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sábado, 3 de novembro de 2018


Aos inimigos, o direito de espernear

♦  Padre David Francisquini

Quanta sabedoria se encerra nas palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre a hipocrisia e a malícia dos maus! Ele ensina e adverte por meio de São Lucas que nada fica oculto: o que for dito nas trevas será ouvido às claras, e o que se falar ao ouvido ou no gabinete será pregado sobre os telhados. Nas presentes eleições, o povo brasileiro vem tomando conhecimento de tudo aquilo que o PT pretendia fazer para prejudicar ainda mais nosso País.
Circula nas redes sociais em forma de vídeos uma avalanche de documentos demonstrando todo o mal já feito e que poderá ainda ser feito se as urnas entregassem o Brasil à esquerda. Para esta, o que importa não é o País, mas o sistema ideológico de seus protagonistas. A Nação deve apenas lhes oferecer os meios para implantar esse sistema espúrio que nega a ordem natural das coisas e os Mandamentos da Lei de Deus.
Para o comunismo o que importa é a ideia, aquilo que representa o plano traçado, uma concepção metafísica em que a família e a propriedade são golpeadas e feridas de morte, para se chegar à destruição da hierarquia e de todos os valores postos por Deus na ordem do universo. A atual palavra-chave dessa verdadeira seita mundial é “desconstrução”, ou seja, desfazer tudo aquilo que recebemos dos nossos antepassados através das sadias tradições.
Ao desconstruir a família, o que se pretende é demolir igualmente o direito de propriedade e a hierarquia, que é o fundamento de tudo. Se as famílias forem bem constituídas, tudo andará bem, até a economia. Caso contrário, tudo caminhará para o desastre, para a miséria, para a desolação. É o que nos demonstra a História, mestra da vida, e no presente isso é patenteado nos exemplos da Venezuela, Cuba e Nicarágua.
Tomemos o caso da ideologia de gênero e do “casamento” homossexual, presente em todos os programas dos partidos políticos da esquerda. O objetivo apontado por seus ideólogos é eliminar o que ainda resta da família patriarcal, herança da civilização cristã. Teríamos de chegar ao século XXI do nascimento de Jesus Cristo — que dividiu a História em antes e depois — para se falar e se propor tamanha aberração que clama aos céus e pede a Deus vingança.
Na verdade, tal programa visa instaurar no Brasil o regime socialo-comunista, com a eliminação de todas as desigualdades, se possível fosse, e a implantação do amor livre. Seus próceres se empenham em promover manifestações públicas, como a marcha das vadias, com a participação de mulheres nuas e integrantes da chamada contracultura, todos blasfemando, quebrando crucifixos e imagens como a de Nossa Senhora Aparecida, ações que transudam ódio à Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana.
O plano de governo da esquerda tupiniquim, segundo esse projeto universal, é realizar um novo processo constituinte — como se com suas concessões ao socialismo e outras mazelas a atual Constituição já não bastasse — para o estabelecimento de um Estado totalmente laico que exclua as igrejas do exercício do poder político e promova a “saúde integral da mulher” para o pleno exercício dos seus direitos sexuais e reprodutivos…
Isso significará a liberalização de todo tipo de aborto, a legalização da prostituição, a promoção da cidadania LGBT, a orientação sexual e a identidade de gênero, a implementação do programa da transcidadania, com bolsas de estudo para travestis e transexuais, além da legalização e livre comercialização das drogas.
Ao longo dos sombrios 14 anos de governo petista, todos testemunhamos as tentativas de aprovação de projetos que favoreciam a corrupção da juventude; o controle da mídia; o favorecimento da luta de classes; a derrocada dos valores morais; o esbanjamento do dinheiro público etc.
Foi o que o PT tentou fazer em todos esses anos de governo, promovendo a destruição da família e do Estado. Felizmente, entre a Igreja Católica e o socialo-comunismo não há conciliação. Um católico não pode favorecer um regime materialista e ateu. Pio XI e Pio XII afirmaram que não se pode favorecer o regime socialista nem o comunista, porque eles são intrinsecamente maus. Pio XII introduziu pena de excomunhão para quem favorecesse e ingressasse num partido comunista, pois este contraria a doutrina ensinada por Nosso Senhor.
Nosso Divino Salvador nos ensina que não podemos servir a dois senhores. Ele vai mais além, ao afirmar que “sereis perseguidos por causa do meu nome. Não vos admireis de que o mundo vos odeia, porque me odiou primeiro”. E nos recomenda prudência: “Caiu a chuva, transbordaram os rios sopraram os ventos, investiram contra aquela casa e ela caiu e foi grande a sua ruína” (Mt 7, 24 e seg.). Ruiu porque não estava fundada sobre a rocha.
Todo aquele que ouve essas palavras e não as pratica será como o homem insensato, que edificou sua casa sobre a areia. O Brasil é um país nascido à sombra da Santa Cruz e batizado com a celebração da Santa Missa. Mais tarde, por decreto do Papa São Pio X, ele foi consagrado a Nossa Senhora Aparecida.
A fim de obter a graça de ser mãe, a Princesa Isabel se dirigiu ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida e fez ali uma promessa. Nessa ocasião, entregou o Brasil à sua atual Rainha, ato que foi reconhecido e acrescentado por São Pio X, que constituiu Nossa Senhora Aparecida Imperatriz do Brasil e defensora perpétua do povo brasileiro. A Princesa Isabel mandou confeccionar com suas próprias joias um manto para Nossa Senhora, a quem deu também uma coroa de ouro. E Ela reina sobre o Brasil… Resta aos seus inimigos o jus sperniandi…

sábado, 6 de outubro de 2018

Eleições: Brasil, Terra de Santa Cruz

*Pe. David Francisquini

Na sua labuta diária, o agricultor adquire habitualmente um grau de conhecimento e perspicácia que poucas pessoas em outros ofícios conseguem obter. Ele conhece a sua terra, sabe o que ela pode produzir ou não. No contato com a ordem estabelecida por Deus na natureza, o homem do campo conhece o tempo, as estações, o momento de semear e de colher, sabe tratar a terra como propriedade sua, pois a mão que semeia é a mesma que cuida.
A variedade do plantio obedece a algumas regras claras, baseadas até há pouco na experiência. Mesmo cuidando da terra, o agricultor é obrigado a ter os olhos voltados para o céu, pois se guia pelas estrelas, pelo sol, pela lua, pelas nuvens ou a ausência delas. Ouve e sabe interpretar o canto dos pássaros, a voz dos animais nas matas, o coaxar dos sapos nas lagoas, o movimento das formigas. Sabe sentir a secura ou a umidade do ar, a direção do vento. Os menores sinais emitidos pela natureza lhe servem de orientação.
Em suma, o agricultor é um sábio, como o confirma São Lucas. Ao ver levantar-se uma nuvem no poente, logo ele poderá dizer: “aí vem chuva”; e assim sucede. E quando sente soprar o vento do Sul, poderá dizer: “a temperatura vai subir”; e assim sucede. Assim como o lavrador adquire a sua sabedoria pela experiência e perspicácia, chegando a conhecer o caminhar da História, um povo verdadeiro – e não a massa manipulada pela mídia – é capaz de reconhecer a saúde ou a doença da sociedade em que vive, sobretudo, se assistido por graças especiais do Espírito Santo.
Primeira Santa Missa No Brasil
O que vem ocorrendo no Brasil de hoje demonstra que muita coisa mudou. O brasileiro vem dando mostras de que passou a conhecer melhor a terra onde nasceu. Por ter aprofundado sua análise política, tornou-se capaz de fazer juízo de valor e agir em consequência.
Devido ao sofrimento, nosso povo amadureceu e passou a colocar em xeque os meios de comunicação, que procuravam pensar, interpretar e dar todas as soluções por ele...
Hoje, nas vésperas de eleições presidenciais, as coisas mudaram: o povo brasileiro vê e julga tais meios, os interesses que os movem e a ideologia à qual servem, e os vem colocando na contramão da História.
Tudo se passou e vem se passando como se a alma do brasileiro tivesse sido trabalhada por uma graça divina, e o Brasil parecesse retomar de um momento para outro o seu verdadeiro rumo histórico encetado por Nóbrega, Anchieta e os colonizadores que aqui aportaram.
Nóbrega pregando
Volta a aflorar nos corações de nossa gente que a família deve ser preservada e os filhos educados na moralidade dos princípios cristãos e ordeiros, pois Deus é o Ser supremo que deve ser adorado, seguido e reconhecido acima de tudo.
Com as certezas revigoradas, aumentou nos brasileiros a convicção de que a vida é algo sublime e inviolável, devendo ser respeitada desde a concepção até a morte natural. Tornou-se claro que o Estado não deve ideologizar as crianças como algo híbrido e indefinido no seu próprio ser.
O brasileiro tem presente em seu espírito estas palavras de Nosso Senhor: “Ai daquele que escandalizar um desses pequeninos que crê em mim, melhor lhe fora que lhes pendurassem ao pescoço a mó de um moinho, e que o lançassem ao fundo do mar. Ai do mundo por causa dos escândalos! Eles são inevitáveis, mas ai daquele homem por quem vem o escândalo!”.  
Manifestação contra a Ideologia de Gênero
Por tais razões, o brasileiro não se sente representado pelos políticos de esquerda que procuram introduzir a ideologia de gênero, o pseudocasamento homossexual, o aborto, as drogas e a prostituição. Percebe que os políticos socialo-comunistas querem introduzir uma ideologia nefasta que aniquile a nossa tradição e, sobretudo, a fidelidade do nosso povo à doutrina e à lei de Jesus Cristo.  
Introduzir num currículo escolar erros dessa monta é romper com o nosso passado, é cavar a própria sepultura para nela se cair num futuro próximo. Uma tirania irreverente, uma crueldade satânica, desrespeitadora da própria natureza, a qual impõe a diversidade estabelecida por Deus entre um homem e uma mulher. É a repetição do “non serviam” de Lúcifer.
Manifestação contra a Ideologia de Gênero
Trata-se de algo que contraria a própria racionalidade de ser homem e mulher. E o povo brasileiro vem se afirmando contrário a essa mentalidade impingida goela abaixo. Nosso povo é religioso, temente a Deus, e mexer com os seus filhos é atingir a pupila dos olhos da nação brasileira.
As eleições estão aí, e o povo brasileiro anela por um Brasil que respeite a lei natural e, sobretudo, as Leis de Deus. Um Brasil profundo e real que diz não à ideologia de gênero, não à destruição da família, não à eliminação dos bons costumes e da moral, um Brasil que reconhece o casamento entre um homem e uma mulher como fundamento de uma sociedade sadia.
Assistimos às vésperas destas eleições a algo de sintomático: um povo que se levanta contra certa mídia, contra os políticos corruptos e desordeiros, contra os partidos de esquerda que procuram utilizar todos os subterfúgios para tomar o poder e impor seus nefastos objetivos para forjar um anti-Brasil.
Um povo que deseja o seu Brasil de volta, um povo que afirma que a nossa bandeira jamais será vermelha, um povo que deseja um Brasil respeitador de suas mais belas tradições. Ele rejeita o comunismo e o socialismo, que negam a Deus e a vida futura.
Ainda que de modo meio inconsciente, o brasileiro faz a sua profissão de fé, tornando-se apto assim a ser contemplado por esta promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Todo aquele, portanto, que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante do meu Pai que está nos Céus.”
Mas para aqueles que infelizmente não professam essa mesma fé – aqueles que, por exemplo, colocam a nossa atual Constituição acima dos preceitos de Nosso Senhor –, Ele também deixou um ensinamento: Aquele que me negar diante dos homens, também Eu o negarei diante do meu Pai que está nos Céus. Não julgueis que vim trazer a paz à Terra; não vim trazer a paz, mas a espada”.
É a luta pela fidelidade aos princípios cristãos! É a luta dos brasileiros contra os corruptos, os poderosos agentes de Satanás, que desejam eliminar da Terra de Santa Cruz a civilização cristã.
Os valores da nação brasileira estão impressos na alma do nosso povo.  Nós os recebemos dos nossos antepassados, cujo heroísmo impregnado de fé continua a latejar em nossos corações. Que a grande Mãe de Deus, Maria Santíssima. Nossa Senhora da Conceição Aparecida, continue a proteger o nosso Brasil!

*Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria - Cardoso Moreira-RJ

sábado, 8 de setembro de 2018


Até quando, justo Senhor, Deus das vinganças? (II)

                                                                                           ♦  Padre David Francisquini 

No artigo anterior – Até quando, justo Senhor, Deus das vinganças? – prometi voltar ao assunto do aborto. Apenas para recordar um ponto importante, torno a citar Santo Agostinho, quando trata dos homens que se movem por amor a Deus e aqueles que se movem por amor egoístico, colocando entre este último o pretenso direito da mulher de decidir sobre o seu próprio corpo no caso do aborto.
Com efeito, é com interesse – e muita preocupação – que vimos acompanhando o desenrolar da ação (ADPF 442), proposta pelo Partido Socialismo e Liberdade – PSOL, pedindo a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação. Não precisaria dizer que se tal proposta for aprovada, escancarará as portas da legislação brasileira para todo tipo de aborto.
Para esse Partido Socialista – na verdade comunista radical –, a lei em vigor viola os princípios fundamentais da dignidade da pessoa humana, da cidadania e da não discriminação, além de outros direitos como ‘liberdade’ e ‘igualdade’. Na minha formação sacerdotal estudei ciências naturais, ética, filosofia, sociologia e, é claro, teologia dogmática e moral, não sendo difícil, portanto, perceber a inconsistência desta ação.
Pela mesma razão, entendo a completa impossibilidade de juízes – máxime os da Suprema Corte – julgarem procedente a ação desse pequeno partido político libertário, que prega a liberdade para tudo e para todos, menos para o nascituro inocente e indefeso. É um verdadeiro absurdo sustentar o “direito fundamental da mulher” de tirar a vida de um ser gerado em seu próprio ventre, ainda que resultante de um pecado.
 Constitui uma gravíssima ofensa a Deus e à própria dignidade da mulher atribuir-lhe o direito de matar seu filho. Só num mundo muito decadente alguém ousaria sustentar o contrário. Se for admitido hoje o princípio de que se pode tirar a vida de uma pessoa inocente pelo simples fato de ela não ser desejada, assistiremos amanhã à matança de qualquer pessoa que venha a prejudicar o nosso egoísmo.  
Em passado recente, esta macabra história tornou-se realidade em inúmeras ditaduras, na Europa e em outras partes do mundo. Jesus Cristo ensinou que “haveis de chorar e de lamentar, enquanto o mundo há de se alegrar: vós estareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em gozo”.
Quando está para dar à luz, a mulher sente-se preocupada. Mas sua aflição se transforma em alegria com o nascimento do filho. É a verdadeira imagem de Cristo ressurreto, que veio à luz no domingo da Ressurreição, pois a ordem natural não se contrapõe à ordem espiritual. Essa imagem empregada pelo Filho de Deus simboliza perfeitamente o ódio que seus inimigos tinham d’Ele, pois era inocente.
Mulher que sofreu aborto espontâneo
Cristo no seio da terra representa uma criança no ventre materno, e assim como Cristo ressurgiu dos mortos, assim a criança virá à luz do mundo. Há também na epístola de São Paulo aos efésios (cap. 5, 22-33), na qual ele trata da sublimidade do matrimônio, tal como a união de Cristo com a Igreja. Se o marido é a cabeça da mulher, Cristo é a cabeça da Igreja. Cristo ama a Igreja e se entrega a Ela para torná-La mais resplandecente e gloriosa.
Como Cristo ama a Igreja, assim o marido deve amar a sua esposa como se fosse o seu próprio corpo, porque ninguém aborreceu a sua própria carne. Antes, a nutre e dela cuida como Cristo procede em relação à sua Igreja, pois somos membros de seu Corpo Místico, de sua carne e de seus ossos. E o aborto é a violação do princípio da relação íntima existente entre Cristo e a Igreja, o esposo e a esposa. E mais. Enquanto São Paulo fala de luz, de santo, de imaculado e sem rugas, o aborto fala de destruição, de trevas, de morte e de corrupção.
O fruto do primeiro momento de um relacionamento entre um homem e uma mulher se chama embrião. Ele contém em grau pequeno um ser vital que não tardará a nascer homem ou mulher. Afirmar, em nome da dignidade da mulher, que ela pode eliminar a seu bel-prazer a vida de um filho gerado em seu ventre, contraria rotundamente os princípios mais elementares da racionalidade e da sanidade mental. O livro do Eclesiastes narra que o abortado é como algo que não conheceu a luz do sol, não teve o seu nome ilustrado entre os vivos; sobretudo, não foi levado à pia batismal.
Isaías, profeta, narra o horror daqueles que morrem na guerra pelo fio da espada, cujos corpos estendidos por terra são pisoteados pelos cavalos e pelos guerreiros, comparando-os aos abortados que não têm sepultura nem honra. Com efeito, a situação do abortado é pior que a do morto na guerra, sem lar, sem o aconchego da família nem sepultura. E o abortado foi morto por uma pena capital imposta por lei humana...
Ancorada em bons teólogos e no Catecismo da Santa Igreja, a moral católica nos ensina que só é lícito matar alguém em legítima defesa da própria vida ou numa guerra justa, ou ainda no cumprimento de uma execução penal ditada por um tribunal legitimamente constituído. Nenhuma autoridade, por mais soberana que imaginar se possa, poderá autorizar ou legitimar tal prática.
A expectativa dos brasileiros é a de que os juízes do Supremo Tribunal Federal julguem com reta consciência esta questão, não se deixando influenciar por pressões daqueles que defendem a cultura da morte, nem mesmo por alguma convicção ideológica própria que vá nesse sentido, mas que pautem seu voto na lei natural, na Lei de Deus e na Constituição brasileira, que garantem o direito à vida desde a concepção.
Em oração e sempre vigilantes, rogamos a Nossa Senhora Aparecida que proteja o Brasil do pecado do aborto, que brada aos céus e clama a Deus por vingança. Que os brasileiros sejam obedientes aos preceitos de Deus, que nunca desampara seus filhos.


sexta-feira, 10 de agosto de 2018


Até quando, justo Senhor, Deus das vinganças?

♦  Padre David Francisquini 

“Abyssus abyssum invocat”, ou seja, um abismo chama outro abismo, como está expresso no Salmo 42,7 para nos ensinar que uma falta cometida predispõe o pecador a cometer outras mais graves. Assim, a avalanche crescente de pecados e de crimes prepara o ambiente psicológico para outros ainda mais hediondos, como o infanticídio que vem grassando por todo o mundo com a prática indiscriminada do aborto.
O frenesi nas tentativas de descriminalizar o crime do aborto através de legislações facciosas se deve em grande medida a essa situação moral em que nos encontramos, sendo incontáveis as organizações públicas e privadas dedicadas a promover o infanticídio — ONU, ONGs, governantes, legisladores, magistrados ativistas —, às quais não faltam imensos recursos financeiros e midiáticos…
Com efeito, há uma sistemática e monumental propaganda no sentido de se criar uma mentalidade cada vez mais favorável ao aborto. Essa maneira de pensar difundida pela mídia parece revestir-se de tal direito, que nos recentes debates propostos em audiência pública no Supremo Tribunal Federal se pretendeu tratar-se de obrigação do Estado legalizar o aborto para garantir aos profissionais da área o livre exercício de sua profissão, transformando o crime hediondo em mera questão de saúde.
Para facilitar os seus objetivos, defensores do aborto levantam objeções — como se fossem de consciência — e procuram impor à sociedade a sua agenda com recursos feitos ao Judiciário por partidos de esquerda, como acabou de se passar com a ADPF 442 do PSOL junto ao STF. São pessoas que não se importam com a Lei de Deus nem com o pensamento do nosso povo, o qual repudia este crime que brada aos céus e clama a Deus por vingança.
Com o paulatino aparelhamento do Estado, tais práticas criminosas são defendidas por movimentos como “Católicas” pelo direito de decidir — que de católicas não têm nada —, por representantes da igreja luterana, como a pastora Lusmarina Campos, que falsamente “lastreada” na Bíblia se posiciona favoravelmente ao crime do aborto, ou ainda por certa mídia e até mesmo pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
O princípio moral (e ético) — válido, portanto, para todos os tempos e todos os lugares — é

A ministra do STF, Rosa Weber, dirigiu as audiências públicas no STF
  a respeito da descriminalização do aborto — a cruel execução 
de inocentes— até a 12ª semana de gestação.
a obrigação que incumbe à mãe de levar a sua gravidez até o fim, pois é outro ser humano que ela leva em seu ventre, com direito fundamental à vida, não podendo em hipótese alguma ser eliminado. A única política pública aceitável é evitar o aborto, oferecendo assistência material e moral à grávida; caso contrário o Estado estará favorecendo o assassinato de um inocente.
Ser católica e favorável ao aborto são termos incompatíveis, irreconciliáveis como a luz e as trevas, o dia e a noite, a verdade e o erro. Não há católica com direito de decidir a favor do aborto. Tal entidade utiliza o nome de “católica” apenas para causar confusão e, nas águas turvas, obter alguma influência na sociedade ao produzir a impressão de que na Igreja há uma corrente que defende o aborto, de modo a parecer que os católicos se encontram divididos. A fundadora desse movimento, Frances Kissling, é uma ex-freira que diz nunca ter sido católica (cfr. Catecismo Contra o Aborto, 3ª edição. pág. 55).
As pessoas que se manifestam defensoras dessa prática criminosa procuram subterfúgios para impor a sua agenda revolucionária através de considerações sentimentais, alegando a contaminação da mulher diante de uma gravidez indesejada, condições de pobreza em que a criança irá viver, e assim por diante. Alegam ainda que a legalização do aborto tirará a inibição da mulher de recorrer ao Estado, em vez de praticá-lo na clandestinidade.
Ao contrário, essas mesmas pessoas nunca ressaltam as consequências do aborto na psicologia das mulheres que o praticam, como a consciência culpada e outros traumas insanáveis que carregarão para o resto de suas vidas. Quanto mais sofismas apresentados pelos defensores de sua prática, mais complicada se torna a situação, pois o ensinamento da Igreja diz que o demônio é o pai da mentira, e, desde o início, é homicida, conforme São João. Foi o demônio que incitou Caim a matar seu irmão Abel e por isso atraiu sobre si a maldição de Deus.
Herodes - A matança dos Inocentes 
O aborto é resultado de um homicídio voluntário, e tanto quem o faz como quem o legaliza atrai sobre si igualmente a maldição divina. Santo Agostinho descreve a humanidade em duas cidades, a Cidade de Deus e a cidade dos homens, guiadas ou por amor de Deus ou por amor egoístico. O direito de decidir sobre o próprio corpo se fundamenta apenas no egoísmo humano, incapaz de se imolar pelo filho e ávido em satisfazer suas próprias paixões, enquanto os habitantes da Cidade de Deus não se movem por amor de si mesmo, mas por dedicação à vontade do Criador.
Se o Brasil oficializar a matança dos inocentes pela legalização do aborto, a gravidade do pecado aumentará, pois passará a ser um pecado coletivo, isto é, de o Brasil adotar enquanto nação uma prática criminosa que clama a Deus por vingança. Com base nos ensinamentos de Santo Agostinho, as nações não irão para o Céu nem para o Inferno, mas serão castigadas ou premiadas nesta Terra por suas obras.
Voltarei brevemente ao tema.

(*) Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria – Cardoso Moreira (RJ).

terça-feira, 31 de julho de 2018


Agenda LGBT contra a Igreja


*Padre David Francisquini

O artigo Católicos LGBT organizam movimento para reivindicar mais espaço na Igreja, de Anna Virginia Balloussier (folha.uol, 23/7/18), traz declarações de uma ativista homossexual que de tal maneira deixou cair a máscara, que produziu o efeito da pedrinha de sal ao cristalizar todo o líquido de um copo.
A árvore boa dá bons frutos, e a árvore má dá maus frutos, pelos frutos conhecereis os homens, ensina o divino Salvador (Mt. 7, 20). Toda a árvore que não der bom fruto será lançada ao fogo. Portanto, as pessoas que não produzem bons frutos querem transformar o ambiente católico numa atmosfera concessiva ao pecado que clama a Deus por vingança.
Aprendi nas aulas de Catecismo que a Igreja Católica – sociedade visível fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo – tem seus mandamentos, sua doutrina, suas leis, suas regras, seus cânones. Todo esse conjunto fundamentado na Sagrada Escritura e na Tradição constitui um bloco do qual não se pode aceitar apenas uma parte.
Mais ainda, pelos estudos feitos no Seminário, aprendi também que os princípios da religião católica são inegociáveis. Assim, entre o ensinamento da Igreja e o homossexualismo, por exemplo, não existe aproximação possível; são irreconciliáveis como a luz e as trevas, a verdade e o erro, a virtude e o vício; há entre eles uma incompatibilidade total, pois são excludentes.
Se a Igreja abrisse mão deste ponto, deixaria de ser a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, pois está no livro do Gênesis: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua posteridade e a posteridade dela. Ela te esmagará a cabeça, e tu armarás traições ao seu calcanhar” (Gen. 3, 15). E essa inimizade é eterna.
Vejamos as palavras da ativista homossexual que se insurge contra a autoridade eclesiástica: “Questionamos muito a atitude de esperar que o Papa mude alguma coisa, como se tivéssemos de aguardar algum tipo de autorização vinda do alto da Hierarquia para podermos ser Igreja. Isso nós já somos”. Seria bom se essa ativista que diz “ser Igreja” soubesse que, conforme afirma São Paulo na segunda epístola a Timóteo, autoridade alguma na face da Terra pode mudar a doutrina de Cristo.
Ele ainda aconselha:  “Prega a palavra, insiste, quer agrade, quer desagrade; repreende, suplica, admoesta com toda a paciência e doutrina. Porque, virá tempo em que os homens não suportarão a sã doutrina, e contratarão para si mestres conforme os seus desejos, levados pela curiosidade de ouvir, e afastarão os ouvidos da verdade para os abrir às fábulas” (Tim. 4,1-8).
Afirmar ser igreja revela uma total deformação do conceito de Igreja. São Pio X ensina que a Igreja é uma sociedade visível composta de eclesiásticos e de leigos. Os primeiros pertencem à Igreja docente, ou seja, têm o poder de ensinar, governar e santificar; os leigos são da Igreja discente, isto é, devem ser ensinados, governados e santificados pelos seus pastores. Para ser cristão é indispensável ser batizado, crer e professar a doutrina e a lei ensinadas por Jesus Cristo e contida no magistério da Igreja.
O ensinamento de Nosso Senhor na parábola do Bom Pastor e do filho pródigo que volta à casa paterna ressalta o Seu amor para com as almas afastadas da graça e da amizade divina. Ele faz de tudo para que elas voltem ao redil, pois há mais júbilo no céu por um pecador que faça penitência do que por noventa e nove justos que não precisam dela.
“Haverá mais alegria no Céu por um pecador que se arrepende do que noventa e nove justos que não precisam arrepender-se” (Lucas, 15,7). A pior tragédia de uma alma é quando ela quer justificar sua má conduta impondo-a aos demais. Ao reivindicar cidadania para o erro, o seu coração endurece, dificultando a sua conversão.
Toda sociedade civilizada tem suas leis, seus princípios, seus códigos. Seus membros devem aderir a esse conjunto normativo, pois são afins com ele e existem para o bem comum. Assim, a Igreja como sociedade visível de caráter espiritual não pode transigir em relação aos ensinamentos do seu Fundador, o Filho de Deus encarnado.
O próprio Nosso Senhor nos alerta sobre os falsos profetas que vêm a nós com pele de ovelhas e por dentro são lobos vorazes. Porventura se colhem uvas de espinhos ou figos de cardos? São Paulo Apóstolo, na epístola aos Romanos, afirma que quando somos livres do pecado e feitos servos de Deus, temos por fruto a santidade e por fim a vida eterna.
Essa ativista homossexual, pelo contrário, se considera acima dos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Igreja a ponto de querer impor condições à autoridade eclesiástica: “Questionamos muito a atitude de esperar que o Papa mude alguma coisa”... É bom lembrá-la da lição divina de que nem todo aquele que diz “Senhor, Senhor” entrará no reino do céu, mas quem faz a vontade de meu Pai que está no céu, e a vontade de Deus está contida nos Mandamentos.
A ativista vai mais longe. Para ela, essa linguagem progressista do papa não é precisa, ‘não faz sentido’ a Igreja excluir e ferir. ‘Cristo andava com os piores pecadores, os maiores párias da sociedade’. Os apóstolos e discípulos seriam pecadores péssimos, párias da sociedade? Da mesma forma que Lázaro, José de Arimateia e Nicodemos, que comprou 100 libras de mirra e aloés para os funerais do Homem-Deus? (Jo 19-33)
Qual o conselho do Divino Mestre à mulher adúltera, senão “vai e não peques mais”? Se nas palavras de uma ativista homossexual não faz sentido a Igreja excluir e ferir, então o Papa Leão X deveria ter “incluído” os erros de Lutero no Magistério da Igreja? A Igreja deveria ter aceitado o divórcio e “incluído” Henrique VIII e todo o anglicanismo como enriquecimento do magistério? São Pio X deveria ter aprovado e “incluído” os erros modernistas, em vez de condená-los?
A Igreja deveria acatar e “incluir” Frei Boff e os teólogos da Teologia da Libertação em seu seio? Talvez essa ativista inclua na sua agenda a reabilitação de Lúcifer e sua “inclusão” no reino celeste, um verdadeiro absurdo, mas é a conclusão que se pode tirar de seu ‘princípio inclusivo’. Na verdade, ela nega o princípio metafísico da contradição, a incompatibilidade do vício com a virtude.
Convém lembrar o que diz São Pio X no Catecismo Maior: “A sodomia está classificada em gravidade logo depois do homicídio voluntário, entre os pecados que clamam a Deus por vingança. Desses pecados se diz que clamam a Deus por vingança, porque o Espírito Santo assim o diz, e porque a sua iniquidade é tão grave e evidente, que provoca a punição de Deus com os castigos mais severos.”
Por sua vez, São Pedro Damião afirma: “Este vício não pode jamais ser comparado a nenhum outro, pois ultrapassa a enormidade de todos os vícios. Ele corrompe tudo, mancha tudo, polui tudo. Por sua própria natureza, não deixa nada puro, nada limpo, nada que não seja imundície. A carne miserável arde com o calor da luxúria; a mente fria treme com o rancor da suspeita; no coração do homem miserável o caos ferve como o inferno.”
E prossegue: “Depois que essa serpente venenosa introduz suas presas na infeliz alma, o senso é retirado, a memória se desgarra, a clareza da mente é obscurecida. Ele não se lembra mais de Deus, até se esquece de si mesmo. Essa praga solapa os fundamentos da fé, enfraquece a força da esperança, destrói o laço da caridade; afasta a justiça subverte a fortaleza, expulsa a temperança, entorpece a perspicácia da prudência” (Homem e Mulher Deus os Criou", p. 26).
Protestemos contra essa rebeldia, que é também uma ingerência e um insulto à Santa Igreja de Deus. Aconselharia a tal ativista que lesse meu livro Homem e Mulher Deus os Criou — As relações homossexuais à luz da doutrina católica, da Lei natural e da ciência médica.