“Quem vos ouve, a mim me ouve”
Padre
David Francisquini*
Um
estupro seguido de aborto provocado em uma criança de 10 anos vem pronto e
emoldurado para chocar a opinião pública. Se por um lado o fato é chocante e
odioso, de outro foi entregue na bandeja aos despiedados abortistas para que
façam avançar a sua agenda sanguinária.
O
presidente da Câmara, Rodrigo Maia, classifica de “ilegal” e “absurda” a
Portaria do Ministério da Saúde, editada recentemente, segundo a qual alterar
as normas da realização do ‘aborto legal’ nos casos de estupro é
incompreensível.
O
referido dispositivo governamental do dia 28 de agosto último determina que a
equipe médica seja obrigada a notificar à polícia os casos de acolhimentos com
indícios ou confirmação do crime de estupro e que seja oferecida à vítima
visualização do feto por meio de ultrassonografia [foto acima].
Maia
afirma que tal medida interfere na legislação sobre o aborto por estupro ou por
anencefalia. Mais. A legislação brasileira permite o aborto além desses casos,
ainda quando a mãe corre risco de morte. Ele exige que o governo revogue a
Portaria, pois, caso contrário, diz ter votos suficientes contra a medida, ou
ainda, recorrerá ao STF.
A
decisão do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi tomada em meio à repercussão
do caso da menina que se engravidou de um tio monstruoso. Sobre a questão,
cingiremos ao que recomenda os livros inspirados, aos quais devemos obedecer.
Declarações como a de Maia não passam de uma perversidade. Como matar uma
criança inocente e indefesa no ventre materno?
O
Senhor dá o castigo a quem faz o mal segundo a sua malícia. O sangue do
inocente cai sobre sua cabeça e sobre essa casa e sobre a sua descendência por
semelhante ato. O Rei Davi diz a Joab, após este matar traiçoeiramente Abner,
que não falte na casa dele quem padeça de blenorragia, quem seja leproso, quem
pegue no bordão, quem seja morto a espada e quem esteja privado de pão.
Forte?
Quem pratica ato tão ignominioso atrai sobre si e sobre os seus os castigos de
Deus, pois se trata de um pecado que brada a Deus por vingança. Ele, por ser
autor da Lei Maior, é infinitamente mais rigoroso em relação aos infratores
dela — como os que atentam contra um inocente no ventre materno, santuário tão
violado hoje por quem deveria defendê-lo.
Como
um assassino desses poderá ter paz de consciência? A Escritura Sagrada traz
preciosas e indispensáveis lições para a vida. Diante da desobediência de Saul
às ordens de Deus, Samuel afirmou que vale muito mais a obediência às ordens
divinas do que oferecer vítimas e sacrifícios. A desobediência é como o pecado
de magia, não se submeter à Lei de Deus é como o crime de idolatria.
Não
existem leis humanas capazes de revogar as leis divinas. Se Deus determinou que
não é lícito derramar o sangue inocente, por constituir um grave pecado, não há
autoridade na Terra que possa obrigar alguém a fazer o mal, pois vale mais
obedecer a Deus do que aos homens.
Samuel
foi firme diante de um rei que não teve escrúpulo em transgredir a ordem do
Senhor e as suas palavras. Ele não aceitou justificativas nem explicações, pois
a palavra do Senhor é sagrada. Honra o Senhor e O adora por meio da obediência
às suas determinações e às suas leis.
Qual
o crime que uma criança inocente poderia ter cometido no ventre materno para ser
ali trucidada? Como a iniquidade de um ato jamais se expia com vítimas nem
oferendas, a mão do Senhor descarrega pesadamente sobre quem a praticou e
pratica.
“Raças
de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que vos ameaça? Fazei, portanto, os
frutos dignos de penitência, e não comeceis a dizer: ‘Temos Abraão por pai’,
porque eu vos digo que Deus é poderoso para suscitar dessas pedras filhos de
Abraão.
“O
machado já está posto à raiz das árvores. E toda árvore que não der fruto bom
será cortada e lançada ao fogo”. (Lc 3, 9) Não façais violência a ninguém,
nem denuncieis falsamente e contenteis com os vossos soldos. Lc 3, 7-14) “Digo-vos:
naqueles dias haverá um tratamento menos rigoroso para Sodoma. Ai de ti,
Corozaim! Ai de ti, Betsaida!
“Porque,
se em Tiro e Sidônia tivessem sido feitos os prodígios que foram realizados em
vosso meio, há muito tempo teriam feito penitência, cobrindo-se de saco e
cinza. Por isso, haverá no dia do juízo menos rigor para Tiro e Sidônia do que
para vós.
“E
tu, Cafarnaum, que te elevas até o céu, serás precipitada até aos infernos.
Quem vos ouve a mim ouve; e quem vos rejeita a mim rejeita; e quem me rejeita,
rejeita aquele que me enviou” (Lc 10, 12-16).
* Sacerdote da Igreja do
Imaculado Coração de Maria – Cardoso Moreira (RJ).
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