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segunda-feira, 23 de abril de 2012
terça-feira, 10 de abril de 2012
Meus votos de Páscoa
*Pe.
David Francisquini
Jesus Cristo Nosso Senhor
não veio destruir a antiga Lei, mas cumpri-la e aperfeiçoá-la. Com a sua gloriosa
Ressurreição no Domingo de Páscoa, Ele fez brilhar nova luz para que na Igreja resplandecesse
o que havia sido obscurecido pela Sinagoga. De sábado, o dia do Senhor passou
para domingo.
O sol ainda não havia
raiado naquele domingo quando Maria Madalena – aquela que obteve o perdão de
seus muitos pecados porque muito amou e, por isso mesmo, teve a sua alma purificada
de toda culpa – saíra para visitar Cristo em seu sepulcro. O Evangelho narra
que ela estava acompanhada de outra Maria e ambas portavam os aromas próprios
para embalsamar o corpo do Salvador.
Ao encontrarem a tumba
vazia, Maria Madalena sai pressurosa ao encontro dos apóstolos Pedro e João
para avisá-los do grande acontecimento. Quem perdoa pouco, ama pouco, e quem
perdoa muito, ama muito. Maria Madalena, que havia recebido um grande perdão, se
resplandece ao rever Cristo com vida nova, sendo naquele momento mesmo confirmada
na fé da Ressurreição.
E as duas Marias que precederam os
apóstolos na visita à sepultura do Senhor representavam a gentilidade e o judaísmo,
povos que fariam parte da Igreja Católica fundada por Jesus Cristo. Até aquele
momento, foi Maria, a Mãe do Salvador, quem assistiu a Igreja, quem A compendiou
em meio às densas trevas de deserção que grassou naqueles três dias. Nela, a virtude
da fé brilhava com tal intensidade, que salvou e iluminou as almas escolhidas
para serem o fundamento do mundo regenerado.
Cristo com a sua Ressurreição
como que renascera do Sepulcro, pois do que adiantaria ter fé se Ele não tivesse
ressuscitado? Eis o maior milagre da divindade do Salvador do mundo, que não só
ressuscitou Lázaro, mas com seu poder infinito ressuscitou a Si mesmo.
Aquele que havia sido
gerado num ventre virginal sem detrimento da integridade da Mãe, porque Deus tudo
pode, até ter uma Mãe Virgem; Aquele que a virgindade havia encerrado no ventre
materno veio à luz da vida, e o sepulcro cerrado O devolvia agora à vida
imortal.
Tendo saído íntegro, manifesta
Cristo todo o seu poder, toda a sua glória, toda a sua grandeza da mesma forma em
que havia deixado o corpo virginal de Maria. Sai do sepulcro deixando-o selado,
para que um anjo do céu removesse a pesada pedra da sepultura, e assim confundisse
os inimigos.
A terra estremecida
presta homenagem ao vencedor da morte, porque tudo n’Ele é vida e, como um sol,
difunde sobre a terra a claridade de todas esperanças. Ao sair do sepulcro Cristo deu o maior
argumento apologético de sua divindade, de que Ele é o Rei e travou a batalha
contra a morte, contra o demônio, contra o mundo e a natureza corrompida.
Nuvens espessas pairam
sobre grande parte da humanidade neste início de milênio, com o desespero parecendo
bater-lhe à porta. Que a Ressurreição de Cristo console e dê esperanças
redobradas às almas aflitas! Estes são os meus votos nesta Santa Páscoa de
2012.
domingo, 11 de março de 2012
As armas contra o
demônio
Pe. David Francisquini
Ao nos
depararmos com uma montanha, tendemos primeiro a admirá-la. Em seguida
arquitetamos um modo de escalar suas encostas e visitar seu cume. Por fim, tendo-a
como pedestal, contemplamos os vastos cenários que a rodeiam, símbolos de
valores transcendentais.
O nosso peregrinar pela Terra pode ser comparado
a um rio que nasce numa montanha dessas, percorre vales, perde-se em meio a uma
vegetação que lhe é hostil, se precipita despenhadeiro abaixo, reaparece risonho
em prado verdejante, atravessa ainda região de espinhos e abrolhos antes de
chegar vitorioso ao mar. Se pudessem, suas águas exclamariam: “vitória”!
A vida do homem neste Vale de Lágrimas é cheia
de riscos, exigindo dele espírito de combatividade e de luta. Maculado pelo
pecado original, o ser humano tem tendências quase inexplicáveis que o impedem
de avançar por suas próprias forças rumo ao cume da montanha. Os Mandamentos divinos se lhe apresentam de
árdua observância, devido às tentações e à debilidade de sua natureza decaída.
Se considerarmos
que uma terra ressequida termina cedendo às constantes chuvas e tornando-se
capaz de fazer germinar a semente lançada pelo homem, não sem razão devemos
figurar Deus como pai a velar pelos seus filhos. Ao nos criar à sua imagem e semelhança, Ele
colocou sobre nós as melhores de suas complacências.
A graça de
Deus que nunca nos falta pode o que a natureza não poderia. Tentações nos
sobrevêm, mas ninguém é tentado acima de suas próprias forças. Nos momentos
difíceis, devemos sempre recorrer a Deus e fazermos uso dos tesouros que a
Igreja coloca à disposição dos fiéis, através da mediação de Maria Santíssima,
Mãe de Deus e nossa mãe.
O demônio, ao
perceber que a alma regenerada na pia batismal se fortalece com as virtudes,
não a deixa em paz. Contudo, não podemos nos turbar com as provas, pois Deus
nos deu todas as armas para vencê-las. Como o maligno não fica ocioso e ronda como
um leão faminto querendo nos devorar, Deus nos cumula de graças. Sua ação benfazeja
nos mune para o combate.
Devemos – com o coração humilde – nos apoiar
no fortíssimo braço de Deus, e, assim amparados, travarmos o embate com aquele
que vagueia pelo mundo para perder as almas. E Deus nos dará a vitória, pois tal
luta está ancorada na oração constante, na vigilância, no jejum e na
abstinência.
Com este
estado de alma, podemos ser comparados a uma majestosa montanha a convidar nossos
semelhantes a galgar seu cume, habitat das almas generosas e que realmente amam
a Deus. A liturgia da Quaresma nos apresenta no seu primeiro domingo o sermão
da tentação de Jesus, para nos oferecer os meios de vencer o espírito maligno e
contemplar um dia a Deus face a face no Céu, como Cristo diante dos apóstolos
transfigurado no monte Tabor.
Jesus
quis ficar sozinho no deserto e ser tentado para nos ensinar a combater o
inimigo. A Tradição afirma que naquela região deserta entre Jericó e Jerusalém
– onde os ladrões perambulavam para roubar, saquear e matar – Adão foi
derrotado pelo demônio. Mas que foi também ali que Jesus Cristo, o novo Adão, quis
ir para vencer o espírito das trevas e consumar depois a Redenção com a morte
de Cruz.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
O maior não existe para
massacrar o menor
*Pe. David Francisquini
Ao observarmos a natureza inanimada – mesmo sem nos aprofundarmos muito –, constatamos a existência de enormes diferenças entre um ser e outro. Existe nessa natureza toda uma hierarquia de beleza incomparável, que simboliza outra ordem superior – a natureza animada, composta por vegetais, animais irracionais e o homem.
Atirada ao solo, a
semente viceja e se desenvolve ao mesmo tempo em que cumpre a função vegetal de
servir aos seres animados, fornecendo-lhes abrigo, alimento e aconchego. Os
seres inanimados proporcionam dessa maneira algo de sua perfeição aos seres
animados.
A criação divina se
revela de uma hierarquia perfeita e harmoniosa, pois a ordem das coisas é
naturalmente boa. Todos os elementos da criação visível estão a serviço do
homem, feito à imagem e semelhança do Criador. A Divina Providência rege de tal
modo todas as coisas, que estas redundam na Sua maior glória.
Simbolizando
uma beleza superior, a beleza natural reflete, por exemplo, a ordem da graça
que é a vida divina. O homem, ao contemplar a vitalidade da semente, poderá
perceber todo o seu potencial de desenvolvimento.
Uma planta, ao surgir num
lugar escuro, vai naturalmente à busca da luz. E o sol, por sua vez, não deixa nenhum
lugar da terra sem lançar sobre ele sua luz e seus raios benfazejos. Sem o
concurso do astro-rei, segundo Edmond Rostand, “as coisas não seriam senão
aquilo que elas são”.
O sol provê às
necessidades de todos: desde das águias do céu, passando pelas tênues
borboletas, até os vermes da terra. E isso sem melindrar nenhum outro astro,
pois o maior não existe para massacrar o menor.
Se assim é a natureza, o
homem – dotado por Deus de inteligência e vontade – é, queiram-no ou não os
ecologistas, o “rei da natureza”, com uma capacidade ontológica que nenhum
outro ser tem. Por isso, e a fim de indicar a vitalidade das boas obras, afirma
o Salvador nas páginas das Sagradas Escrituras:
“Brilhe vossa luz diante
dos homens para que vejam as vossas boas obras e glorifique o vosso Pai que
está no céu”; “vós sois a luz do mundo”; “vós sois o sal da terra”.
Há seitas protestantes
que afirmam bastar crer para ser justificado, que basta aceitar Cristo para ser
salvo, pois Ele é o único mediador, intercessor, advogado, o único que salva.
Convém ressaltar que há
uma interligação em crer em Jesus Cristo e seguir as suas máximas com a devoção
a Santíssima Virgem Maria, pois a Bíblia não é a única fonte de revelação.
Outra é a Tradição, pois Jesus Cristo mandou pregar e não escrever.
Muitas circunstâncias da
vida de Nosso Senhor foram reveladas pela própria Santíssima Virgem aos escritores
sacros, como os fatos, as circunstâncias, o tempo, os personagens que
envolveram a vida de Jesus Menino.
Tanto mais que o próprio
Nosso Senhor entregou Maria a João evangelista, dizendo: “Eis aí a tua Mãe”.
Portanto, todas as Igrejas que lograram a ventura de ter por bispos os
apóstolos ou os seus discípulos, sagrados bispos por Ele, conservaram sempre
uma devoção muito particular à Mãe de Deus e nossa Mãe.
Onde germinou a devoção a
Nossa Senhora, a fé e a piedade foram conservadas, os bons costumes floresceram
e prosperaram. Não basta crer, é preciso uma pública e solene profissão de fé.
Infeliz é o cristão que se envergonha de sua santa religião.
Crê-se de coração para
chegar à justiça, e confessa-se com a boca para merecer a salvação. Quem crê é
aquele que vive a sua fé, conformando a sua vida com os mandamentos.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
“Homem e mulher Deus os criou”
Há dois anos escrevi um trabalho sobre o aborto,
intitulado “Catecismo contra o aborto – Por que devo defender a vida
humana”. Ele foi publicado pela Artpress Indústria Gráfica e Editora
Ltda, de São Paulo, e vem sendo largamente difundido, perfazendo já três
edições.
Na medida em que o livro ia sendo
divulgado, fui recebendo pedidos de leitores para tratar de outro assunto
candente: a questão do homossexualismo. Aprofundei-me então no estudo do tema,
e tenho hoje a satisfação de apresentar ao público sob a forma de livro “Homem
e mulher Deus os criou”, também publicado pela Artpress.
Com efeito, faz-se hoje um enorme esforço publicitário mundial —
imprensa, cinema, televisão, internet e outros meios de divulgação —, para
tornar o homossexualismo aceito pela sociedade.
Embora sabendo que se trata de uma ação antinatural
condenável, muitos desconhecem a enorme gravidade dessa prática, qualificada
pela Santa Igreja como “pecado que brada aos Céus”. Além dessa questão, chamo a
atenção também para o enorme esforço publicitário de deformação que se pratica
nas escolas da rede pública, por meio de livros moralmente inaceitáveis.
Os costumes mudaram tanto, que até mesmo um sacerdote
precisa tomar cuidado para ensinar a doutrina católica sobre a questão. Isto de
um lado. De outro, fazê-lo em nossos dias não é diferente à maneira de atuar de
David com Golias, tal é a intensidade da propaganda visando tornar o
homossexualismo aceito pela sociedade.
Gostaria, aliás, que pela poderosíssima intercessão de
Nossa Senhora, meu pequeno e despretensioso livro tivesse um efeito análogo ao
de sua certeira funda...
No estudo, procurei relembrar aos fiéis a doutrina
católica, além de me referir igualmente ao que diz a ciência e as leis
sobre o homossexualismo. Fundamentando-me, sobretudo, no Supremo Magistério da
Igreja, nos escritos de santos e teólogos universalmente aceitos pela Igreja
como fidedignos, além de outras fontes. A principal delas foi o livro Defending
a Higher Law, estudo profundo e de largo alcance editado pela TFP
norte-americana.
O que nos moveu ao redigir e publicar o opúsculo Homem e mulher, Deus os criou
foi o zelo pela salvação das almas, pois os fiéis católicos têm hoje
dificuldade em obter orientação segura para os problemas morais com que se
defrontam diariamente.
Tanto para a orientação pessoal como para educação e
formação dos filhos, ou ainda quanto à ação de esclarecer parentes e amigos a
fim de deter e aniquilar a influência da propaganda homossexual, nada melhor do
que se basear no que a Santa Igreja ensina desde todo o sempre.
O livro visa ajudar as famílias a neutralizar a malsã
propaganda do lobby homossexual. Como a desorientação atual é grande, e
devemos aderir em tudo à palavra do Divino Mestre, pois stat crux dum
volvitur orbis (enquanto o mundo gira, a cruz permanece inabalável).
Lamentavelmente, o governo e o poder judiciário de
diversos países, entre os quais o nosso, vêm facilitando e colaborando com a
aceitação do homossexualismo. Conivências inimagináveis e apoios inaceitáveis —
inclusive financeiro, proporcionado com o
dinheiro dos contribuintes — conseguiram introduzir graves alterações no
ordenamento jurídico do País.
Além de em si mesmo o homossexualismo ser injusto e
imoral, ele também contraria frontalmente o nosso sentir religioso,
invariavelmente expresso pela população quando consultada em pesquisas e
levantamentos de opinião pública.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Liturgicamente o Natal termina oficialmente quando se celebra a Apresentação do
Menino Jesus no Templo e a purificação de Nossa Senhora, no dia 02 de
fevereiro ao benzer as velas de cera. É por essa razão que postamos mais um artigo
a respeito da chegada dos Reis Magos até Belém. Assim terminamos as considerações
deste tempo sagrado e benfazejo à piedade cristã.
Pe. David Francisquini
Pe. David Francisquini
Proclama o livro da Sabedoria: “Quando um silêncio profundo envolvia todas
as coisas e a noite ia a meio do seu curso, então, a tua palavra onipotente
desceu do céu e do trono real e, como um implacável guerreiro, lançou-se para o
meio da terra condenada à ruína, trazendo, como espada afiada, o teu
irrevogável decreto”.
Há pouco mais de 2.000 anos, um edito de César Augusto convocava um recenseamento de toda a terra. Naquele tempo, os recenseadores não iam, como hoje, de casa em casa interrogando as pessoas. Todos eram obrigados a se dirigir para tal fim à sua cidade de origem. Foi por esta razão que José – por ser da Casa e linhagem de David –, deixando Nazaré, na Galiléia, se dirigiu a Belém, na Judéia, a fim de se recensear com Maria, sua esposa.
O recenseamento concorreu para romper o silêncio e a rotina daquela cidade não muito distante de Jerusalém. Suas ruas, praças e hospedarias se encontravam cheias, num vai-e-vem contínuo de pessoas. Familiares, amigos, e mesmo estranhos se cumprimentavam e falavam dos pequenos acontecimentos de que se compunha a vida miúda daquela gente. Disso resultava um vozerio proporcional ao movimento da multidão, mas o suficiente para turbar os costumes da pequena Belém de Judá.
Foi em meio àquela balbúrdia que chegou São José, puxando um burrico sobre o qual se encontrava sua esposa, que estava grávida. Ninguém percebeu, sequer pôde entrever que o claustro virginal de Maria encerrava o Deus encarnado, “Aquele a quem nem o Céu nem a Terra podia conter”, prestes a vir ao mundo. José procurou por toda cidade um lugar onde pudesse nascer o Redentor: casas de parentes, hospedarias, casas particulares. Todas as portas se fecharam para ele e sua esposa.
Ou seja, o Redentor não encontrou abrigo onde pudesse vir à luz do mundo. São João escreveu que a Vida estava n’Ele, e esta Vida é a luz dos homens. É a luz que brilha nas trevas e as trevas não puderam envolvê-Lo. O verbo era Luz verdadeira que ilumina a todo homem que vem a este mundo. Ele estava no mundo, neste mundo que Deus criou por meio d’Ele, e o mundo não O quis reconhecer. Ele veio habitar entre os seus e os seus não O quiseram receber.
Cenário triste que se repete, ano após ano, nas celebrações do Nascimento do Redentor. Na verdade, tudo deveria parar a fim de ceder lugar, com todo o requinte possível, às celebrações d’Aquele que é a Luz do mundo. Afinal, Ele nos traz as melhores recordações de alegria, de paz, de harmonia e bem-estar. Natal do Menino Jesus em Belém de Judá. Natal em que a Terra inteira cobre de alvura para festejar o Inocente por excelência.
Não tendo São José e Nossa Senhora encontrado lugar no casario de Belém, foram se recolher junto à manjedoura, numa gruta que servia de abrigo aos animais. Foi ali que se deu o Natal do Menino-Deus, anunciado pelas vozes angélicas que ecoaram pelos campos e despertaram os pastores: “Glória a Deus nas Alturas e paz na terra aos homens de boa vontade!”. Nascido num campo como lírio perfumado, o Menino-Deus reuniu em torno de Si todas as classes, de reis a pastores.
A natureza toda se sente embevecida e elevada porque um Deus que é o criador de todas as coisas e que governa todo o universo tornou-Se criatura sem deixar de ser eterno e imutável.
Quem não se sente comovido contemplando uma criança tão elegante, terna e frágil, que sob o olhar enlevado e compassivo de sua Mãe e de São José, jazia com seus bracinhos estendidos numa manjedoura, assumindo profeticamente a posição que 33 anos depois assumiria ao morrer pregada na Cruz para a salvação da humanidade pecadora?
***
Luz que Herodes não contempla
Pe. David Francisquini
Encerrávamos o nosso recente artigo sobre
o Natal com representantes de todas as nações da terra aos pés do Menino-Deus
recostado numa manjedoura, envolto em panos pobres e rotos. A brilhante estrela
que dissipou a neblina que envolvia todo o orbe guiou os Reis Magos – Melchior,
Gaspar e Baltazar – até o presépio, onde, prostrados, ofereceram ao Rei dos reis
ouro, incenso e mirra.
Com os Magos veio um numeroso séquito para
prestar homenagem ao Deus feito homem. Quanto à origem desses reis, consta que
fossem descendentes de Balaão, aquele que profetizou que de Jacó nasceria uma
estrela. O fato de chegarem treze dias depois do nascimento do Menino Jesus
torna plausível a hipótese de que fossem da região fronteiriça com a Judéia.
Em seu ato de adoração, os Reis Magos Lhe
ofereceram ouro em reconhecimento de
Sua realeza e esplendor; incenso que
com o seu crepitar e bom odor se eleva aos céus, símbolo da oração e
devotamento; e mirra, em reconhecimento ao sacrifício da
Redenção e do novo Sacerdócio que Ele veio instituir segundo a ordem de
Melquisedec.
Com efeito, esses Reis vieram com pompa e
majestade, para testemunhar a nobreza e grandeza do Menino que acabara de nascer
em Belém de Judá. Guiou-os a estrela não porque esta influencia a vida humana,
mas porque Jesus nasceu e é a origem dessa estrela que ilumina os céus no
Oriente, cobrindo a terra inteira com a sua luz.
Enquanto os anjos anunciaram aos pastores
o Natal de Cristo, a estrela O anunciava aos Magos, pois eles não tinham
profetas como o povo eleito, e os céus têm linguagens diferentes para
uns e outros povos. O surgimento da estrela foi ensejo de grande alegria para
os gentios, pois eles viram
nela a relação existente entre o Criador e seu Filho que se fez homem.
Se
a estrela foi o caminho, o caminho é Cristo, pois, pelo mistério de sua encarnação,
Cristo é nossa estrela, astro brilhante das manhãs que Herodes não
contempla, e que volta aparecer aos Magos para indicar o caminho que os levava
ao Salvador. Pode igualmente significar a graça de Deus e aquele que, pelo
pecado, como Herodes se deixa sujeitar ao império de satanás e perde a esta graça.
A
estrela é a fé iluminando nossas almas e conduzindo-nos a Cristo. No momento em
que os Magos foram pedir conselhos aos judeus, eles se haviam privado da
verdadeira luz da verdade que é Cristo. Ao encontrá-la de novo brilhando no
céu, eles seguem até Belém e ali encontram Maria com o Menino, ao qual prestaram
homenagens como Deus, Sacerdote e Salvador.
Se
Maria nos trouxe o Divino Pontífice que ofereceu a Deus reparação
perfeita, é Ela ainda que nos dá Cristo Jesus para reinar em nossos corações.
Não podemos encontrar Jesus sem Maria nem Maria sem Jesus. Seria como um pássaro
sem asas que quisesse levantar vôo. Maria, como medianeira de todas as graças, exerce
o papel de asas que nos levam a Cristo.
_______________________________________________
Rompendo o silêncio dos indiferentes
Pe. David Francisquini
Há pouco mais de 2.000 anos, um edito de César Augusto convocava um recenseamento de toda a terra. Naquele tempo, os recenseadores não iam, como hoje, de casa em casa interrogando as pessoas. Todos eram obrigados a se dirigir para tal fim à sua cidade de origem. Foi por esta razão que José – por ser da Casa e linhagem de David –, deixando Nazaré, na Galiléia, se dirigiu a Belém, na Judéia, a fim de se recensear com Maria, sua esposa.
O recenseamento concorreu para romper o silêncio e a rotina daquela cidade não muito distante de Jerusalém. Suas ruas, praças e hospedarias se encontravam cheias, num vai-e-vem contínuo de pessoas. Familiares, amigos, e mesmo estranhos se cumprimentavam e falavam dos pequenos acontecimentos de que se compunha a vida miúda daquela gente. Disso resultava um vozerio proporcional ao movimento da multidão, mas o suficiente para turbar os costumes da pequena Belém de Judá.
Foi em meio àquela balbúrdia que chegou São José, puxando um burrico sobre o qual se encontrava sua esposa, que estava grávida. Ninguém percebeu, sequer pôde entrever que o claustro virginal de Maria encerrava o Deus encarnado, “Aquele a quem nem o Céu nem a Terra podia conter”, prestes a vir ao mundo. José procurou por toda cidade um lugar onde pudesse nascer o Redentor: casas de parentes, hospedarias, casas particulares. Todas as portas se fecharam para ele e sua esposa.
Ou seja, o Redentor não encontrou abrigo onde pudesse vir à luz do mundo. São João escreveu que a Vida estava n’Ele, e esta Vida é a luz dos homens. É a luz que brilha nas trevas e as trevas não puderam envolvê-Lo. O verbo era Luz verdadeira que ilumina a todo homem que vem a este mundo. Ele estava no mundo, neste mundo que Deus criou por meio d’Ele, e o mundo não O quis reconhecer. Ele veio habitar entre os seus e os seus não O quiseram receber.
Cenário triste que se repete, ano após ano, nas celebrações do Nascimento do Redentor. Na verdade, tudo deveria parar a fim de ceder lugar, com todo o requinte possível, às celebrações d’Aquele que é a Luz do mundo. Afinal, Ele nos traz as melhores recordações de alegria, de paz, de harmonia e bem-estar. Natal do Menino Jesus em Belém de Judá. Natal em que a Terra inteira cobre de alvura para festejar o Inocente por excelência.
Não tendo São José e Nossa Senhora encontrado lugar no casario de Belém, foram se recolher junto à manjedoura, numa gruta que servia de abrigo aos animais. Foi ali que se deu o Natal do Menino-Deus, anunciado pelas vozes angélicas que ecoaram pelos campos e despertaram os pastores: “Glória a Deus nas Alturas e paz na terra aos homens de boa vontade!”. Nascido num campo como lírio perfumado, o Menino-Deus reuniu em torno de Si todas as classes, de reis a pastores.
A natureza toda se sente embevecida e elevada porque um Deus que é o criador de todas as coisas e que governa todo o universo tornou-Se criatura sem deixar de ser eterno e imutável.
Quem não se sente comovido contemplando uma criança tão elegante, terna e frágil, que sob o olhar enlevado e compassivo de sua Mãe e de São José, jazia com seus bracinhos estendidos numa manjedoura, assumindo profeticamente a posição que 33 anos depois assumiria ao morrer pregada na Cruz para a salvação da humanidade pecadora?
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
Onde nasce a Luz, ali nasce a Fé
*Pe. David Francisquini
Ao considerarmos a Gruta de Belém, não podemos deixar
de perceber a união tão íntima entre Jesus e Maria. Ele enquanto Deus deu a
vida a Maria, e Maria enquanto Mãe deu a vida a Jesus. Se Jesus Cristo se fez
homem, o fez por Maria, escolhida por Ele para ser sua Mãe.
Como não se pode separar a luz e o calor do sol, assim
também não se pode separar Jesus de sua celestial Mãe. No Presépio, ao receber
a visita dos pastores de Belém, o Menino-Deus encontrava-se reclinado, envolto
em panos, sob o olhar enlevado de Maria e José.
Os Reis Magos O encontraram sentado nos braços de
Maria, um trono seguro e sem mácula.
Consumado o milagroso parto, veio à luz o Homem-Deus naquele presépio,
pois não havia lugar para Ele em Belém. O Rei dos reis, nas dimensões de terna
criança, estava nos braços de Maria e se alimentava de seu leite.
O Evangelho descreve o natal de Jesus, Belém de Judá –
cidade de José e Maria, pertencentes à linhagem de David – e os dias de Herodes.
Ao narrar sobre este último, quis assinalar que além de não pertencer à
dinastia real de David, ele era um rei intruso, despótico e cruel.
O maior acontecimento da História havia se cumprido
conforme a profecia de Daniel, depois das setenta semanas de anos acabados.
Enquanto a nação Judaica era governada por Reis legítimos, Deus enviava
Profetas para sanar os males que se acumulavam sobre o povo escolhido.
Lemos no Gênesis (49,16) que o cetro não será tirado
de Judá, nem o príncipe de sua descendência, até a vinda d'Aquele que deve ser
enviado – a esperança das nações. “Ele atará à vinha o Seu jumentinho e à
videira, ó meu filho, a Sua jumenta. Lavará Sua túnica no vinho e Sua capa no
sangue da uva. Os Seus olhos são mais formosos que o vinho, e os Seus dentes
mais brancos do que o leite”.
São Mateus pergunta: “Onde está o Rei que acaba de
nascer? Porque nós vimos sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo. Ao ouvir
isto, o rei Herodes turbou-se, e toda Jerusalém com ele. E convocando todos os
príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de
nascer o Messias”.
E eles lhe disseram: em Belém de Judá, porque assim
foi escrito pelo profeta: “E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor
entre as principais cidades de Judá, porque de ti sairá um chefe, que
apascentará Israel meu povo”.
Enquanto os pastores são israelitas, os magos são
gentios, ou seja, não pertencentes à raça do povo escolhido. Mas uns e outros
se aproximaram de Nosso Senhor Jesus Cristo como pedra angular do edifício novo
instaurado por Jesus Cristo, a Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana.
Comenta Santo Agostinho que Jesus Cristo não quis se
manifestar aos sábios e justos, mas a pastores rústicos e a representantes de
povos que viviam nas trevas do paganismo ou da idolatria. Assim agiu para
confundir os sábios e para que ninguém pudesse se ensoberbecer; e nem o débil
desesperar-se por sua debilidade e fraqueza.
Representando
todas as nações descendentes de Noé e seguidos por grande comitiva, os Reis Magos
ofereceram ao Menino-Deus ouro, incenso e mirra. Eles vieram do Oriente... No
dizer de São João Crisóstomo, onde nasce a Luz, ali nasce a Fé.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Ela te esmagará a cabeça
No dia 8 de
dezembro celebramos a tradicional festa da Imaculada Conceição de Maria, a Mãe
de Deus, tendo Ela concebido por obra do Espírito Santo o Filho de Deus feito
homem, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Os méritos de seu futuro Filho
foram aplicados à Mãe antes mesmo de Ela O conceber e, por conseguinte, sem a nódoa
do pecado original.
Em sua onipotência,
Deus fez o homem do limo da terra, dando-lhe alma imortal. A partir deste fez a
mulher, colocando sobre este primeiro casal toda a Sua predileção. E, para mais
bem nobilitar a raça humana, quis participar dela pela Encarnação no ventre
puríssimo de Maria. Coroou, assim, a obra da criação.
Como sabemos,
esse primeiro casal foi infiel e não correspondeu aos planos do Criador. Mas
nos Seus divinos e soberanos decretos, revelou Deus que dessa raça pecadora
viria o futuro Salvador. Sua Mãe seria uma pedra de contradição que, como um
terrível exército em ordem de batalha, esmagaria a cabeça da serpente infernal.
“Porei inimizade entre ti e a Mulher, entre a
tua descendência e a descendência d’Ela e Ela te esmagará a cabeça, e tu
armarás traições ao Seu calcanhar.” Luta posta pelo próprio Deus, que a vem
sustentando entre a raça bendita da Mulher e a raça maldita de satanás, entre
os que são de Deus e os que são do demônio.
Luta que vem
se avolumando no decorrer dos séculos. Nossa Senhora terça armas sem cessar com
o demônio e seus sequazes. Sua vitória é garantida pelo próprio Deus, que A fez
seu lugar-tenente na guerra contra o pecado, o demônio, o mundo enganador e a
carne corrompida. Em Fátima, Ela mesma nos prometeu: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”.
Afinal,
“quem é esta que surge como a aurora‚
bela como a lua‚ brilhante como o sol‚ temível como um exército em ordem de
batalha?” (Cant 6‚ 8-10). Ao criar Maria, Deus onipotente A isentou da
mácula original e fez n’Ela grandes maravilhas. Aquele que fez o Céu e a Terra
resgatou da culpa da raça humana Aquela que seria a Mãe do Salvador livrando-a
da culpa original.
A Virgem Mãe
de Deus está acima de todas as mulheres por ter virginalmente engendrado Aquele
que os céus não podem conter. Eis a razão por que, ao criar Maria, Deus quis
aplicar por antecipação os méritos de Cristo na Cruz, afastando d’Ela o pecado universal
que maculara a raça humana. Só assim o Salvador poderia redimir os homens do pecado
original.
Ao louvar
Maria, o Anjo Gabriel diz: “Ave, oh cheia
de graça!”. Como poderia ele dizer “plena de graça” se o pecado A tivesse
maculado? Jamais! Em Maria nada falta. Deus A fez segundo os arcanos divinos A
haviam concebido desde toda eternidade para ser a Mãe de Jesus Cristo, a
segunda Pessoa da Santíssima Trindade.
Ao oferecer os
elementos de uma nova vida, a mulher é instrumento na mão de Deus. É Deus
criando através dela. Assim também se dá com Maria ao gerar Nosso Senhor Jesus
Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, por obra do Espírito Santo.
Não significa que
Ela tenha gerado a divindade, pois o Filho foi gerado por via intelectiva desde
toda a eternidade. Ao dar ao Filho os elementos para tornar-se homem, Maria se
tornou Mãe de Deus. Por esta razão Ela não poderia ter a nódoa do pecado original,
pois repugnaria à divindade tirar os elementos de sua humanidade de um ventre
concebido no pecado.
Jesus Cristo veio
ao mundo para destruir o cativeiro do pecado e da morte. Segundo afirmação de Santo
Agostinho, Ele obteve o cetro da rainha das virgens que O concebeu – o rei da
castidade – num seio virginal e puro onde Ele pudesse morar e dar-nos a
entender que só um corpo puro e casto pode ser o templo de Deus.
Antes
de o sol nascer e deitar seus raios, já ilumina a Terra com um belo colorido. Antes
de ser gerado e nascer, Jesus Cristo irradiou o esplendor da graça redimindo
Maria, inocentando-A da culpa original, ostentando sobre Ela os raios da mais
perfeita virtude, fazendo-A imaculada. Assim, sem mácula e com virtude perfeita
Ele, veio ao mundo para realizar Sua missão redentora.
sábado, 26 de novembro de 2011
De Deus não se zomba!
De Deus não se zomba!
Patrocinada pelo
Ministério da Saúde, a experiência da distribuição gratuita de preservativos a estudantes
do Ensino Médio em quatro capitais deverá ser estendida a 400 escolas públicas de
todo o Brasil através da instalação de máquinas distribuidoras. A propósito e
enquanto sacerdote, eu me julgo na obrigação de dizer uma palavra sobre o
assunto.
Reporto-me a um dos
modelos apontados pela Santa Igreja para a edificação de seus membros, São
Pedro Julião Eymard, fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento ou
Sacramentinos. Como grande conhecedor de almas, ele considerou a transição da
infância para a adolescência como a fase mais crítica da vida de um jovem, pois
seu futuro dependerá do que ele foi nesse confronto decisivo da vida.
Ao não se deixar capitular
pelos impulsos sexuais, a personalidade fica para sempre impregnada pela alegria
de ter vencido aquela primeira batalha da vida. Falando certa vez para um
público jovem, aquele santo francês assegurou: Se vedes em mim decisão e
coragem, é porque eu soube vencer tal ímpeto da paixão e isso se expressa em
minha própria voz.
Com
efeito, nada rompe mais a personalidade de um moço do que se enveredar pelo
caminho tortuoso da impureza. São Paulo nos advertiu: “Não vos enganeis: de
Deus não se zomba. Aquilo que o homem semear, isto também colherá: aquele que
semeia na sua carne, da carne colherá corrupção; mas o que semeia no espírito,
colherá do espírito a vida eterna.
“Andai segundo o espírito
e não satisfazei o desejo da carne. Efetivamente, a carne tem desejos
contrários ao espírito e o espírito desejos contrários à carne; essas coisas
são contrárias entre si para que não façais tudo aquilo que quereis... As obras
da carne são manifestas: o adultério, a fornicação, a impureza, a luxúria...”.
Existe
um princípio regulador da função sexual que se obtém apenas dentro do
matrimônio legítimo, pois só este proporciona o verdadeiro sentido de sua
retidão moral no relacionamento homem e mulher. Não havendo tal formalidade, as
relações sexuais se tornam imorais e, portanto, constituem sempre e em qualquer
circunstância, pecado mortal inescusável.
Os defensores das
relações pré-matrimoniais costumam alegar como obstáculos para a realização do
casamento a prazo longo ou curto, as dificuldades para a obtenção de uma casa, a
compra de móveis, a necessidade de conservar o amor, o desabafo do organismo,
problemas de saúde, ou ainda a necessidade de maior conhecimento recíproco.
Contudo, tais alegações
são feitas para abafar a própria consciência, pois como não querem ter filhos –
para eles a grande tragédia da vida –, procuram eliminar todos os entraves que
os impedem de se relacionarem e, ao mesmo tempo, gozarem de reputação ilibada
perante a sociedade. Outra corrente quer fazer deste relacionamento uma coisa
tão banal que julga ser melhor trazê-lo para a luz do dia.
Espero mostrar brevemente
que os preservativos não vão solucionar os problemas dos jovens, mas agravá-los.
Nosso governo, ao promover tal iniciativa, está semeando a cizânia no campo
primaveril de nossa juventude. Contudo, a sociedade não tardará a colher o
fruto desse infausto trabalho.
De Deus não se zomba!
(II)
Ao comentar o infausto ensaio do governo brasileiro de
promover a distribuição de preservativos a estudantes de Ensino Médio, mostramos
que em vez de resolver o problema dos jovens, tal medida somente os agravará. Ressalto
de passagem que “experiências” do gênero são sempre levadas a cabo em nome da “ciência”,
a qual fica assim desvirtuada de seu sentido original, tornando-se uma
palavra-talismã.
É, pois, ancorado na nova religião da “ciência e na
técnica” que o Estado interfere em tudo, legisla e tenta regular a conduta do
cidadão em campos nunca antes imaginados, para assim “redimir” os homens e a
sociedade de todos os seus males presentes e futuros. Para citar um exemplo,
lembro aos leitores a ridícula “lei da palmada”...
A propósito, acabo de ler estarrecedora notícia
publicada no The Telegraph, de
Londres, segundo a qual 38% da população da União Européia sofrem de distúrbios
mentais e doenças cerebrais. O jornal inglês se baseia num estudo do Colégio Europeu
de Neuro-psicofarmacologia. Para os estudiosos, as desordens mentais se tornam
o maior desafio à saúde na Europa do século XXI.
Comentando a referida notícia, Luís Dufaur (http://www.ipco.org.br/home/) afirma
que a causa desses males pode bem estar na tentativa de construir uma
super-organização em bases puramente materiais que ignoram – e até hostilizam –
o lado espiritual e a religião do homem. E indaga: “Não será uma das causas
mais profundas desses desarranjos mentais?”.
Atentar contra os fundamentos cristãos da civilização constitui
um dos maiores fatores de enlouquecimento. O pior é quando tal ataque é
perpetrado metodicamente pelo Estado em nome da ciência. No caso concreto da
distribuição de preservativos a estudantes, a iniciativa conta com o auxílio de
pesquisadores de dois órgãos da ONU.
O cuidado com os jovens deve começar pelos pais e ser
complementado pelos professores. É na juventude que se forma o caráter, o qual,
por sua vez, influenciará no destino de cada um. Os pensamentos se
transformarão em palavras, as palavras em atos, e estes em hábitos que formarão
ou deformarão seu modo de ser.
O que nossas autoridades semearem nas escolas, a
sociedade colherá no final do ciclo. A imoralidade vem ceifando mais vidas que
a própria guerra e está na origem da violência, da criminalidade, do desajuste
familiar e das separações; está na raiz da pior das epidemias, além de um
incontável número de doenças. Através dos frutos pode-se saber se as sementes
têm sido boas ou não.
Enquanto sacerdote, eu me reporto ao ensinamento da Igreja,
que condena a liberação do sexo na adolescência, ou mesmo antes do matrimônio: “Bem aventurados os puros de coração porque
possuirão o reino dos céus.” A união carnal só pode ser legítima quando se
estabelece uma definitiva comunidade de vida entre um homem e uma mulher.
As relações sexuais pré-matrimoniais excluem, o mais
das vezes, a prole e o que se apresenta como amor conjugal não pode se
desenvolver como deveria, ou seja, num amor paterno e materno.
Caso eventualmente se desenvolva será em prejuízo dos
filhos, que se verão privados da convivência estável da qual havia de poder
realizar-se como convém e encontrar o caminho e os meios necessários para se
integrarem na sociedade. (Declaração da
Santa Sé nº 7).
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