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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
quinta-feira, 1 de janeiro de 2015
*Pe.
David Francisquini
Bem
diferente de hoje era a atmosfera que circundava o Natal de outrora, quando a
maioria das pessoas ainda abria a porta de suas almas – que só podem ser
abertas pelo lado de dentro – para as graças próprias às comemorações do
Nascimento d’Aquele que veio a Terra para que fosse inaugurado o Reino da
bondade, do perdão, da misericórdia e da clemência.
Graças
que transcendiam o próprio ser e que se difundiam nos corações das pessoas o sentimento
da esperança e da certeza. Em sua unção, elas inundavam os ambientes com
louçania arrebatadora, razão pela qual todos, adultos e crianças, pressurosos, aguardassem
a Noite Feliz que nos deu tão grande Redentor.
O
fechamento das almas se deu em detrimento do espírito cristão radicado nas
virtudes teologais da fé, esperança e caridade; bem como nas virtudes cardeais
da prudência, justiça, fortaleza e temperança. Tais virtudes debilitadas ou
mesmo extintas geraram desequilíbrios na psicologia dos homens, tornando-os
insensíveis às graças de bem estar e de benquerença.
Não
se levanta mais o incenso da oração; na sociedade, o trato cavalheiresco foi
substituído pela vulgaridade; a solenidade requintada e a elevação de alma
passaram a ser rejeitadas, pois não há mais caridade cristã, espelho do amor de
Deus trazido por Jesus Menino. Enrijecido, o homem não sabe mais o que representa
o Natal. Sem dúvida, isso decorre do desfazimento da família.
Para
ele, o que interessa é a fruição do momento, a avidez dos lucros, a sofreguidão
dos prazeres, a intemperança em fruir o ambiente e as circunstâncias que o
mundo neopagão oferece. No presépio, o Menino Jesus quase não é visitado. Passa-se
hoje de certo modo o que se passou com Herodes quando os Reis Magos lhe
perguntaram onde havia nascido o rei de Judá...
Se
os homens de fé foram vítimas de um processo diabólico de transformação até se
tornarem ateus práticos, tal processo ainda não atingiu o seu fim último. Com
efeito, o demônio não esmorecerá enquanto não extinguir na sua faina inútil de
destruir o que resta de cristão na face da terra. Há sinais espantosos desse
ódio que ronda o Menino do presépio.
Basta
ver, ouvir ou ler matérias de nossa mídia para constatar a animosidade da
perseguição aos cristãos do Oriente Médio, sendo eles perseguidos, massacrados,
mutilados, despojados de seus bens e até da própria vida. No Ocidente, essa perseguição
se dá por meio de leis que visam implantar um estado de coisas oposto aos
ensinamentos do Evangelho. Dói dizê-lo, mas sob o silêncio quase total dos
Pastores...
De
passagem, citemos o fanatismo de muitos no anseio infrene de impor uma
legislação abortista; estes mesmos fanáticos querem implantar o pseudo-casamento
homossexual, a legalização da prostituição, a liberação das drogas, a eutanásia
e tudo mais que vá diretamente se opor à doutrina e à Lei de Nosso Senhor Jesus
Cristo e da Santa Igreja.
Por
exemplo, a educação das crianças pelas mãos do Estado moderno com suas nefastas
consequências. A propósito, são oportunas as palavras do Profeta Jeremias referidas
por São Mateus: “Uma voz se ouviu em Ramá, grandes prantos e lamentações:
Raquel chora seus filhos e não pode se consolar, pois eles já não existem”.
De
acordo com São Jerônimo e São João Crisóstomo, os evangelistas e os apóstolos
quiseram expressar como hebreus que eram em sua própria língua, o que continha
no texto hebreu. A palavra Ramá quer dizer “voz que foi ouvida no alto, de
muito longe”, esta voz se referia à morte dos inocentes que se ouvia nas
alturas.
Isto
se aplica aos nossos dias em que a verdadeira Igreja Católica, Apostólica,
Romana – quase sucumbida pelas dores que os seus próprios membros vêm lhe
causando – mas como Mãe ela chora e lamenta a dores infligidas a seus filhos. Usquequo, Domine! Até quando, Senhor?
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
*Pe. David Francisquini
De repente, os pastores que cuidavam de suas ovelhas nos
arredores de Belém ouviram um canto magnífico: “Glória a Deus nas alturas, e
paz na terra aos homens de boa vontade”. Diante do inesperado, eles se
dirigem apressados rumo à manjedoura, onde encontraram o Menino reclinado e
envolto em panos, sob os olhares enlevados e vigilantes de Maria e José.
Segundo a tradição, a neve caía mansamente. Enquanto
todos dormiam no aconchego dos seus lares, um pobre casal se encontrava na
gruta fria, pois não encontrara guarida nem mesmo em casa de parentes, pois
José e Maria viviam em Nazaré e se encontravam ali em razão de uma obrigação
cívica, um recenseamento.
Noite de luz e
neve cobrindo a terra, circunstâncias ideais para se cantar a glória do Filho
de Deus que acabava de nascer para habitar entre nós, para governar a Terra,
conquistar as almas e lutar contra o demônio. Acontecimento tão espetacular que
espargiu alegria no universo inteiro e causou pavor nas hostes seguidoras de
Satanás.
Toda a natureza se regozijou em homenagem a Jesus que
acabava de nascer: as fontes se tornaram mais cristalinas e jorravam com
melodia encantadora de modo a elevar os espíritos; as flores desabrochavam mais
bonitas e exalavam inexcedível perfume em honra ao recém-nascido; as estrelas
brilharam com maior intensidade a fim de prestar justa vassalagem ao
Menino-Deus.
A despeito de ser noite, por todas as partes do mundo a
mesma cena se repetia. E em toda a Terra se cantou e ainda se canta: “Noite
Feliz, noite feliz. Oh! Jesus, Deus de amor, pobrezinho nasceu em Belém. Eis na
lapa Jesus nosso bem, dorme em paz oh! Jesus. Dorme em paz oh! Jesus!”.
Estamos comemorando 2014 anos deste magno acontecimento
que dividiu a História em duas partes: antes de Cristo e depois de Cristo! Se
de um lado, como afirmou Santo Agostinho, podemos exclamar “oh feliz culpa
que nos mereceu tão grande Salvador!”, de outro devemos nos perguntar o que
fizemos do Sangue precioso do Redentor? O que resta de Cristandade em nossos
dias? Dói dizê-lo, mas o mal penetrou até nos lugares mais sagrados da Terra.
Creio ser bem o caso de repetir com Plinio Corrêa de
Oliveira as palavras contritas, mas plenas de zelo pelo Senhor Deus dos Exércitos,
que ele escreveu em ‘O Legionário’ por ocasião do Natal de 1946. Elas
serão por certo o melhor presente que podemos oferecer ao Menino Jesus neste
Natal:
“Vede-nos, Senhor, e considerai-nos com compaixão. Aqui
estamos, e Vos queremos falar. Nós? Quem somos nós? Os que não dobram os dois
joelhos, e nem sequer um joelho só, diante de Baal.
“Os que temos a vossa Lei escrita no bronze de nossa
alma, e não permitimos que as doutrinas deste século gravem seus erros sobre
este bronze sagrado que vossa Redenção tornou. Os que amamos como o mais
precioso dos tesouros a pureza imaculada da ortodoxia, e que recusamos qualquer
pacto com a heresia, suas obras e infiltrações.
“Os que temos misericórdia para com o pecador
arrependido, e que para nós mesmos, tantas vezes indignos e infiéis, imploramos
vossa misericórdia – mas que não poupamos a impiedade insolente e orgulhosa de
si mesma, o vício que se estadeia com ufania, e escarnece a virtude.
“Os que temos pena de todos os homens, mas
particularmente dos bem-aventurados que sofrem perseguição por amor à vossa
Igreja, que são oprimidos em toda a Terra por sua fome e sede de virtude, que
são abandonados, escarnecidos, traídos e vilipendiados porque se conservam
fiéis à vossa Lei.
“Aqueles que sofrem sem que a literatura contemporânea se
lembre de exaltar a beleza de seus sofrimentos: a mãe cristã que reza hoje
sozinha diante de seu presepe, no lar abandonado pelos filhos que profanam em
orgias o dia de vosso Natal; o esposo austero e forte que pela fidelidade a vosso
Espírito se tornou incompreendido e antipático aos seus; a esposa fiel que
suporta as agruras da solidão da alma e do coração, enquanto a leviandade dos
costumes arrastou ao adultério aquele que devera ser para ela a coluna de seu
lar, a metade de sua alma, "outro eu mesmo"; o filho ou a filha
piedosa, que durante o Natal, enquanto os lares cristãos estão em festa, sente
mais do que nunca o gelo com que o egoísmo, a sede dos prazeres, o mundanismo
paralisou e matou em seu próprio lar a vida de família. O aluno abandonado e
vilipendiado pelos seus colegas, porque permanece fiel a Vós.
“O mestre detestado por seus discípulos, porque não
pactua com seus erros. O Pároco, o Bispo, que sente erguer-se em torno de si a
muralha sombria da incompreensão ou da indiferença, porque se recusa a
consentir na deterioração do depósito de doutrina que lhe foi confiado. O homem
honesto que ficou reduzido à penúria porque não roubou.
“Estes são, Senhor, os que no momento presente,
dispersos, isolados, ignorando-se uns aos outros, entretanto, agora, se acercam
de Vós para oferecer o seu dom, e apresentar a sua prece. Dom tão esplendido na verdade, que se eles Vos pudessem dar
o sol e todas as estrelas, o mar e todas as suas riquezas, a terra e todo o seu
esplendor, não Vos dariam dom igual”.
domingo, 7 de dezembro de 2014
Uma mulher
vestida de sol
*Pe. David Francisquini
Pode-se
contemplar uma particularidade única no alvorecer quando se viaja de avião em
sentido contrário ao sol, ou seja, do oeste para o leste, no momento em que os
primeiros clarões do astro-rei rompem as sombras da noite. Em viagem recente
pude mais uma vez assistir a este espetáculo.
Como
sabemos, o movimento aparente das estrelas, e portanto do sol, é sempre do
oriente para o ocidente. Dessa luminosa impressão procurarei tirar algo que
torne claro o tema que pretendo desenvolver, ou seja, a conceição imaculada da
Mãe de Deus, cuja festa se celebra no dia 8 de dezembro.
A
convergência dos movimentos do avião e do sol torna efêmera a duração do
fenômeno, desde a sua primeira fímbria que refulge no horizonte – um
semicírculo à maneira de meia-lua – até se divisar o sol aspergindo luzes e ir
dando com elas forma às coisas.
Isso
era claro para os que estavam lá nas alturas, mas não para os que se
encontravam em terra. Estes não podiam contemplar o prodígio – privilégio dos
que voam, alegria e consolo dos pilotos – de ver nascer o sol e da maravilha
que vai se operando em toda a natureza.
Um
lindo panorama de se contemplar em ocasiões assim é a cidade do Rio de Janeiro.
Seria justo exclamar com Edmond Rostand: “Oh sol, sem o qual as coisas não
seriam senão aquilo que elas são!” É o cenário de quem contempla a Terra
com os olhos de Deus.
Da
forma mais sublime isso deve ter-se passado, por exemplo, com o profeta Isaías
no momento de anunciar a vinda do Messias, ao considerar toda a Terra em função
do acontecimento ápice em torno de uma Virgem, que se tornaria Mãe por obra do
Espírito Santo e daria à luz um filho, Jesus.
As
coisas na Terra eram insípidas, informes e incolores porque grassavam as
trevas, e levavam os homens a bradar: “Deus, ut videamus” – fazei com
que vejamos, implorando súplices a vinda do Prometido das nações.
Quadro comemorativo da proclamação do dogma da Imaculada Conceição |
Como
da aurora surge o sol, Maria é a aurora que anuncia o novo dia, o sol que
espalhará seus raios pela Terra inteira. Maria é a obra predileta de Deus, a
obra-prima da criação. Mais fácil seria separar a luz do sol do que Maria de
Jesus. E o Filho de Deus fez brilhar n’Ela as prerrogativas mais excelentes,
como da sua Imaculada Conceição.
Surgiu
no Céu um grande sinal: uma Mulher vestida de sol. (Ap. 12, 1). Maria
Santíssima refulge com um esplendor simplesmente inatingível por qualquer outra
criatura e se opõe à fealdade e à malícia do pecado, através do qual Satanás
procurou arrancar os homens das mãos de Deus.
O
demônio é o reflexo do que existe de mais feio e imundo, pois se revoltou
contra o seu criador e introduziu no universo criado a desordem e o pecado,
desgraças que levaram a humanidade a pecar por meio de nossos primeiros pais,
Adão e Eva.
Nossa
Senhora é a principal inimiga de Satanás e de suas potestades e sequazes. Filha
bem-amada de Deus Pai, Mãe admirável de Deus Filho e Esposa fidelíssima de Deus
Espírito Santo, Ela é terrível como um exército em ordem de batalha.
Tão
terrível, como diz Santo Afonso de Ligório, “porque Ela sabe bem como
ordenar o seu poder, a sua misericórdia e as suas orações para confundir os
inimigos em benefício de seus servos, que nas tentações invocam seu
poderosíssimo socorro”. (Glórias de Maria Santíssima).
“Maria
Santíssima é o grande, o divino mundo de Deus, onde há belezas e tesouros
inefáveis. É a magnificência de Deus, em que Ele escondeu, como em seu seio,
Seu Filho único, e nele em tudo o que há de mais excelente e mais precioso.”
Papa Pio IX proclamando o dogma da Imaculada Conceição |
Sobre
Ela escreveu São Luiz M. Grignion de Montfort: “É impossível perceber a
altura dos méritos que Ela elevou até o trono da divindade; que a largura de
sua caridade mais extensa que a Terra não se pode medir; está além de toda
compreensão a grandeza do poder que Ela exerce sobre o próprio Deus”.
(Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem).
Concebida
sem a nódoa do pecado original, a Nossa Senhora foram aplicados no instante de
sua concepção os futuros méritos de Jesus Cristo, seu divino Filho e nosso
Redentor. Por isso a Igreja canta: “Toda
sois formosa, oh Maria, e a mácula original não tocou em Vós. Vós sois a glória
de Jerusalém, a alegria de Israel, a honra de nosso povo, a advogada dos
pecadores”.
sábado, 22 de novembro de 2014
Pe. David Francisquini
Uma das lições das urnas nas recentes eleições foi
mostrar a existência de algo promissor que se faz sentir tanto na vida pública
quanto na dos indivíduos em relação aos valores da instituição familiar e da
moralidade em geral. Na verdade, vem causando acentuado desconcerto na opinião
nacional a situação civil e religiosa na qual nos encontramos.
Se de um lado parece haver uma
máquina organizada para conduzir o país rumo ao caos, as recentes eleições
evidenciaram de outro lado a existência de uma crescente e atuante oposição que
tenta impedir o pior para o Brasil, ou seja, que ele se aprofunde cada vez mais
no despenhadeiro da decadência moral cujo último termo é a sua completa
bolchevização.
40 Mártires Brasileiros |
A expressiva votação no candidato da oposição – sem falar
dos milhões de brasileiros que se abstiveram por não se sentirem representados
por nenhum dos contendores – não pode ser creditada somente aos predicados do
senador Aécio Neves, mas à rejeição à forma e ao conteúdo do governo do PT, e
ao desejo de mudanças profundas na condução da nossa coisa pública.
Mudanças essas
sintetizadas num excelente documento difundido a mancheias durante o período
eleitoral pelo Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, e apresentando ideias como
a defesa da vida humana inocente desde a fecundação até a morte natural, isto é,
o rechaço à legalização do aborto, da eutanásia e das drogas.
E o documento vai além, ao defender a família como Deus a
fez – um homem e uma mulher; ao condenar a intromissão do Estado no direito dos
pais à educação dos filhos; ao reivindicar a proteção às propriedades rurais e
urbanas, alvo crescente de invasões, em particular ao agronegócio, esteio de
nossa economia; ao rejeitar a sovietização do Brasil através de “conselhos
populares” e “movimentos sociais”.
Se o candidato da oposição recebeu votação tão
expressiva, isso significa que o Brasil real, verdadeiro, autêntico e cristão
anela por uma ordem de coisas superior e está pronto a defender uma ideologia
não concessiva. Alguém representativo do PSDB chegou a reconhecer que os
brasileiros inconformados lutam para destruir o PT, acusando-o de querer
implantar o comunismo no Brasil.
Padre Manoel Nóbrega |
Enquanto os políticos caminham para
rumos que o grande público desconhece – prova disso foram as recentes
declarações de Aécio Neves de que “não adianta me empurrar para a direita,
pois para lá eu não vou” –, o povo brasileiro está se despertando e
erguendo-se contra os descaminhos do atual governo, que vai conduzindo o país
rumo ao caos.
São Jose´de Anchieta |
Ao fazer a presente análise, não posso deixar de
ressaltar o papel da graça sobrenatural, de modo especial a de Nossa Senhora
Aparecida, que como Mãe e Rainha de todos os brasileiros quer nos salvar de
queda tão desastrosa provocada por aqueles que tentam desestabilizar a Nação e
conduzi-la para rumos opostos aos da sua vocação providencial.
Vejo nisso a ação profunda da evangelização conduzida por
homens da têmpera de Nóbrega e Anchieta, que tudo fizeram para que o Brasil
fosse inteiramente cristão. Graças que percorreram os nossos 500 anos de
história e que estão hoje presentes em entidades católicas que vêm atuando no
sentido de preservar a opinião pública dos erros do marxismo e da
degenerescência moral.
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