Edifiquemos nossa casa sobre a rocha
firme
*Padre David
Francisquini
Dos ensinamentos emanados dos
livros sagrados, é relevante aquele proveniente da parábola da vinha abandonada.
Inteiramente dominada pelas ervas daninhas, suas cercas haviam caído, permitindo
aos animais de entrar e sair, devastando o que restava do vinhedo.
Se não é próprio à virtude
da sabedoria o homem iniciar uma obra e deixá-la inacabada, mais insensato é
abandoná-la depois de concluída, seja por imprevidência, falta de zelo ou de
coragem para mantê-la próspera e produzindo frutos.
Assim diz o Profeta
Jeremias: “Numerosos pastores destruíram a minha vinha, pisaram a minha
propriedade, trocaram a minha deliciosa herança em deserto e solidão.
Devastaram-na, e ela está de luto diante de Mim. [...] Semearam o trigo e
colheram espinhos; receberam a herança, mas não lhes aproveitará; envergonhados
sereis dos vossos frutos, por causa da grande cólera do Senhor".
A vinha plantada, cultivada,
resplandecente, descrita pelo profeta é a esposa de Cristo, a Santa Igreja
Católica Apostólica Romana, hoje numa situação muito próxima à descrição
bíblica sobre a vinha do Senhor. Basta olharmos ao nosso redor a decadência
moral e religiosa manifesta na displicência, quando não na cumplicidade em face
da conjuração dos ímpios, daqueles que deveriam ser os seus guardiães.
Para dar um exemplo, a
avalanche de erros que contagia por todos os rincões da terra grande número de
jovens e crianças, sem reação alguma por parte dos vigilantes da grei do
Senhor. A situação se apresenta tão grave que, sem uma assistência muito
especial da graça, os fiéis não poderiam continuar crendo que as portas do
inferno não prevalecerão em todo o orbe.
Nem sempre é fácil
distinguir a verdade do erro. A parábola ensina que, movidos pelo demônio, há na
vinha do Senhor os semeadores de más sementes – hoje personificados em
modernistas e progressistas – que, ao germinarem e crescerem, acabam por
dominar o que foi arduamente plantado e cultivado pelo Senhor.
Em meus numerosos contatos,
não apenas em âmbito regional, venho constatando uma ação quase sistemática das
prefeituras no sentido de contratar artistas que, no mais das vezes, farão a apologia
das drogas, da prostituição, do amor livre e da violência para os seus
munícipes. Ouvi dizer que até sacerdotes costumam frequentar esses ambientes...
Os evangelistas São Lucas, São Mateus e São Marcos se
referem à vinha plantada e cultivada pelos lavradores do Senhor. É uma clara alusão
à vinha que Deus plantou desde o início da criação do mundo, contratando os
operários para a manutenção de seu cultivo.
Assim como o inimigo
penetrou nos recintos da Sinagoga antiga a ponto de induzi-la a cometer o
pecado de deicídio, assistimos em nossos dias ao final de um processo demolidor
iniciado há séculos por inimigos visando à destruição do edifício milenar da
Santa Igreja Católica.
Na previsão do que disse
Nossa Senhora em Fátima – “a Rússia espalhará seus erros pelo mundo” –, nem sequer
a Igreja de Cristo foi poupada do flagelo. E a própria Mãe de Deus promete um
castigo jamais visto... Aliás, as suas palavras são um eco da profecia de Isaías:
"Que coisa há que eu
devesse fazer mais à minha vinha, que lhes não tenha feito? Far-lhe-ia acaso
injúria em esperar que ela desse boas uvas em lugar das labruscas que produziu?
Pois agora vos mostrarei o que hei de fazer à minha vinha: arrancar-lhe-ei a
sebe, e ficará exposta ao roubo; derrubar-lhe-ei o muro, e ficará sujeita a ser
pisada.
“E farei com que fique
deserta; não será podada nem cavada; e crescerão nela os espinhos e os
abrolhos; e mandarei às nuvens que não derramem sobre ela a chuva. A vinha do
Senhor dos exércitos é a casa de Israel e os homens de Judá, a planta na qual
ele tinha as suas delícias; e esperei que praticasse a retidão, e eis que só a
iniquidade, e que praticasse a justiça, e eis que somente se ouvem clamores" (Is.
5, 4-7).
Hoje, a Santa Igreja padece
com a infiltração comunista, com a Teologia da Libertação, e
com todos os erros
que foram tomando corpo depois do concílio Vaticano II. Erros esses
reiteradamente denunciados pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, por exemplo, no
abaixo-assinado com 1.600.368 (um milhão, seiscentas mil, trezentos e sessenta
e oito) assinaturas, coletadas em 1968 e enviadas em seguida ao Papa Paulo VI,
pedindo-lhe medidas contra a infiltração comunista na Igreja.
Cooperadores da TFP brasileira em campanha do Abaixo-assinado de 1968 |
Padre David, em Bragança Paulista, quando era seminarista, colhendo assinaturas contra a infiltração comunista na Igreja |
No entanto, fiquemos atentos
à Sua voz em nossas almas, pois quem souber ouvi-la e guardá-la no coração,
será como alguém que edificou sua casa sobre a rocha firme, e não sobre a
areia, como faz o insensato. Mesmo que caia a tempestade,
transbordem os rios e soprem os ventos, ela permanecerá de pé, pois essa rocha
firme é a Santa Igreja, contra a qual Nosso Senhor prometeu que as portas do
inferno não prevalecerão.