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quarta-feira, 26 de outubro de 2022

 

Hora das trevas? Hora da luz!

*Padre David Francisquini


Minha condição de sacerdote obriga hoje uma mudança de atitude na comunicação com meus estimados leitores. Da habitual reflexão calma e ponderada, que visa ilustrar mentes e elevar corações, a partir da observação desses borrascosos dias em nossa Pátria, venho trazer um brado aflito e ao mesmo tempo confiante. Há uma ameaça grave que precisa ser enfrentada com sabedoria e firmeza.

É notório, as eleições do próximo domingo definirão o futuro do Brasil. Há duas direções absolutamente incompatíveis, a do comunismo esquerdista, corrupto e escancarado pretendendo voltar, como se tem dito, “à cena do crime”, por um lado. E uma imensa onda indignada, a opinião da alma profunda dos brasileiros, felizes com os rumos renovados de nosso País, que começa a voltar às suas tradições cristãs e civilizadas.

Estávamos bastante confiantes na inexorável vitória da luz sobre as trevas, nessa hora que se aproxima. Até que um fator “novo” se levantou, e nos empurra fortemente à frente de batalha pelas almas. Chamei de novo entre aspas, porque nada há de novo nele. Reaparece a voz da famigerada esquerda católica, que andava silente, em ilusória certeza de vitória, que os ímpios alimentavam em sua insensatez.

 Inspirada na teologia da libertação marxista, infiltrada no clero e em parte da Hierarquia eclesiástica nos últimos 60 anos, a rejeição que causava no povo miúdo de Deus era tanta, considero eu, que por isso se calava. Agora bateu o pânico, e se puseram a falar alguns de seus arautos, sempre daquele modo dúbio, tanto ao gosto do demônio, que adora águas turvas.

Refiro-me a inúmeras manifestações de sacerdotes, mas sobretudo à nota emitida pela CNBB, verdadeiro sindicato que se apresenta como se tivesse autoridade, que na realidade não tem.

Para desqualificar a visita do candidato anticomunista e contrário ao aborto a Nossa Senhora Aparecida, foi divulgada, no dia 12 de outubro, nota claramente direcionada à política, como pode perceber qualquer leitor que se debruce sobre o texto (veja: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2022/10/11/cnbb-divulga-nota-lamentando-exploracao-da-fe-e-da-religiao-na-campanha-do-2o-turno.ghtml).

 Transcrevo trecho: “Ratificamos que a CNBB condena, veementemente, o uso da religião por todo e qualquer candidato como ferramenta de sua campanha eleitoral.” Nunca falaram isso quando comunistas ateus recebiam sacrilegamente a comunhão em períodos eleitorais. Não é difícil, tampouco, perceber a quem beneficia a matreira advertência… 

Ora, a boa doutrina católica indica que cada cristão deve sempre proclamar a Cristo, a confessar a fé! E um bispo responde somente ao Papa, que cumpre a tradição apostólica de continuar cumprindo a tarefa que Nosso Senhor deu a Pedro: apascenta minhas ovelhas.

Falei em águas turvas, indico onde estão: nas palavras pretensamente sensatas sugerindo que não se misture religião com política! Estavam calados enquanto se propunha abertamente as pautas comunistas de paganização do povo, via destruição da família – aborto, sexualização infantil, liberação do consumo de drogas. Abrem agora um feio bico de corvo, para dizer que religião nada tem a ver com política. Claríssimo, não?

Com a perspectiva de fragorosa derrota dessas pautas tão queridas, na reta final da campanha, mobilizam-se para tentar as almas menos fervorosas, os católicos acomodados. Visam também os homens de bem, que desenvolveram asco pelas manobras políticas, sem perceber que os tempos mudaram, como ficou claro na expressiva votação de jovens conservadores para os próximos parlamentos, no primeiro turno.

Para aqueles lobos com pele de ovelha, agora se deve ignorar o imperativo religioso, de não pactuar com os crimes que governos comunistas promovem onde dominam. Poupo os leitores de maiores demonstrações do que acabo de afirmar, embora não possa me calar sobre a paixão da Igreja na Nicarágua, onde sopram agora os ventos mais fortes da perseguição…

Também não seria necessário me estender sobre a literal destruição da Argentina e da Venezuela, que breve se concretizará também na Colômbia, Chile e outros. Por ali já venceu, espero que por curto prazo, o poder das trevas. É hora de barrá-lo no Brasil.

Por um imperativo de consciência, este é meu brado: Católico, diga NÃO ao comunismo, à tirania e à paganização da sociedade no dia 30. Política é SIM assunto de natureza moral; o poder civil, embora separado do âmbito religioso, não é e não pode ser campo infenso à moral, não só dos católicos, mas de todos os homens de bem. A Igreja ensina que o comunismo é contra a razão, a Lei natural e divina. Portanto é intrínsicamente mau, e o católico não pode votar em um candidato comunista, mesmo que seja aconselhado por bispos e padres da Igreja Católica adeptos da TL.  Vamos resistir.

Encerro com um apelo aos que Deus inspire mais fortemente: contribuam levando alguém com vocês no dia do voto. A Santíssima Virgem de Aparecida, padroeira de nossa Terra de Santa Cruz, haverá de abençoar a todos os que se lembrarem d´´Ela nesta Hora da Luz!   

 

 

As duas primaveras

 

*Padre David Francisquini


Meus leitores habituais, com os quais divido minhas cogitações regularmente, conhecem a temática que as frequenta. Hoje tenho um assunto bastante diferente, que não habita essas paragens, mas que se tornou relevante na atual conjuntura pós-eleitoral.

Sirvo-me, para tanto, das observações de um amigo, que adota o pseudônimo de Eutrap Ludovico. São suas as palavras que descrevem novidades no panorama da mentalidade brasileira, e que me chamaram muito a atenção: o futebol no Brasil.

São palavras dele: “Observo que o futebol brasileiro, sendo um dos mais competitivos do mundo, apresenta um sofisticado nível de organização e poderio econômico.

“Os atletas mais talentosos do país começam cedo na carreira, e é frequente que ocorram transferências de um clube para outro ainda na juventude, quase meninos; eles mudam de cidade, de clube, de hábitos, e começam cedo a auferir altas rendas.

“Como resultado, o conjunto dos jogadores dos 20 principais clubes, a série A, e mais os de outros vinte, da série B, formam uma vistosa amostra, extremamente variada e representativa, da própria população brasileira.

“O observador frequente agora percebe uma das características, que se mostra mais e mais presente, em grande parcela dessas pessoas. É a espiritualidade! Chamados a entrevistas, eles quase sempre começam seus comentários sobre sua atuação agradecendo a Deus pelas conquistas obtidas com suor, mas também com fé.

“Muitos fazem o sinal da cruz ao entrar em campo para uma partida, e nos bastidores, é frequente que a oração seja o último ato de preparação do grupo para iniciar um jogo”.

Mais de uma vez, tenho mostrado a meus leitores que o grande movimento de opinião pública, observado no Brasil desde 2013, desembocou em um ressurgimento da ‘direita’ como posição política relevante, ao mesmo tempo que cresce a consciência de nossa população a respeito da responsabilidade do cristão como cidadão.

Ou seja, a necessidade de influir na melhoria da sociedade como um todo, e o crescente desassombro com que o homem comum, nestes dias, exibe sua confissão religiosa, não só de católicos, como de evangélicos e outras confissões cristãs, que têm algo em comum: apresentam repulsa ao enorme desvirtuamento da moral social ocorrida no país, nos últimos 30 anos, em especial após as vitórias e governos da esquerda.

Como relata meu amigo, “no profissional do futebol, jogadores, técnicos e outros participantes influentes deste esporte eminentemente coletivo, observa-se um reflexo ou amostra da sociedade”.

É o Brasil profundo que foi se inconformando cada vez mais com a ladeira moral descida pela sociedade, à medida que progrediam as pautas socialistas nos diversos níveis da Administração Pública.

A inconformidade culminou com a eleição de um Presidente claramente comprometido com o anticomunismo e a defesa dos valores da civilização cristã em 2018. E no futebol, “goleiros que se ajoelham debaixo das traves para oração antes do início do jogo, goleadores que agradecem a Deus o êxito de seu esforço nas vitórias obtidas, e mesmo técnicos que exibem a estampa da Santíssima Virgem na camiseta que vestem, ao acompanhar seus times à beira do campo...”

Ao mesmo tempo que se inicia a primavera, com as primeiras chuvas chegando depois de uma severa seca, um imenso movimento das almas inunda o Brasil de um patriotismo revigorado, cheio de conteúdo filosófico e espiritual, ostentado não só nas cores verde e amarelo, mas também nas fisionomias alegres das multidões de famílias que invadem as ruas nas manifestações políticas – uma verdadeira segunda primavera, toda espiritualizada em seu conteúdo político!

Após o primeiro turno das eleições gerais, o país caminha para o segundo, cujo significado é claramente plebiscitário. Para uma disputa entre comunismo e cristianismo na eleição presidencial, mas já deixando, nas escolhas feitas no domingo da eleição, um quadro claro, definido como a opção de renovar o quadro de seus representantes.

Foi o que aconteceu nos parlamentos, estaduais e federais, além de muitos governadores, eleitos já em primeiro turno. A onda conservadora, que não parou de crescer na última década, só aumenta nesta auspiciosa primavera.

E no vozerio geral das tomadas públicas de posição, assistimos com júbilo outra onda: a de pessoas de destaque na vida cultural, social e esportiva, entre os quais grandes futebolistas, incluindo o maior deles, quebrando uma antiga hegemonia do lado contrário no clamor das pessoas de influência na sociedade.

Convido os leitores a se unirem cada vez mais em torno desta vontade majoritária nacional, claramente preponderante, sempre confiantes na maternal Providência Divina, que protege este país desde seu surgimento, com a gloriosa denominação de Terra de Santa Cruz. Nesta gloriosa luta política, o Brasil reconquista a passos largos, não só grandeza e prosperidade, mas as felizes características de amor a Deus e ao bem, que fizeram a sua grandeza.

Que Nossa Senhora Aparecida, rainha e padroeira do Brasil, nos ajude!

 DIÁLOGO, ONTEM E HOJE…

 

Padre David Francisquini *

Baldeação Ideológica Inadvertida e Diálogo é uma das obras do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira que se destacam em sua vasta contribuição intelectual. Absolutamente inovador, o insigne autor formula ali princípios de atuação sobre a mente das pessoas; e mostra como o comunismo — terceira etapa histórica de uma Revolução que vem destruindo ao longo dos séculos a civilização cristã — leva a cabo essa atuação.

Interessante e oportuna utilização do memorável livro, que veio a lume em 1965, encontra-se em sua íntegra disponível gratuitamente no seguinte link:

https://www.pliniocorreadeoliveira.info/livros/1965.pdf

Seu objetivo imediato foi desmascarar a ignóbil política vaticana ora em curso para estabelecer convivência pacífica com a China comunista. As reflexões suscitadas na atualização de conteúdo, feita em lúcido artigo de Machado Costa, são muitas e ricas. Aqui vai uma delas, dentre inúmeras outras.

Para compreender melhor a temática, lembremos a situação geopolítica dos anos 60/70, radicalmente diferente da que vivemos hoje. Já era possível vislumbrar sinais de um grande fracasso: o dos esforços para submeter ao regime comunista as nações de cultura eslava, capitaneados pela Rússia.

Terminada a Segunda Guerra mundial, expandiu-se a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, pela anexação de infelizes nações católicas milenares, como a Polônia, a Hungria, a Áustria, e tantas outras. A derrocada deste império do mal já podia ser vislumbrada inevitável em horizonte próximo.

O ensaio do Prof. Plinio era arma poderosa para uma batalha daquele momento, contra o esquerdismo católico criado pela Revolução para minar resistências das almas católicas ao comunismo. Mas muito maior era o seu alcance filosófico, pelos conceitos explicitados, denunciando inúmeras outras manobras revolucionárias, nesta secular guerra das forças do mal para destruir a ordem estabelecida, a cultura e a sociedade orgânica ocidentais.

Baldeação Ideológica Inadvertida e Diálogo era direcionada para determinada situação, emblemática, vigente na Polônia. Mas seu conteúdo trazia o discernimento de conceitos e métodos de manipulação da opinião pública, algo inédito na literatura política e sociológica, jamais formulado antes por qualquer intelectual, católico ou não.

Façamos um esforço de síntese, para aqueles que ainda não leram o livro: é possível conduzir de modo habilidoso a mente de pessoas, de uma posição para outra, contrária, que elas não aceitariam se isso lhes fosse proposto às claras. O conceito era magnificamente sintetizado no título do livro: baldeação ideológica inadvertida.

Era ela aplicada por elites dirigentes, políticas e culturais, sobre populações desavisadas, mediante o uso de técnicas sofisticadas de propaganda e comunicação social. Com sua explicitação, foram tais manobras detalhadamente desmascaradas pelo Prof. Plinio, num livro de pequena dimensão e fortíssimo impacto.

Como operavam? Mediante o uso sutil de palavras-chave cuidadosamente escolhidas, que ele designou “palavras-talismã”, numa referência a uma aparente mágica, na realidade manobra psicológica sutil. A principal dessas palavras, naquele momento, era diálogo!

Não se devia combater para destruir o inimigo, mas sim chegar a uma coexistência pacífica com ele, para assim obter a liberdade de culto, o fim das perseguições ao Catolicismo etc. Atitude real de capitulação era travestida de atitude de bom senso, equilíbrio e saudável busca pela paz. Com enorme economia de vidas e sofrimentos.

Os condutores deste processo vão atribuindo novos sentidos a palavras relevantes, cuidadosamente escolhidas, para agregar-lhes novos significados, que vão se alterando sutilmente e aos poucos. Isso é feito em ambientes supostamente variados, com vozes aparentemente dissonantes, diversas.

Na realidade, em bastidores, essas vozes estão muito bem articuladas, todas participando do mesmo jogo de engano sobre as massas desavisadas, que bem poderiam ser designadas (como se expressou Nosso Senhor no Evangelho) como rebanhos sem pastor…

O livro Diálogo deu origem, na ocasião, a acirrada polêmica de Plinio Corrêa de Oliveira com um jornalista polonês, quando as forças esquerdistas infiltradas no meio católico consideraram imprescindível contraditá-lo… Ledo engano! A força da verdade aumenta quanto mais é exposta, e o estrago causado nas hostes adversárias foi aumentado pelos ecos da disputa. Assim se mostrou instrumento utilíssimo naquela conjuntura.

Hoje, serve-nos para compreender o propósito de criar a “linguagem neutra”, ou o comportamento, por exemplo, da grande parte da mídia brasileira, ao longo dos 30 anos posteriores à malfadada Constituição brasileira de 1988… Basta lembrar a torsão midiática de termos tão em voga, como democracia, estado democrático de direito e ações antidemocráticas.

Presentemente, tal uso da linguagem vai preparando as mentes para aceitar as consequências de décadas de infiltração do esquerdismo na vida política brasileira. Com destaque para a perseguição sistemática que o establishment promove contra as forças da direita política brasileira.

Estas, porém, não param de crescer, apontando de modo positivo um futuro cada vez melhor, inspiradas e fortalecidas pela feliz lembrança da promessa de Cristo, proclamada no Evangelho de São João (8,32) — agora sabidas de cor por todos os brasileiros: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.

Contra as águas turvas da linguagem insinuante de partidos de esquerda, nada melhor do que a verdade cristalina dita em alto e bom som.

 

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

 

Filhos e herdeiros do Brasil de sempre

Padre David Francisquini*

São Francisco de Assis afirmava: “Quando eu digo Ave Maria os céus sorriem, os anjos se rejubilam, o mundo se alegra, treme o inferno e fogem os demônios”. Como chave de ouro, a oração abre um cofre de tesouros da sabedoria e bondade de Deus.

Além de nossa salvação eterna, estas dádivas incluem meios e instrumentos poderosos para a vida diária neste vale de lágrimas que é nossa peregrinação terrena; elas incluem avaliações e posicionamentos que nos levam a ter confiança e discernir o panorama religioso e político do momento.

As palavras sábias e cheias de unção do grande santo, coluna da Igreja, traduzem com propriedade o ensino de Nosso Senhor aos apóstolos: “O Reino de Deus está entre vós”. De fato, no coração de cada homem fiel aos ensinamentos da Igreja, na medida em que os ame e propague, está este Reino.

A decadência moral e religiosa dos últimos séculos não se deu de maneira casual, mas por articulado processo revolucionário, conduzido meticulosamente por forças contrárias à lei de Deus e do Corpo Místico que é a Santa Igreja, mirando os frutos que sua benévola influência trouxe às atividades humanas.

Que forças são essas? Aquelas capitaneadas por Satanás, o eterno revoltado que, perdendo o seu posto no Céu, lançado no inferno com seus sequazes, quer se vingar do que Deus fez pelos homens na Terra: além de nos ter reaberto as portas celestiais, por sua Paixão e Morte, propiciou-nos, como frutos da Redenção, tesouros espirituais que deram origem à civilização cristã.

O que vêm tais forças fazendo? Opõem-se odiosamente a esses frutos, para implantar o caos na sociedade, solapando nos homens as faculdades espirituais, constitutivas de sua alma, a inteligência, a vontade e a sensibilidade. Querem transformá-los de filhos de Deus em seres mais semelhantes a animais irracionais, ou robôs completamente despersonalizados.

Ora, o homem vive em sociedade, e o fundamento desta é a família, tal qual a herdamos da tradição judaico-cristã; trabalham, pois, diuturnamente para aniquilá-la, mediante a introdução dos elementos destrutivos como temos testemunhado: divórcio, legalização de uniões entre pessoas do mesmo sexo, prostituição, amor livre, ideologia de gênero, o aborto e todos os maus costumes.

A família tradicional é dos principais alvos da ação revolucionária comunista; isso vem sendo proclamado abertamente por seus principais dirigentes na cena política brasileira. A ponto de hoje, ao contrário do passado ainda recente, não mais ser feito de forma dissimulada e sub-reptícia, mas abertamente, constando até em seus estatutos partidários!

O objetivo de degradar a família, para assim remover obstáculos ao comunismo, já está escancarado. Tudo para destruir as estruturas básicas da sociedade, a propriedade privada, a ordem social e o estado de direito civilizado. A sociedade supostamente sem classes conduziria à anarquia, à degradação dos costumes… até a uma sociedade totalmente sem moral, incestuosa.

Eis como uma nova ordem ideológica, econômica, política e social pretende modificar radicalmente o caráter católico que ainda persiste na sociedade.

Cabe-nos, como herdeiros da civilização e cultura cristãs, lutar para que os princípios tradicionais, dos quais somos legatários, prevaleçam sobre toda essa impiedade. Se tal avalanche avança sobre nós desapiedadamente, não temos alternativa senão reagir, opondo uma ação contra outra ação.

Pensamos no Brasil neste momento histórico, pois nas próximas eleições estarão em jogo duas concepções: a católica e a não católica. Isso está muito além e acima dos representantes das principais forças da disputa, a do atual presidente e a do ex-presidiário.

Diante de tal quadro, a questão encerra um embate que também vai além da esfera meramente terrena, pois é todo ele constituído pela metafísica do bem e do mal, consistindo na negação ou aceitação das normas de direito divino, que os eleitores forçosamente terão de discernir com clareza para acertar na escolha.

A eleição deste ano, sem dúvida, será um divisor de águas e suas consequências perdurarão por largo horizonte. A esquerda a todo custo quer ocultar o lado religioso, e procura colocar foco apenas em aspectos econômicos. Caso vença, irá arrastar o Brasil para aquele bloco de nações cujos rumos, como sabemos de sobejo, são hostis a filosofia do Evangelho.

O flagelo que isto representa fica claro num simples olhar à nossa volta, para os infelizes vizinhos que já se deixaram dominar.

Com o peso do Brasil, as ideias propostas pela revolução cultural prevaleceriam no Continente, com o delírio de imaginar um futuro melhor sem Deus nem religião, sem verdadeira noção de família e no mais completo esquecimento da noção de Cristandade. O resultado traria a intoxicação dos espíritos, e uma antecâmara do inferno na Terra.

Com efeito, com a nossa costumeira bonomia, descurando de nossas obrigações mais graves diante de Deus e dos homens, vimos sendo defraudados paulatinamente no entendimento das verdades sobrenaturais.

Muitos recebem com indiferença e até simpatia a má doutrina, cínica e declarada. Ou, às vezes, da forma subliminar, difundida pelos meios de comunicação, livros e novelas, postos a serviço do mal.

A estratégia da Revolução Cultural é repetir exaustivamente suas mentiras, manipular palavras, usar ambiguidades, desmoralizar boas decisões tomadas pelos dirigentes. Buscam a todo custo rebaixar e reduzir as pessoas que pensam diferente de suas ideias revolucionárias, comunistas, ateias e vulgares.

Isto pode ser facilmente constatado todos os dias no noticiário tendencioso da grande mídia, de orientação claramente esquerdista; substituindo fatos por narrativas, não se pejam de ressoar boatos transformados em notícias e, alguns dias depois, declararem o contrário, se lhes convier.

A doutrina marxista não reconhece a verdade, apenas trata de interesses a serem defendidos na estratégia revolucionária. O que nos deixa vivamente perplexos e aturdidos é a possibilidade de a esquerda tomar o poder em nossa Pátria.

Partidos com siglas variadas e distintas aparecem unidos num mesmo projeto de governo, que visa à instauração de um regime diametralmente oposto ao que nossos antepassados nos legaram.

Mantendo fidelidade à formação de nosso povo, o Brasil real percebeu, felizmente, que enfrenta questão genuinamente religiosa, sobre uma concepção católica do universo. A cruz de Cristo, desde a origem do Brasil, foi regada com as bênçãos do altar. Aos seus pés a Terra de Santa Cruz nasceu, e ali se realiza misticamente o sacrifício do Calvário.

Foi no altar que ressurgiu revigorado o heroísmo dos cruzados e mártires, para implantar no Novo Mundo um continente católico. Nestas considerações lançamos luzes sobre o panorama.

Pois não queremos um regime ateu e materialista, que substitua a Cruz pela Foice e Martelo. E confiamos nas bênçãos e graças da Virgem de Aparecida, nossa Padroeira, que nos garantirá uma retumbante vitória contra as presentes ameaças.

 

sábado, 3 de setembro de 2022

 

O cristão, aborto e sofrimento

                                                              

 Padre David Francisquini

 

Em recente artigo publicado aqui (30/7/22), mostramos o papel do sofrimento na vida do cristão e sua conexão com a própria Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Com efeito, comentamos um rumoroso escândalo protagonizado por autoridades públicas, ao promoverem um abortamento criminoso, utilizando falsas narrativas, com a cumplicidade de amplos setores da mídia tradicional brasileira.

            Pretendo ainda, desenvolver um pouco mais a avaliação do assunto. Acontece que o aborto faz parte da agenda revolucionária internacional, difundida por inúmeros organismos de extrema-esquerda, como a ONU. Ela inclui banalizar e expor ao ridículo a religiosidade da população, em toda parte do mundo, ferindo a lei natural e divina, em especial no caso, o quinto mandamento da Lei de Deus.

Verifica-se a ausência de unanimidade entre teólogos ilustres, que discordam quanto ao momento exato em que Deus cria uma alma específica - se no momento da concepção ou adiante, como pretendem os abortistas -, mas na verdade isto é irrelevante. Para os que creem no Criador de todas as coisas, o ponto saliente desta discussão é indubitável: Deus na sua onisciência tem, desde a eternidade, o plano de criar todos e cada um dos seres humanos, até o último habitante da terra.

            De tal modo que a interrupção do processo gestacional implica, necessariamente, em interferência indevida nos planos divinos. Para os que possuem a fé, é de pouca importância saber qual o exato momento em que se dá a concepção. O que importa é a conformidade com a vontade de Deus, Senhor também dos variados episódios da vida humana, mesmo daqueles mais indesejáveis e trágicos.

Ele pode, soberanamente, tirar de todas as coisas o melhor proveito, no sentido da sua maior glória e salvação dos homens. Esse episódio causou espécie nas famílias Brasil afora, quando foi noticiada a decisão de permitir a realização de aborto em uma menina de 11 anos. O caso foi tratado como se fosse estupro, quando na realidade o que aconteceu foi fruto de conjunção carnal entre dois menores, com idade inferior a 14 anos, resultando daí uma gravidez.

            Ora, esta não é a situação contemplada sequer pela frouxa e concessiva legislação brasileira em vigor, que regulamenta a questão. Nem se poderia legitimamente assim regulamentar, pois se trata de violação da lei natural, e o pecado contra a natureza clama a Deus por vingança. Omitiu-se, ademais, o fato de estar a mãe-criança carregando uma gestação ao longo de 26 semanas; a vítima era, portanto, um bebê já formado no ventre da mãe, o que configura caso de homicídio.

            A respeito de tal situação, pôde-se ver em importante site de notícias toda uma manipulação verbal, com sentido de distorcer a realidade dos fatos, ocultando aqueles dados tão importantes. Assim se buscava atrair a simpatia do público leitor, por um mal- compreendido humanitarismo, tudo para dar ares de legitimidade ao feito abominável.

            Este foi, sem dúvida, mais um capítulo entre tantos casos deploráveis, em que a proteção ao direito fundamental à vida foi violentamente olvidada, sob pretexto de preservação da saúde e bem-estar da portadora de uma gravidez indesejada. Abortos acarretam, invariavelmente, o agravamento da situação, nunca solução, pois ao longo de uma vida resultarão em graves consequências, físicas e psíquicas para a mãe. Mais sofrimentos, portanto. Estudos sérios e objetivos já o provaram ad nauseam.             Pecados graves têm efeitos ou consequências maiores e mais drásticas do que se possa perceber em avaliações rasas. Um princípio moral vem a propósito. São João da Cruz afirma que, ao consentir num vício ou cometer determinado pecado, outros maus pendores do indivíduo são impulsionados, ganham mais força!

            Para compreender a razoabilidade desse conceito, uma analogia com o mundo físico pode ajudar: no século XVII, o afamado matemático e filósofo Blaise Pascal enunciou um importante princípio, a lei dos vasos comunicantes. Por ele, a pressão exercida num ponto de um líquido se transmite a todos os outros pontos desse líquido e às paredes do seu recipiente.

Percebemos assim o enorme alcance moral que tais situações têm sobre os personagens da trama cruel e sanguinária, assim como o mal social que farão, alcançando uma multidão incontável de outras almas. É todo um sistema de ideias e princípios morais que ficarão abalados, com consequências inimagináveis na estrutura psíquica individual, no tecido social e mental da consciência da sociedade. Pior ainda, partidos de esquerda que estão engajados nesse programa da transformação paulatina da nação, por meio de leis, como por exemplo, o PT e outros partidos de esquerda.

A solução para pulverizar a uma conspiração tão maligna não resta outra alternativa a não ser oração e penitência, sobretudo o santo terço, como nos pediu a Virgem na Cova da Iria.  Rezemos todos nós, assim, pelas vítimas mais frágeis envolvidas nesse gravíssimo acontecimento da vida moral brasileira. E, sobretudo pelo pronto fim desses tempos sombrios e Tão cruéis.  Desfecho que virá, como confiamos, pela vitória do Coração Imaculado de Maria Santíssima, que esmagará a cabeça da serpente revolucionária, como prometido por Ela mesma em Fátima.