Ela te esmagará a cabeça
No dia 8 de
dezembro celebramos a tradicional festa da Imaculada Conceição de Maria, a Mãe
de Deus, tendo Ela concebido por obra do Espírito Santo o Filho de Deus feito
homem, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Os méritos de seu futuro Filho
foram aplicados à Mãe antes mesmo de Ela O conceber e, por conseguinte, sem a nódoa
do pecado original.
Em sua onipotência,
Deus fez o homem do limo da terra, dando-lhe alma imortal. A partir deste fez a
mulher, colocando sobre este primeiro casal toda a Sua predileção. E, para mais
bem nobilitar a raça humana, quis participar dela pela Encarnação no ventre
puríssimo de Maria. Coroou, assim, a obra da criação.
Como sabemos,
esse primeiro casal foi infiel e não correspondeu aos planos do Criador. Mas
nos Seus divinos e soberanos decretos, revelou Deus que dessa raça pecadora
viria o futuro Salvador. Sua Mãe seria uma pedra de contradição que, como um
terrível exército em ordem de batalha, esmagaria a cabeça da serpente infernal.
“Porei inimizade entre ti e a Mulher, entre a
tua descendência e a descendência d’Ela e Ela te esmagará a cabeça, e tu
armarás traições ao Seu calcanhar.” Luta posta pelo próprio Deus, que a vem
sustentando entre a raça bendita da Mulher e a raça maldita de satanás, entre
os que são de Deus e os que são do demônio.
Luta que vem
se avolumando no decorrer dos séculos. Nossa Senhora terça armas sem cessar com
o demônio e seus sequazes. Sua vitória é garantida pelo próprio Deus, que A fez
seu lugar-tenente na guerra contra o pecado, o demônio, o mundo enganador e a
carne corrompida. Em Fátima, Ela mesma nos prometeu: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”.
Afinal,
“quem é esta que surge como a aurora‚
bela como a lua‚ brilhante como o sol‚ temível como um exército em ordem de
batalha?” (Cant 6‚ 8-10). Ao criar Maria, Deus onipotente A isentou da
mácula original e fez n’Ela grandes maravilhas. Aquele que fez o Céu e a Terra
resgatou da culpa da raça humana Aquela que seria a Mãe do Salvador livrando-a
da culpa original.
A Virgem Mãe
de Deus está acima de todas as mulheres por ter virginalmente engendrado Aquele
que os céus não podem conter. Eis a razão por que, ao criar Maria, Deus quis
aplicar por antecipação os méritos de Cristo na Cruz, afastando d’Ela o pecado universal
que maculara a raça humana. Só assim o Salvador poderia redimir os homens do pecado
original.
Ao louvar
Maria, o Anjo Gabriel diz: “Ave, oh cheia
de graça!”. Como poderia ele dizer “plena de graça” se o pecado A tivesse
maculado? Jamais! Em Maria nada falta. Deus A fez segundo os arcanos divinos A
haviam concebido desde toda eternidade para ser a Mãe de Jesus Cristo, a
segunda Pessoa da Santíssima Trindade.
Ao oferecer os
elementos de uma nova vida, a mulher é instrumento na mão de Deus. É Deus
criando através dela. Assim também se dá com Maria ao gerar Nosso Senhor Jesus
Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, por obra do Espírito Santo.
Não significa que
Ela tenha gerado a divindade, pois o Filho foi gerado por via intelectiva desde
toda a eternidade. Ao dar ao Filho os elementos para tornar-se homem, Maria se
tornou Mãe de Deus. Por esta razão Ela não poderia ter a nódoa do pecado original,
pois repugnaria à divindade tirar os elementos de sua humanidade de um ventre
concebido no pecado.
Jesus Cristo veio
ao mundo para destruir o cativeiro do pecado e da morte. Segundo afirmação de Santo
Agostinho, Ele obteve o cetro da rainha das virgens que O concebeu – o rei da
castidade – num seio virginal e puro onde Ele pudesse morar e dar-nos a
entender que só um corpo puro e casto pode ser o templo de Deus.
Antes
de o sol nascer e deitar seus raios, já ilumina a Terra com um belo colorido. Antes
de ser gerado e nascer, Jesus Cristo irradiou o esplendor da graça redimindo
Maria, inocentando-A da culpa original, ostentando sobre Ela os raios da mais
perfeita virtude, fazendo-A imaculada. Assim, sem mácula e com virtude perfeita
Ele, veio ao mundo para realizar Sua missão redentora.
Um comentário:
Parabéns, Pe. David. Que Nossa Senhora lhe dê longos anos de vida sacerdotal.
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