Demagogia não é santidade (I)
* Pe. David Francisquini.
"Não vos admireis que vos chame servos, mas amigos,
pois o servo não se senta à
mesa de seu senhor, mas somente os amigos. Eu vos elegi para que possais dar
muitos frutos e frutos em abundância”, diz o Divino Mestre. E a Igreja sempre
ensinou que o sacerdócio católico – como instituição e como missão divina – é o
sal que salga e a luz que ilumina.
Amigos. A verdadeira amizade consiste na comunhão de ideal alicerçada na fé, na esperança e na caridade, pois o amigo deve concordar, isto é, ter o mesmo coração de seu amigo no não querer determinada coisa. Entre amigos deve existir o mesmo modo de pensar, querer e sentir em Jesus Cristo, o Homem-Deus que é santo, inocente e impoluto.
Como criaturas de Deus, devemos conquistar o espírito dos homens para a sua Doutrina e a sua Lei. Tanto na vida particular quanto na pública, o padre deve refletir santidade diante dos homens, agindo e vivendo como outro Cristo, ou seja, encontrar-se sempre em estado de graça, manter uma vida sobrenatural intensa e assim ganhar almas para Deus Nosso Senhor.
Não bastam as aparências, pois se o sacerdote não possui uma vida digna e santa, não iluminará as almas com os seus exemplos, e
suas palavras não serão acompanhadas da
verdadeira unção que faz frutificar o
que ele semeia no íntimo dos corações. É célebre o dito de um advogado
parisiense que foi à cidadezinha de Ars visitar o Pe. Vianney: “Eu vi Deus num
homem”.
Conta-se que numa ocasião, sentindo-se vencido, o demônio afirmou que se existissem na terra três sacerdotes santos e imbuídos da santidade do Cura d'Ars, seu reino estaria destruído. Na verdade, a Igreja necessita de santos sacerdotes, e não de padres demagogos, padres artistas ou padres populistas para reivindicar e promover a luta de classe fazendo-se de pobres com os pobres.
Para São João Crisóstomo, as mãos do padre devem ser santas e imaculadas, porque tocar a hóstia consagrada constitui ação tão sublime que exige dele vida ilibada; sua boca deve estar repleta do fogo espiritual para difundir a palavra de Deus e conduzir as almas para o Céu; sua língua, tinta do sangue do Cordeiro, será a força que o conduzirá pela via da cruz e da imolação.
Ainda ontem li em Catolicismo uma análise feita pelo Dr. Plinio Corrêa de Oliveira em 1954, na qual o arguto pensador católico descrevia a nobre figura do
Cardeal Merry del Val,
Secretário de Estado do saudoso Papa São Pio X. A exemplo do imortal Pontífice fustigador da
heresia modernista, o cardeal era um modelo de altivez sobrenatural que nos faz
entender bem a dignidade inefável do Sacerdote, a qual pode refulgir tanto em
um Prelado como ele como no mais modesto Vigário de aldeia.
São João Batista Vianney foi um
padre de aldeia cuja humildade e caridade fazia com que ele dispensasse a todos
uma acolhida encantadora. Suas virtudes tornaram-se luzes reflexas da humildade
pura e da naturalidade perfeita que o caracterizavam. Ambas se uniam à
delicadeza cordial de um santo, como revela seu biógrafo Francis Trochu.
Narra o autor que um conhecido
jovem de nobre linhagem de Marselha pôde verificar na pessoa do Cura d’Ars uma
finíssima cortesia, uma amabilidade e um requinte que eram
frutos de sua santidade. Somados a um acendrado amor de Deus proveniente de sua caridade, representavam a fonte de sua verdadeira polidez e distinção.
frutos de sua santidade. Somados a um acendrado amor de Deus proveniente de sua caridade, representavam a fonte de sua verdadeira polidez e distinção.
Num próximo artigo espero dar
continuidade à matéria, quando tentarei mostrar aos leitores que a verdadeira grandeza de uma pessoa não
provém de sua aparência, mas de seu amor à Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.
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