oferecer o seu dom, e apresentar a sua prece. Dom tão esplêndido na
verdade, que se eles vos pudessem dar o sol e todas as estrelas, o mar e todas
as suas riquezas, a terra e todo o seu esplendor, não Vos dariam dom igual.
"É o dom de si, íntegro e feito com
fidelidade. Quando eles preferem a ortodoxia completa às palmas dos fariseus;
quando preferem a pureza à popularidade entre os ímpios; quando escolhem a honestidade
de preferência ao ouro; quando permanecem na vossa Lei ainda que por isto
percam cargos e glória, praticam o amor de Deus sobre todas as coisas, e
atingem a perfeição da vida espiritual, rija e verdadeira dileção. Não, por
certo, do amor como o entende o século, amor todo feito de sensibilidade
esparramada e ilógica, de afetos nebulosos e sem base na razão, de obscuras
condescendências consigo mesmo, e escusas acomodações de consciência. Mas o
amor verdadeiro, iluminado pela Fé, justificado na razão, sério, casto, reto,
perseverante, em uma palavra o amor de Deus.
"E eles vos formulam uma prece.
Prece, antes de tudo, por aquilo que mais amam no mundo, que é vossa Igreja
santa e imaculada. Que vossa Igreja, que geme e cativa nas masmorras da civilização
anticristã, triunfe por fim desse século de pecado, e plasme para vossa maior
glória uma nova civilização. Pelos Santos, para que sejam mais santos. Pelos
bons, para que se santifiquem. Pelos pecadores para que se tornem bons, pelos
ímpios para que se convertam. Que os impenitentes, refratários à graça e
nocivos às almas sejam dispersos, humilhados e aniquilados por vossa punição.
Que as almas do Purgatório o quanto antes subam ao Céu.
"Prece, depois, por si mesmos. Que
os façais mais exigentes na ortodoxia, mais severos na pureza, mais fiéis na
adversidade, mais altivos nas humilhações, mais enérgicos no combate, mais
terríveis para com os ímpios, mais compassivos para com os que, envergonhando
de seus pecados, louvem de público a virtude e se esforcem sinceramente por conquista-la".
A todos,
um Santo e Feliz Natal, e um Ano Novo repleto de conquistas para a causa
Católica, sob a bênção maternal de Maria Santíssima.