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domingo, 24 de janeiro de 2010

A Luz que ilumina – I e II



Pe. David Francisquini



“Eu sou a luz do mundo; o que me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da vida”. (S. João, 8, 12). Essa luz que Cristo veio trazer ao mundo é Ele mesmo, visto ter a mesma natureza do Pai e do Espírito Santo. Ele veio a esse mundo para iluminar todos os homens, fazendo resplandecer a sua luz por meio da fé, esclarecendo nossa inteligência por meio das verdades que anunciou. Veio robustecer essa mesma fé, através dos retumbantes milagres que operou, os quais ficaram registrados nas páginas dos santos Evangelhos.

Cristo veio ainda ao mundo, através de seus ensinamentos e das verdades contidas nos Evangelhos, para guiar nossos passos: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Veio fortificar nossa vontade por meio da fé, da esperança e da caridade, porque ninguém luta por aquele que não conhece, não ama e não espera.

Além dessas três virtudes que nos são infundidas no santo Batismo, existem as virtudes cardeais: prudência, justiça, fortaleza e temperança, que concedem à alma os meios para enfrentar o maligno. As virtudes cardeais são as matrizes das outras virtudes morais: humildade, mansidão, obediência, generosidade temperança, castidade e o zelo do bem em oposição aos vícios capitais. Se cooperarmos com a graça de Deus e seguirmos as forças ou virtudes por Deus infundidas em nossas almas, o inimigo não nos prostrará na luta, e sairemos sempre vitoriosos.

Mas, para adquirir tais virtudes é necessário fazermos um esforço não pequeno, mas na certeza de contar sempre com o auxílio da divina graça, pois Deus não permite prova superior às nossas forças. Pelo Batismo, nossa vontade é inclinada ao bem moral. Não se pode deixar de lado o esforço, a habilidade no exercício do bem, por freqüentes atos repetidos, como as boas obras e a luta constante e persistente contra as más inclinações.


As virtudes morais estão em nossos corações como sementes introduzidas pelo Batismo, e devem vicejar rumo à perfeição e assim nos blindar contra os empecilhos que nos afastam de Deus e de nossa salvação. Amparados pelo auxílio do sal da terra e da luz do mundo, não será estéril nosso empreendimento no árduo caminho que nos levará ao Céu.


É ainda São João que nos adverte: “Não são 12 as horas do dia? Aquele que caminha de dia não tropeça, porque vê a luz desse mundo; porém o que anda de noite tropeça porque lhe falta a luz” (Jo 11 - 9, 10). O que Cristo Nosso Senhor quer dizer com isso? Ressaltar o tempo de sua vida terrena, estabelecido por Deus Pai, até que chegue sua hora, que é o tempo de sua paixão e morte.

 
Portanto, a morte de Cristo foi o marco da Redenção dos homens, aliás, anunciada com palavras eivadas de ódio, pronunciadas pelo pontífice Caifás: “Convém que morra um homem pelo povo, para que assim não pereça a nação”. Ele afirmou isso porque era pontífice, ressaltando que Jesus Cristo devia morrer pela nação, mas também tendo em vista unir num só corpo os filhos de Deus que se encontravam dispersos.






A Luz que ilumina II


São João Evangelista é considerado um dos maiores santos da Igreja, merecendo o título de “O discípulo a quem Jesus amava”. Junto à Cruz, recebeu do Redentor Nossa Senhora como Mãe, e com Ela –– a fonte da sabedoria –– a segurança doutrinária que lhe mereceu dos Padres da Igreja o título de teólogo por excelência.


Ao receber a custódia da Mãe de Deus, obteve ele o maior legado que criatura humana jamais podia receber. Diz São Jerônimo: “João, que era virgem, ao crer em Cristo permaneceu sempre virgem. Por isso foi o discípulo amado e reclinou sua cabeça sobre o coração de Jesus. Em breves palavras, para mostrar qual é o privilégio de João, ou melhor, o privilégio da virgindade nele, basta dizer que o Senhor virgem pôs sua Mãe virgem nas mãos do discípulo virgem”.


Ensinam os Padres da Igreja que esse grande Apóstolo representava naquele momento todos os fiéis. E que, por meio de São João, Maria nos foi dada por Mãe, e nós a Ela como filhos. Mas João foi o primeiro em tal adoção. Com tal autoridade, o Apóstolo virgem ressalta a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo: o Verbo, isto é, o Filho de Deus, é Deus, juntamente com as outras duas pessoas da Santíssima Trindade, pois Cristo tem a mesma natureza divina, além de todos os atributos e perfeições.


Transportado em Deus, com um vôo de águia, ele começa o seu Evangelho de altura sublime: No princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus, e o Verbo era Deus. Este Evangelho, dos mais sublimes textos jamais escritos, era tido em tanta veneração pela Igreja, que figura no ordinário da Missa promulgada por São Pio V, pela fundamental doutrina que contém. Segundo São João Crisóstomo, os próprios anjos ali aprenderam coisas que não sabiam.


Com Deus Pai e Deus Espírito Santo, o Deus Filho criou o Céu e a Terra, e todas as outras coisas que foram feitas, o foram por Ele. E sem Ele, nada foi feito. São João afirma categoricamente: “Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens, e a luz resplandece nas trevas, e as trevas não o receberam”. (Jo 1, 4).


E prossegue: “O Verbo era luz verdadeira que ilumina todo homem que vem a esse mundo. Estava no mundo, e o mundo foi feito por Ele e o mundo não O conheceu. Veio para o que era seu e os seus não O receberam. Mas a todos os que o receberam deu o poder de torná-los filhos de Deus. Aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram no sangue, nem na vontade da carne, nem na vontade do homem, mas de Deus”. (Jo 19, 13).


São João ressalta no texto a seguir, que além da divindade, Jesus Cristo assumiu hipostaticamente a natureza do homem: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu pai, cheio de graça e de verdade” (Jo, 1-14).





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