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terça-feira, 21 de julho de 2015

Não sem muita perplexidade

Pe. David Francisquini


A recente viagem de Dilma à Rússia
Submersa no volume morto da crise institucional brasileira, a presidente Dilma procura alívio em viagens ao exterior. Assim, ela acabou de visitar a Rússia, onde teria ido tentar consolidar acordos comerciais. Logo na Rússia de onde não se pode esperar muito além de suas aventuras expansionistas ideológicas – e mesmo militares, como aconteceu há pouco com a Ucrânia – mundo a fora.
Na sua comitiva se encontrava a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, representante da classe ruralista que numa circunstância da viagem pôs o gorro vermelho dos comunistas com a foice e o martelo... Mas o que teria levado a representante da nossa laboriosa classe rural a imitar Lula, Dilma, Marina quando colocaram o boné do MST?
Por acaso a nossa faceira ministra desconhecia a sentença de Lenine contra os proprietários rurais quando arengava que “a palavra de ordem difusa na massa sobre a repartição da terra serve a nós comunistas para tornar mais próximo o comunismo. Quando a vitória da revolução se completar, substituiremos aquela palavra de ordem por outra da ditadura comunista"?
Com efeito, o comunismo nega a propriedade privada, sobretudo a da terra, pois é nela em que manifesta de modo mais arraigado o senso de propriedade,. Por isso, o proprietário de terras costuma ser comparado a uma árvore, onde ele deita raízes e, de lá, só sai morto...  Foi por isso que o comunismo na Rússia fez milhões de vítimas para implantar a sua desastrada Reforma Agrária.
Será num país como a Rússia – com um regime político e econômico corroído e decadente que, para a própria autoafirmação, tenta se apoderar da Ucrânia e de outros países vizinhos e, assim, reconstituir a antiga União Soviética – que o nosso governo vai procurar apoio? E o que fez lá a ministra da Agricultura senão o agourento papel de garota propaganda do comunismo?
Para informação do leitor, no site da revista Veja se encontra: Kátia Abreu se aproximou tanto de Dilma Rousseff que ganhou o cargo de ministra da Agricultura. Agora, em viagem à Rússia, ela deu mostras de que a guinada ideológica [...] é ainda mais radical. [...] Fez questão de exibir uma foto com o gorro típico dos líderes soviéticos”.
Ao me deparar com aquela que deveria representar a nossa laboriosa classe rural com o gorro comunista, e, não sem muita perplexidade, com o gesto do presidente boliviano Evo Morales presenteando o Papa – e ele recebendo o “presente” – com um crucifixo em forma de foice e martelo...  Isso me traz à memória mais uma vez as candentes palavras de Nossa Senhora em Fátima de que a Rússia espalhará os seus erros pelo mundo.
Recordemo-las: "Para salvar as almas dos pobres pecadores que vão a caminho do inferno, Deus quer estabelecer no mundo a devoção a Meu Imaculado Coração. Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. [...] Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo de seus crimes [...].
A teologia da libertação reabilitada voltou a pregar a luta de classes, as reivindicações sociais, econômicas e políticas, o que agravará ainda mais o cenário nacional e internacional. Que novas revoluções poderão ainda medrar deste contubérnio religioso-comunista para aflição dos homens que creem e temem a Deus?
Estas mesmas forças revolucionárias insistem em impor a chamada ideologia de gênero entre os brasileiros, a fim de golpear ainda mais a já combalida família. Com efeito, eles já não suportam sequer a desigualdade entre homem e mulher imposta por Deus através da natureza.
Até onde irão os revolucionários em sua sanha igualitária? De requinte em requinte esta metamorfose se processa do comunismo dito científico às investidas mais sorrateiras contra a ordem estabelecida pelo Criador.
Diante de tudo isso, o que pensar dos incautos e dos otimistas que acreditaram na morte do comunismo após o show midiático em torno da queda do muro de Berlim, da perestroika e congêneres?

quinta-feira, 2 de julho de 2015



ESTRANHA IDEOLOGIA

Pe. David Francisquini

       
 Plínio Corrêa de Oliveira, em sua obra-prima Revolução e Contra Revolução, desenvolve as noções de igualdade absoluta e liberdade completa, concebidas enquanto valores metafísicos. Elas exprimem o espírito da Revolução, movimento que visa destruir um poder ou uma ordem legítima e pôr em seu lugar um estado de coisas ou um poder ilegítimo.
         Para o revolucionário, o homem deve concorrer em tudo para que haja igualdade completa em todos os níveis, anciãos e jovens, patrões e empregados, professores e alunos, esposo e esposa, pais e filhos. Ele prega a igualdade absoluta, e a própria crença em Deus está descartada, negada e combatida, pois a desigualdade aponta para Deus.
         Chegou o momento de a Revolução dar mais um passo na sua sanha igualitária, impondo ao mundo inteiro a igualdade de gênero  a absoluta igualdade entre homem e mulher. A ideologia de gênero pretende estabelecer que ninguém nasce homem ou mulher, daí o absurdo de ninguém ser identificado como homem ou mulher. Cada criança deve escolher para si uma identidade sexual, e os pais não poderão se opor a isso, sob pena de serem incriminados. 
         O melhor caminho para isso é fazer a cabeça das crianças, e o governo brasileiro pretende implantar entre nós esse absurdo por meio delas. Sob a égide do PT – um partido revolucionário – pesa contra a Nação a ameaça de impingir a ideologia de gênero às cabeças inocentes das crianças.
         As diretrizes da educação, elaboradas pelo Ministério da Educação,
previam o ensino da ideologia de gênero nas escolas, mas foram rejeitadas pelo Congresso Nacional. O Ministério da Educação as reeditou, tornando-as meta obrigatória para todos os municípios. Por isso, todos os estados e municípios brasileiros estão sendo obrigados a apresentar os seus “planos” de educação, nos quais consta a ideologia de gênero. 

         Sendo uma questão religiosa e metafísica, ela é extremamente delicada, atingindo o homem no que tem de mais profundo do seu ser. Só mesmo pessoas com mentalidade perversa, igualitária, anárquica, revolucionária, podem querer subverter a esse ponto a noção de família, conduzindo-a à sua destruição, e com ela a de toda a sociedade.
         Com mais esta inadmissível ingerência do governo na instituição familiar, nossos filhos e netos poderão perder para sempre a noção filosófica da identidade do ser. Esta foi a identidade desejada por Deus ao criar homem e mulher, para a missão altíssima de propagar a espécie humana, povoar a Terra e o reino do Céu.
         A função principal do Estado é dar condições para o aperfeiçoamento e desenvolvimento dos planos divinos. No entanto, agindo em favor da ideologia do gênero, ele se volta contra o seu próprio fim, de modo totalitário. Alterando o próprio conceito que governa o homem, distorce os planos de Deus e abre o caminho para o que há de mais satânico – a imposição tirânica de uma ordem de coisas violentamente contrária à ordem natural.
         Vi recentemente alguns vídeos envolvendo a discussão do plano imposto pelo MEC às Câmaras Municipais, e pude perceber o rancor dos homossexuais contra a família tradicional. Ante as agressivas manifestações antirreligiosas de grupos favoráveis à revolução sexual, os vereadores parecem não saber como conduzir as reuniões sobre o assunto.
        
No horizonte, a perspectiva é de uma verdadeira guerra religiosa e moral, em que os revolucionários negam e procuram substituir conceitos consagrados em todos os tempos. Por ódio a Deus, que criou o ser humano com perfeição e para um altíssimo fim, querem afastar-nos do Criador e implantar em toda a Terra o que há de mais contrário a Ele.

         Os revolucionários querem suprimir a noção de bem e de mal, de verdade e erro, derrubar os fundamentos da religião e do próprio Deus. Pretendem suprimir o Decálogo, a própria expressão do que é a natureza humana. É o que estamos assistindo em nossos dias, nos debates do plano da educação municipal e estadual. E os prezados leitores são convidados a participar ativamente na rejeição a essas medidas inadmissíveis.

domingo, 14 de junho de 2015

Senhor Deus, a quem a vingança pertence

*Pe. David Francisquini

São Pedro Damião - Afirma que a Sodomia corrompe tudo,
mancha tudo, polui tudo. Obscurece a mente humana.
Ao ser ordenado pelo bispo com o sacramento indelével da Ordem, o sacerdote recebe um poder extraordinário de Deus, tornando-se ao mesmo tempo pontífice e vítima, ministro de Cristo e continuador de Sua obra. Ou seja, passa a ter um enorme poder de fazer bem às almas e combater o mal, com vistas a implantar na Terra a verdadeira ordem desejada pelo Criador e conduzir as almas ao Céu.
Sob a direção de seu bispo e em união com o Papa, o padre atua assim como representante de Cristo para propagar a Fé e o Evangelho, defender as almas e imolar-se por elas, as vinhas do Senhor, não poucas vezes atacadas por vespas e insetos, por feras e ventos adversos, por tempestades e furacões, com escândalos e desregramentos que as golpeiam satânica e impiedosamente.
É por isso que o sacerdote – e a fortiori o bispo ou o Papa – não pode ser indiferente a tudo que diga respeito à glória de Deus e à salvação das almas. E não pode se calar quando símbolos religiosos são publicamente escarnecidos, profanados ou quebrados, como aconteceu na recente manifestação homossexual realizada em São Paulo com o escandaloso apoio das autoridades municipais, estaduais e federais.
 O representante de Deus não pode omitir-se quando os protagonistas dessa causa espúria pretendem implantar a ditadura da violência e da intolerância em relação a todos os batizados que creem e professam a doutrina e a lei de Jesus Cristo. Se o fizer, tornar-se-á cúmplice deles pelo silêncio.
E se ele por acaso pensar que a família tradicional constituída por um homem e uma mulher será a única golpeada, e a parceria antinatural e infecunda promovida, equivoca-se, pois os inimigos da família a atacam por ódio a Deus e à Santa Igreja, cujos membros não serão poupados a certa altura do processo, a menos que prefiram a apostasia. Esta é a terrível lição da História!
Caindo fogo do céu sob Sodoma e Gomorra
O pecado perpetrado pelos homossexuais em São Paulo contra os principais símbolos da nossa Fé ofendeu particularmente a Deus. Por muito menos a mesma e irredutível História registrou o episódio do Levante das Estátuas, ocorrido em Antioquia sob o imperador Teodósio, que ao tomar conhecimento da mutilação das estátuas erigidas em honra dele e de sua esposa, enfureceu-se e puniu duramente aquele levante, qualificado por ele de lesa-majestade.
Se assim procedeu um rei em defesa de sua honra, o que imaginar do procedimento do Senhor Deus, a quem a vingança pertence, em relação aos
O blasfemo profere seus ultrajes contra Deus e os santos através de palavras, exemplos e atitudes, misturando a luxúria e o pecado contra a natureza com as coisas sagradas para golpear a Igreja, os cristãos e o próprio Deus. Ao exibir em via pública objetos sagrados do culto, como ocorreu nesse infeliz desfile, depreende-se o enorme pecado de blasfêmia cometido.

A fuga de Lot coma família e a destruição de Sodoma e Gomorra
Os seus fautores não ultrajaram apenas os homens, mas o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei dos reis. Este ultraje é crime contra a Sua bondade e grandeza, majestade e soberania, pois os blasfemadores chegaram a vomitar satanicamente que Ele também era homossexual. A maior parte dos pecados tem sua origem na ignorância ou na fraqueza humana, mas a blasfêmia vem da maldade do coração.

Deus perdoa o pecador, mas castiga terrivelmente o ímpio, o blasfemo e o profanador com a pena eterna do inferno; e muitas vezes a punição já começa nesta vida. Permaneça diante de nossos olhos o exemplo de Sodoma e Gomorra, uma lição viva da História a nos ensinar como Deus é justo ao premiar os bons e castigar os maus.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Nobreza da graça e nobreza de sangue


Pe. David Francisquini

No Calvário, bem junto à Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, achava-se reunida não apenas a nobreza da graça, mas também a mais requintada nobreza de sangue. Maria Cleofas e São João, o discípulo amado, eram primos de Nosso Senhor. Maria Santíssima, pertencente à estirpe de David, era a mãe do Homem-Deus, o Redentor do mundo, até então escravizado pelo pecado e jazendo na mais completa pobreza espiritual.
Dentre os muitos atributos dos demagogos e populistas de nossos dias, talvez um dos mais salientes seja a pretensa ajuda às classes pobres em nome de princípios igualitários e revolucionários. A respeito desses demagogos, podemos repetir o dito segundo o qual “eles amam tanto os pobres, que os multiplicam quando chegam ao poder”. Na verdade, só se ama o próximo quando se ama a Deus! Demagogia e amor de Deus se excluem. Afinal, que gesto pode ser comparado ao do Homem-Deus e de todas as almas nobres que se aglutinavam naquela hora trágica da redenção do gênero humano?
Não há nada que engrandeça e eleve mais nesta terra de exílio do que a nobreza hereditária quando ela ama e teme a Deus. Jesus Cristo nasce de uma virgem da linhagem de reis e é chamado de filho de David, para ensinar a importância e a grandeza das elites junto aos desamparados e aos pobres de espírito. Maria Cleofas era prima de Nossa Senhora, grau muito próximo de parentesco que a distingue com a mais qualificada nobreza que jamais houve no mundo, não propriamente pelo fato de descender de David e de reis de Israel, mas por afinidade com o sangue do Redentor divino.
Cumpre ressaltar que a nobreza desse parentesco com o Homem-Deus era dobrada segundo o Pe. Antônio Vieira, pois Jesus Cristo não tendo pai na terra, sua linhagem provinha de sua Mãe. A nobreza de Maria Cleofas está acima de qualquer nobreza por parentesco com a Mãe de Jesus e com o Homem-Deus. Se o Evangelho ressalta a presença dela junto à Cruz, é para distinguir a sua nobreza de sangue e espiritual.
Quando um nobre é inteiramente católico e consciente de seus altos e grandiosos deveres, seus feitos – contrariamente a qualquer demagogo – enobrecem toda uma nação. O calvário foi por excelência um ato de heroísmo de valor incomparável para todas as classes sociais. Não entende o papel do nobre, a não ser contemplando o Homem-Deus, a sua Santa Mãe, Maria Cleofas, e São João Evangelista aos pés da Cruz.
Se houvesse reino em Israel, Maria teria sido a sua rainha e Jesus Cristo o seu rei. Nessa cena todos contemplam um rei e uma rainha conquistando a Terra para Deus. A redenção possibilitou aos homens trilhar as vias do bem, atingir um apogeu de civilização que foi a Idade Média, sobre a qual Leão XIII proclamou que naquele tempo a filosofia do Evangelho governava os povos. O requinte, as boas maneiras, a elevação, a distinção, o respeito, a dedicação, o zelo, o heroísmo foram os resultados dessa epopeia do Homem-Deus. Da cruz germina o espírito de cruzado e a militância. Desabrocham e desenvolvem a epopeia, o heroísmo e o desvelo  dos cruzados na defesa da Terra Santa.  
São João fala de Maria Cleofas como prima de Nossa Senhora, mas não menciona o parentesco dela com Nosso Senhor, para nos dar a entender quanto o Homem-Deus preza a graça, seja nobre ou plebeu, pois ela nos torna participantes da vida divina. 
Também aos pés da Cruz se encontrava Maria Madalena, a penitente. Ela se elevou da escravidão do pecado, da pobreza de alma, à vida divina pela penitência, pois sendo Nosso Senhor a luz verdadeira, ilumina todos os homens que vêm a este mundo.  "Estava no mundo, e o mundo foi feito por Ele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu e os seus não o receberam. Deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus a todos os que O receberam, esses que creem em seu nome e não nasceram do sangue, nem do desejo da carne, nem da vontade do homem, mas nasceram de Deus."
Deus, eterno e de natureza puramente espiritual, criou todos os seres e coisas para a sua glória e reverência. Na sua infinita sabedoria e ciência, criou primeiro os anjos e o reino material, e depois o homem com alma e corpo. Os anjos são puros espíritos dotados de inteligência e vontade, elevados à glória e à contemplação divina pela graça. Contrariamente aos homens, eles são incapazes de hesitar. Por isso a punição dos que se revoltaram foi irreversível.  Os homens, contudo, não tiveram pela infinita bondade de Deus a mesma sorte, tendo o Criador lhes enviado seu Filho para restaurar a honra divina ultrajada pelo pecado de nossos primeiros pais e abrir-lhes as portas do céu, dando a todos os meios de salvação.
Ao morrer na Cruz, Nosso Senhor Jesus Cristo tornou-se instrumento de salvação. Sendo Deus, quis nascer somente de uma virgem por obra do Espírito Santo. Como veio por meio d’Ela, quis tê-La bem perto de Si junto à Cruz, para partilhar com Ele a sua Paixão e Morte, e torná-La, assim, nossa Mãe a partir do momento em que A recomendou a São João Evangelista. A Nossa Senhora é atribuído o privilégio de corredentora do gênero humano.

É por isso que o melhor caminho para se chegar a Jesus Cristo é através da devoção a Maria, cuja intercessão nos alcança todas as graças de Deus. Confiantes, fixemos os nossos olhos no Coração Imaculado de Maria, pois é nele que se encontram a esperança e a certeza do triunfo do bem neste mundo tão conturbado pela pobreza de espírito.

sábado, 23 de maio de 2015

A Senhora da Graça


Pe. David Francisquini                               


Anunciação Fra Fillipo Lippi 1406-1469


Na linguagem da Igreja tradicional, Maio significa mês de Maria, a medianeira de todas as graças entre Deus e os homens, Aquela a quem o embaixador celeste São Gabriel anunciou que seria a Mãe do Messias, o esperado das nações. Cheio de reverência, o Anjo A saudou: “Deus te salve, cheia de graça; o Senhor é contigo”.

Concebida sem pecado original, sem nódoa alguma que A maculasse, Maria foi o instrumento escolhido por Deus para comunicar aos degradados filhos de Eva a maior de todas as graças: “E o Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós”. Este foi sem dúvida o meio mais conveniente e sublime excogitado pelo Criador para que seu Unigênito viesse à Terra.

E ante a surpresa da Virgem, o Anjo prosseguiu: “Não temas Maria, pois achaste graça diante de Deus; eis que conceberás no teu ventre e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Esse será grande, será chamado filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono do seu pai David, reinará na Casa de Jacó, eternamente, e seu reino não terá fim.”

São Gabriel disse ainda à Virgem que o Espírito Santo A cobriria com sua sombra, pois quem d’Ela nasceria seria chamado Filho de Deus. Maria se tornou assim Filha de Deus Pai,  Mãe de Deus Filho e Esposa do Espírito Santo.

Se a concepção do Filho de Deus representou um oceano incomensurável de graças, nem por isso Nossa Senhora deixou de receber e cooperar com novas graças. À guisa de ilustração, no Cântico dos Cânticos, a Escritura indaga: “Quem é esta que surge como a aurora, formosa como a lua, brilhante como o sol, terrível como um exército em ordem de batalha?”.

            Não obstante todas essas graças inigualáveis, o auge da missão de Maria se deu ao pé da Cruz, quando se tornou corredentora do gênero humano por consentir que seu Divino Filho morresse para a nossa salvação. Foi também ali que Nosso Senhor no-la deu, ao constituí-la mãe de São João Evangelista.

Se Eva nos transmitiu o maior dos males ao comer o fruto proibido, Maria, a nova Eva, nos fez o maior dos bens ao ser inteiramente fiel aos desígnios de Deus, contemplando e assentindo que o seu Filho expiasse os pecados do mundo para nos abrir as portas dos céus. Eis aí a grande estatura e envergadura de alma de Nossa Senhora.

Falando sobre a graça e a glória, o Pe. Antonio Vieira nos ensina que o mesmo Deus que nos apontou na graça a misericórdia, nos mostrará na glória a sua verdade ao nos agraciar com a coroa de que Se fez devedor.

Como Mãe e medianeira dos homens por vontade divina, Maria nunca deixa de atender seus filhos em todas as suas necessidades. Eis como A enaltece o Pe. Vieira:

“Perguntai aos enfermos para que nasce esta celestial menina, dir-vos-ão que nasce para a Senhora da Saúde; perguntai aos pobres, dirão que nasce para a Senhora dos Remédios; perguntai aos desamparados, dirão que nasce para Senhora do Amparo; perguntai aos desconsolados, dirão que nasce para Senhora da Consolação; perguntai aos tristes, dirão que nasce para Senhora dos Prazeres; perguntai aos desesperados, dirão que nasce para Senhora da Esperança.

“Os cegos dirão que nasce para Senhora da Luz, os discordes, para Senhora da Paz, os desencaminhados, para Senhora da Guia, os cativos, para Senhora do Livramento, os cercados, para Senhora do Socorro, os quase vencidos, para Senhora da Vitória.

“Dirão os pleiteantes, que nasce para Senhora do Bom Despacho, os Navegantes, para Senhora da Boa Viagem, os temerosos da sua fortuna, para Senhora do Bom Sucesso, os desconfiados da vida, para Senhora da Boa Morte, os pecadores todos, para Senhora da Graça, e todos os seus devotos, para Senhora da Glória.

“E se todas essas vozes se unirem em uma só voz, todas essas perguntas em uma só pergunta, e todas as respostas em uma só resposta, ou, mais abreviadamente, todos esses nomes em um só nome, dirão que nasce Maria para ser Maria, e para ser a Mãe de Jesus: Maria de qua natus est Jesus.”