Por que Deus censurou Caim?
*Pe. David
Francisquini
Porque possui alma imortal o homem é dotado de
inteligência e vontade. Enquanto a razão tem por objeto próprio a verdade, e
não o erro e a mentira, a vontade deve visar o bem. Por sua vez, os sentimentos
devem acatar os ditames de uma e de outra.
Pautar a conduta humana por sua faculdade sentimental e
romântica seria negar a sua racionalidade, pois é através da razão que o homem
regula seus sentimentos e emoções. Deus censurou Caim ao lhe dizer que ele
possuía as rédeas nas mãos para dominar seus instintos animais.
Enquanto os irracionais são dotados de forças instintivas
e cegas que os impulsionam à natural procura de seu bem, o homem, para nortear sua
conduta, precisa das faculdades da inteligência e da vontade, além da regra
moral consubstanciada nos Dez Mandamentos da Lei de Deus.
Através da inteligência, o homem conhece as realidades
visíveis e mesmo as invisíveis, e iluminado pela fé pode conhecer realidades
mais altas, como as verdades reveladas por Deus segundo as Escrituras e a
Tradição e transmitidas pelo Magistério multissecular da Santa Igreja Católica
Romana.
Com efeito, não há antagonismo entre fé e inteligência.
Tentar explicar as Escrituras por meio do progresso e da cultura humana, como
fazem os modernistas, constitui doutrina condenada por São Pio X na encíclica Pascendi, bem como por outros papas.
Ensina-nos Pio IX que em matéria de religião a ciência
não pode dominar ou prescrever o que se deve crer e aceitar, e nem tampouco
perscrutar os mistérios de Deus, e sim lhes prestar reverente, piedosa e
humilde homenagem.
Em nome do avanço da ciência, a revolução cultural
moderna preconiza e defende, entre muitos males, o aborto, a eutanásia, a sodomia, a prostituição, o divórcio, as uniões de fato, a abolição do celibato sacerdotal. É claro que tal revolução visa destruir os valores religiosos e morais que ainda pautam a vida social e política.
moderna preconiza e defende, entre muitos males, o aborto, a eutanásia, a sodomia, a prostituição, o divórcio, as uniões de fato, a abolição do celibato sacerdotal. É claro que tal revolução visa destruir os valores religiosos e morais que ainda pautam a vida social e política.
As barreiras que infelizmente ela vem destruindo são tantas,
que religiosos de peso passaram a defender uma piedade sentimental em relação
àqueles que levam uma vida em desacordo com a moral. Costumam alegar que tais
males surgiram como reação ao rigorismo doutrinário e moral da Igreja.
Na realidade, precisamos distinguir bem a misericórdia
para com o pecador que deseja abandonar o vício da aceitação sistemática e
metódica de leis contrárias à fé e à moral. Para os modernistas nada é
imutável, portanto a Igreja precisa adaptar-se à realidade hodierna sem negar
seus erros e vícios.
Como não poderia deixar de ser, esse procedimento de
autoridades eclesiásticas vem causando a perda da fé de incontáveis fieis. Pois
necessitando a fé de explicitação – na alma de cada fiel há pontos relativos à
Igreja, ao dogma e aos Livros sagrados –, os progressistas tomam a iniciativa
de construir uma doutrina própria que procuram enquadrar racionalmente às suas
conveniências.
Espero em breve dar continuidade ao tema de hoje. Até lá.
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