Não sabemos o dia nem a hora
*Padre David Francisquini
A vigilância como
virtude necessária para a conquista do Reino do Céu está contida na lição do
Divino Mestre sobre o chefe de família que não sabe a hora em que virá o
ladrão. O fiel cristão deve, pois, estar sempre vigilante em relação aos
inimigos que o cercam, pois nunca sabe quem o espreita, nem quando será
atacado.
E o inimigo está com
frequência nos lugares menos imagináveis. Com efeito, infelizmente, como se
tornou comum vê-lo – muitas vezes com naturalidade e indiferença – nos verdadeiros
absurdos que acontecem nos templos sagrados, nas celebrações litúrgicas, onde Nosso
Senhor é tratado indevidamente na recepção da Eucaristia.
Além da ofensa a Ele,
esse estado de espírito displicente acaba por abalar a fé e a devoção na
presença real de Jesus Cristo Eucarístico. Temos ainda a brutalidade e o ódio
contra o sublime Sacramento instituído por Jesus Cristo, verdadeiras
profanações dos lugares santos.
– Não constituiriam
um desdobramento sinistro do que neles ocorre no dia a dia? Para avaliarmos a sua
gravidade, recorramos rapidamente à explicação dada por Orígenes, um dos grandes
teólogos do início do cristianismo, às palavras do Evangelho.
Ele nos ensina que o
pai de família representa o entendimento do homem; sua casa, a sua própria
alma; e o ladrão, o demônio. Esse inimigo se utiliza de discursos lisonjeiros,
eivados de falsidades, mentiras e traições para iludir os corações, perverter-lhes
o entendimento, saquear suas energias e abalar suas convicções.
O ladrão vem e mina a
casa, pois o pai de família dorme sem o cuidado de guardá-la. Em seguida, mata-o
sem resistência, pois o surpreendeu dormindo, em vez de vigilante, que deveria ser
a sua atitude habitual. O estado generalizado de indolência e torpor das almas
torna o terreno propício a todo tipo de profanação.
Profanação do Santíssimo Sacramento |
Circulam pela
internet pequenas filmagens com exemplos do que vem ocorrendo em muitas igrejas,
ou seja, de pessoas que entram na fila de comunhão, recebem a hóstia na mão e
não a consome... Lembro-me a propósito de uma notícia proveniente da histórica
cidade de Trento, no norte da Itália, em que um comungante ao receber do
celebrante a hóstia na mão, partiu-a e deu metade para seu cachorro que o
acompanhava na igreja. Em outra ocasião,
um gato subiu ao altar, na hora da comunhão, e passou a comer as partículas
consagradas.
Notícias assim nos
deixam estupefatos! Não há por trás de tudo isso uma rota do crime do sacrilégio
e da profanação investindo contra o que há de mais sagrado em nossas igrejas,
que é o Santíssimo Sacramento? Sacrários são destruídos ou jogados nas ruas com
as hóstias; estas são também roubadas, incendiadas, lançadas ao chão ou em
rios; vestes e objetos litúrgicos profanados; altares quebrados, imagens
destruídas...
Profanação de imagens |
Quem estaria por trás
dessas manifestações furiosas de ódio contra Aquele que está verdadeiramente
presente na Sagrada Eucaristia sob as espécies de pão e vinho? Sem dúvida,
satanás, por meio de seus sequazes, pois a fúria é verdadeiramente satânica.
O mesmo ódio que
levou Jesus Cristo a ser condenado e conduzido ao alto do Calvário se repete em
nossos dias com as profanações dos sacrários de nossas igrejas. O sacrilégio
constitui uma cacofonia sinistra que reverbera nas profundezas infernais, pois tanto
ódio só pode provir do demônio, o eterno derrotado.
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