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sexta-feira, 5 de abril de 2013

Nem a natureza ficou insensível

*Pe. David Francisquini

            Enquanto ainda não desponta para nós, o sol, que nunca deixa de iluminar a terra, se vela em outros confins. As trevas da noite que cobrem a pessoa adorável de Nosso Senhor Jesus Cristo e de seus discípulos estão prestes a se dissipar. A Páscoa se aproxima.
Ao contemplar e refletir sobre tão sublime mistério da Ressurreição, podemos imaginar a noite escura que de repente passa a brilhar com toda intensidade, para simbolizar o maior milagre da divindade de Cristo: o Filho de Deus que se encarnou, padeceu e morreu, agora ressuscita, após vencer a morte, o demônio e o pecado.
Com a Ressurreição, um novo dia raia para a humanidade. Inicia-se para os apóstolos e os discípulos o período da evangelização, que redundaria séculos mais tarde na civilização cristã: “Ide por toda parte e pregai o Evangelho. Aquele que crer e for batizado será salvo, o que não crer será condenado. Eis que estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos”.
Os Santos Evangelhos narram que pelo fim da noite de sábado saíra Maria Madalena em companhia de outra Maria para visitar o sepulcro, e eis que se deu um grande terremoto. O anjo do Senhor desceu do Céu e, chegando ao túmulo, afastou a pedra e sentou-se em cima dela. Seu aspecto era como o de um relâmpago, e sua veste, branca como a neve.
 O grande terremoto que se desencadeara com um estrondo à semelhança de canhão homenageava e anunciava o grande Rei que ressurgiu dos mortos. Diante do que presenciavam, os guardas se sentiram aterrados, e o anjo disse às mulheres: “Não vos amedronteis: sei que procurais a Jesus que foi crucificado. Não está aqui, pois ressuscitou como havia dito. Vinde e vede o lugar onde fora deitado o Senhor." (S.Mat. 28, 1-7).
O Criador de todas as coisas não jaz mais na sepultura. Diante do esplendor do arauto celeste, a natureza estremeceu. E os inimigos de Cristo, que rondavam em torno do Sepulcro, ficaram apavorados, desmaiando uns e fugindo outros. 
            Segundo São Beda, do princípio do mundo até aquele momento em que Cristo ressuscitou, o dia começava a ser contado na véspera. Isto era para indicar que os homens passaram do dia para a noite, pois, com o pecado original, a luz do paraíso terrestre havia desaparecido.
Com a Ressurreição, o mundo – envolto até então nas trevas do pecado e na sombra da morte – retornou à luz da vida e começou a brilhar com intensidade, pois as trevas do paganismo tinham acabado de ser vencidas pelo grande Redentor.
Desaparece assim o sábado, passando Cristo a iluminar o mundo com o novo dia do Senhor, enquanto a sua Igreja resplandece para substituir a obscurecida sinagoga, isto é, o Antigo Testamento. A aliança de Deus com os homens estava restabelecida.
            Quando Jesus Cristo expirou na Cruz, a natureza não ficou
insensível nem indiferente, pelo contrário, convulsionou-se. O mesmo se deu no momento de sua gloriosa Ressurreição. Ficou assim assinalado que a natureza divina e humana de Cristo manifestou extraordinário exemplo de grandeza, poder e humildade.
O poder da Ressurreição vence a morte, espanta as trevas e suplanta o poder de satanás. O terremoto indica que os corações dos homens se comovem pela fé na paixão e morte do Salvador e nos incita a fazer penitência pelos nossos pecados, a fim de nos enchermos de um santo e salutar pavor, que é o início da sabedoria.
Ao ressuscitar, Cristo e Senhor Nosso destrói o véu da morte que O envolvia, fazendo com que o céu e a terra se voltem a relacionar. O Anjo do Senhor manifesta o brilho da claridade, da clarividência e da felicidade, pois Cristo Salvador ressuscitou dos mortos.
            Ao ver o anjo descer do Céu, retirar a grande pedra que estava à entrada da sepultura e sentar-se em cima dela, os inimigos do Salvador estremeceram de pavor e medo. Como será então quando Ele voltar à terra para julgar os vivos e os mortos? Os elementos da natureza seguramente não ficarão insensíveis...

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