De Deus não se zomba!
*Padre David
Francisquini
Patrocinada pelo
Ministério da Saúde, a experiência da distribuição gratuita de preservativos a estudantes
do Ensino Médio em quatro capitais deverá ser estendida a 400 escolas públicas de
todo o Brasil através da instalação de máquinas distribuidoras. A propósito e
enquanto sacerdote, eu me julgo na obrigação de dizer uma palavra sobre o
assunto.
Reporto-me a um dos
modelos apontados pela Santa Igreja para a edificação de seus membros, São
Pedro Julião Eymard, fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento ou
Sacramentinos. Como grande conhecedor de almas, ele considerou a transição da
infância para a adolescência como a fase mais crítica da vida de um jovem, pois
seu futuro dependerá do que ele foi nesse confronto decisivo da vida.
Ao não se deixar capitular
pelos impulsos sexuais, a personalidade fica para sempre impregnada pela alegria
de ter vencido aquela primeira batalha da vida. Falando certa vez para um
público jovem, aquele santo francês assegurou: Se vedes em mim decisão e
coragem, é porque eu soube vencer tal ímpeto da paixão e isso se expressa em
minha própria voz.
Com
efeito, nada rompe mais a personalidade de um moço do que se enveredar pelo
caminho tortuoso da impureza. São Paulo nos advertiu: “Não vos enganeis: de
Deus não se zomba. Aquilo que o homem semear, isto também colherá: aquele que
semeia na sua carne, da carne colherá corrupção; mas o que semeia no espírito,
colherá do espírito a vida eterna.
“Andai segundo o espírito
e não satisfazei o desejo da carne. Efetivamente, a carne tem desejos
contrários ao espírito e o espírito desejos contrários à carne; essas coisas
são contrárias entre si para que não façais tudo aquilo que quereis... As obras
da carne são manifestas: o adultério, a fornicação, a impureza, a luxúria...”.
Existe
um princípio regulador da função sexual que se obtém apenas dentro do
matrimônio legítimo, pois só este proporciona o verdadeiro sentido de sua
retidão moral no relacionamento homem e mulher. Não havendo tal formalidade, as
relações sexuais se tornam imorais e, portanto, constituem sempre e em qualquer
circunstância, pecado mortal inescusável.
Os defensores das
relações pré-matrimoniais costumam alegar como obstáculos para a realização do
casamento a prazo longo ou curto, as dificuldades para a obtenção de uma casa, a
compra de móveis, a necessidade de conservar o amor, o desabafo do organismo,
problemas de saúde, ou ainda a necessidade de maior conhecimento recíproco.
Contudo, tais alegações
são feitas para abafar a própria consciência, pois como não querem ter filhos –
para eles a grande tragédia da vida –, procuram eliminar todos os entraves que
os impedem de se relacionarem e, ao mesmo tempo, gozarem de reputação ilibada
perante a sociedade. Outra corrente quer fazer deste relacionamento uma coisa
tão banal que julga ser melhor trazê-lo para a luz do dia.
Espero mostrar brevemente
que os preservativos não vão solucionar os problemas dos jovens, mas agravá-los.
Nosso governo, ao promover tal iniciativa, está semeando a cizânia no campo
primaveril de nossa juventude. Contudo, a sociedade não tardará a colher o
fruto desse infausto trabalho.
De Deus não se zomba!
(II)
Padre David
Francisquini
Ao comentar o infausto ensaio do governo brasileiro de
promover a distribuição de preservativos a estudantes de Ensino Médio, mostramos
que em vez de resolver o problema dos jovens, tal medida somente os agravará. Ressalto
de passagem que “experiências” do gênero são sempre levadas a cabo em nome da “ciência”,
a qual fica assim desvirtuada de seu sentido original, tornando-se uma
palavra-talismã.
É, pois, ancorado na nova religião da “ciência e na
técnica” que o Estado interfere em tudo, legisla e tenta regular a conduta do
cidadão em campos nunca antes imaginados, para assim “redimir” os homens e a
sociedade de todos os seus males presentes e futuros. Para citar um exemplo,
lembro aos leitores a ridícula “lei da palmada”...
A propósito, acabo de ler estarrecedora notícia
publicada no The Telegraph, de
Londres, segundo a qual 38% da população da União Européia sofrem de distúrbios
mentais e doenças cerebrais. O jornal inglês se baseia num estudo do Colégio Europeu
de Neuro-psicofarmacologia. Para os estudiosos, as desordens mentais se tornam
o maior desafio à saúde na Europa do século XXI.
Comentando a referida notícia, Luís Dufaur (http://www.ipco.org.br/home/) afirma
que a causa desses males pode bem estar na tentativa de construir uma
super-organização em bases puramente materiais que ignoram – e até hostilizam –
o lado espiritual e a religião do homem. E indaga: “Não será uma das causas
mais profundas desses desarranjos mentais?”.
Atentar contra os fundamentos cristãos da civilização constitui
um dos maiores fatores de enlouquecimento. O pior é quando tal ataque é
perpetrado metodicamente pelo Estado em nome da ciência. No caso concreto da
distribuição de preservativos a estudantes, a iniciativa conta com o auxílio de
pesquisadores de dois órgãos da ONU.
O cuidado com os jovens deve começar pelos pais e ser
complementado pelos professores. É na juventude que se forma o caráter, o qual,
por sua vez, influenciará no destino de cada um. Os pensamentos se
transformarão em palavras, as palavras em atos, e estes em hábitos que formarão
ou deformarão seu modo de ser.
O que nossas autoridades semearem nas escolas, a
sociedade colherá no final do ciclo. A imoralidade vem ceifando mais vidas que
a própria guerra e está na origem da violência, da criminalidade, do desajuste
familiar e das separações; está na raiz da pior das epidemias, além de um
incontável número de doenças. Através dos frutos pode-se saber se as sementes
têm sido boas ou não.
Enquanto sacerdote, eu me reporto ao ensinamento da Igreja,
que condena a liberação do sexo na adolescência, ou mesmo antes do matrimônio: “Bem aventurados os puros de coração porque
possuirão o reino dos céus.” A união carnal só pode ser legítima quando se
estabelece uma definitiva comunidade de vida entre um homem e uma mulher.
As relações sexuais pré-matrimoniais excluem, o mais
das vezes, a prole e o que se apresenta como amor conjugal não pode se
desenvolver como deveria, ou seja, num amor paterno e materno.
Caso eventualmente se desenvolva será em prejuízo dos
filhos, que se verão privados da convivência estável da qual havia de poder
realizar-se como convém e encontrar o caminho e os meios necessários para se
integrarem na sociedade. (Declaração da
Santa Sé nº 7).