Maria
e José: corte e serviço régios
Pe.
David Francisquini
São
Pedro Julião Eymard comenta que Deus Pai, ao enviar seu Filho à Terra, quis
fazê-lo com honra, pois Ele é digno de toda honra e de todo louvor. Por isso
Lhe preparou uma corte e um serviço régios. Deus desejava que seu Filho
encontrasse recepção digna e gloriosa, se não aos olhos do mundo, pelo menos
aos seus próprios olhos.
A
corte do Filho de Deus compõe-se de Maria e de José. Com efeito, São Bernardino
de Siena afirma que Maria foi a mais nobre das criaturas que jamais houve e
haverá. São Mateus mostra que Ela é descendente de catorze Patriarcas, catorze
Reis e catorze Príncipes. Também em São José desfechou toda a dignidade
patriarcal, régia e principesca.
Jesus,
Maria e José constituem o mais luminoso exemplo de vida e de instituição
familiar, civil e religiosa. Ao lermos nos Santos Evangelhos e nos escritos dos
Santos o que a piedade popular convencionou chamar com toda propriedade de
Sagrada Família, podemos tirar lições profundas que à maneira de farol nos
servem de guia em meio à tempestade.
Sim, em meio à procela que se abate hoje sobre os
verdadeiros seguidores de Jesus Cristo, pois até Ele foi odiado no seu
Presépio e ameaçado de morte, a ponto de a Sagrada Família se vir obrigada a
buscar refúgio no Egito. “Que José tomasse o Menino e partisse para o Egito”,
porque Herodes O procurava para matá-Lo.
Quando
o anjo apareceu, José dormia, distante dos cuidados da terra e das preocupações
mundanas. Somente ele, como chefe da casa, era digno de gozar das visões do
alto. O embaixador celeste então lhe diz: “Levanta-te, toma o menino e a Sua
Mãe”. Com estas palavras, o anjo reconhece outro título de Maria: Mãe de
Jesus, que é Deus.
Como
chefe da família de Nazaré, José se apresenta incumbido de preservar os
fundamentos de sua família, e com isto torna-se exemplo para todos os casais.
Ao
levar Jesus e Maria para o Egito, José cumpria o que estava escrito na
Escritura: do Egito chamei meu Filho. O próprio Jesus teve de fugir de seu povo
para se abrigar junto a outro povo que outrora fora perseguidor dos hebreus.
Assim agindo, José levava um remédio para curar os males que afligiram o Egito,
como as dez pragas.
Nosso
Senhor levou a luz para esses povos que estavam submersos nas trevas. José, ao
partir com Jesus e Maria, saiu durante a noite, no meio das trevas. Ao voltar
para a Judéia, ele o fez durante o dia porque aquelas preocupações haviam
passado.
Como
pai adotivo e esposo de Maria, competia a São José por direito conduzir o
Menino Deus a diversas regiões, prefigurando os apóstolos que deveriam levá-Lo
ao o mundo inteiro por meio da pregação. São Lucas descreve a ida do Menino,
aos 12 anos de idade, com os pais a Jerusalém, ocasião em que se manifestou
n’Ele a sabedoria.
Tendo
a sabedoria se manifestado no Menino, e com ela a expressão da universalidade
das coisas e dos tempos, a luz de Cristo chegou a todos os lugares em todos os
tempos. Acabada a festa, o Menino deixou-se ficar em Jerusalém.
Ele
quis assim Se ocultar, não para contrariar seus pais e deixá-los preocupados,
mas para fazer a vontade do Padre Eterno. Sendo Jesus o Filho de Deus, objeto
de tanto cuidado por parte de seus pais, como pôde ter sido esquecido? Cabe,
porém, ressaltar o costume que há entre os judeus de que os homens e as
mulheres podiam ir em comitivas distintas, enquanto os meninos podiam ir com o
pai ou com a mãe.
Após
três dias que pareceram uma eternidade, Jesus e Maria encontraram por fim seu
Divino Filho. Ele estava no Templo, sentado entre os Doutores da Lei, que ora O
escutavam, ora Lhe perguntavam, pasmos com a Sua sabedoria.
Maria
manifesta a dor que sentia em seu coração: Teu pai e eu te procurávamos
aflitos. E Ele disse: Não sabias que devo me preocupar com as coisas que
são de Meu Pai? Para dar a entender que há em Jesus duas naturezas
distintas: a divina e a humana.
Buscam
e encontram o Menino no Templo, para amá-Lo e seguir os Seus ensinamentos.
Saindo do Templo, encontramo-Lo no lar de Nazaré, levando a vida como um filho
exemplar, ensinando-nos a humildade e a obediência, pois a obediência é o
fundamento da vida cristã.
Assim
se resume o restante da vida de Jesus na casa de Nazaré. Na obediência aos
pais, ensinava a todos os homens que todo aquele que se aperfeiçoa na vida da
graça e da virtude deve abraçar a obediência como meio infalível de se chegar
ao bem. Ele se submeteu humilde e respeitosamente ao trabalho corporal.