*Pe.
David Francisquini
Bem
diferente de hoje era a atmosfera que circundava o Natal de outrora, quando a
maioria das pessoas ainda abria a porta de suas almas – que só podem ser
abertas pelo lado de dentro – para as graças próprias às comemorações do
Nascimento d’Aquele que veio a Terra para que fosse inaugurado o Reino da
bondade, do perdão, da misericórdia e da clemência.
Graças
que transcendiam o próprio ser e que se difundiam nos corações das pessoas o sentimento
da esperança e da certeza. Em sua unção, elas inundavam os ambientes com
louçania arrebatadora, razão pela qual todos, adultos e crianças, pressurosos, aguardassem
a Noite Feliz que nos deu tão grande Redentor.
O
fechamento das almas se deu em detrimento do espírito cristão radicado nas
virtudes teologais da fé, esperança e caridade; bem como nas virtudes cardeais
da prudência, justiça, fortaleza e temperança. Tais virtudes debilitadas ou
mesmo extintas geraram desequilíbrios na psicologia dos homens, tornando-os
insensíveis às graças de bem estar e de benquerença.
Não
se levanta mais o incenso da oração; na sociedade, o trato cavalheiresco foi
substituído pela vulgaridade; a solenidade requintada e a elevação de alma
passaram a ser rejeitadas, pois não há mais caridade cristã, espelho do amor de
Deus trazido por Jesus Menino. Enrijecido, o homem não sabe mais o que representa
o Natal. Sem dúvida, isso decorre do desfazimento da família.
Para
ele, o que interessa é a fruição do momento, a avidez dos lucros, a sofreguidão
dos prazeres, a intemperança em fruir o ambiente e as circunstâncias que o
mundo neopagão oferece. No presépio, o Menino Jesus quase não é visitado. Passa-se
hoje de certo modo o que se passou com Herodes quando os Reis Magos lhe
perguntaram onde havia nascido o rei de Judá...
Se
os homens de fé foram vítimas de um processo diabólico de transformação até se
tornarem ateus práticos, tal processo ainda não atingiu o seu fim último. Com
efeito, o demônio não esmorecerá enquanto não extinguir na sua faina inútil de
destruir o que resta de cristão na face da terra. Há sinais espantosos desse
ódio que ronda o Menino do presépio.
Basta
ver, ouvir ou ler matérias de nossa mídia para constatar a animosidade da
perseguição aos cristãos do Oriente Médio, sendo eles perseguidos, massacrados,
mutilados, despojados de seus bens e até da própria vida. No Ocidente, essa perseguição
se dá por meio de leis que visam implantar um estado de coisas oposto aos
ensinamentos do Evangelho. Dói dizê-lo, mas sob o silêncio quase total dos
Pastores...
De
passagem, citemos o fanatismo de muitos no anseio infrene de impor uma
legislação abortista; estes mesmos fanáticos querem implantar o pseudo-casamento
homossexual, a legalização da prostituição, a liberação das drogas, a eutanásia
e tudo mais que vá diretamente se opor à doutrina e à Lei de Nosso Senhor Jesus
Cristo e da Santa Igreja.
Por
exemplo, a educação das crianças pelas mãos do Estado moderno com suas nefastas
consequências. A propósito, são oportunas as palavras do Profeta Jeremias referidas
por São Mateus: “Uma voz se ouviu em Ramá, grandes prantos e lamentações:
Raquel chora seus filhos e não pode se consolar, pois eles já não existem”.
De
acordo com São Jerônimo e São João Crisóstomo, os evangelistas e os apóstolos
quiseram expressar como hebreus que eram em sua própria língua, o que continha
no texto hebreu. A palavra Ramá quer dizer “voz que foi ouvida no alto, de
muito longe”, esta voz se referia à morte dos inocentes que se ouvia nas
alturas.
Isto
se aplica aos nossos dias em que a verdadeira Igreja Católica, Apostólica,
Romana – quase sucumbida pelas dores que os seus próprios membros vêm lhe
causando – mas como Mãe ela chora e lamenta a dores infligidas a seus filhos. Usquequo, Domine! Até quando, Senhor?
Um comentário:
O Revmo Pe David tem toda razão ao dizer que por detrás de tudo o que passa a humanidade de negativo no momento tem as digitais de muitos, talvez da maioria dos pastores - omissos ou coniventes com o mal - o que relembra:
"Os seus atalaias são cegos, nada sabem; todos são cães mudos, não podem ladrar; sonhadores preguiçosos, gostam de dormir". Is 56,10.
Vejamos o caso Brasil, por ex, mesmo noutros países idem ex cristãos, sucedendo: os eleitores "católicos" instalaram com ajuda de esquerdistas religiosos os comunistas no poder - serviçais de Satã - arquiinimigos de Cristo e de sua Igreja, impondo suas iniquas leis que são acompanhadas de um caudal de injustiças gerais, e muitos sacerdotes silentes como se tudo estivesse normal, inclusive nada citam nas homilias acerca da caótica situação daqui.
Na net, as referencias adversas são exclusivamente da 1/2 dúzia de sempre!
Nas homilias nas paroquias, salvo engano, nunca ouvi acerca desse assunto; ao contrario, como hoje, de apoio à eco-humanista CNBB que mais se parece sucursal do PT por nunca o combater, idem da vermelha TL, que ainda promove sua agenda coligada a outros esquerdistas, como a marxista TL, CUT, MST, UNE, CONTAG etc. e sindicatos, todos comunistas, na coleta de assinaturas para "Reforma Política e Eleições Limpas"...
Os comunistas apreciam é limpar os opositores com a foice de sua bandeira vermelha, nisso sim, são mestres!
Aliás, a CNBB ainda esvaziou a S Quaresma da inadiável conversão pessoal para o niilismo humanista, que no fundo é atender a resolução maçônica do modernismo que se declinou em múltiplas facetas: do subjetivismo, individualismo, eco-humanismo, racionalismo, naturalismo, protestantismo, liberalismo, relativismo, utopismo, socialismo, feminismo, homossexualismo etc., sendo a meta final emancipar-se da ordem objetiva para um projeto insano que almeja criar uma civilização que, depois de haver expulsado o Senhor Deus da sociedade, se fundirá apenas no livre arbítrio soberano do novo deus-homem "liberto", sufocarem-no no relativismo total e o submergirem na conclusão da maçonaria da Rev. Francesa em seu princípio fundamental da religião humanista e maçônica de 1789: “Ninguém deve ser inquietado por suas opiniões, inclusive religiosas”, e depois - será tarde - caiu sob um governo globalista fortemente opressor, materialista e auto idólatra.
(Declaração dos direitos do homem e do cidadão, artigo X).
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