Jesus Cristo no Presépio e no Sacrário
*Padre
David Francisquini
tornaram ornamentos do desejado das nações, do Menino-Rei cheio de aromas e de encanto que acaba de nascer numa gruta em Belém.
Um anjo do Céu anunciou a grande notícia para alegria dos
pastores e regozijo de toda a corte celeste. Seu anúncio ecoou em todos os
lares de aldeias, cidades e campinas, até no mais humilde casebre, pois Cristo
nasceu como Salvador e Rei de todos os povos.
O júbilo impera nos corações com as palavras proclamadas
pelo Anjo: Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa
vontade. A gruta nos faz lembrar o sacrário, pois como nela se encontrava o
Deus vivo e verdadeiro, assim Ele quis ficar nos sacrários de todas as igrejas
sob a forma da Hóstia consagrada.
Jesus quis nascer numa manjedoura onde comiam os animais
para compreendermos que Ele não nascera apenas como Salvador, mas também como
nosso alimento. A representação de Jesus Cristo na História está posta diante
de nossos olhos no Santo Presépio de Belém, enquanto no sacrário está
representada como objeto de nossa fé, pois Ele vive conosco, pronto para nos
receber e alimentar.
Ao ser consagrado no altar durante a Santa Missa, o pão
se transforma em corpo, sangue, alma e divindade do próprio Cristo que nos é
dado como alimento, permanecendo conosco nesse peregrinar pela terra. O altar é
o presépio em que Cristo está de braços abertos para nos saciar com sua carne
divina e seu sangue precioso, pois Ele é o nosso celeste pelicano.
Como Pai, pensa nos filhos mais que em Si, não mede
sacrifício algum que possa beneficiar os filhos, pois lhes quer todo o bem. No
altar do Sacrifício é o próprio Jesus Cristo que se imola dia e noite de braços
abertos para não nos deixar desamparados nessa peregrinação. A fé nos ensina
que o Divino Redentor que nasceu Menino está vivo no sacrário.
A pequenez das crianças constitui grande atrativo para os
nossos corações. Imaginemos Aquele mesmo a Quem os céus não puderam conter,
exatamente por ser imenso e infinito, apresentar-se a nós como uma criança
pequenina e frágil, para ter certa proporcionalidade conosco e assim Se fazer
mais próximo de nós.
Guiados por essa mesma Fé, o gemido de Jesus Cristo no
desconforto físico daquela noite fria e das asperezas das palhas da manjedoura
de Belém nos conduz a pensar no mais alto dos panoramas, ou seja, a
contemplá-Lo e adorá-Lo. Da mesma forma deveremos fazê-lo sob as espécies
eucarísticas.
Essa criança plena de inocência e pureza, por ser Filho
do Padre Eterno e de Maria Santíssima, bendita entre todas as mulheres, quis Se
tornar homem e Deus para resgatar a humanidade do pecado de nossos primeiros
pais por sua vida, paixão e morte. Ele mesmo quis ficar envolto nos véus
eucarísticos, ao alcance de todos nós.
O Infante Jesus, segunda Pessoa da Santíssima Trindade,
encarnou-se no seio puríssimo de Maria para nos salvar com sua morte no madeiro
da Cruz. Daí a nossa confiança n’Ele, pois veio para reinar nos corações,
concedendo-nos graças nas trilhas do heroísmo e da luta. A fé nos guia na
trajetória da vida presente para a futura. O Natal é o marco da História, cheio
de esperança e certeza.
O mundo pagão se desfez com o nascimento de Cristo para
dar lugar a uma era cheia de luz que iluminou o mundo, a civilização e a
cultura cristãs. Hoje, com o novo paganismo, vivemos o mesmo pesadelo de
outrora, se não pior, quando o mundo se debatia e se contorcia sem esperança.
Nos estertores dessa civilização agonizante, com todos os
problemas que a afligem, é o mesmo Jesus Cristo e sua Mãe Santíssima que batem
nas portas de nossos corações. Por que Maria, a Mãe admirável de Deus Filho?
Porque tendo sido Ela quem nos trouxe Jesus, também será Ela quem O fará reinar
sobre toda a Terra.
Se o laço que une um ao outro é tão íntimo, a história da
salvação não está desligada deles. As virtudes trazidas por Jesus na gruta de
Belém serão disseminadas por todos os cantos do orbe por Maria, quando Ela
passar a reinar nos corações.
Sendo Ela o elo entre Deus e os homens, será Ela quem
ligará a Terra a Deus. Que neste Natal envolto em borrascas que nos enche de
apreensões, ilumine-se em nós uma lâmpada inextinguível, uma confiança
plena de que Cristo reinará no mundo por meio de Maria.