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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Liturgicamente o Natal termina oficialmente quando se celebra a Apresentação do Menino Jesus no Templo e a purificação de Nossa Senhora, no dia 02 de fevereiro ao benzer as velas de cera. É por essa razão que postamos mais um artigo a respeito da chegada dos Reis Magos até Belém. Assim terminamos as considerações deste tempo sagrado e benfazejo à piedade cristã.

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Luz que Herodes não contempla

                                                                                               Pe. David Francisquini


Encerrávamos o nosso recente artigo sobre o Natal com representantes de todas as nações da terra aos pés do Menino-Deus recostado numa manjedoura, envolto em panos pobres e rotos. A brilhante estrela que dissipou a neblina que envolvia todo o orbe guiou os Reis Magos – Melchior, Gaspar e Baltazar – até o presépio, onde, prostrados, ofereceram ao Rei dos reis ouro, incenso e mirra. 
Com os Magos veio um numeroso séquito para prestar homenagem ao Deus feito homem. Quanto à origem desses reis, consta que fossem descendentes de Balaão, aquele que profetizou que de Jacó nasceria uma estrela. O fato de chegarem treze dias depois do nascimento do Menino Jesus torna plausível a hipótese de que fossem da região fronteiriça com a Judéia.
Em seu ato de adoração, os Reis Magos Lhe ofereceram ouro em reconhecimento de Sua realeza e esplendor; incenso que com o seu crepitar e bom odor se eleva aos céus, símbolo da oração e devotamento; e mirra, em reconhecimento ao sacrifício da Redenção e do novo Sacerdócio que Ele veio instituir segundo a ordem de Melquisedec.
Com efeito, esses Reis vieram com pompa e majestade, para testemunhar a nobreza e grandeza do Menino que acabara de nascer em Belém de Judá. Guiou-os a estrela não porque esta influencia a vida humana, mas porque Jesus nasceu e é a origem dessa estrela que ilumina os céus no Oriente, cobrindo a terra inteira com a sua luz.
Enquanto os anjos anunciaram aos pastores o Natal de Cristo, a estrela O anunciava aos Magos, pois eles não tinham profetas como o povo eleito, e os céus têm linguagens diferentes para uns e outros povos. O surgimento da estrela foi ensejo de grande alegria para os gentios, pois eles viram nela a relação existente entre o Criador e seu Filho que se fez homem.
Se a estrela foi o caminho, o caminho é Cristo, pois, pelo mistério de sua encarnação, Cristo é nossa estrela, astro brilhante das manhãs que Herodes não contempla, e que volta aparecer aos Magos para indicar o caminho que os levava ao Salvador. Pode igualmente significar a graça de Deus e aquele que, pelo pecado, como Herodes se deixa sujeitar ao império de satanás e perde a esta graça.
A estrela é a fé iluminando nossas almas e conduzindo-nos a Cristo. No momento em que os Magos foram pedir conselhos aos judeus, eles se haviam privado da verdadeira luz da verdade que é Cristo. Ao encontrá-la de novo brilhando no céu, eles seguem até Belém e ali encontram Maria com o Menino, ao qual prestaram homenagens como Deus, Sacerdote e Salvador.
Se Maria nos trouxe o Divino Pontífice que ofereceu a Deus reparação perfeita, é Ela ainda que nos dá Cristo Jesus para reinar em nossos corações. Não podemos encontrar Jesus sem Maria nem Maria sem Jesus. Seria como um pássaro sem asas que quisesse levantar vôo. Maria, como medianeira de todas as graças, exerce o papel de asas que nos levam a Cristo.

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Rompendo o silêncio dos indiferentes


                                                                                                     Pe. David Francisquini


Proclama o livro da Sabedoria: Quando um silêncio profundo en­volvia todas as coisas e a noite ia a meio do seu curso, então, a tua palavra onipotente desceu do céu e do trono real e, como um implacável guerreiro, lançou-se para o meio da terra condenada à ruína, trazendo, como espada afiada, o teu irrevogável decreto”.
Há pouco mais de 2.000 anos, um edito de César Augusto convocava um recenseamento de toda a terra. Naquele tempo, os recenseadores não iam, como hoje, de casa em casa interrogando as pessoas. Todos eram obrigados a se dirigir para tal fim à sua cidade de origem. Foi por esta razão que José – por ser da Casa e linhagem de David –, deixando Nazaré, na Galiléia, se dirigiu a Belém, na Judéia, a fim de se recensear com Maria, sua esposa.
O recenseamento concorreu para romper o silêncio e a rotina daquela cidade não muito distante de Jerusalém. Suas ruas, praças e hospedarias se encontravam cheias, num vai-e-vem contínuo de pessoas. Familiares, amigos, e mesmo estranhos se cumprimentavam e falavam dos pequenos acontecimentos de que se compunha a vida miúda daquela gente. Disso resultava um vozerio proporcional ao movimento da multidão, mas o suficiente para turbar os costumes da pequena Belém de Judá.
Foi em meio àquela balbúrdia que chegou São José, puxando um burrico sobre o qual se encontrava sua esposa, que estava grávida. Ninguém percebeu, sequer pôde entrever que o claustro virginal de Maria encerrava o Deus encarnado, “Aquele a quem nem o Céu nem a Terra podia conter”, prestes a vir ao mundo. José procurou por toda cidade um lugar onde pudesse nascer o Redentor: casas de parentes, hospedarias, casas particulares. Todas as portas se fecharam para ele e sua esposa.
Ou seja, o Redentor não encontrou abrigo onde pudesse vir à luz do mundo. São João escreveu que a Vida estava n’Ele, e esta Vida é a luz dos homens. É a luz que brilha nas trevas e as trevas não puderam envolvê-Lo. O verbo era Luz verdadeira que ilumina a todo homem que vem a este mundo. Ele estava no mundo, neste mundo que Deus criou por meio d’Ele, e o mundo não O quis reconhecer. Ele veio habitar entre os seus e os seus não O quiseram receber.
Cenário triste que se repete, ano após ano, nas celebrações do Nascimento do Redentor. Na verdade, tudo deveria parar a fim de ceder lugar, com todo o requinte possível, às celebrações d’Aquele que é a Luz do mundo. Afinal, Ele nos traz as melhores recordações de alegria, de paz, de harmonia e bem-estar. Natal do Menino Jesus em Belém de Judá. Natal em que a Terra inteira cobre de alvura para festejar o Inocente por excelência.
Não tendo São José e Nossa Senhora encontrado lugar no casario de Belém, foram se recolher junto à manjedoura, numa gruta que servia de abrigo aos animais. Foi ali que se deu o Natal do Menino-Deus, anunciado pelas vozes angélicas que ecoaram pelos campos e despertaram os pastores: “Glória a Deus nas Alturas e paz na terra aos homens de boa vontade!”. Nascido num campo como lírio perfumado, o Menino-Deus reuniu em torno de Si todas as classes, de reis a pastores. 
A natureza toda se sente embevecida e elevada porque um Deus que é o criador de todas as coisas e que governa todo o universo tornou-Se criatura sem deixar de ser eterno e imutável.
Quem não se sente comovido contemplando uma criança tão elegante, terna e frágil, que sob o olhar enlevado e compassivo de sua Mãe e de São José, jazia com seus bracinhos estendidos numa manjedoura, assumindo profeticamente a posição que 33 anos depois assumiria ao morrer pregada na Cruz para a salvação da humanidade pecadora?

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Onde nasce a Luz, ali nasce a Fé

                                                                    *Pe. David Francisquini


Ao considerarmos a Gruta de Belém, não podemos deixar de perceber a união tão íntima entre Jesus e Maria. Ele enquanto Deus deu a vida a Maria, e Maria enquanto Mãe deu a vida a Jesus. Se Jesus Cristo se fez homem, o fez por Maria, escolhida por Ele para ser sua Mãe.
Como não se pode separar a luz e o calor do sol, assim também não se pode separar Jesus de sua celestial Mãe. No Presépio, ao receber a visita dos pastores de Belém, o Menino-Deus encontrava-se reclinado, envolto em panos, sob o olhar enlevado de Maria e José.
Os Reis Magos O encontraram sentado nos braços de Maria, um trono seguro e sem mácula.  Consumado o milagroso parto, veio à luz o Homem-Deus naquele presépio, pois não havia lugar para Ele em Belém. O Rei dos reis, nas dimensões de terna criança, estava nos braços de Maria e se alimentava de seu leite.
O Evangelho descreve o natal de Jesus, Belém de Judá – cidade de José e Maria, pertencentes à linhagem de David – e os dias de Herodes. Ao narrar sobre este último, quis assinalar que além de não pertencer à dinastia real de David, ele era um rei intruso, despótico e cruel.
O maior acontecimento da História havia se cumprido conforme a profecia de Daniel, depois das setenta semanas de anos acabados. Enquanto a nação Judaica era governada por Reis legítimos, Deus enviava Profetas para sanar os males que se acumulavam sobre o povo escolhido.
Lemos no Gênesis (49,16) que o cetro não será tirado de Judá, nem o príncipe de sua descendência, até a vinda d'Aquele que deve ser enviado – a esperança das nações. “Ele atará à vinha o Seu jumentinho e à videira, ó meu filho, a Sua jumenta. Lavará Sua túnica no vinho e Sua capa no sangue da uva. Os Seus olhos são mais formosos que o vinho, e os Seus dentes mais brancos do que o leite”.
São Mateus pergunta: “Onde está o Rei que acaba de nascer? Porque nós vimos sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo. Ao ouvir isto, o rei Herodes turbou-se, e toda Jerusalém com ele. E convocando todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Messias”.
E eles lhe disseram: em Belém de Judá, porque assim foi escrito pelo profeta: “E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá, porque de ti sairá um chefe, que apascentará Israel meu povo”.
Enquanto os pastores são israelitas, os magos são gentios, ou seja, não pertencentes à raça do povo escolhido. Mas uns e outros se aproximaram de Nosso Senhor Jesus Cristo como pedra angular do edifício novo instaurado por Jesus Cristo, a Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana.
Comenta Santo Agostinho que Jesus Cristo não quis se manifestar aos sábios e justos, mas a pastores rústicos e a representantes de povos que viviam nas trevas do paganismo ou da idolatria. Assim agiu para confundir os sábios e para que ninguém pudesse se ensoberbecer; e nem o débil desesperar-se por sua debilidade e fraqueza.
 Representando todas as nações descendentes de Noé e seguidos por grande comitiva, os Reis Magos ofereceram ao Menino-Deus ouro, incenso e mirra. Eles vieram do Oriente... No dizer de São João Crisóstomo, onde nasce a Luz, ali nasce a Fé.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011


Ela te esmagará a cabeça

                                                                                                      *Pe. David Francisquini


No dia 8 de dezembro celebramos a tradicional festa da Imaculada Conceição de Maria, a Mãe de Deus, tendo Ela concebido por obra do Espírito Santo o Filho de Deus feito homem, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Os méritos de seu futuro Filho foram aplicados à Mãe antes mesmo de Ela O conceber e, por conseguinte, sem a nódoa do pecado original.
Em sua onipotência, Deus fez o homem do limo da terra, dando-lhe alma imortal. A partir deste fez a mulher, colocando sobre este primeiro casal toda a Sua predileção. E, para mais bem nobilitar a raça humana, quis participar dela pela Encarnação no ventre puríssimo de Maria. Coroou, assim, a obra da criação.
Como sabemos, esse primeiro casal foi infiel e não correspondeu aos planos do Criador. Mas nos Seus divinos e soberanos decretos, revelou Deus que dessa raça pecadora viria o futuro Salvador. Sua Mãe seria uma pedra de contradição que, como um terrível exército em ordem de batalha, esmagaria a cabeça da serpente infernal.
Porei inimizade entre ti e a Mulher, entre a tua descendência e a descendência d’Ela e Ela te esmagará a cabeça, e tu armarás traições ao Seu calcanhar.” Luta posta pelo próprio Deus, que a vem sustentando entre a raça bendita da Mulher e a raça maldita de satanás, entre os que são de Deus e os que são do demônio.
Luta que vem se avolumando no decorrer dos séculos. Nossa Senhora terça armas sem cessar com o demônio e seus sequazes. Sua vitória é garantida pelo próprio Deus, que A fez seu lugar-tenente na guerra contra o pecado, o demônio, o mundo enganador e a carne corrompida. Em Fátima, Ela mesma nos prometeu: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”. 
            Afinal, “quem é esta que surge como a aurora‚ bela como a lua‚ brilhante como o sol‚ temível como um exército em ordem de batalha?” (Cant 6‚ 8-10). Ao criar Maria, Deus onipotente A isentou da mácula original e fez n’Ela grandes maravilhas. Aquele que fez o Céu e a Terra resgatou da culpa da raça humana Aquela que seria a Mãe do Salvador livrando-a da culpa original. 
A Virgem Mãe de Deus está acima de todas as mulheres por ter virginalmente engendrado Aquele que os céus não podem conter. Eis a razão por que, ao criar Maria, Deus quis aplicar por antecipação os méritos de Cristo na Cruz, afastando d’Ela o pecado universal que maculara a raça humana. Só assim o Salvador poderia redimir os homens do pecado original.
Ao louvar Maria, o Anjo Gabriel diz: “Ave, oh cheia de graça!”. Como poderia ele dizer “plena de graça” se o pecado A tivesse maculado? Jamais! Em Maria nada falta. Deus A fez segundo os arcanos divinos A haviam concebido desde toda eternidade para ser a Mãe de Jesus Cristo, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade.
Ao oferecer os elementos de uma nova vida, a mulher é instrumento na mão de Deus. É Deus criando através dela. Assim também se dá com Maria ao gerar Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, por obra do Espírito Santo.
Não significa que Ela tenha gerado a divindade, pois o Filho foi gerado por via intelectiva desde toda a eternidade. Ao dar ao Filho os elementos para tornar-se homem, Maria se tornou Mãe de Deus. Por esta razão Ela não poderia ter a nódoa do pecado original, pois repugnaria à divindade tirar os elementos de sua humanidade de um ventre concebido no pecado.
Jesus Cristo veio ao mundo para destruir o cativeiro do pecado e da morte. Segundo afirmação de Santo Agostinho, Ele obteve o cetro da rainha das virgens que O concebeu – o rei da castidade – num seio virginal e puro onde Ele pudesse morar e dar-nos a entender que só um corpo puro e casto pode ser o templo de Deus.
           Antes de o sol nascer e deitar seus raios, já ilumina a Terra com um belo colorido. Antes de ser gerado e nascer, Jesus Cristo irradiou o esplendor da graça redimindo Maria, inocentando-A da culpa original, ostentando sobre Ela os raios da mais perfeita virtude, fazendo-A imaculada. Assim, sem mácula e com virtude perfeita Ele, veio ao mundo para realizar Sua missão redentora.

sábado, 26 de novembro de 2011

De Deus não se zomba!


De Deus não se zomba!


                                                                                          *Padre David Francisquini


Patrocinada pelo Ministério da Saúde, a experiência da distribuição gratuita de preservativos a estudantes do Ensino Médio em quatro capitais deverá ser estendida a 400 escolas públicas de todo o Brasil através da instalação de máquinas distribuidoras. A propósito e enquanto sacerdote, eu me julgo na obrigação de dizer uma palavra sobre o assunto.

Reporto-me a um dos modelos apontados pela Santa Igreja para a edificação de seus membros, São Pedro Julião Eymard, fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento ou Sacramentinos. Como grande conhecedor de almas, ele considerou a transição da infância para a adolescência como a fase mais crítica da vida de um jovem, pois seu futuro dependerá do que ele foi nesse confronto decisivo da vida.

Ao não se deixar capitular pelos impulsos sexuais, a personalidade fica para sempre impregnada pela alegria de ter vencido aquela primeira batalha da vida. Falando certa vez para um público jovem, aquele santo francês assegurou: Se vedes em mim decisão e coragem, é porque eu soube vencer tal ímpeto da paixão e isso se expressa em minha própria voz.

         Com efeito, nada rompe mais a personalidade de um moço do que se enveredar pelo caminho tortuoso da impureza. São Paulo nos advertiu: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba. Aquilo que o homem semear, isto também colherá: aquele que semeia na sua carne, da carne colherá corrupção; mas o que semeia no espírito, colherá do espírito a vida eterna.

“Andai segundo o espírito e não satisfazei o desejo da carne. Efetivamente, a carne tem desejos contrários ao espírito e o espírito desejos contrários à carne; essas coisas são contrárias entre si para que não façais tudo aquilo que quereis... As obras da carne são manifestas: o adultério, a fornicação, a impureza, a luxúria...”.

         Existe um princípio regulador da função sexual que se obtém apenas dentro do matrimônio legítimo, pois só este proporciona o verdadeiro sentido de sua retidão moral no relacionamento homem e mulher. Não havendo tal formalidade, as relações sexuais se tornam imorais e, portanto, constituem sempre e em qualquer circunstância, pecado mortal inescusável.

Os defensores das relações pré-matrimoniais costumam alegar como obstáculos para a realização do casamento a prazo longo ou curto, as dificuldades para a obtenção de uma casa, a compra de móveis, a necessidade de conservar o amor, o desabafo do organismo, problemas de saúde, ou ainda a necessidade de maior conhecimento recíproco.

Contudo, tais alegações são feitas para abafar a própria consciência, pois como não querem ter filhos – para eles a grande tragédia da vida –, procuram eliminar todos os entraves que os impedem de se relacionarem e, ao mesmo tempo, gozarem de reputação ilibada perante a sociedade. Outra corrente quer fazer deste relacionamento uma coisa tão banal que julga ser melhor trazê-lo para a luz do dia.

Espero mostrar brevemente que os preservativos não vão solucionar os problemas dos jovens, mas agravá-los. Nosso governo, ao promover tal iniciativa, está semeando a cizânia no campo primaveril de nossa juventude. Contudo, a sociedade não tardará a colher o fruto desse infausto trabalho.


De Deus não se zomba! (II)

                                                                                         Padre David Francisquini

Ao comentar o infausto ensaio do governo brasileiro de promover a distribuição de preservativos a estudantes de Ensino Médio, mostramos que em vez de resolver o problema dos jovens, tal medida somente os agravará. Ressalto de passagem que “experiências” do gênero são sempre levadas a cabo em nome da “ciência”, a qual fica assim desvirtuada de seu sentido original, tornando-se uma palavra-talismã.

É, pois, ancorado na nova religião da “ciência e na técnica” que o Estado interfere em tudo, legisla e tenta regular a conduta do cidadão em campos nunca antes imaginados, para assim “redimir” os homens e a sociedade de todos os seus males presentes e futuros. Para citar um exemplo, lembro aos leitores a ridícula “lei da palmada”...
A propósito, acabo de ler estarrecedora notícia publicada no The Telegraph, de Londres, segundo a qual 38% da população da União Européia sofrem de distúrbios mentais e doenças cerebrais. O jornal inglês se baseia num estudo do Colégio Europeu de Neuro-psicofarmacologia. Para os estudiosos, as desordens mentais se tornam o maior desafio à saúde na Europa do século XXI.

Comentando a referida notícia, Luís Dufaur (http://www.ipco.org.br/home/) afirma que a causa desses males pode bem estar na tentativa de construir uma super-organização em bases puramente materiais que ignoram – e até hostilizam – o lado espiritual e a religião do homem. E indaga: “Não será uma das causas mais profundas desses desarranjos mentais?”.

Atentar contra os fundamentos cristãos da civilização constitui um dos maiores fatores de enlouquecimento. O pior é quando tal ataque é perpetrado metodicamente pelo Estado em nome da ciência. No caso concreto da distribuição de preservativos a estudantes, a iniciativa conta com o auxílio de pesquisadores de dois órgãos da ONU.
O cuidado com os jovens deve começar pelos pais e ser complementado pelos professores. É na juventude que se forma o caráter, o qual, por sua vez, influenciará no destino de cada um. Os pensamentos se transformarão em palavras, as palavras em atos, e estes em hábitos que formarão ou deformarão seu modo de ser.

O que nossas autoridades semearem nas escolas, a sociedade colherá no final do ciclo. A imoralidade vem ceifando mais vidas que a própria guerra e está na origem da violência, da criminalidade, do desajuste familiar e das separações; está na raiz da pior das epidemias, além de um incontável número de doenças. Através dos frutos pode-se saber se as sementes têm sido boas ou não.

Enquanto sacerdote, eu me reporto ao ensinamento da Igreja, que condena a liberação do sexo na adolescência, ou mesmo antes do matrimônio: “Bem aventurados os puros de coração porque possuirão o reino dos céus.” A união carnal só pode ser legítima quando se estabelece uma definitiva comunidade de vida entre um homem e uma mulher.

As relações sexuais pré-matrimoniais excluem, o mais das vezes, a prole e o que se apresenta como amor conjugal não pode se desenvolver como deveria, ou seja, num amor paterno e materno.

Caso eventualmente se desenvolva será em prejuízo dos filhos, que se verão privados da convivência estável da qual havia de poder realizar-se como convém e encontrar o caminho e os meios necessários para se integrarem na sociedade. (Declaração da Santa Sé nº 7).