Antes que seja demasiadamente tarde
Pe.
David Francisquini
No dia 13 de maio último,
comemoramos o centenário da primeira aparição de Nossa Senhora de Fátima aos
três pastorinhos. O leitor poderá indagar se diante de tão marcante
acontecimento da História da Igreja – certamente a mais importante das
aparições da Virgem Maria ao mundo – os homens atenderam ou não aos pedidos da celeste
mensageira.
Para responder a essa premente
pergunta, importa recordar que a Mãe de Deus veio pedir aos homens oração, penitência,
mortificação e mudança de vida, isto é, renúncia à impiedade e à corrupção dos
costumes. E também que cressem e professassem a doutrina e a Lei de Deus
consubstanciada nos Dez Mandamentos.
A Rainha do Céu e da Terra pediu
ainda que se rezasse diariamente o terço e se fizesse a comunhão reparadora dos
cinco primeiros sábados (a qual consiste em se confessar com a intenção de
reparar o Coração Imaculado de Maria, comungar e passar um quarto de hora
meditando sobre os mistérios do Santo Rosário).
Por fim, de maneira
imperiosa, pediu a consagração da Rússia ao seu Imaculado Coração, a ser feita
pelas autoridades competentes, pois do contrário essa nação espalharia seus
erros pelo mundo. Teria esse pedido – como os outros sugeridos pela Mãe de Deus
– sido atendido pelos homens?
– Infelizmente não! Poucos
foram os que rezaram, e menos ainda os que se penitenciaram, se converteram e
mudaram de vida. O que não deixa de ser um reflexo do não atendimento do pedido
de consagração da Rússia.
*
* *
1917-2017. Cem anos da
aparição de Nossa Senhora em Fátima, Portugal. E também cem anos do bolchevismo
na Rússia, o qual foi, e continua sendo, um flagelo para o mundo, que ele descristianiza
através da Revolução gnóstica e igualitária. A crise sem precedentes que assola
a Venezuela e ameaça o Brasil não é alheia aos erros espalhados pela Rússia.
Como Mãe de misericórdia, a
Rainha dos Céus aparece aos pastorinhos, apresentando os meios para a conversão
e mudança de vida. Onde está a conversão? Onde está a penitência? Cumpre
lembrar que as aparições de Fátima aconteceram num momento importante do processo
revolucionário, e mesmo se os homens não atendessem aos pedidos de Nossa
Senhora, como mãe bondosa Ela prometeu: “Por fim, o meu Imaculado Coração
triunfará!”.
Plinio Corrêa de Oliveira comenta
que ao abandonarem os homens a velha tradição medieval, eles passaram a ter como
ideal de vida não mais a Igreja e seus mandamentos, mas “o Humanismo e a Renascença,
que procuraram relegar a Igreja, o sobrenatural e os valores morais da religião
a um segundo plano”.
No campo social – continua o
autor de Revolução e Contra-Revolução –
“a introdução do ideal de desestabilizar a sociedade, levando ao caos, por meio
da luta de classe e da violência e a ter hábitos tribais, estruturando-a numa ‘síntese
ilusória’ entre o auge da liberdade individual e do coletivismo consentido, na
qual este último acaba por devorar a liberdade".
E conclui dizendo que,
"segundo tal coletivismo, os vários ‘eus’ ou as pessoas individuais, com
sua inteligência, sua vontade e sua sensibilidade, e consequentemente com os
seus modos de ser característicos e conflitantes, se fundem, se dissolvem na
personalidade coletiva da tribo geradora de um pensar, de um querer, de um
estilo de ser densamente comuns".
Propriamente, é a negação da
tradição e de todos os valores morais, religiosos, éticos e culturais, com
vistas à implantação da anarquia na sociedade.
Daí a importância de Fátima e
de sua mensagem para esmagar esse multissecular processo demolidor chamado Revolução,
nascido no fim da Idade Média de uma crise de fé e moral sem precedentes na História.
Nossa Senhora veio propor os remédios para liquidá-lo.
Remédios bondosamente
oferecidos, mas dos quais os homens vêm se recusando a fazer uso. O que faz
entrever um fim análogo ao daqueles doentes que se negam a tomar os remédios que
seus médicos lhes prescrevem...
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