*Pe. David
Francisquini
Noite de frio
intenso em Belém. A cidade se encontrava envolta no burburinho preparatório do
recenseamento convocado por César. Em vão, um casal discreto procurava acolhimento
nas hospedarias, nem mesmo entre os parentes próximos, porquanto José e Maria desejassem
lugar digno para o Natal do Criador do Céu e da terra.
A natureza
já se regozijava. Dela se exalava um perfume de agradável odor, ao passo que os
corações dos homens de Belém se cerravam para Aquele que os enriqueceriam com Suas
dádivas. Enquanto a noite avança, o incansável casal se depara ao longe com uma
estrebaria, além de desconfortável, sem qualquer aconchego.
O
egoísmo e a dureza daquela gente fechavam as portas e os corações para o santo
casal que, vigilante, aguardava o desejado das nações, o Rei dos reis, Aquele que
viria tirar os pecados do mundo e beneficiar a humanidade inteira. Chega a
noite ao seu ápice e o Sol do sol brilhou aos olhos extasiados de Maria e de
José.
Enquanto
todos dormiam, os Anjos despertaram os
pastores na imensidão dos campos para lhes anunciar a grande alegria, extensiva
a todo o povo: “Hoje vos nasceu, na
cidade de David, o Salvador, que é o Cristo, o Senhor. E este é o sinal para
vós: achareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura”.
Natal,
dia de alegria, de paz e de harmonia. Natal em que comemora o nascimento do
Menino Jesus. Natal, dia de festa, de bênçãos e de calor humano. Natal cuja atmosfera
se ilumina pelas graças d’Aquele que se uniu à natureza humana para trazer a Si
a humanidade inteira. O Salvador veio ao mundo para a redenção de todos.
Natal
lembra bem estar, paz, inocência, brancura de alma. Deus-Menino, o pão da vida,
vem à sua cidade que quer dizer a casa do pão. “Eu sou o maná que desci do Céu, que vossos pais comeram e, contudo
morreram, mas quem comer deste pão viverá eternamente”. A Eucaristia e o Natal
são um prolongamento de Cristo entre nós.
Não
há lugar onde se consagre o pão que sua substância não se transforme em Cristo.
Qual lírio do campo, na manjedoura Jesus é adorado pelos anjos, pelos pastores
e pelos reis. É o mesmo Deus de nossos sacrários. No instante mesmo em que o Anjo
comunicava aos pastores a grande nova, toda a Milícia Celeste se uniu a ele em
louvor a Deus, cantando: “Glória a Deus
nas alturas, e paz na terra aos homens de boa vontade”.
De
boa vontade são aqueles que vivem em estado de graça, na amizade divina e no
cumprimento de decálogo. Glória a Deus nas alturas é o que Cristo veio trazer à
Terra ao fundar e instituir a Santa Igreja Católica, que é a Sua Igreja. Os
céus se alegram e a terra inteira triunfa, pois Jesus veio a nós. E continua a
vir no santo sacrifício da Missa.
O
nascimento do Filho de Deus em Belém foi previsto pelo profeta Miqueias. Na
Palestina, subjugada pelos romanos imperava Roma na pessoa de César Augusto,
que depois de ter vencido os inimigos se encontrava em grande paz. Ambicioso,
decretou um recenseamento em todo o império, indo todos se alistar na sua
cidade de origem.
Da
Casa de David, José e Maria foram a Belém. Viagem de quatro dias. Deus Pai
dispôs as coisas para que o santo casal se dirigisse ao lugar onde a humanidade
inteira procura hoje representar nas casas, nas igrejas, nos lares e nas cidades,
o Presépio. Não apenas para prolongar, mas para perpetuar o grande
acontecimento.
Ali,
onde Maria deu à luz o divino Filho sem perder a virgindade, sem dor, num êxtase
de elevação e nobreza. Maria tornou-se mãe do Filho de Deus conservando-se intacta
através de um verdadeiro milagre. Sendo mãe, não deixou de ser virgem. Virgem
antes, durante e depois do parto.
Nossa
Senhora percebeu não haver lugar para o seu Filho no coração empedernido daquele
povo. A não ser uns poucos tocados pela graça como os Reis Magos e os pastores.
Peçamos na noite de Natal ao Menino Jesus para sermos homens de boa vontade,
unidos à Sagrada Família, aos reis Magos e aos pastores.
Assim,
glorificaremos a Deus.