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quinta-feira, 2 de maio de 2013

Rei dos reis e Senhor dos senhores

*Pe. David Francisquini

                Em seu Evangelho sobre o encontro de Jesus no Templo discutindo com os doutores da Lei, São Lucas O descreve descendo com São José e Maria rumo a Nazaré e submisso a eles. Verdadeiro relicário de sabedoria e de virtudes, Maria conferia e conservava em seu coração toda a vida do Menino Jesus, que crescia em idade, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens.
                Sendo verdadeiro Deus, no quê poderia Ele crescer dentro da simples, mas incomensuravelmente rica casa de Nazaré onde vivia a Sagrada Família? No entanto, Ele crescia em graça e santidade, um mistério alto e profundo que se reflete na Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, sua Esposa Mística.
                Não quis Nosso Senhor ensinar assim que a Igreja nasceria minúscula, pequenina, mas que cresceria igualmente em idade, graça e santidade? “Em suas instituições, em sua doutrina, em suas leis, em sua unidade em sua universalidade, em sua insuperável catolicidade, a Igreja é um verdadeiro espelho no qual se reflete nosso Divino Salvador. Mais ainda ela é o próprio corpo místico de Cristo”, afirma o denodado líder católico Plínio Corrêa de Oliveira em uma de suas Vias-Sacras.
                E acrescenta: “Devemos pensar como a Igreja pensa, sentir como a Igreja sente, agir como a Igreja quer que
procedamos em todas as circunstâncias de nossa vida. Isso supõe um senso católico real, uma pureza de costumes autêntica e completa, uma piedade profunda e sincera. Em outros termos supõe um sacrifício de uma existência inteira... Eu serei de modo exímio uma reprodução do próprio Cristo. A semelhança de Cristo se imprimirá viva e sagrada em minha própria alma".  
                Ao refletir sobre essa passagem vem-nos ao espírito algo de muita envergadura a projetar luz na história bimilenar da Igreja. Se Cristo revelou a própria grandeza e superioridade de modo paulatino, por que não aplicar o mesmo a seu Corpo Místico que é a Igreja Católica fundada por Ele? O início da Igreja pode ser comparado a um minúsculo e insignificante grão de mostarda que ao crescer se torna a maior das hortaliças, a ponto de as aves do céu se abrigarem em seus galhos e neles fazerem seus ninhos.
                A Esposa de Cristo cresceu com Ele e produziu sazonados frutos em todos os lugares onde sua semente caiu em terra fértil. Ela não cuidou apenas do lado espiritual do homem, mas de todos os campos da sua atividade: arte, filosofia, teologia, literatura, arquitetura, trajes, costumes, de todo o âmbito social e moral enfim, dando origem a uma verdadeira civilização.
                Negá-lo seria negar a assistência e a ação do Espírito Santo na vida da Igreja através dos séculos. Por toda parte onde sua missão se fez presente nasceu uma civilização e uma cultura baseadas nos princípios evangélicos. A Igreja nunca deixou de se interessar pelos pobres, dos quais se tornou, pelo contrário, a maior protetora.
                A História registrou a variedade de sua ação caritativa através dos orfanatos, hospitais, asilos, escolas, faculdades,
universidades, corporações de ofício, bem como o cuidado das viúvas, dos deficientes e dos desvalidos. Sobretudo, Ela se dedicou à formação do caráter e da personalidade das crianças e dos jovens.
                Sem jamais se descurar de toda essa ação benfazeja, a Igreja instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo tem como missão primordial salvar as almas. Por isso Ela sempre foi zelosa de sua doutrina, para que os princípios derivados desta penetrassem na vida social, nos costumes e nas boas maneiras. O exemplo, aliás, começava pela própria Igreja, através da distinção e nobreza com que fez cercar suas alfaias, objetos sagrados e trajes eclesiásticos.
                É doloroso usar o verbo no passado. As igrejas eram
construídas num estilo que remontava ao sacral, para que todos os que nelas entrassem sentissem um pedacinho do Céu. O mesmo se dava em relação aos objetos do culto, que por sua suntuosidade, requinte, beleza e variedade de cores conduziam as almas a pensar em Deus e a amá-Lo com todas as veras de sua alma, entendendo que Ele deve ser tratado com todo o respeito e a reverência devidos ao Rex regum et Dominus dominantium, isto é, ao Rei dos reis e Senhor dos senhores.
                Se não nos prepararmos desde já para conhecer, amar e servir a Deus como Ele de fato é – ou seja, o Criador do Céu e da Terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis, Ser de uma beleza, perfeição e majestade infinitas –, como estaremos aptos para contemplá-Lo eternamente no Céu?

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