Postagem em destaque

O novo rito da Missa não é substancialmente idêntico ao anterior? Discussão sobre Traditionis Custodes: Dom Jerônimo alega que o Papa Fran...

Postagens mais visitadas

domingo, 9 de novembro de 2014

Ai daquele que escandalizar!

*Pe. David Francisquini



Dotada por Deus de qualidades, pendores e apetências, a natureza humana possui uma perfeição naturalmente ordenada e tendente a um fim supremo, absoluto e eterno.
Tomemos uma criança. Ela nasce constituída de corpo e alma, com ideias, desejos e sensibilidade. Que formação ela deve receber para a educação de seu caráter e de sua personalidade? 
Apesar de o Batismo apagar a nódoa do pecado original, não elimina contudo as más tendências com que toda criança nasce, tendências estas que a acompanharão até o seu último suspiro: Militia est vita hominis super terram", isto é, a vida do homem sobre a terra é uma luta (Jó, 7, 1).
De onde a necessidade imprescindível de toda criança ser educada sobretudo pelos pais, dever ao qual eles nunca deveriam furtar-se.
Analisando-se uma criança, vê-se que sua principal tendência está voltada para Deus, que ao criá-la dotou-a com o senso do “ser”, o qual a faz confusamente sentir que, embora única, ela não se encontra sozinha no universo, onde existem outros seres que lhe são semelhantes, a começar pelos pais. 
Portanto, se ela e todas as coisas existem, haverá um ente dotado de perfeições infinitas – Deus – que é a razão de sua existência e de cuja glória participam todos os seres criados.
Mesmo sem fazer esses silogismos, a criança possui uma ideia de Deus, porque todo ser tem unidade, bondade, beleza e verdade. 
Se Deus assim criou os homens, o que faria o inimigo de Deus – o demônio e seus
sequazes – para truncar os planos divinos? Procurará circundá-los de contradições, incertezas, instabilidades, egoísmos, ideias de fruição. E na criança, sem jogo de palavras, procurará trincar o cristal límpido da inocência primaveril, através do qual ela contempla e ama a Deus nas coisas boas, verdadeiras e belas. 
Procurará ainda colocar no seu próprio ser, no íntimo que a governa, com vistas a impedi-la de atingir o fim para o qual foi criada, a aflição, a torcida, os caprichos, as intemperanças, enfim a desordem. Para quê? Para que ela renegue a sabedoria divina fechando sua alma para a contemplação; para que não possa admirar, por exemplo, a beleza de uma planta, de um pássaro, de um rio cristalino, de um magnífico pôr do sol, e de relacionar isto com a outra vida que é eterna.
A criança quando chora é porque sente falta de algo; quando ri é porque está feliz, seja pela presença da mãe, seja pelo carinho do pai ou pela aproximação de seus irmãozinhos. Assim ela se desenvolve em todo o seu processo humano, tal como se observa numa semente que desabrocha, cresce, produz flores e frutos. Essa maturação se dá no sadio, reto e virtuoso processo humano de uma criança.
Mas ai daquele que escandalizá-la! Melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e se submergisse nas profundezas do mar.

O que me motiva escrever estas linhas é a minha indignação diante da escandalosa quantidade de livrinhos da rede pública de ensino para a (de)formação das crianças brasileiras, desde o maternal, passando pelo jardim de infância e continuando mais além, estimulando-as à fruição de sensações, de experiências desconhecidas do mundo infantil, numa palavra, habituando-as desde a mais tenra idade ao mundo da prostituição, ao mundo todo posto no pecado, conforme ensinou Nosso Senhor.
Seria este um conúbio espúrio do demônio com o governo do PT para implodir a família enquanto instituição, não permitindo que os pais eduquem seus filhos no caminho do bem, do verdadeiro e do belo, mas obrigando-os, pelo contrário, a fazê-los percorrer um caminho inverso ao desejado pelo Divino Salvador quando disse “deixai vir a Mim as criancinhas, porque delas é o Reino dos Céus”? E, em outra ocasião, “ai daquele que escandalizar um destes pequeninos”?

domingo, 26 de outubro de 2014

Lutemos; Deus nos dará a vitória!

Pe. David Francisquini

Imaginemos dois contendores disputando uma partida de xadrez cujo resultado signifique a vitória de um grande exército sobre outro não menos qualificado. Um representa as hostes angélicas e os homens bons, fiéis a Jesus Cristo. O outro, um precito que dispõe de riquezas, honras, posição social, influência política, bem visto até em certos meios religiosos.  

Neste quadro, o bom contendor encontra-se em franca desvantagem na partida, pois já perdeu peças importantes, e as que lhe restam quase não têm espaço para se moverem. Seu adversário, que conta com informações privilegiadas, apresenta-se seguro, além de possuir numerosa claque que ora o aplaude, ora vaia o seu adversário... 

A realidade num campo de batalha entre dois comandantes não seria diferente. O exército que pugna pela Civilização Cristã encontra-se sitiado e o inimigo move contra ele intensa guerra psicológica. Sua situação é dramática. Qual deveria ser a estratégia do enxadrista ou do general que quisesse reverter a situação e vencer o inimigo tão poderoso como desleal? 
Batalha de Rocroy

Jesus Cristo, nas páginas do Evangelho, diz: “Qual é o rei que, indo à guerra a pelejar contra outro rei, não se senta primeiro a tomar conselho sobre se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?” (Lc 14,31). Nosso Senhor alerta os homens, dando-lhes os meios necessários não apenas no tocante à prudência, mas também à coragem para bem armar o seu o exército.

O general tem assim desfraldada a bandeira de Jesus Cristo, símbolo de todo o bem, de toda a verdade e de todo o belo; tem seus dogmas, sua doutrina, suas leis, seus costumes e seus sacramentos; tem o corajoso exemplo dos santos e das santas que pelejaram neste Vale de Lágrimas contra o demônio, o mundo e a carne. 

Nosso Senhor nos alerta para a importância da clarividência e da perspicácia na luta: “Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se senta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar.” (Lc 14, 28 a 30). 

A missão do general é de salvar um grande reino, e para isso ele luta pela ortodoxia e pela moralidade rechaçando o adversário desse reino. É no exemplo desse hipotético general que o povo fiel desenvolve sua infatigável luta contra o aborto, o casamento homossexual, a eutanásia, a degradação dos costumes e a prostituição oficializada. 

Em Fátima, Nossa Senhora apontou arma indispensável e decisiva para essa guerra: a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Rezando a Nossa Senhora, e vigiando, não cairemos em tentação, pois, como afirma São Pedro em sua epístola, o demônio é como um leão que ruge em torno de nós, procurando a quem devorar.

O confronto imaginado acima entre dois enxadristas e dois generais representa a luta religiosa de nossos dias, cujo fundamento é a Fé. São Boaventura afirma que um capitão sitiado em uma praça e que não pede socorro a seu Rei deveria ser tratado como traidor. Assim também Deus considera aquele que, assaltado pelas tentações, não recorre a Ele em demanda de auxílio. 

Nesta batalha que ora se trava, o exército de Cristo deve ter presente que a sua arma mais eficaz é a oração, a qual leva o fiel a alcançar de Deus graças extraordinárias no momento trágico em que se encontra a Santa Igreja. O oficial que não recorrer ao seu Rei – que lhe pode enviar em auxílio sua milícia celeste capitaneada por São Miguel – e for vencido, terá seu nome registrado no Livro da Vida como um traidor. 

Como Nosso Senhor quer reinar neste mundo depois desta grande batalha, e diante da impossibilidade de nossas forças vencerem o inimigo, não nos resta alternativa: “Deus, in adjuntorium meum intende – Senhor, vinde em meu socorro! Esta foi a atitude do Papa São Pio V diante da ameaça maometana à Europa no século XVI. Rezou e convocou os fieis a rezarem o Rosário pelo êxito dos exércitos católicos que se defrontavam com a armada turca no golfo de Lepanto em 1571.

Batalha de Lepanto
E Nossa Senhora atendeu a sua súplica e lhe deu vitória estrondosa, que repercutiu em toda a Cristandade. A partir daí, a Santíssima Virgem recebeu mais um título: Auxiliadora dos Cristãos.


*Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria - Cardoso Moreira-RJ

sábado, 18 de outubro de 2014

Nossa Senhora Aparecida, salvai o Brasil dos maus políticos!



Como as reformas culturais, sociopolíticas e econômicas  de um país envolvem questões morais e, portanto, a religião e a salvação das almas, fazendo com que se boas forem as reformas um número maior de almas se salva, e se más maior número se condena, não posso deixar de manifestar-me alarmado com a atual condução dos destinos do Brasil.
Assistimos ao espezinhamento sistemático dos princípios morais e da família através de uma Revolução Cultural que está não apenas destruindo o tecido social e as instituições do País, mas deformando as mentes de nossas crianças e de nossos jovens pelo ensino sistemático de uma realidade diametralmente oposta à verdade.
Nesse ensino, os defensores da Pátria, da moralidade e do bem são apresentados como malfeitores, e os apátridas, os promotores da imoralidade e do mal são tidos como benfeitores. Se isso não for impedido, no final do caminho as crianças estarão colocando Deus entre os primeiros e Satanás entre os segundos, e passarão a preferir o Inferno ao Céu.
Assim sendo, e à vista dos poucos dias que nos separam da decisão final sobre quem será o nosso próximo Presidente, não posso em consciência deixar de me pronunciar.
Invoco para isso a proteção de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, cuja festa celebramos no dia 12 do corrente, pedindo-lhe que me inspire palavras justas que reflitam os ensinamentos de seu Divino Filho, que não precisam de licença para penetrar na sociedade temporal, pois tanto esta quanto a sociedade espiritual são suas filhas.
Se a fé, a esperança e a caridade devem mover um católico a promover o bem das almas e a boa ordem social, e também de lutar contra o descalabro moral que carcome a instituição da família, o que dirá de um sacerdote que por vocação foi chamado a guiar pela palavra e pelo exemplo o rebanho de Cristo?

Movido pelo intuito de instruir o público fiel, escrevi os livros “Catecismo contra o aborto” e “Homem e Mulher, Deus os criou”, que vêm alcançando larga difusão. Nosso objetivo nessas obras foi de salvar o Brasil do crime nefasto da matança dos inocentes, configurado pelo crime do aborto, e do dito “casamento” homossexual, por constituírem “pecados que bradam aos céus e pedem a Deus vingança”.
Com efeito, uma nação peca quando suas leis, seus costumes e sua cultura se contrapõem aos ensinamentos divinos e induzem os seus habitantes a pecar. E o que é o aborto senão uma matança covarde de inocentes indefesos no ventre materno? E o que é o casamento homossexual senão um pecado contra a natureza criada e querida por Deus para o bem de seus filhos?
O grande Santo Agostinho afirma que o pecado de uma nação deve ser punido aqui na Terra, pois ela não possui uma alma imortal para ser punida depois da morte. Este foi o caso, por exemplo, de Sodoma e Gomorra, cuja ignomínia está reproduzida nas Sagradas Escrituras.
            Como o amor de Deus se estende às nações e os seus pecados acarretam grandes males para os seus habitantes, devemos zelar neste momento pelo Brasil, no momento em que estamos por decidir se devemos manter este governo – que já deu provas cabais de seu desrespeito à família e às Leis de Deus não apenas quanto às matérias acima, mas em muitas outras –, ou se devemos tentar outro, menos comprometido com tais causas.
O aborto e a oficialização da sodomia visam à destruição da família em terras brasileiras, e a candidata do PT tem em sua plataforma política este programa intrinsecamente perverso, pois contrário a Lei de Deus e da Igreja, além de configurar pecados que clamam a Deus por vingança, como aconteceu, relembro, em Sodoma e Gomorra.
Na vida pública como na dos indivíduos, terríveis germes de deterioração se fazem notar por todos os lados.  Eles colocam em sobressalto os espíritos lúcidos e vigilantes que querem um Brasil autêntico e íntegro, sem corrupção, seguindo a lei moral consignada nos mandamentos da Lei de Deus e da Igreja, respeitadora da lei natural.

Que Nossa Senhora Aparecida salve o Brasil dos maus políticos!

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Colheremos o que semearmos

Pe. David Francisquini

Para quem percorre o meio rural brasileiro, sobretudo em minha região norte-fluminense, chamam a atenção as linhas férreas desativadas rasgando as paisagens até se perderem de vista.  Sou levado a pensar a este propósito que um marco nos avanços que vinham dos tempos do Império foi abatido, pois os interessados eram de um lado os proprietários rurais, afanosos em fazer escoar a produção de suas terras, e de outro lado o Estado, que proporcionava assim um meio de transporte mais adequado aos tempos e às circunstâncias.
Barato e eficiente para todos os que viviam numa sociedade heril, familiar e plena de bem-estar, o trem, ao se aproximar de uma estação, despertava um ar de alegria, não apenas nos interessados em despachar e receber seus passageiros e mercadorias, mas em todos da localidade, pois era sempre portador de jornais, correspondências, enfim, de notícias novas.
Mas os tempos hoje são bem outros. Os trens foram substituídos por ônibus, caminhões, carretas, aviões... todos movidos a petróleo, em grande parte importado, meios caríssimos que concorrem não pouco para o custo Brasil. Quanto às notícias, elas nos chegam em velocidades siderais, como de costume as ruins em primeiro lugar, através da Internet, da TV, dos celulares e das redes sociais...
Como não podia deixar de ser, os moradores do campo, sobretudo os mais velhos, conservam ainda hábitos de outros tempos, como por exemplo a manifestação de júbilo ao receber alguém em sua casa, quando falam do tempo, das plantações e das criações como se fossem uma extensão de si mesmos.
Alguns fazem considerações sobre o lado misterioso de sua lida com a terra, onde pululam enormes variedades da flora e da fauna. Para essas pessoas, quem deu à terra sua fertilidade foi o próprio Deus, Ser supremo e infinito que ao criar todas as coisas quis nos maravilhar com a variedade da magnificência das criaturas.
Para o homem do campo, as elaborações mentais – mesmo quando não inteiramente explicitadas – levam-no a considerações ainda mais altas, até tocarem em Deus, único Ser capaz de prover os campos com a dádiva de tantas riquezas e variedades próprias a alimentar o corpo e a alma dos homens.
Por efeito do pecado original, na mesma terra onde vicejam as boas sementes, surge também a erva daninha, que com seus espinhos e frutos amargos invade às braçadas a terra. E como é difícil combatê-la! Ela é luz reflexa dos vícios que levam as pessoas a não viverem moralmente bem, privando-as da amizade e da graça de Deus.
Diz o Evangelho: “O Reino de Deus é como um homem que lança semente à terra; ele dorme e se levanta noite e dia, e a semente brota e cresce sem ele saber como. Porque a terra por si mesma produz, primeiramente, colmo, depois a espiga, e por último o trigo grado na espiga. Quando o fruto está maduro, põe-se logo a foice, porque é chegado o tempo da ceifa.” (Mc 4, 26 a 29).

Assim são os homens neste mundo, nesta terra de exílio. São como sementes boas ou más: as boas são levadas aos celeiros, as ruins, atiradas ao fogo. O fim de cada pessoa será de acordo com o que ela semeou. Se semeou a boa semente, receberá o prêmio consolador: “Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo”. Se semeou a semente ruim, receberá a sentença ou "afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que está preparado para o diabo e para os seus anjos”! 

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Levantai os olhos e vede os campos

Pe. David Francisquini

Os campos de minha terra, outrora povoados, encontram-se hoje ermos, esvaziados que foram pelo insano êxodo em busca das lantejoulas das grandes cidades. As poucas casas que ainda restam apresentam aspecto desolador, guarnecidas por uma vegetação rala que abriga parco rebanho.  

Em visita aos fiéis da zona rural, encontrei amigos velhos e velhos amigos, arraigados em suas terras como árvores frondosas. De raízes profundas como estas, nunca abandonarão o local onde nasceram, a não ser mortos.

Ali, como de costume, tudo se desenrola dentro da calma, do bom senso, da arguta observação da natureza, do senso psicológico e da boa prosa que caracterizam o camponês. Além das estiagens, das pragas, dos vermes e de uma exígua economia, ele sofre a falta de apoio dos órgãos do governo e dos políticos, que só se lembram dele para exigir o cumprimento de excessivas leis ambientalistas os primeiros, e de votos os segundos. “O que conta são os votos! E nós somos poucos”, sussurrou-me um.

Outro procura esticar a conversa: “A cada quatro anos uma eleição, promessas para lá, promessas para cá, mas os que ocupam os cargos de direção do País deixam a situação do jeito que está para ver como fica. E nós ficamos na mesma... Aliás, eles também ficam na mesma com os mensalões, pedágios, propinas, altos salários, safadezas de todos os lados. Para nós, só se fala nessa demagógica Reforma Agrária que nunca reformou nada e nem vai reformar”.

Folga ouvir verdades daquelas pessoas simples, mas honestas, que preferem estar de bem com sua  consciência antes que roubar um vintém de quem quer que seja. Seria chover no molhado responsabilizar os governantes pela sua negligência em relação ao verdadeiro agricultor, enquanto muitos de seus membros vestem o boné do MST.

O êxodo rural se deu em nome do desenvolvimento induzido, com enormes prejuízos para as boas tradições, a família e a propriedade rural. Dos lares bem constituídos de antanho foram os filhos saindo para as cidades, desmembrando-se assim de seu antigo tronco, do qual provinha a seiva que lhes dava a vida.

Triste e ao mesmo tempo cheio de consequências esse abandono forçado pelas circunstâncias. Sendo a vida no campo mais orgânica e própria às lides ininterruptas, ela forja o espírito do desbravador no caminho do dever e da honra.

No contato com aquelas pessoas simples e amantes da natureza, que veem nesta um reflexo de Deus, percebe-se que seus antepassados foram almas virtuosas, que encaravam a vida não como feita para os prazeres tantas vezes mentirosos que a grande cidade oferece, mas para seguir nesta Terra as pegadas de Jesus Cristo e depois conquistar o Céu.

Pode-se perceber também, naquele ambiente crepuscular, um lúmen de vitalidade que nos dá a certeza de um novo dia que raiará fulgurante. Sente-se bem-estar no campo e na vida campestre, estado psicológico adequado para que as bênçãos de Deus encontrem abrigo nos corações.
Ela é propícia à vida de oração e à obtenção das graças de Deus, que as distribui mais profusamente onde reina o silêncio – “non in commotione Domine”. E, como no campo a provação do tédio e da aridez costuma ser mais frequente, ele é o lugar mais propício para o homem plantar e colher frutos para a vida eterna. As mais belas passagens de Nosso Senhor não se referem à vida campestre?

“Se Deus veste assim a erva dos campos, que hoje cresce e amanhã será lançada ao fogo, quanto mais a vós, homens de pouca fé?” (Mat. 6, 30).  “Quando vedes soprar o vento do sul, dizeis: Haverá calor. E assim acontece” (Lc. 12). Dizia ainda ao povo: “Quando vedes levantar-se uma nuvem no poente, logo dizeis: Aí vem chuva. E assim sucede” (Lc. 12, 54).

“Não dizeis vós que ainda há quatro meses e vem a colheita? Eis que vos digo: levantai os vossos olhos e vede os campos, porque já estão brancos para a ceifa. O que ceifa recebe o salário e ajunta fruto para a vida eterna; assim o semeador e o ceifador juntos se regozijarão” (Jo. 4, 35- 38).


Se o homem for fiel à Lei divina vivendo em estado de graça, terá mais facilidade para ver as coisas criadas por Deus como luz reflexa da infinita perfeição divina, o cumprimento de seus deveres tornar-se-á mais fácil, e ele se preparará assim para seu fim último que é a vida eterna.