Quem subsistirá ao
dia da ira?
Padre David Francisquini
Tratei
recentemente da escalada de corrupção moral envolvendo crianças, tendo
prometido voltar ao assunto, tamanha a sua gravidade. Infelizmente, se na
estrutura familiar ainda perduram alguns valores morais, estes não remontam aos
princípios, mas a meros atavismos, muito mais fáceis de serem tragados pela
maré montante da Revolução gnóstica e igualitária.
Tornou-se
rotina, por exemplo, pessoas provenientes de casamentos desfeitos realizarem
uma ou mais uniões, agravando ainda mais a precariedade da estrutura que muitos
ainda teimam em chamar de “familiar”, na medida em que trazem filhos de uma
união para conviver com outros que não são seus genitores ou irmãos.
Como
não perceber que esse arranjo dito familiar resulta da falta de princípios e de
convicções religiosas que constituíam até um tempo não muito remoto a
salvaguarda do casamento, mas igualmente da instituição da família?
A
união entre um homem e uma mulher que desejassem constituir família se dava num
Cartório de Registro Civil (não havia ainda a lei do divórcio), mas era,
sobretudo, sacramentado no Altar, onde os nubentes juravam diante de Deus
fidelidade mútua – até que a morte os separasse – e a educação da prole.
O
casamento indissolúvel, consubstanciado num Sacramento da Santa Igreja, redunda
no bem dos cônjuges, dos filhos e da sociedade. Foi ensinado nos santos
evangelhos com validade para todos os tempos e lugares, não devendo o homem
separar aquilo que Deus uniu. Este é um arcabouço sólido para se
edificar a união entre o homem e a mulher.
No
entanto, na medida em que a Revolução anticristã prossegue seu processo multissecular
para implantar todo um estado de coisas avesso à ordem – que é a paz de Cristo
no Reino de Cristo –, ela vai derrubando os obstáculos com os quais se depara,
sendo o principal deles a família, um dos pilares da civilização cristã.
Aqui no Brasil, a ministra Damares Alves vem denunciando reiteradas vezes o tráfico de
crianças para os piores fins, inclusive para serem abusadas sexualmente, com todas as sequelas que tais aberrações acarretam.
Se
Deus julga e sentencia quem escandaliza e desvia uma criança que para ele seria
melhor uma mó ao pescoço e ser lançado nas profundezas do mar, qual é a ameaça
que pesa sobre os articuladores que se utilizam das crianças como instrumentos
de seus planos para eliminar a ideia de Deus da face da Terra?
Outro
reflexo dos dias tenebrosos em que vivemos é o Projeto de Lei,
3.369/2015, do comunista Orlando Silva (PCdoB), conhecido
como Estatuto das Famílias do Século XXI, que na opinião de
publicações e pessoas autorizadas visa à legalização do incesto e da união
entre duas ou mais pessoas.
Como
sacerdote de Nosso Senhor Jesus Cristo, eu tenho o dever de ensinar os fiéis a
cuidar de suas almas e a se santificar pela frequência habitual dos
sacramentos. O ensinamento de hoje é apontar nas Escrituras Sagradas algumas
passagens sobre a ira de Deus e os castigos infligidos por Ele àqueles que
violam a sua santa Lei.
Deus fala em deixar a cidade em ruínas, desolada e arrasados os seus
santuários, sem ofertas nem sacrifícios, a ponto de deixar as pessoas perplexas
quando os inimigos ocuparem seus países e habitações, como aconteceu nas nações
dominadas pelos regimes ditatoriais e ateus.
Diluvio |
“Da
sua boca saía uma espada afiada para com ela ferir as nações; ele as regerá com
uma vara de ferro, e ele é o que pisa o lagar do vinho do furor da ira do
Deus Todo-poderoso” (Ap. 19, 15).
“Raça
de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que vos ameaça? Fazei, portanto,
frutos dignos de penitência [...] porque o machado já está posto à raiz das
árvores. Toda árvore que não dá bom fruto, será cortada e lançada ao fogo” (Lc
3. 7 e ss.).
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