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domingo, 24 de janeiro de 2010

Deus e a matança dos inocentes

Pe. David Francisquini




Com zelo de pastor, venho acompanhando os debates de vários projetos de deputados e senadores visando a introdução de leis atentatórias à moral católica em nosso Pais. Agora mesmo, o Projeto de Lei 1135/91, de descriminalização do aborto, de autoria do deputado Jorge Tadeu Mudalen (DEM/SP), está para ser posto em votação.

Sob o pretexto de livrar do vexame a mulher vítima de estupro, ou de afirmar que evitar mortes por abortos clandestinos é questão de saúde pública, o Poder Executivo, através do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, alia-se ao Legislativo nessa manobra viperina. Ao fugir do debate moral e religioso, querem eles encurtar o caminho e instituir draconianamente a pena de morte contra crianças indefesas ainda no ventre materno.

Se a tais projetos somarmos a pseudo-liberdade sexual (leia-se amor livre) promovida por muitos órgãos da mídia falada, escrita e televisiva, além de uma pressão insolente e agressiva de lobbies internacionais pró-aborto, não fica difícil perceber a existência de uma verdadeira trama maquiavélica com o objetivo definido de erradicar o que ainda existe de cristão na Terra de Santa Cruz.

Ademais, já existem sintomas claros. Mónica Roa, colombiana, advogada e ativista pró-aborto, expôs uma estratégia utilizada com êxito para introduzir o aborto em seu país: “Constatamos que o debate em torno do tema sempre era de ordem moral e religiosa. Decidimos mudar radicalmente o rumo do debate. Começamos a tratar do aborto sempre como um problema de saúde pública, de direitos humanos e de eqüidade de gênero.”

Relembro aos leitores a doutrina do pecado coletivo de uma nação. Este é tipificado no momento em que se aprova uma lei que fere o Decálogo. E Santo Agostinho ensina que nem no Céu nem no inferno há prêmios e castigos para nações, visto serem elas premiadas ou castigadas neste mundo. O que nos leva a concluir que os protagonistas do aborto estejam a atrair a ira de Deus sobre o Brasil.

Para a moral católica, o aborto “brada aos céus e clama a Deus por vingança”, e quem o provoca incorre em excomunhão latae sententiae, isto é, automática, a qual atinge os que o praticam, quer por efeito de estupro, quer por deformidade do feto ou risco de morte da mãe. Sua Santidade Bento XVI afirmou: “A vida é obra de Deus” e “não pode ser negada a ninguém, nem ao pequeno e indefeso feto nem a quem apresenta graves incapacidades”.

No México, ainda há pouco, o Cardeal Rivera formulou a “mais firme condenação” do aborto, qualificando-o de “ato abominável” e de “execrável assassinato”. Ademais, admoestou os legisladores, que votaram favoravelmente ao aborto, pelo grave pecado cometido, proibindo-lhes a comunhão, pena extensiva aos médicos e enfermeiros que participarem de ato abortivo.

Uma responsabilidade moral difusa, mas não menos grave, pesa sobre todos os que favorecem a difusão da permissividade sexual e o menosprezo pela maternidade. Ela pesa também sobre os que deveriam assegurar políticas familiares e sociais de apoio às famílias, especialmente as mais numerosas, ou aquelas com particular dificuldade financeira para propiciar o desenvolvimento físico e educacional dos filhos.

O aborto e a violência sexual – a qual já é prerrogativa da rua, mas infelizmente se verifica no recinto dos próprios lares, onde crianças são agredidas por pessoas da própria família – são os frutos perniciosos da decadência moral em que está imersa nossa sociedade. Decadência largamente fomentada pela difusão sistemática da imoralidade refletida nas modas, nos programas de TV, na publicidade, nas músicas, etc.

Como guardião da ordem, o Estado tem o dever de zelar pela moralidade pública, não permitindo que em nome de uma falsa liberdade se faça em nosso País uma “revolução cultural”, que tripudia e aniquila os princípios perenes consubstanciados no Evangelho; e não – como vem infelizmente acontecendo – se tornar um possante propulsor da mesma revolução pela disseminação da imoralidade, da desordem e do caos.

A Luz que ilumina – I e II



Pe. David Francisquini



“Eu sou a luz do mundo; o que me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da vida”. (S. João, 8, 12). Essa luz que Cristo veio trazer ao mundo é Ele mesmo, visto ter a mesma natureza do Pai e do Espírito Santo. Ele veio a esse mundo para iluminar todos os homens, fazendo resplandecer a sua luz por meio da fé, esclarecendo nossa inteligência por meio das verdades que anunciou. Veio robustecer essa mesma fé, através dos retumbantes milagres que operou, os quais ficaram registrados nas páginas dos santos Evangelhos.

Cristo veio ainda ao mundo, através de seus ensinamentos e das verdades contidas nos Evangelhos, para guiar nossos passos: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Veio fortificar nossa vontade por meio da fé, da esperança e da caridade, porque ninguém luta por aquele que não conhece, não ama e não espera.

Além dessas três virtudes que nos são infundidas no santo Batismo, existem as virtudes cardeais: prudência, justiça, fortaleza e temperança, que concedem à alma os meios para enfrentar o maligno. As virtudes cardeais são as matrizes das outras virtudes morais: humildade, mansidão, obediência, generosidade temperança, castidade e o zelo do bem em oposição aos vícios capitais. Se cooperarmos com a graça de Deus e seguirmos as forças ou virtudes por Deus infundidas em nossas almas, o inimigo não nos prostrará na luta, e sairemos sempre vitoriosos.

Mas, para adquirir tais virtudes é necessário fazermos um esforço não pequeno, mas na certeza de contar sempre com o auxílio da divina graça, pois Deus não permite prova superior às nossas forças. Pelo Batismo, nossa vontade é inclinada ao bem moral. Não se pode deixar de lado o esforço, a habilidade no exercício do bem, por freqüentes atos repetidos, como as boas obras e a luta constante e persistente contra as más inclinações.


As virtudes morais estão em nossos corações como sementes introduzidas pelo Batismo, e devem vicejar rumo à perfeição e assim nos blindar contra os empecilhos que nos afastam de Deus e de nossa salvação. Amparados pelo auxílio do sal da terra e da luz do mundo, não será estéril nosso empreendimento no árduo caminho que nos levará ao Céu.


É ainda São João que nos adverte: “Não são 12 as horas do dia? Aquele que caminha de dia não tropeça, porque vê a luz desse mundo; porém o que anda de noite tropeça porque lhe falta a luz” (Jo 11 - 9, 10). O que Cristo Nosso Senhor quer dizer com isso? Ressaltar o tempo de sua vida terrena, estabelecido por Deus Pai, até que chegue sua hora, que é o tempo de sua paixão e morte.

 
Portanto, a morte de Cristo foi o marco da Redenção dos homens, aliás, anunciada com palavras eivadas de ódio, pronunciadas pelo pontífice Caifás: “Convém que morra um homem pelo povo, para que assim não pereça a nação”. Ele afirmou isso porque era pontífice, ressaltando que Jesus Cristo devia morrer pela nação, mas também tendo em vista unir num só corpo os filhos de Deus que se encontravam dispersos.






A Luz que ilumina II


São João Evangelista é considerado um dos maiores santos da Igreja, merecendo o título de “O discípulo a quem Jesus amava”. Junto à Cruz, recebeu do Redentor Nossa Senhora como Mãe, e com Ela –– a fonte da sabedoria –– a segurança doutrinária que lhe mereceu dos Padres da Igreja o título de teólogo por excelência.


Ao receber a custódia da Mãe de Deus, obteve ele o maior legado que criatura humana jamais podia receber. Diz São Jerônimo: “João, que era virgem, ao crer em Cristo permaneceu sempre virgem. Por isso foi o discípulo amado e reclinou sua cabeça sobre o coração de Jesus. Em breves palavras, para mostrar qual é o privilégio de João, ou melhor, o privilégio da virgindade nele, basta dizer que o Senhor virgem pôs sua Mãe virgem nas mãos do discípulo virgem”.


Ensinam os Padres da Igreja que esse grande Apóstolo representava naquele momento todos os fiéis. E que, por meio de São João, Maria nos foi dada por Mãe, e nós a Ela como filhos. Mas João foi o primeiro em tal adoção. Com tal autoridade, o Apóstolo virgem ressalta a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo: o Verbo, isto é, o Filho de Deus, é Deus, juntamente com as outras duas pessoas da Santíssima Trindade, pois Cristo tem a mesma natureza divina, além de todos os atributos e perfeições.


Transportado em Deus, com um vôo de águia, ele começa o seu Evangelho de altura sublime: No princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus, e o Verbo era Deus. Este Evangelho, dos mais sublimes textos jamais escritos, era tido em tanta veneração pela Igreja, que figura no ordinário da Missa promulgada por São Pio V, pela fundamental doutrina que contém. Segundo São João Crisóstomo, os próprios anjos ali aprenderam coisas que não sabiam.


Com Deus Pai e Deus Espírito Santo, o Deus Filho criou o Céu e a Terra, e todas as outras coisas que foram feitas, o foram por Ele. E sem Ele, nada foi feito. São João afirma categoricamente: “Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens, e a luz resplandece nas trevas, e as trevas não o receberam”. (Jo 1, 4).


E prossegue: “O Verbo era luz verdadeira que ilumina todo homem que vem a esse mundo. Estava no mundo, e o mundo foi feito por Ele e o mundo não O conheceu. Veio para o que era seu e os seus não O receberam. Mas a todos os que o receberam deu o poder de torná-los filhos de Deus. Aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram no sangue, nem na vontade da carne, nem na vontade do homem, mas de Deus”. (Jo 19, 13).


São João ressalta no texto a seguir, que além da divindade, Jesus Cristo assumiu hipostaticamente a natureza do homem: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu pai, cheio de graça e de verdade” (Jo, 1-14).





Direito de Decidir - I e II



Pe. David Francisquini

Imaginemos um pequeno país da Europa, da Ásia ou da Oceania ameaçado por uma seca que, segundo os especialistas, durará longo período. Os cientistas envolvidos na questão conclamam os dirigentes do país a tomar as medidas cabíveis diante da fome que se avizinha.


Entre os seus homens notáveis, o hipotético país conta — além dos cientistas — com médicos, políticos, professores, magistrados, militares, sacerdotes, e tantos outros. Uma reunião é fixada para as tomadas de decisão e distribuição de tarefas, pois os participantes traçarão um plano para enfrentar as conseqüências da seca e de suas vítimas.


A reunião ocorre num clima nervoso e cheio de expectativas. O debate já se inicia afanoso e acalorado. Os mais experientes e sensatos — entre eles um sacerdote católico — começam por sugerir boa provisão nos celeiros, como fez José durante a longa seca que se abateu sobre o Egito.


Outro sugere o envio de embaixadores pelo mundo anunciando a tragédia iminente, e, ao mesmo tempo, angariando víveres e remédios. Sem perda de tempo, um outro assesta o foco sobre a necessidade de se fazer reservatórios de água como açudes e represas. Não tardou vir à tona a proposição de alertar a população.


Quando a reunião rumava para seu fim, surge inusitadamente um personagem de aspecto sinistro, liderando um grupelho autodenominado “pelo direito de decidir”. Pelas caras, pelas palavras de ordem e pelos cartazes, era fácil perceber contestadores da ordem e da harmonia social.


O desgrenhado líder, sem sequer esperar lhe fosse dirigida a palavra, urrou: “Companheiros, na perspectiva do enorme sofrimento do povo e tendo em vista os minguados estoques de alimentos do País, a solução é simples e de fácil solução. E falo em nome dos ‘direitos humanos’! Para salvar da catástrofe a nossa nação e os seus homens de bem, nosso ‘movimento social’ propõe a contratação de pistoleiros para eliminar desde já 50% de nossa população”. (Grande alarido do grupelho em sinal de aprovação).


E o líder retoma ainda mais eloqüente: “Que nenhuma família a partir de hoje tenha mais filhos, e que o aborto seja geral e irrestrito. Tudo isso para o bem da nação. Tais pistoleiros começarão as execuções pelos hospitalizados, débeis mentais, deficientes físicos e inválidos. O restante será eliminado por sorteio”.


E concluiu a arenga para seu grupinho e jornalistas presentes: “Só assim evitaremos o sofrimento de nosso povo diante da fome que se aproxima! E para que o povo entenda tal medida de salvação pública, tais resoluções devem ser divulgadas pela imprensa escrita, falada e televisionada”. Em razão de tão maluca proposta, o personagem nem pôde terminar sua peroração: recebeu imediatamente voz de prisão.


Caro leitor, diz-se que a repetição é a melhor figura de retórica. Mas não é verdade que nessa pequena parábola estamos retratando a triste realidade de nossos dias? Em nome da saúde pública, da hipotética salvação do planeta, dos direitos humanos, da igualdade, do direito da mulher ao próprio corpo, vão sendo implantados o aborto, a eugenia e a eutanásia.


Prometo ao leitor continuar a matéria no próximo artigo.


Direito de decidir? (II)

Como prometi no meu último artigo, volto a tratar do aborto, da eugenia e da eutanásia. Com efeito, os propugnadores do monstruoso pecado do aborto querem descaracterizar o seu aspecto criminoso e hediondo, afastando-o do lado religioso e moral, e induzir a população a aceitá-lo pelo lado sentimental, onde não há lugar para o direito natural e divino.

Disse Deus: “Não matarás!” Dizem eles: “É um problema de saúde pública e as leis do Estado devem ser observadas acima das leis religiosas”. Assim, surgem as alegações de que o aborto legalizado evitará os clandestinos, ocasião de riscos, seqüelas e até mortes. Que as mulheres ricas usam clínicas especializadas enquanto as pobres sofrem as conseqüências do aborto clandestino.


Ora, a obrigação do Estado é favorecer a vida e nunca a morte! Qualquer que seja a razão da gravidez, a obrigação da mãe é levá-la até o fim, pois ela porta em seu seio um outro ser humano com direito fundamental à vida, o qual em hipótese alguma pode ser eliminado.


A única política pública aceitável é a de evitar o aborto, com assistência moral e material durante a gravidez e o parto. Quer a mãe seja rica, quer seja pobre, o problema é sempre o mesmo: o aborto é um assassinato de um ser inocente e indefeso. Ninguém tem o direito de tirar a vida da criança em nenhum momento, desde a sua concepção até o nascimento.


Quanto ao aborto no caso de gravidez indesejada, de crianças anencéfalas, portadoras de doenças genéticas ou não, ou do aborto fruto de estupro, costuma-se alegar o trauma da mãe.


Contudo, não há maior trauma do que assassinar o fruto de seu próprio ventre. Como sacerdote, posso sentenciar que o trauma do aborto é terrível, muito mais do que um estupro, por mais horrível que este seja, pois neste caso a mulher não carrega na consciência o peso da culpa.


Ela até poderá entregar sua criança para adoção de casais que tanto sofrem por falta de filhos. O aborto – mesmo executado por profissionais – pode causar graves seqüelas físicas, psicológicas e morais, entre elas hemorragia, angústia, depressão e remorsos.

Devemos amar a Deus sobre todas as coisas e, se quisermos ser fiéis a este amor, devemos obedecer à sua santa Lei que não permite o aborto. Termino com as palavras do Papa João Paulo II: “Declaro que o aborto direto, isto é, querido, constitui sempre uma desordem moral grave (...) nenhuma circunstância, nenhum fim, nenhuma lei do mundo poderá jamais tornar lícito um ato que é intrinsecamente ilícito, porque contrário à lei de Deus, inscrita no coração de cada homem, reconhecível pela própria razão e proclamada pela Igreja”.
Quem nunca ouviu a voz da consciência? I e II
 Pe. David Francisquini
Os bons formadores de opinião devem conhecer o mecanismo psicológico das paixões humanas, pois isso lhes facilitará o trabalho de persuasão de seu público alvo. Com efeito, há um fenômeno no panorama político-social, à primeira vista difícil de explicar para quem não tenha determinados pressupostos para elucidá-lo.
O que normalmente se passa na consciência individual pode-se aplicar à consciência geral. A consciência é como um sismógrafo capaz de acusar se uma ação é ou não permitida, pois a razão nos revela o conhecimento da lei e do dever. Exatamente como atividade da inteligência, a consciência pode ser conceituada como a noção do dever.
São Tomás de Aquino, o Doutor Angélico, chama de consciência a voz de Deus que se manifesta como legisladora e como juíza, pois a noção do dever é a consciência. É ela, portanto, atividade da inteligência que impele a vontade para o bem, e, ao mesmo tempo, a retém diante do mal.


Antes da ação, a consciência adverte a alma e lhe dá ânimo. Depois da ação, tranqüilidade ou perturbação, conforme a ação tenha sido boa ou má. A boa consciência confere alegria interior, bem estar e expulsa as tristezas malignas. Não sem razão o povo consagrou o adágio de que o melhor travesseiro é a consciência tranqüila.
Como uma luz que ilumina e dissipa as trevas interiores, transmitindo alegria de viver, a consciência tranqüila é o reflexo da voz de Deus na alma. É um ósculo de paz no íntimo de nossos corações e que nos transmite a verdadeira paz. Ao contrário, a consciência pesada envenena as alegrias e priva o homem do prazer espiritual.
A consciência pesada, motivada pelos remorsos, chega a se manifestar no olhar, nos gestos e nas atitudes das pessoas, tornando-as ácidas, intolerantes, caprichosas e agitadas. Quando a alma se encontra nesse estado, ela erradamente, à procura de alívio, costuma se lançar aos prazeres da carne, da cobiça e da vaidade.


O homem pode ter consciência delicada ou embotada. Uma acusa as mínimas faltas. A outra, apenas as maiores. A primeira seria como uma balança de precisão de uma ourivesaria, pois revela a mínima poeira sobre um de seus pratos. A consciência embotada se apresenta como a balança romana que para se inclinar precisa de muito peso.
Esta última é o símbolo das pessoas que não levam em conta as Leis de Deus e da Igreja. A elas chamamos de “mundanas”, pois tendo consciências embotadas percebem apenas os pecados mortais manifestos, e que pelo mecanismo das paixões humanas, caminharão inexoravelmente para o relaxamento total à procura de justificar seus erros.
Pela exigüidade de espaço, voltarei oportunamente ao assunto.


Quem nunca ouviu a voz da consciência (II)

Em recente artigo, consideramos a consciência como a voz de Deus que comunica alegria ou tristeza às almas conforme suas ações boas ou más. Avaliamos ainda a consciência delicada e a embotada: a primeira foi comparada a uma balança de alta precisão, enquanto a segunda, a uma balança rústica e viciada.
Vale dizer que para as pessoas de consciência depravada os maiores pecados são permitidos, pois se encontram prenhes de maus hábitos e costumam afirmar que errar é próprio dos homens. Habituadas às quedas, elas se tornam insensíveis à voz da consciência e suas respectivas censuras.
Transpondo a matéria ao campo social, podemos afirmar: se a opinião de um grupo social é sensível ao se manifestar diante de um pequeno alerta, tal grupo será composto de pessoas de consciências delicadas. Caso contrário, ele não passará de uma massa que perdeu a noção de bem e de mal, inata no homem. É aí que viceja uma geração de adúlteros e ladrões.
Através dos meios de comunicação, somos continuamente bombardeados com notícias escandalosas e crimes hediondos semelhantes a um “tsunami de lama”. Se não formos sensíveis a esse contínuo apelo à relativização que nos assola, poderemos ser arrastados por tais avalanches.
Assim como as pessoas que passam a residir à margem de uma rodovia ou ferrovia acabam se habituando ao barulho, igualmente os espíritos de hoje vão se acostumando com toda sorte de perversidade e já não reagem diante de nada, pois não querem se comprometer por medo de represálias.
Torrentes de iniqüidades vão se avolumando ao nosso derredor. A cada instante, sem que nada se lhes oponha, elas ofendem gravemente ao nosso Deus pelos pecados dos ímpios, e, ao mesmo tempo, colocam em risco os próprios justos, ameaçados e perseguidos que são por amor à justiça divina.
Uma minoria de legisladores com determinação e persistência próprias a consciências inescrupulosas vão gerando leis iníquas, enquanto a sociedade vai sendo subvertida e se deixando sucumbir diante da enxurrada de lama do imenso tsunami psicológico revolucionário que parece não conhecer limites.
Medite, leitor, as palavras bradadas há 300 anos por São Luís Maria Grignion de Montfort: “Vossa divina fé é transgredida; vosso Evangelho desprezado; abandonada vossa religião; torrentes de iniqüidade inundam toda a terra e arrastam até os vossos servos; a terra toda está desolada; a impiedade está sobre um trono; vosso santuário é profanado e a abominação entrou até no lugar santo”.
“E assim deixareis tudo ao abandono, justo Senhor, Deus das vinganças? Tornar-se-á tudo afinal como Sodoma e Gomorra? Calar-Vos-ei sempre? Não cumpre que seja feita Vossa vontade assim na terra como no céu, e que a nós venha o Vosso reino?”

Quem nunca ouviu a voz da consciência (II)

Em recente artigo, consideramos a consciência como a voz de Deus que comunica alegria ou tristeza às almas conforme suas ações boas ou más. Avaliamos ainda a consciência delicada e a embotada: a primeira foi comparada a uma balança de alta precisão, enquanto a segunda, a uma balança rústica e viciada.

Vale dizer que para as pessoas de consciência depravada os maiores pecados são permitidos, pois se encontram prenhes de maus hábitos e costumam afirmar que errar é próprio dos homens. Habituadas às quedas, elas se tornam insensíveis à voz da consciência e suas respectivas censuras.

Transpondo a matéria ao campo social, podemos afirmar: se a opinião de um grupo social é sensível ao se manifestar diante de um pequeno alerta, tal grupo será composto de pessoas de consciências delicadas. Caso contrário, ele não passará de uma massa que perdeu a noção de bem e de mal, inata no homem. É então que viceja uma geração de adúlteros e ladrões

Através dos meios de comunicação, somos continuamente bombardeados com notícias escandalosas e crimes hediondos semelhantes a um “tsunami de lama”. Se não formos sensíveis a esse contínuo apelo à relativização que nos assola, poderemos ser arrastados por tais avalanches.

Assim como as pessoas que passam a residir à margem de uma rodovia ou ferrovia acabam se habituando ao barulho, igualmente os espíritos de hoje vão se acostumando com toda sorte de perversidade e já não reagem diante de nada, pois não querem se comprometer por medo de represálias.

Torrentes de iniqüidades vão se avolumando ao nosso derredor. A cada instante, sem que nada se lhes oponha, atualmente os homens ofendem gravemente a Deus e, ao mesmo tempo, colocam em risco os próprios justos, ameaçados e perseguidos que são por amor à justiça divina.

E muitos legisladores, com determinação e persistência próprias a consciências inescrupulosas, vão gerando leis iníquas, enquanto a sociedade vai sendo subvertida e sucumbindo diante da enxurrada de lama do imenso tsunami psicológico revolucionário que parece não conhecer limites.

Medite, leitor, as palavras bradadas há 300 anos pelo grande missionário mariano São Luís Maria Grignion de Montfort: “Vossa divina fé é transgredida; vosso Evangelho desprezado; abandonada vossa Religião; torrentes de iniqüidade inundam toda a Terra e arrastam até os vossos servos; a Terra toda está desolada; a impiedade está sobre um trono; vosso santuário é profanado e a abominação entrou até no lugar santo”.

“E assim deixareis tudo ao abandono, justo Senhor, Deus das vinganças? Tornar-se-á tudo afinal como Sodoma e Gomorra? Calar-Vos-ei sempre? Não cumpre que seja feita Vossa vontade assim na Terra como no Céu, e que a nós venha o Vosso reino?”
Nossa Senhora, exército em ordem de batalha
                                                                                                                     Pe. David Francisquini
Em artigos anteriores, analisei a crise moral e religiosa que vem assolando há séculos nossa sociedade. Vimos o papel preponderante do orgulho e da sensualidade na demolição da civilização cristã, bem como à sua substituição por um estado de coisas onde não há mais lugar para se praticar a religião verdadeira. Por fim, acenamos para um dos meios mais eficazes, senão o mais eficaz, para destruir tal processo revolucionário: a devoção a Nossa Senhora, sobretudo ao Seu Imaculado Coração.
Em Fátima, Nossa Senhora pediu a devoção ao Seu Imaculado Coração, a comunhão reparadora dos cinco primeiros sábados, a mudança de vida e a recitação do terço. Um programa sintético e metódico de vida espiritual e de ascese, mas relegado e esquecido pelos homens. A Mãe das mães não veio pedir a seus filhos tarefa impossível; ofereceu-nos uma prática ao alcance de todos, mesmo dos mais simples entre os católicos.
Ao atendermos aos pedidos da Mãe de Deus, abriremos para o mundo o caminho misterioso da graça, a fim de solucionar a crise que submerge a sociedade contemporânea. Com efeito, Nossa Senhora disse: “Se atenderem a Meus pedidos, a Rússia se converterá e haverá paz; se não, ela espalhará seus erros pelo Mundo”. E espalhou. Não há recanto da Terra onde tais erros não estadeiam dentro da luxúria e da opulência no viver.
O pior castigo é a perda da Fé, com seu corolário, a perda da razão de viver. Não basta ao homem a razão; ela precisa ser iluminada pela Fé. Caso contrário, o homem necessariamente se desviará de seu reto caminho. Costuma-se dizer que ao perder a razão, o homem se torna o pior de todos os animais: orgulhoso, invejoso, violento, criminoso, ele assalta a mão armada, promove a guerra, constrói artefatos capazes de grandes desastres.
Tendo Deus desejado começar Sua vida terrena por meio de Maria Santíssima, é também por meio d’Ela, ensina São Luís Maria Grignion de Montfort, que Ele há de acabar as Suas maiores obras. Ele reinará, quando Maria reinar neste mundo: Por fim o Meu Imaculado Coração triunfará!
Se Maria está acima de todos os coros angélicos e dos santos, está abaixo apenas de Deus, que A constituiu medianeira de todas as graças e advogada dos pecadores. Não há, portanto, ninguém mais nobre, maior e mais amável depois de Deus do que Maria. São Luis Maria de Montfort acrescenta, no seu “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”: “Maria deve brilhar como jamais brilhou em misericórdia, em força e graça”.
“Em misericórdia para reconduzir e receber amorosamente os pobres pecadores que se converterão e voltarão ao seio da Santa Igreja; em força contra os inimigos de Deus, os ímpios empedernidos que se revoltarão terrivelmente para seduzir com promessas e ameaças a todos que lhe são contrários. Há de resplandecer em graça para animar e sustentar os valentes combatentes de Jesus Cristo, portanto Maria é a mais terrível inimiga que Deus armou contra o demônio e seus sequazes.
“Ela é um verdadeiro exército em ordem de batalha contra o demônio que redobra seus esforços e ataques para perverter e perder as almas, armando terríveis emboscadas aos servidores de Maria. Maria tem tanto ódio a este amaldiçoado inimigo de Deus, tanta clarividência para descobrir sua malícia, tanta força para vencer, esmagar e aniquilar este ímpio orgulhoso, o temor que Maria inspira ao demônio é maior do que o de todos os anjos e santos juntos.
“O que o demônio perdeu por orgulho, Maria conquistou por humildade, o que Eva condenou pela desobediência, salvou Maria pela obediência. Eva obedecendo à serpente perdeu consigo a todos os homens e os entregou às potestades infernais. Maria, por Sua perfeita fidelidade a Deus, salvou consigo todos os seus filhos e servos, e os consagrou a Deus”.