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domingo, 6 de abril de 2014


Surdos, mudos e cegos

 *Pe. David Francisquini

           Ao vir a este mundo, Jesus Cristo se revestiu do divino poder de ensinar, operar milagres e expulsar demônios. Agora na
Quaresma a Igreja propõe para reflexão dos fiéis o Evangelho em que o Filho de Deus expulsa o demônio de um homem cego e surdo-mudo, executando três milagres de uma só vez: o de fazê-lo ver, ouvir e falar.
          O Evangelho traz ensinamentos para todos os tempos. Que lição podemos tirar hoje desse prodígio? O mundo contemporâneo se nega a ouvir, falar e ver, pois grassa nele uma surdez e mudez generalizada à palavra de Deus, cujos ensinamentos não são ouvidos nem pregados.
          Enquanto o vício e o erro se desfecham na devassidão dos costumes, desviando as pessoas do ensinamento perene da Igreja, Ela mostra que Cristo é o caminho, a verdade e a vida.  Ao realizar o tríplice milagre, nosso Salvador concorreu para que através dos séculos muitos cressem nos seus divinos preceitos e os aceitassem.
          Enquanto a multidão rendia glória a Deus por milagre
 
tão sublime, escribas e fariseus se empenhavam em não reconhecê-lo, atribuindo o prodígio a Belzebu. A contradição – um demônio contrapondo outro – foi aproveitada por Nosso Senhor em sua réplica: “Todo reino dividido perecerá”. 
        Em que pese a crise instalada na Igreja, o seu reino e a sua fé inabalável e indivisível subsistirão sempre nesta terra de exílio, onde haverá uma luta perpétua entre o bem e o mal, entre a verdade e o erro, entre luz e as trevas, luta que durará até a consumação dos séculos, pois que foi colocada pelo próprio Deus.
          Nosso Senhor revidou os inimigos ao afirmar que não era pelo poder do demônio que Ele expulsava demônios, mas pelo dedo de Deus. Ele se referiu ao Espírito Santo, pois Jesus lia e perscrutava os pensamentos daqueles fariseus e respondia às objeções que estavam no segredo de seus corações. Caso Nosso Senhor tivesse recorrido às Escrituras, eles não teriam prestado atenção. De onde a comparação entre cidades e reinos, pois é grande a união dos súditos em torno de reinos e casas.
         No mundo atual se propaga uma crise avassaladora, crise de fé com suas múltiplas consequências: crise da família, da sociedade, da propriedade, das instituições, dos valores, dos costumes, e até dos hábitos. Como um grande incêndio, tal crise invade todos os segmentos do corpo social, chegando mesmo a ser generalizada e constante, rumo ao caos. E isso só pode ser obra do demônio e de seus satélites.
       Ao expulsar o demônio daquele homem, Jesus quis nos ensinar acerca do poder conferido à Sua Igreja, o de anunciar o Evangelho. Ele não apenas expulsou aquele demônio, mas conquistou méritos infinitos para a Igreja com a Sua paixão e morte.
       Segundo a narração do Evangelho, depois de expulso o demônio andou por lugares secos e áridos; e não podendo voltar para aquele homem, pois sua alma estava ornada e limpa, tomou então sete espíritos piores para a ele retornar, tornando-o pior do que antes. Assim acontecerá com esta geração perversa e má.
        Atualmente presenciamos a apostasia do mundo ocidental. O que aconteceu com o povo judeu ao rejeitar o Salvador repete-se hoje com o abandono da Igreja verdadeira por parte não apenas dos fiéis, mas de muitos de seus pastores.
         Assistimos a uma verdadeira paixão da Igreja, a qual já teria perecido se não fosse imortal. Assim como Jesus foi condenado à morte, morrem hábitos, costumes e modos de ser que marcaram o mundo outrora cristão e civilizado. Mas a Igreja não morrerá, pois temos a promessa de que as portas do inferno não prevalecerão.

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