Inútil
será levantar de madrugada
Padre David Francisquini
A vida delas apresenta-se fácil aos olhos dos adultos, pois possuem uma espécie de bússola que as guia diante de exemplos que as encantam. Nosso Senhor serviu-se delas como exemplo para alcançarmos o reino dos céus, tornando-nos como crianças.
Enquanto os incrédulos e orgulhosos do mundo as ofendem, os pequeninos em Cristo edificam-nas e honram-nas, por isso mesmo Nosso Senhor disse aos que as escandalizam que melhor lhes fora pendurar a mó de um moinho ao pescoço e se atirarem nas profundezas do mar.
O Filho de Deus usa a linguagem corrente da época para nos ensinar esta verdade, pois a prática de amarrar a mó ao pescoço era própria para castigar os grandes criminosos, sobretudo pelos pecados de escândalo.
As
crianças devem ser alvo de carinho, afeto e predileção, uma vez que seus anjos
contemplam a face de Deus Pai que está nos céus. Seria grosseiro não se comover por isso, pois
o próprio Jesus disse: “Deixai vir a mim as criancinhas, porque delas é o reino
de Céu”.
É para os que não se deixam comover que Nosso Senhor adverte severamente com a figura da mó ao pescoço, anatematizando os escandalosos que desviam as crianças do bom caminho, da luz da verdade e da ciência, do brilho da fé e do esplendor da virtude.
Quem mais escandaliza em nossos dias? Impossível responder sem entrar no campo político-social. Ao propor o ensino da ideologia de gênero, por exemplo, a esquerda procede em relação às crianças de modo escandaloso, ensinando o amor livre, a pedofilia, e tudo o que decorre disso.
Fazer o mal moral à criança é operar contra o próprio Jesus Cristo: “Quem recebe uma criança, a Mim recebe”. Na verdade, a esquerda anela por uma sociedade sem Deus, sem virtude, sem regras nem disciplina. Uma sociedade assim moldada resvalará infalivelmente para o caos e a anarquia.
Se o futuro de uma nação tiver suas raízes na família, no seio da qual as crianças sejam bem educadas, podemos esperar o que há de melhor para a sociedade. Caso contrário, ela resvalará para a própria destruição.
Com os meios de comunicação atuais, torna-se impossível não ver isso acontecendo na Venezuela, na Argentina, bem como em todos os países dominados pelos regimes da esquerda, onde, ao lado da pobreza moral e espiritual, haverá sempre carência e miséria material.
Ao falar do homem sábio e prudente que edifica a sua casa, Nosso Senhor ensina: “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e não as pratica, será semelhante ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa e ela caiu e foi grande a sua ruína” (Mt 7. 26-27).
A ruína de que fala Nosso Senhor não se restringe à matéria, mas toca nos aspectos transcendentes, pois uma sociedade que nega Jesus Cristo e seus ensinamentos tem como meta a ruína moral, espiritual, econômica e social.
Em
próximo artigo pretendo dar continuidade a este tema, tão importante para
guardarmos a fé e fazermos da virtude a regra de nossas vidas. Caso contrário,
ser-nos-á inútil levantar de madrugada...