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sábado, 25 de maio de 2013

Demagogia não é santidade (I)

* Pe. David Francisquini.

                     "Não vos admireis que vos chame servos, mas amigos,
pois o servo não se senta à mesa de seu senhor, mas somente os amigos. Eu vos elegi para que possais dar muitos frutos e frutos em abundância”, diz o Divino Mestre. E a Igreja sempre ensinou que o sacerdócio católico – como instituição e como missão divina – é o sal que salga e a luz que ilumina.
           Amigos. A verdadeira amizade consiste na comunhão de ideal alicerçada na fé, na esperança e na caridade, pois o amigo deve concordar, isto é, ter o mesmo coração de seu amigo no não querer determinada coisa. Entre amigos deve existir o mesmo modo de pensar, querer e sentir em Jesus Cristo, o Homem-Deus que é santo, inocente e impoluto.
                    Como criaturas de Deus, devemos conquistar o espírito dos homens para a sua Doutrina e a sua Lei. Tanto na vida particular quanto na pública, o padre deve refletir santidade diante dos homens, agindo e vivendo como outro Cristo, ou seja, encontrar-se sempre em estado de graça, manter uma vida sobrenatural intensa e assim ganhar almas para Deus Nosso Senhor.
                    Não bastam as aparências, pois se o sacerdote não possui uma vida digna e santa, não iluminará as almas com os seus exemplos, e suas palavras não serão acompanhadas da
verdadeira unção que faz frutificar o que ele semeia no íntimo dos corações. É célebre o dito de um advogado parisiense que foi à cidadezinha de Ars visitar o Pe. Vianney: “Eu vi Deus num homem”.
                Conta-se que numa ocasião, sentindo-se vencido, o demônio afirmou que se existissem na terra três sacerdotes santos e imbuídos da santidade do Cura d'Ars, seu reino estaria destruído. Na verdade, a Igreja necessita de santos sacerdotes, e não de padres demagogos, padres artistas ou padres populistas para reivindicar e promover a luta de classe fazendo-se de pobres com os pobres.
                   Para São João Crisóstomo, as mãos do padre devem ser santas e imaculadas, porque tocar a hóstia consagrada constitui ação tão sublime que exige dele vida ilibada; sua boca deve estar repleta do fogo espiritual para difundir a palavra de Deus e conduzir as almas para o Céu; sua língua, tinta do sangue do Cordeiro, será a força que o conduzirá pela via da cruz e da imolação.
                   Ainda ontem li em Catolicismo uma análise feita pelo Dr. Plinio Corrêa de Oliveira em 1954, na qual o arguto pensador católico descrevia a nobre figura do Cardeal Merry del Val,
Secretário de Estado do saudoso Papa São Pio X.  A exemplo do imortal Pontífice fustigador da heresia modernista, o cardeal era um modelo de altivez sobrenatural que nos faz entender bem a dignidade inefável do Sacerdote, a qual pode refulgir tanto em um Prelado como ele como no mais modesto Vigário de aldeia.
                São João Batista Vianney foi um padre de aldeia cuja humildade e caridade fazia com que ele dispensasse a todos uma acolhida encantadora. Suas virtudes tornaram-se luzes reflexas da humildade pura e da naturalidade perfeita que o caracterizavam. Ambas se uniam à delicadeza cordial de um santo, como revela seu biógrafo Francis Trochu.
                Narra o autor que um conhecido jovem de nobre linhagem de Marselha pôde verificar na pessoa do Cura d’Ars uma finíssima cortesia, uma amabilidade e um requinte que eram
frutos de sua santidade. Somados a um acendrado amor de Deus proveniente de sua caridade, representavam a fonte de sua verdadeira polidez e distinção.
            Num próximo artigo espero dar continuidade à matéria, quando tentarei mostrar aos leitores que a verdadeira grandeza de uma pessoa não provém de sua aparência, mas de seu amor à Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.

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