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sábado, 4 de janeiro de 2020


Ouçamos a voz dos Reis Magos


*Padre David Francisquini


O Natal de Jesus Cristo não reflete apenas alegria. Envolto de alegria e júbilo, seu nascimento sugere também tristeza, pois Raquel chora os seus filhos. A noite – que havia sido transformada em luz e paz – se prepara para uma carnificina: a matança dos inocentes, decretada pelo ódio de Herodes ao Menino-Deus. São José e Nossa Senhora se retiram com o Menino para uma terra distante. “Do Egito chamei meu filho”, havia assinalado o profeta Oseias.
A Sagrada Família peregrina pelas sombras da noite, longe dos seus, deixando atrás de si um manto de sangue e de luto causado pelo rei idumeu que, turbado diante do nascimento do Divino Infante, havia ordenado à morte de todas as crianças de Belém e circunvizinhanças. Afinal, quanto maior o poder aqui na terra, maiores são os perigos e temores que parecem ameaçar e cercar o seu detentor.
O Pseudo Crisóstomo – citado por Santo Tomás –, ao falar de Herodes, afirma que assim como os ramos das árvores mais elevados são os mais agitados pelo vento, os homens que ocupam altos postos se abalam diante do menor e mais tênue sinal de ameaça à sua dignidade, ao contrário das pessoas de condição humilde acostumadas a uma vida tranquila e serena.
Isso parece ser uma constante a assaltar à consciência dos grandes desta terra, ciosos e ao mesmo tempo insaciáveis na defesa de suas prerrogativas e posições. Picados pela vanglória, muitas vezes eles sacrificam a própria honra e dignidade, como ocorre não poucas vezes no mundo político, empresarial, e mesmo no judiciário. Todos cometem os mesmos pecados e as mesmas infâmias, indiferentes aos valores morais, à instituições como a família, as boas tradições, aos bons costumes, enfim à própria sociedade. 
Algo assim não se passa no nosso Brasil quando são aprovadas leis atentatórias à moralidade pública e às nossas mais caras instituições e valores? O que acontecerá quando o Rei-Menino, sentado no mais alto dos Céus à direita de Deus Pai, próximo à sua Mãe que O amamentava, vier um dia sobre as nuvens julgar àqueles que hoje promovem o crime e a impiedade nesse pequeno lapso de vida nesta terra de exílio?
Naquela ocasião Herodes, ao ser instigado pela inveja e pela ambição a reinar no lugar do próprio Deus, fez o papel de Satanás. Aquilo que Satanás fez quando se revoltou no Céu, Herodes quis fazer aqui na terra, a fim de perpetuar o seu poder. E isso se passa com intensidade maior ou menor entre os seguidores das máximas de Satanás.
A voz dos Reis Magos ecoou em todos os corações, bons e maus, ao perguntarem sobre o local onde se encontrava o recém-nascido, o Rei dos judeus, pois a grande estrela que os guiava não mentia. Se os maus a ouviram e foram diligentes em maquinarem o mal, será que os bons também ouviram o convite para marchar rumo à Belém, ou mesmo até ao Egito, a fim de acompanhar e resguardar o Deus Encarnado a fugir da sanha de Herodes? Será que tal diligência se encontra sempre do lado daqueles que procuram Nosso Senhor Jesus Cristo não para amá-Lo e segui-Lo, mas para tramar contra Ele?
O móvel orientador desses corações empedernidos é o ódio destruidor e assassino. É bem esse escândalo que se repete em nossos dias com a constante tentativa de introdução do aborto, da eutanásia, da ideologia de gênero, do pseudo-casamento de pessoas do mesmo sexo, da prostituição e demais aberrações. Numa palavra, visam a morte da civilização cristã e a introdução do caos e da desordem contra Jesus Cristo.

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