(*)Pe. David Francisquini
Imaginemos uma família que se inicia com um admirável e promissor casamento diante de um sacerdote que lhes deu formação necessária para bem compreender a nobreza que tal aliança encerra. Com tal perspectiva, uma nova existência começa cheia de esperança à busca da vida virtuosa em comum, de acordo com os ensinamentos da Igreja.
A boa índole do casal os leva a conceber prole numerosa com boa formação moral e religiosa, filhos de caráter que possam honrar com seus predicados os seus pais. E depois de uma vida de dedicação mútua, de trabalhos, de dedicação – numa palavra – de uma vida fecunda aqui na Terra, se reuniriam no Céu juntos ao trono de Deus.
Com o passar do tempo, sob a pressão do ambiente que o envolve, e do mau exemplo proveniente das classes dirigentes que deveriam ser modelo para as demais, o casal percebeu que a situação atual se encontra nos antípodas de suas mais legítimas aspirações, e que a batalha para atingir sua meta será sobre-humana.
Seus filhos se vêem cercados pela imoralidade e violência nos programas televisivos, pelos shows que propagam as drogas e os maus costumes, por doutrinas revolucionárias que eclodem daqui, de lá e de acolá através da mídia e até mesmo dos livros adotados em nossas escolas. Onde os filhos deveriam se formar para mais bem servir a Deus e a sociedade campeiam os maus exemplos.
Incoercível, tal avalanche inunda seu lar, e aos poucos os filhos começam a mudar. Já não desejam o convívio aconchegante do lar, e preferem a rua. Passam a contestar as ordens paternas na hora de ir para a Igreja, fazendo “corpo mole” no momento das orações, pois se sentem como que entediados das coisas de Deus. Cada vez mais exigentes, eles são intolerantes e cheios de capricho.
Parecem querer ocupar o lugar dos pais. Não aceitam mais usar as roupas de acordo com a modéstia cristã e com os padrões de bom gosto, mas se sujeitam “voluntariamente” à ditadura da moda, vestindo o uniforme atual do jeans desbotado e esfiapado. Os mais rebelados usam cortes de cabelo extravagantes, brincos, piercings e tatuagens.
Para infelicidade dos pais e dos bons educadores, as leis vigentes favorecem de maneira brutal o ambiente de rebelião à ordem constituída, substituindo-a pela anarquia generalizada. Nas escolas, as crianças começam já em tenra idade a ser iniciadas para a vida sem “tabus” através das aulas da assim chamada educação sexual, que as ensinam as piores depravações sob a capa de normalidade.
Como estudioso e diretor de almas, afirmo que tal situação não começou da noite para o dia e que ela não atinge apenas o Brasil. A crise que assola nossa civilização vem do Renascimento, passando pelo protestantismo, Revolução Francesa, comunismo e, agora com a revolução cultural que apregoa a quebra de todos os valores da família, da religião e da propriedade particular.
Trata-se de uma crise profunda e sem precedentes que tem como mola propulsora os vícios do orgulho e da sensualidade, e atinge todos os campos da vida humana, como escreveu o ilustre pensador católico, o Professor Plínio Correa de Oliveira, em seu livro “Revolução e Contra-Revolução”.
Em próximo artigo, pretendo continuar analisando essa candente situação que vem causando justa preocupação não apenas aos zelosos pais que amam e temem a Deus, mas a todos aqueles que procuram zelar pela maravilhosa ordem criada e desejada pelo Criador para propiciar aos seus filhos a eterna felicidade.