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quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Até quando, Senhor?

*Pe. David Francisquini

Bem diferente de hoje era a atmosfera que circundava o Natal de outrora, quando a maioria das pessoas ainda abria a porta de suas almas – que só podem ser abertas pelo lado de dentro – para as graças próprias às comemorações do Nascimento d’Aquele que veio a Terra para que fosse inaugurado o Reino da bondade, do perdão, da misericórdia e da clemência.
Graças que transcendiam o próprio ser e que se difundiam nos corações das pessoas o sentimento da esperança e da certeza. Em sua unção, elas inundavam os ambientes com louçania arrebatadora, razão pela qual todos, adultos e crianças, pressurosos, aguardassem a Noite Feliz que nos deu tão grande Redentor.    
O fechamento das almas se deu em detrimento do espírito cristão radicado nas virtudes teologais da fé, esperança e caridade; bem como nas virtudes cardeais da prudência, justiça, fortaleza e temperança. Tais virtudes debilitadas ou mesmo extintas geraram desequilíbrios na psicologia dos homens, tornando-os insensíveis às graças de bem estar e de benquerença.
Não se levanta mais o incenso da oração; na sociedade, o trato cavalheiresco foi substituído pela vulgaridade; a solenidade requintada e a elevação de alma passaram a ser rejeitadas, pois não há mais caridade cristã, espelho do amor de Deus trazido por Jesus Menino. Enrijecido, o homem não sabe mais o que representa o Natal. Sem dúvida, isso decorre do desfazimento da família.
Para ele, o que interessa é a fruição do momento, a avidez dos lucros, a sofreguidão dos prazeres, a intemperança em fruir o ambiente e as circunstâncias que o mundo neopagão oferece. No presépio, o Menino Jesus quase não é visitado. Passa-se hoje de certo modo o que se passou com Herodes quando os Reis Magos lhe perguntaram onde havia nascido o rei de Judá...
Se os homens de fé foram vítimas de um processo diabólico de transformação até se tornarem ateus práticos, tal processo ainda não atingiu o seu fim último. Com efeito, o demônio não esmorecerá enquanto não extinguir na sua faina inútil de destruir o que resta de cristão na face da terra. Há sinais espantosos desse ódio que ronda o Menino do presépio.
Basta ver, ouvir ou ler matérias de nossa mídia para constatar a animosidade da perseguição aos cristãos do Oriente Médio, sendo eles perseguidos, massacrados, mutilados, despojados de seus bens e até da própria vida. No Ocidente, essa perseguição se dá por meio de leis que visam implantar um estado de coisas oposto aos ensinamentos do Evangelho. Dói dizê-lo, mas sob o silêncio quase total dos Pastores...
De passagem, citemos o fanatismo de muitos no anseio infrene de impor uma legislação abortista; estes mesmos fanáticos querem implantar o pseudo-casamento homossexual, a legalização da prostituição, a liberação das drogas, a eutanásia e tudo mais que vá diretamente se opor à doutrina e à Lei de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Santa Igreja.
Por exemplo, a educação das crianças pelas mãos do Estado moderno com suas nefastas consequências. A propósito, são oportunas as palavras do Profeta Jeremias referidas por São Mateus: “Uma voz se ouviu em Ramá, grandes prantos e lamentações: Raquel chora seus filhos e não pode se consolar, pois eles já não existem”.
De acordo com São Jerônimo e São João Crisóstomo, os evangelistas e os apóstolos quiseram expressar como hebreus que eram em sua própria língua, o que continha no texto hebreu. A palavra Ramá quer dizer “voz que foi ouvida no alto, de muito longe”, esta voz se referia à morte dos inocentes que se ouvia nas alturas.
Isto se aplica aos nossos dias em que a verdadeira Igreja Católica, Apostólica, Romana – quase sucumbida pelas dores que os seus próprios membros vêm lhe causando – mas como Mãe ela chora e lamenta a dores infligidas a seus filhos. Usquequo, Domine! Até quando, Senhor?

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014




*Pe. David Francisquini



De repente, os pastores que cuidavam de suas ovelhas nos arredores de Belém ouviram um canto magnífico: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens de boa vontade”. Diante do inesperado, eles se dirigem apressados rumo à manjedoura, onde encontraram o Menino reclinado e envolto em panos, sob os olhares enlevados e vigilantes de Maria e José.
Segundo a tradição, a neve caía mansamente. Enquanto todos dormiam no aconchego dos seus lares, um pobre casal se encontrava na gruta fria, pois não encontrara guarida nem mesmo em casa de parentes, pois José e Maria viviam em Nazaré e se encontravam ali em razão de uma obrigação cívica, um recenseamento.
 Noite de luz e neve cobrindo a terra, circunstâncias ideais para se cantar a glória do Filho de Deus que acabava de nascer para habitar entre nós, para governar a Terra, conquistar as almas e lutar contra o demônio. Acontecimento tão espetacular que espargiu alegria no universo inteiro e causou pavor nas hostes seguidoras de Satanás.
Toda a natureza se regozijou em homenagem a Jesus que acabava de nascer: as fontes se tornaram mais cristalinas e jorravam com melodia encantadora de modo a elevar os espíritos; as flores desabrochavam mais bonitas e exalavam inexcedível perfume em honra ao recém-nascido; as estrelas brilharam com maior intensidade a fim de prestar justa vassalagem ao Menino-Deus.
A despeito de ser noite, por todas as partes do mundo a mesma cena se repetia. E em toda a Terra se cantou e ainda se canta: “Noite Feliz, noite feliz. Oh! Jesus, Deus de amor, pobrezinho nasceu em Belém. Eis na lapa Jesus nosso bem, dorme em paz oh! Jesus. Dorme em paz oh! Jesus!”.
Estamos comemorando 2014 anos deste magno acontecimento que dividiu a História em duas partes: antes de Cristo e depois de Cristo! Se de um lado, como afirmou Santo Agostinho, podemos exclamar “oh feliz culpa que nos mereceu tão grande Salvador!”, de outro devemos nos perguntar o que fizemos do Sangue precioso do Redentor? O que resta de Cristandade em nossos dias? Dói dizê-lo, mas o mal penetrou até nos lugares mais sagrados da Terra.
Creio ser bem o caso de repetir com Plinio Corrêa de Oliveira as palavras contritas, mas plenas de zelo pelo Senhor Deus dos Exércitos, que ele escreveu em ‘O Legionário’ por ocasião do Natal de 1946. Elas serão por certo o melhor presente que podemos oferecer ao Menino Jesus neste Natal:
“Vede-nos, Senhor, e considerai-nos com compaixão. Aqui estamos, e Vos queremos falar. Nós? Quem somos nós? Os que não dobram os dois joelhos, e nem sequer um joelho só, diante de Baal.
“Os que temos a vossa Lei escrita no bronze de nossa alma, e não permitimos que as doutrinas deste século gravem seus erros sobre este bronze sagrado que vossa Redenção tornou. Os que amamos como o mais precioso dos tesouros a pureza imaculada da ortodoxia, e que recusamos qualquer pacto com a heresia, suas obras e infiltrações.
“Os que temos misericórdia para com o pecador arrependido, e que para nós mesmos, tantas vezes indignos e infiéis, imploramos vossa misericórdia – mas que não poupamos a impiedade insolente e orgulhosa de si mesma, o vício que se estadeia com ufania, e escarnece a virtude.
“Os que temos pena de todos os homens, mas particularmente dos bem-aventurados que sofrem perseguição por amor à vossa Igreja, que são oprimidos em toda a Terra por sua fome e sede de virtude, que são abandonados, escarnecidos, traídos e vilipendiados porque se conservam fiéis à vossa Lei.
“Aqueles que sofrem sem que a literatura contemporânea se lembre de exaltar a beleza de seus sofrimentos: a mãe cristã que reza hoje sozinha diante de seu presepe, no lar abandonado pelos filhos que profanam em orgias o dia de vosso Natal; o esposo austero e forte que pela fidelidade a vosso Espírito se tornou incompreendido e antipático aos seus; a esposa fiel que suporta as agruras da solidão da alma e do coração, enquanto a leviandade dos costumes arrastou ao adultério aquele que devera ser para ela a coluna de seu lar, a metade de sua alma, "outro eu mesmo"; o filho ou a filha piedosa, que durante o Natal, enquanto os lares cristãos estão em festa, sente mais do que nunca o gelo com que o egoísmo, a sede dos prazeres, o mundanismo paralisou e matou em seu próprio lar a vida de família. O aluno abandonado e vilipendiado pelos seus colegas, porque permanece fiel a Vós.
“O mestre detestado por seus discípulos, porque não pactua com seus erros. O Pároco, o Bispo, que sente erguer-se em torno de si a muralha sombria da incompreensão ou da indiferença, porque se recusa a consentir na deterioração do depósito de doutrina que lhe foi confiado. O homem honesto que ficou reduzido à penúria porque não roubou.

“Estes são, Senhor, os que no momento presente, dispersos, isolados, ignorando-se uns aos outros, entretanto, agora, se acercam de Vós para oferecer o seu dom, e apresentar a sua prece. Dom tão esplendido na verdade, que se eles Vos pudessem dar o sol e todas as estrelas, o mar e todas as suas riquezas, a terra e todo o seu esplendor, não Vos dariam dom igual”.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Uma mulher vestida de sol

*Pe. David Francisquini

Pode-se contemplar uma particularidade única no alvorecer quando se viaja de avião em sentido contrário ao sol, ou seja, do oeste para o leste, no momento em que os primeiros clarões do astro-rei rompem as sombras da noite. Em viagem recente pude mais uma vez assistir a este espetáculo.

Como sabemos, o movimento aparente das estrelas, e portanto do sol, é sempre do oriente para o ocidente. Dessa luminosa impressão procurarei tirar algo que torne claro o tema que pretendo desenvolver, ou seja, a conceição imaculada da Mãe de Deus, cuja festa se celebra no dia 8 de dezembro.

A convergência dos movimentos do avião e do sol torna efêmera a duração do fenômeno, desde a sua primeira fímbria que refulge no horizonte – um semicírculo à maneira de meia-lua – até se divisar o sol aspergindo luzes e ir dando com elas forma às coisas.

Isso era claro para os que estavam lá nas alturas, mas não para os que se encontravam em terra. Estes não podiam contemplar o prodígio – privilégio dos que voam, alegria e consolo dos pilotos – de ver nascer o sol e da maravilha que vai se operando em toda a natureza.

Um lindo panorama de se contemplar em ocasiões assim é a cidade do Rio de Janeiro. Seria justo exclamar com Edmond Rostand: “Oh sol, sem o qual as coisas não seriam senão aquilo que elas são!” É o cenário de quem contempla a Terra com os olhos de Deus.

Da forma mais sublime isso deve ter-se passado, por exemplo, com o profeta Isaías no momento de anunciar a vinda do Messias, ao considerar toda a Terra em função do acontecimento ápice em torno de uma Virgem, que se tornaria Mãe por obra do Espírito Santo e daria à luz um filho, Jesus.

As coisas na Terra eram insípidas, informes e incolores porque grassavam as trevas, e levavam os homens a bradar: “Deus, ut videamus” – fazei com que vejamos, implorando súplices a vinda do Prometido das nações.

Quadro comemorativo da proclamação do dogma da Imaculada Conceição
Como da aurora surge o sol, Maria é a aurora que anuncia o novo dia, o sol que espalhará seus raios pela Terra inteira. Maria é a obra predileta de Deus, a obra-prima da criação. Mais fácil seria separar a luz do sol do que Maria de Jesus. E o Filho de Deus fez brilhar n’Ela as prerrogativas mais excelentes, como da sua Imaculada Conceição.

Surgiu no Céu um grande sinal: uma Mulher vestida de sol. (Ap. 12, 1). Maria Santíssima refulge com um esplendor simplesmente inatingível por qualquer outra criatura e se opõe à fealdade e à malícia do pecado, através do qual Satanás procurou arrancar os homens das mãos de Deus.

O demônio é o reflexo do que existe de mais feio e imundo, pois se revoltou contra o seu criador e introduziu no universo criado a desordem e o pecado, desgraças que levaram a humanidade a pecar por meio de nossos primeiros pais, Adão e Eva.

Nossa Senhora é a principal inimiga de Satanás e de suas potestades e sequazes. Filha bem-amada de Deus Pai, Mãe admirável de Deus Filho e Esposa fidelíssima de Deus Espírito Santo, Ela é terrível como um exército em ordem de batalha.

Tão terrível, como diz Santo Afonso de Ligório, “porque Ela sabe bem como ordenar o seu poder, a sua misericórdia e as suas orações para confundir os inimigos em benefício de seus servos, que nas tentações invocam seu poderosíssimo socorro”. (Glórias de Maria Santíssima).

Maria Santíssima é o grande, o divino mundo de Deus, onde há belezas e tesouros inefáveis. É a magnificência de Deus, em que Ele escondeu, como em seu seio, Seu Filho único, e nele em tudo o que há de mais excelente e mais precioso.”

Papa Pio IX proclamando o dogma da Imaculada Conceição
Sobre Ela escreveu São Luiz M. Grignion de Montfort: “É impossível perceber a altura dos méritos que Ela elevou até o trono da divindade; que a largura de sua caridade mais extensa que a Terra não se pode medir; está além de toda compreensão a grandeza do poder que Ela exerce sobre o próprio Deus”. (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem). 


Concebida sem a nódoa do pecado original, a Nossa Senhora foram aplicados no instante de sua concepção os futuros méritos de Jesus Cristo, seu divino Filho e nosso Redentor. Por isso a Igreja canta: “Toda sois formosa, oh Maria, e a mácula original não tocou em Vós. Vós sois a glória de Jerusalém, a alegria de Israel, a honra de nosso povo, a advogada dos pecadores”.

sábado, 22 de novembro de 2014


Pe. David Francisquini

Uma das lições das urnas nas recentes eleições foi mostrar a existência de algo promissor que se faz sentir tanto na vida pública quanto na dos indivíduos em relação aos valores da instituição familiar e da moralidade em geral. Na verdade, vem causando acentuado desconcerto na opinião nacional a situação civil e religiosa na qual nos encontramos.
            Se de um lado parece haver uma máquina organizada para conduzir o país rumo ao caos, as recentes eleições evidenciaram de outro lado a existência de uma crescente e atuante oposição que tenta impedir o pior para o Brasil, ou seja, que ele se aprofunde cada vez mais no despenhadeiro da decadência moral cujo último termo é a sua completa bolchevização.
40 Mártires Brasileiros
A expressiva votação no candidato da oposição – sem falar dos milhões de brasileiros que se abstiveram por não se sentirem representados por nenhum dos contendores – não pode ser creditada somente aos predicados do senador Aécio Neves, mas à rejeição à forma e ao conteúdo do governo do PT, e ao desejo de mudanças profundas na condução da nossa coisa pública.
 Mudanças essas sintetizadas num excelente documento difundido a mancheias durante o período eleitoral pelo Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, e apresentando ideias como a defesa da vida humana inocente desde a fecundação até a morte natural, isto é, o rechaço à legalização do aborto, da eutanásia e das drogas.
E o documento vai além, ao defender a família como Deus a fez – um homem e uma mulher; ao condenar a intromissão do Estado no direito dos pais à educação dos filhos; ao reivindicar a proteção às propriedades rurais e urbanas, alvo crescente de invasões, em particular ao agronegócio, esteio de nossa economia; ao rejeitar a sovietização do Brasil através de “conselhos populares” e “movimentos sociais”.
Se o candidato da oposição recebeu votação tão expressiva, isso significa que o Brasil real, verdadeiro, autêntico e cristão anela por uma ordem de coisas superior e está pronto a defender uma ideologia não concessiva. Alguém representativo do PSDB chegou a reconhecer que os brasileiros inconformados lutam para destruir o PT, acusando-o de querer implantar o comunismo no Brasil.
Padre Manoel Nóbrega
           


Enquanto os políticos caminham para rumos que o grande público desconhece – prova disso foram as recentes declarações de Aécio Neves de que “não adianta me empurrar para a direita, pois para lá eu não vou” –, o povo brasileiro está se despertando e erguendo-se contra os descaminhos do atual governo, que vai conduzindo o país rumo ao caos.
São Jose´de Anchieta



Ao fazer a presente análise, não posso deixar de ressaltar o papel da graça sobrenatural, de modo especial a de Nossa Senhora Aparecida, que como Mãe e Rainha de todos os brasileiros quer nos salvar de queda tão desastrosa provocada por aqueles que tentam desestabilizar a Nação e conduzi-la para rumos opostos aos da sua vocação providencial.




Vejo nisso a ação profunda da evangelização conduzida por homens da têmpera de Nóbrega e Anchieta, que tudo fizeram para que o Brasil fosse inteiramente cristão. Graças que percorreram os nossos 500 anos de história e que estão hoje presentes em entidades católicas que vêm atuando no sentido de preservar a opinião pública dos erros do marxismo e da degenerescência moral. 

domingo, 9 de novembro de 2014

Ai daquele que escandalizar!

*Pe. David Francisquini



Dotada por Deus de qualidades, pendores e apetências, a natureza humana possui uma perfeição naturalmente ordenada e tendente a um fim supremo, absoluto e eterno.
Tomemos uma criança. Ela nasce constituída de corpo e alma, com ideias, desejos e sensibilidade. Que formação ela deve receber para a educação de seu caráter e de sua personalidade? 
Apesar de o Batismo apagar a nódoa do pecado original, não elimina contudo as más tendências com que toda criança nasce, tendências estas que a acompanharão até o seu último suspiro: Militia est vita hominis super terram", isto é, a vida do homem sobre a terra é uma luta (Jó, 7, 1).
De onde a necessidade imprescindível de toda criança ser educada sobretudo pelos pais, dever ao qual eles nunca deveriam furtar-se.
Analisando-se uma criança, vê-se que sua principal tendência está voltada para Deus, que ao criá-la dotou-a com o senso do “ser”, o qual a faz confusamente sentir que, embora única, ela não se encontra sozinha no universo, onde existem outros seres que lhe são semelhantes, a começar pelos pais. 
Portanto, se ela e todas as coisas existem, haverá um ente dotado de perfeições infinitas – Deus – que é a razão de sua existência e de cuja glória participam todos os seres criados.
Mesmo sem fazer esses silogismos, a criança possui uma ideia de Deus, porque todo ser tem unidade, bondade, beleza e verdade. 
Se Deus assim criou os homens, o que faria o inimigo de Deus – o demônio e seus
sequazes – para truncar os planos divinos? Procurará circundá-los de contradições, incertezas, instabilidades, egoísmos, ideias de fruição. E na criança, sem jogo de palavras, procurará trincar o cristal límpido da inocência primaveril, através do qual ela contempla e ama a Deus nas coisas boas, verdadeiras e belas. 
Procurará ainda colocar no seu próprio ser, no íntimo que a governa, com vistas a impedi-la de atingir o fim para o qual foi criada, a aflição, a torcida, os caprichos, as intemperanças, enfim a desordem. Para quê? Para que ela renegue a sabedoria divina fechando sua alma para a contemplação; para que não possa admirar, por exemplo, a beleza de uma planta, de um pássaro, de um rio cristalino, de um magnífico pôr do sol, e de relacionar isto com a outra vida que é eterna.
A criança quando chora é porque sente falta de algo; quando ri é porque está feliz, seja pela presença da mãe, seja pelo carinho do pai ou pela aproximação de seus irmãozinhos. Assim ela se desenvolve em todo o seu processo humano, tal como se observa numa semente que desabrocha, cresce, produz flores e frutos. Essa maturação se dá no sadio, reto e virtuoso processo humano de uma criança.
Mas ai daquele que escandalizá-la! Melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e se submergisse nas profundezas do mar.

O que me motiva escrever estas linhas é a minha indignação diante da escandalosa quantidade de livrinhos da rede pública de ensino para a (de)formação das crianças brasileiras, desde o maternal, passando pelo jardim de infância e continuando mais além, estimulando-as à fruição de sensações, de experiências desconhecidas do mundo infantil, numa palavra, habituando-as desde a mais tenra idade ao mundo da prostituição, ao mundo todo posto no pecado, conforme ensinou Nosso Senhor.
Seria este um conúbio espúrio do demônio com o governo do PT para implodir a família enquanto instituição, não permitindo que os pais eduquem seus filhos no caminho do bem, do verdadeiro e do belo, mas obrigando-os, pelo contrário, a fazê-los percorrer um caminho inverso ao desejado pelo Divino Salvador quando disse “deixai vir a Mim as criancinhas, porque delas é o Reino dos Céus”? E, em outra ocasião, “ai daquele que escandalizar um destes pequeninos”?