Ele
lutou e venceu como guerreiro
*Pe. David Francisquini
Se Maria teve papel tão relevante na Encarnação do Verbo trazendo ao mundo o Salvador do mundo, necessariamente Ela é, depois de seu Filho – carne de sua carne e sangue de seu sangue – a mais perfeita das criaturas. Numa palavra, Nossa Senhora é a obra-prima da criação e a co-redentora do gênero humano.
E
se compreende que seja assim, pois, do mesmo modo como o pecado entrou no mundo
através de um homem e de uma mulher, foi também por meio de um Homem e de uma
Mulher que a graça superabundou neste mesmo mundo, advindo-nos os meios
necessários para lutar e vencer a nossa natureza decaída pelo pecado de nossos
primeiros pais.
Com efeito, o trabalho, a doença, o sofrimento
e a morte são consequências do pecado original e patrimônio comum de todos os
homens neste Vale de Lágrimas. Mas podemos mitigar de algum modo seus efeitos
oferecendo-os em união a Jesus e Maria, que sem a mancha do pecado sofreram
indizivelmente mais do que todos nós.
Sem
dúvida, tais ponderações nos fazem entender melhor por que os sofrimentos da
Mãe do Salvador atingiram um ápice só comparável aos de seu divino Filho.
Imaginemos
o mar, ao mesmo tempo tangível e grandioso. Por mais impressionante que ele
seja, nada é em comparação com o mar de expiações que transbordou em Maria,
tornando-A Senhora das dores. Outro exemplo: o sol dissipando as trevas da
noite com as suas intensidades e o seu calor.
Por
obra e graça do Espírito Santo, Maria concebeu e gerou Jesus Cristo. Que honra
inexcedível! Mas, depois, ouviu do Profeta Simeão que uma espada de fogo trespassaria
seu coração imaculado. Pode-se compreender dor maior? Poderia o homem mensurar
o que se passou naquele coração de Mãe que concebeu o Filho de Deus para ser vítima
dos homens ingratos?
Foi o sofrimento de sua vida inteira que se
consumou naquele ápice da paixão e morte de cruz seu Filho. Quando, do alto da
Cruz, Nosso Senhor nos deu Maria como mãe, concedeu-nos a luz das luzes, para
que essa luz se difundisse pela Terra inteira entre os filhos de Adão e por
cujo meio Jesus Cristo reinasse nos corações dos homens. Eis aí a consequência
deste mistério entre Mãe e Filho.
Se
tão grandes foram os padecimentos de Jesus, quais não terão sido os de sua Mãe
Santíssima – que como ninguém O compreendeu e amou – vendo-O flagelado, coroado
de agudos espinhos, cuspido, coberto com o manto de escárnio, com os passos
vacilantes à espera do supremo sacrifício das mãos daquele populacho
endemoniado e enfurecido?
Diz
o Evangelista que com a Paixão e Morte do Redentor do mundo a criação se
decompôs: a terra estremeceu, o véu do templo se rasgou, o firmamento do céu
cobriu-se de trevas, o sol se ocultou, os sepulcros se abriram e vários santos
ressuscitaram. O bom ladrão foi recebido no Paraíso depois de sua confissão
piedosa junto ao Mártir divino.
Se
toda a natureza se revestiu de luto e de dor, o que dizer do coração dessa
aflita Mãe que tudo acompanhava e padecia com o seu amadíssimo Filho? E Jesus
Cristo, o vencedor da morte, ao mesmo tempo em que tributava à sua Mãe todo o
seu amor filial, dava-lhe o Reino dos céus.
Ele
A constituiu herdeira dos seus méritos infinitos para distribuir aos homens –
seus filhos – os tesouros conquistados pelo grande combate que travou e venceu
como guerreiro.
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