Onde
estão os nossos pastores?
*Pe.
David Francisquini
Por instituição divina, a Igreja visa à
salvação das almas, pois o preceito de Jesus Cristo é claro: “Ide por toda parte e pregai o Evangelho,
aquele que crer e for batizado será salvo e o que não crer será condenado”.
A Igreja é católica, isto é, universal, abarca todos os povos e nações, e
haverá um só rebanho e um só pastor.
Nosso Salvador se comparou ao bom pastor que
não apenas vigia, mas que é capaz de lutar e dar a vida por suas ovelhas. Quis
Ele mesmo ser modelo vivo dos pastores que viria instituir para dar
continuidade à Sua obra, os quais devem ser vigilantes e militantes na defesa
do rebanho a eles confiado.
Exemplo de militância que a Igreja deve
sempre mostrar é o de Nosso Senhor enfrentando por três vezes a Satanás,
ensinando-nos com isso que a vida neste mundo é de luta. Outros exemplos
deixou-nos o Divino Mestre quando discutia com os escribas, os fariseus e os
doutores da Lei.
Portanto, o sacerdócio católico deve ser
militante – tônica essencial da Santa Igreja até a consumação dos séculos.
Depois do pecado de nossos primeiros pais, a luta contra as más paixões passou
a ser regra neste exílio, neste vale de lágrimas, como se reza na Salve Rainha.
Luta posta pelo próprio Deus ao decretar: “Porei inimizades entre ti e a Mulher, entre
a tua descendência e a descendência d’Ela, e Ela te esmagará a cabeça e tu
armarás ciladas ao Seu calcanhar” (Gn. 3,15). Luta que não existe apenas
agora, mas que há de recrudescer até o fim dos tempos.
Vigilância
e luta poderia bem ser o lema dos sacerdotes, pois os filhos
das trevas costumam ser mais sagazes do que os filhos da luz. Os seguidores de
Satanás não se cansam de investir contra as muralhas indefectíveis da Santa
Igreja, o que perpetuará esta luta até a fim do mundo.
Como é incessante hoje em todos os lugares e
em todas as circunstâncias a propagação do erro – quer nas tendências, nas
ideias e nos fatos – isso nos impõe, ou pelo menos deveria nos impor, não
somente uma vigilância contínua, mas uma luta sem tréguas, sob pena de trairmos
a missão sacerdotal.
Iniciativas como o aborto, a contracepção, a
identidade de gênero, o pseudo-casamento homossexual e a prostituição; a
eliminação da família, da propriedade e do pátrio poder; o interconfessionalismo
religioso e o laxismo moral – todas elas visam à completa relativização do
ensinamento de Jesus Cristo.
Meios não faltam aos propagadores do mal,
cujos erros fazem grassar através da mídia, da educação, dos divertimentos, dos
shows, das músicas que apodrecem a
moralidade e, portanto, as famílias e a vida pública. Com toda razão, os fieis
poderiam perguntar: – Onde estão os pastores?
Ao decretar que as portas do inferno não
prevaleceriam contra a Sua Igreja, Nosso Senhor sem dúvida nos confirmava na fé
e na esperança. Caso contrário, poderíamos vacilar nessas virtudes, à vista da
imobilidade de muitos pastores diante dos lobos que investem contra os seus
rebanhos.