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sábado, 18 de outubro de 2014

Nossa Senhora Aparecida, salvai o Brasil dos maus políticos!



Como as reformas culturais, sociopolíticas e econômicas  de um país envolvem questões morais e, portanto, a religião e a salvação das almas, fazendo com que se boas forem as reformas um número maior de almas se salva, e se más maior número se condena, não posso deixar de manifestar-me alarmado com a atual condução dos destinos do Brasil.
Assistimos ao espezinhamento sistemático dos princípios morais e da família através de uma Revolução Cultural que está não apenas destruindo o tecido social e as instituições do País, mas deformando as mentes de nossas crianças e de nossos jovens pelo ensino sistemático de uma realidade diametralmente oposta à verdade.
Nesse ensino, os defensores da Pátria, da moralidade e do bem são apresentados como malfeitores, e os apátridas, os promotores da imoralidade e do mal são tidos como benfeitores. Se isso não for impedido, no final do caminho as crianças estarão colocando Deus entre os primeiros e Satanás entre os segundos, e passarão a preferir o Inferno ao Céu.
Assim sendo, e à vista dos poucos dias que nos separam da decisão final sobre quem será o nosso próximo Presidente, não posso em consciência deixar de me pronunciar.
Invoco para isso a proteção de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, cuja festa celebramos no dia 12 do corrente, pedindo-lhe que me inspire palavras justas que reflitam os ensinamentos de seu Divino Filho, que não precisam de licença para penetrar na sociedade temporal, pois tanto esta quanto a sociedade espiritual são suas filhas.
Se a fé, a esperança e a caridade devem mover um católico a promover o bem das almas e a boa ordem social, e também de lutar contra o descalabro moral que carcome a instituição da família, o que dirá de um sacerdote que por vocação foi chamado a guiar pela palavra e pelo exemplo o rebanho de Cristo?

Movido pelo intuito de instruir o público fiel, escrevi os livros “Catecismo contra o aborto” e “Homem e Mulher, Deus os criou”, que vêm alcançando larga difusão. Nosso objetivo nessas obras foi de salvar o Brasil do crime nefasto da matança dos inocentes, configurado pelo crime do aborto, e do dito “casamento” homossexual, por constituírem “pecados que bradam aos céus e pedem a Deus vingança”.
Com efeito, uma nação peca quando suas leis, seus costumes e sua cultura se contrapõem aos ensinamentos divinos e induzem os seus habitantes a pecar. E o que é o aborto senão uma matança covarde de inocentes indefesos no ventre materno? E o que é o casamento homossexual senão um pecado contra a natureza criada e querida por Deus para o bem de seus filhos?
O grande Santo Agostinho afirma que o pecado de uma nação deve ser punido aqui na Terra, pois ela não possui uma alma imortal para ser punida depois da morte. Este foi o caso, por exemplo, de Sodoma e Gomorra, cuja ignomínia está reproduzida nas Sagradas Escrituras.
            Como o amor de Deus se estende às nações e os seus pecados acarretam grandes males para os seus habitantes, devemos zelar neste momento pelo Brasil, no momento em que estamos por decidir se devemos manter este governo – que já deu provas cabais de seu desrespeito à família e às Leis de Deus não apenas quanto às matérias acima, mas em muitas outras –, ou se devemos tentar outro, menos comprometido com tais causas.
O aborto e a oficialização da sodomia visam à destruição da família em terras brasileiras, e a candidata do PT tem em sua plataforma política este programa intrinsecamente perverso, pois contrário a Lei de Deus e da Igreja, além de configurar pecados que clamam a Deus por vingança, como aconteceu, relembro, em Sodoma e Gomorra.
Na vida pública como na dos indivíduos, terríveis germes de deterioração se fazem notar por todos os lados.  Eles colocam em sobressalto os espíritos lúcidos e vigilantes que querem um Brasil autêntico e íntegro, sem corrupção, seguindo a lei moral consignada nos mandamentos da Lei de Deus e da Igreja, respeitadora da lei natural.

Que Nossa Senhora Aparecida salve o Brasil dos maus políticos!

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Colheremos o que semearmos

Pe. David Francisquini

Para quem percorre o meio rural brasileiro, sobretudo em minha região norte-fluminense, chamam a atenção as linhas férreas desativadas rasgando as paisagens até se perderem de vista.  Sou levado a pensar a este propósito que um marco nos avanços que vinham dos tempos do Império foi abatido, pois os interessados eram de um lado os proprietários rurais, afanosos em fazer escoar a produção de suas terras, e de outro lado o Estado, que proporcionava assim um meio de transporte mais adequado aos tempos e às circunstâncias.
Barato e eficiente para todos os que viviam numa sociedade heril, familiar e plena de bem-estar, o trem, ao se aproximar de uma estação, despertava um ar de alegria, não apenas nos interessados em despachar e receber seus passageiros e mercadorias, mas em todos da localidade, pois era sempre portador de jornais, correspondências, enfim, de notícias novas.
Mas os tempos hoje são bem outros. Os trens foram substituídos por ônibus, caminhões, carretas, aviões... todos movidos a petróleo, em grande parte importado, meios caríssimos que concorrem não pouco para o custo Brasil. Quanto às notícias, elas nos chegam em velocidades siderais, como de costume as ruins em primeiro lugar, através da Internet, da TV, dos celulares e das redes sociais...
Como não podia deixar de ser, os moradores do campo, sobretudo os mais velhos, conservam ainda hábitos de outros tempos, como por exemplo a manifestação de júbilo ao receber alguém em sua casa, quando falam do tempo, das plantações e das criações como se fossem uma extensão de si mesmos.
Alguns fazem considerações sobre o lado misterioso de sua lida com a terra, onde pululam enormes variedades da flora e da fauna. Para essas pessoas, quem deu à terra sua fertilidade foi o próprio Deus, Ser supremo e infinito que ao criar todas as coisas quis nos maravilhar com a variedade da magnificência das criaturas.
Para o homem do campo, as elaborações mentais – mesmo quando não inteiramente explicitadas – levam-no a considerações ainda mais altas, até tocarem em Deus, único Ser capaz de prover os campos com a dádiva de tantas riquezas e variedades próprias a alimentar o corpo e a alma dos homens.
Por efeito do pecado original, na mesma terra onde vicejam as boas sementes, surge também a erva daninha, que com seus espinhos e frutos amargos invade às braçadas a terra. E como é difícil combatê-la! Ela é luz reflexa dos vícios que levam as pessoas a não viverem moralmente bem, privando-as da amizade e da graça de Deus.
Diz o Evangelho: “O Reino de Deus é como um homem que lança semente à terra; ele dorme e se levanta noite e dia, e a semente brota e cresce sem ele saber como. Porque a terra por si mesma produz, primeiramente, colmo, depois a espiga, e por último o trigo grado na espiga. Quando o fruto está maduro, põe-se logo a foice, porque é chegado o tempo da ceifa.” (Mc 4, 26 a 29).

Assim são os homens neste mundo, nesta terra de exílio. São como sementes boas ou más: as boas são levadas aos celeiros, as ruins, atiradas ao fogo. O fim de cada pessoa será de acordo com o que ela semeou. Se semeou a boa semente, receberá o prêmio consolador: “Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo”. Se semeou a semente ruim, receberá a sentença ou "afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que está preparado para o diabo e para os seus anjos”! 

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Levantai os olhos e vede os campos

Pe. David Francisquini

Os campos de minha terra, outrora povoados, encontram-se hoje ermos, esvaziados que foram pelo insano êxodo em busca das lantejoulas das grandes cidades. As poucas casas que ainda restam apresentam aspecto desolador, guarnecidas por uma vegetação rala que abriga parco rebanho.  

Em visita aos fiéis da zona rural, encontrei amigos velhos e velhos amigos, arraigados em suas terras como árvores frondosas. De raízes profundas como estas, nunca abandonarão o local onde nasceram, a não ser mortos.

Ali, como de costume, tudo se desenrola dentro da calma, do bom senso, da arguta observação da natureza, do senso psicológico e da boa prosa que caracterizam o camponês. Além das estiagens, das pragas, dos vermes e de uma exígua economia, ele sofre a falta de apoio dos órgãos do governo e dos políticos, que só se lembram dele para exigir o cumprimento de excessivas leis ambientalistas os primeiros, e de votos os segundos. “O que conta são os votos! E nós somos poucos”, sussurrou-me um.

Outro procura esticar a conversa: “A cada quatro anos uma eleição, promessas para lá, promessas para cá, mas os que ocupam os cargos de direção do País deixam a situação do jeito que está para ver como fica. E nós ficamos na mesma... Aliás, eles também ficam na mesma com os mensalões, pedágios, propinas, altos salários, safadezas de todos os lados. Para nós, só se fala nessa demagógica Reforma Agrária que nunca reformou nada e nem vai reformar”.

Folga ouvir verdades daquelas pessoas simples, mas honestas, que preferem estar de bem com sua  consciência antes que roubar um vintém de quem quer que seja. Seria chover no molhado responsabilizar os governantes pela sua negligência em relação ao verdadeiro agricultor, enquanto muitos de seus membros vestem o boné do MST.

O êxodo rural se deu em nome do desenvolvimento induzido, com enormes prejuízos para as boas tradições, a família e a propriedade rural. Dos lares bem constituídos de antanho foram os filhos saindo para as cidades, desmembrando-se assim de seu antigo tronco, do qual provinha a seiva que lhes dava a vida.

Triste e ao mesmo tempo cheio de consequências esse abandono forçado pelas circunstâncias. Sendo a vida no campo mais orgânica e própria às lides ininterruptas, ela forja o espírito do desbravador no caminho do dever e da honra.

No contato com aquelas pessoas simples e amantes da natureza, que veem nesta um reflexo de Deus, percebe-se que seus antepassados foram almas virtuosas, que encaravam a vida não como feita para os prazeres tantas vezes mentirosos que a grande cidade oferece, mas para seguir nesta Terra as pegadas de Jesus Cristo e depois conquistar o Céu.

Pode-se perceber também, naquele ambiente crepuscular, um lúmen de vitalidade que nos dá a certeza de um novo dia que raiará fulgurante. Sente-se bem-estar no campo e na vida campestre, estado psicológico adequado para que as bênçãos de Deus encontrem abrigo nos corações.
Ela é propícia à vida de oração e à obtenção das graças de Deus, que as distribui mais profusamente onde reina o silêncio – “non in commotione Domine”. E, como no campo a provação do tédio e da aridez costuma ser mais frequente, ele é o lugar mais propício para o homem plantar e colher frutos para a vida eterna. As mais belas passagens de Nosso Senhor não se referem à vida campestre?

“Se Deus veste assim a erva dos campos, que hoje cresce e amanhã será lançada ao fogo, quanto mais a vós, homens de pouca fé?” (Mat. 6, 30).  “Quando vedes soprar o vento do sul, dizeis: Haverá calor. E assim acontece” (Lc. 12). Dizia ainda ao povo: “Quando vedes levantar-se uma nuvem no poente, logo dizeis: Aí vem chuva. E assim sucede” (Lc. 12, 54).

“Não dizeis vós que ainda há quatro meses e vem a colheita? Eis que vos digo: levantai os vossos olhos e vede os campos, porque já estão brancos para a ceifa. O que ceifa recebe o salário e ajunta fruto para a vida eterna; assim o semeador e o ceifador juntos se regozijarão” (Jo. 4, 35- 38).


Se o homem for fiel à Lei divina vivendo em estado de graça, terá mais facilidade para ver as coisas criadas por Deus como luz reflexa da infinita perfeição divina, o cumprimento de seus deveres tornar-se-á mais fácil, e ele se preparará assim para seu fim último que é a vida eterna.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Terrível como um exército em ordem de batalha

Pe David Francisquini         




O já tenso e borrascoso panorama internacional, com guerras aqui, lá e acolá, tornou-se sombrio e ameaçador à paz mundial com a invasão da Ucrânia pela Rússia. A luta dos ucranianos – crentes e tementes a Deus – contra os pró-russos comunistas resulta do direito mais elementar de independência em relação a Moscou.

Putin não ficou só nas palavras quando afirmou que o desfazimento da URSS havia sido a maior tragédia geopolítica do século XX. Ele sonha em restabelecê-la e é por isso que, depois de abocanhar a Crimeia, suas tropas se encontram agora na Ucrânia.

É por isso também que o Metropolita (arcebispo) Greco-católico de Lvov, D. Ihor Voznyak, conclamou a geração de jovens combatentes ucranianos a defender sua pátria contra a agressão daqueles que a querem levar novamente à escravidão.

A prova real de que a Rússia tem enviado tropas, armamentos pesados e ajuda de toda espécie para quebrar aquela nação que luta em nome da Fé contra o criminoso intento do Kremlin, aparece agora em fotografias de satélite, as quais desmentem as reiteradas e cínicas assertivas de Putin em sentido contrário.

O que vem ocorrendo na Ucrânia é sintomático, uma vez que o Kremlin foi responsável, na década de 30 do século passado, pela morte de mais de sete milhões de ucranianos, condenados a uma mortal inanição, além de outros milhões que morreram em campos de trabalho forçado na Sibéria.
Esses acontecimentos foram previstos e advertidos por Nossa Senhora em Fátima em 1917, quando disse:

“A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite, alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para impedi-la virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados.

“Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas, por fim o meu Imaculado Coração triunfará.”

Como a humanidade não atendeu aos pedidos de Maria, tivemos a tragédia das duas guerras mundiais e continuamos a sofrer as consequências dessa desobediência. E por toda parte grassam a confusão, os conflitos, as guerras localizadas, os crimes, as drogas, os assassinatos, as invasões de propriedades rurais e urbanas, entre tantos outros atropelos.

Os meios católicos – dói dizê-lo – de onde deveria provir a reação contra tudo isso, tornou-se, pelo contrário, o principal foco de irradiação da ofensiva demolidora, com o clero de esquerda e a teologia da libertação promovendo a luta de classes e a revolução social.
Tanques russos
Nisto se configura o presságio de Nossa Senhora sobre a expansão dos erros da Rússia e sua promoção de guerras, sendo a invasão da Ucrânia o mais recente exemplo. Exemplo que nos fortalece na certeza de que a Rússia não se converteu uma vez não ter sido consagrada ao Imaculado Coração de Maria de acordo com as condições estabelecidas por Nossa Senhora.

A própria irmã Lúcia previra que, quando consagrassem a Rússia ao Imaculado Coração de Maria seria tarde demais, pois ela já teria espalhado seus erros pelo mundo. Em outra ocasião, Nossa Senhora alerta a irmã Lúcia de que os pecados do mundo são muito grandes, não mais lhe permitindo segurar o braço justiceiro de Deus que pesa sobre o mundo pecador.

E eis como isso se fará. Com o título “Novidades apocalípticas que vêm de Fátima”, no último 17 de agosto o escritor e jornalista italiano Antonio Socci deu conhecimento em seu site do livro “Um caminho sob o olhar de Maria — Biografia da IRMÃ Maria LÚCIA de Jesus e do Coração Imaculado (Carmelo de Santa Teresa, Edições Carmelo, Coimbra, 2013, 496 pp.). Trata-se de uma biografia da Irmã Lúcia escrita por suas irmãs de hábito, a qual contém documentos inéditos. Por exemplo, o relativo ao grande castigo purificador, revelado à vidente no dia 3 de janeiro de 1944.

Nessa passagem, está dito que a cólera de Deus tocará como uma ponta de lança o eixo da Terra, e que haverá um transtorno geral na natureza, com cidades, montanhas e aldeias desaparecendo por completo. Morrerão milhões de pessoas e a Terra será purificada de seus crimes. Após esses terríveis acontecimentos, a Irmã Lúcia diz que a Igreja Católica sairá vitoriosa, cumprindo-se assim o que Nossa Senhora afirmou: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.

O Coração Imaculado de Nossa Senhora, cuja festa celebramos no último dia 22, é “terrível como um verdadeiro exército em ordem de batalha”. Ele suplantará sozinho todas as forças infernais, derrotando as potestades que seguem a Satanás.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Padres casados? Desejo dos fieis?

Pe. David Francisquini

O celibato sacerdotal vem dos tempos apostólicos e está vinculado ao próprio Jesus Cristo. Por sua vida, seu exemplo e sua missão redentora, Ele veio trazer o remédio para curar a natureza humana decaída.
Sendo Nosso Senhor o ponto de referência para todos os estados de vida, não O compreende, nem a sua missão salvadora, quem rejeita o celibato sacerdotal, conforme os evangelistas: “Todo aquele que por minha causa deixar irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos, terras ou casa receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna”.
Para se perceber bem o alcance desta via, é indispensável compreender a grandeza do celibato sacerdotal ligado à tradição apostólica, pois o padre é o sal da terra e a luz do mundo, outro Cristo na terra.
Pela sublimidade de seu ministério, ele sai do meio do povo para mais bem defendê-lo, agindo in persona Christi por efeito de sua ordenação sacerdotal. De tal forma que, ao ensinar, guiar e santificar, o sacerdote procede como outro Cristo.
O padre não é mero funcionário da Igreja, mas está ligado a Ela como membro vivo de santificação. Pela virtude que recebe no momento da ordenação, ele se torna instrumento vivo do próprio Jesus Cristo, que colocou em suas mãos o destino das almas.
A não se compreender assim o sacerdócio, não se entenderá o celibato e suas implicações com Jesus Cristo. São Paulo afirma que quem se encontra ligado à mulher cuida das coisas do mundo, e quem está ligado a Cristo pelo celibato cuida de agradar à Igreja e ao próprio Cristo.
Nosso Senhor fala daqueles que se castraram para o Reino do Céu. Com efeito, o homem desligado da mulher terá tempo para as coisas de Deus. E São Pedro, ao confirmar a íntima união entre esposo e esposa, afirma ser melhor ao homem não se prender à mulher.
Jesus ensina: “Há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor ao Reino dos céus. Quem puder compreender, compreenda” (Mt 19,12).
Ora, os possuidores da vocação sacerdotal compreendem o esplendor que consiste em seguir mais de perto a Jesus Cristo. É o que os incita à renúncia dos bens da terra com vistas ao Reino dos Céus, sinal distintivo dos que desejam salvar-se por essa via.
Em todas as épocas de decadência religiosa o celibato sacerdotal foi posto à prova, exatamente como ocorre em nossos dias. Ao se questionar a estrutura da vida sacerdotal ligada ao celibato, há todo um desapreço em relação a esses valores inerentes ao sacerdócio.
Assim foi na época do protestantismo, das revoltas cismáticas e das crises de fé e de doutrina ao longo da história da Igreja. A presente crise que assola a Igreja Católica não pode servir de pretexto para a absurda hipótese de o padre se casar e ter filhos para educar, formar, sustentar e proporcionar bem-estar.
Ainda mais em nossos dias, quando grassam as drogas e outras crises que abalam os já tênues laços familiares tornarão insustentável a vida do sacerdote, porque este não saberá se cuida dos paroquianos ou da família. A experiência de padres casados não resolverá a crise moral do clero, mas a fará recrudescer ainda mais.
Modelo dos sacerdotes e contrário per diamentrum disso foi São João Batista Vianney, o Cura d’Ars, cuja festa celebramos no dia 4 de agosto. A seu respeito o demônio confessou que se existissem mais dois padres como ele, o seu reino estaria destruído.

A solução para a crise na Igreja não está no abandono do celibato e da virgindade, mas no aumento do apreço pela grandeza do estado dos padres celibatários e virtuosos. 

quinta-feira, 10 de julho de 2014

“Renascimento” do quê?


Num lar católico, pelo seu modo de ser a mãe cria em torno de si o ambiente próprio para a formação do subconsciente dos filhos, onde as primeiras noções de moralidade e de bom comportamento deitam as suas raízes. Como por uma fresta de janela o raio de sol entra para formar um pequeno cenário de luzes e de sombras, a ação benfazeja da mãe faz o ambiente próprio para incutir no coração da criança a noção de recato e pudor.

À medida que a mãe consegue fazer desabrochar nos filhos o encanto pelo belo, nobre e elevado, ela desperta neles o horror ao feio, ao imoral, à cacofonia, pois desta antítese nascerá a ideia de moralidade. Noção fundamental que fará aflorar outros valores naqueles corações como o dever de lutar contra tudo que lhe for contrário. Trabalho de ourivesaria que só pode ser levado a cabo dentro da família e do lar.

A criança assim formada passará a amar o que é verdadeiro e sério, a ter uma ideia exata de Deus, pois a sua família não conhece fissuras, pai e mãe compreendem a necessidade do vínculo conjugal indissolúvel, condição normal e ideal para a formação e educação da prole.  Os pais, com a concorrência mais próxima da mãe, devem saber despertar nos filhos o senso do ser, de responsabilidade e do dever.

É no sadio ambiente familiar que se destila o espírito que deve dar sentido à vida. As cerimônias de nascimento, por exemplo, feitas do carinho e do desvelo da mãe incute nos filhos a ideia de um lar cristão. Ou ainda, o reencontro diário do pai e da mãe diante de uma imagem de Jesus Crucificado ou de Maria Santíssima, na recitação do terço em família – ato de piedade conhecido – vinca neles a ideia de Deus e da eternidade.

As mães pelo simples fato de cuidar da higiene dos filhos vão deixando claro para eles que nem tudo pode ser feito diante dos outros, como se banhar, se vestirem, etc. Isso remete ao espírito da criança a noção de bem e de mal, do belo e do feio, da verdade e do erro, em suma a noção de pecado que é a desobediência às leis Deus escritas naturalmente em seus pequenos corações.

Fonte: ABIM 
Aos domingos, a mãe conduz os filhos à Missa, e lá, a se comportarem bem. Vêm as aulas de catecismo já iniciado no recinto do lar. As celebrações religiosas passam a ser assíduas. Não será a babá eletrônica a cuidar dos filhos, mas mãe que lhes contará belas histórias que elas mesmas quando crianças ouviram de seus pais. A entonação de voz e a fisionomia da mãe tocam fundo no coração dos filhos, carnes de sua carne. 

Nas horas difíceis, as histórias ensinam heroísmo e confiança, expressão de como todo ser humano deve ser, pensar e agir. O corte, as dobras, a composição de cores de suas roupas e até mesmo o seu comprimento parecem incutir neles a ideia de príncipes e de princesas, pois Deus os criou para reinar contra as paixões desordenadas, e que para isso vale a pena lutar pela ordem. 

O que a mãe é, será também o seu filho. A temperança de vida se forma na família cristã. Como os pais procedem diante dos filhos, eles se comportarão diante de outros, quer licenciosamente ou com compostura, recato e nobreza. Como o sol lança os primeiros raios para inaugurar um novo dia, os primeiros dias da criança marcarão o que ela será pelo resto da vida. Não se iluda o leitor de que o que se passa hoje seja fruto do acaso.

O mundo vem se descristianizando desde o Renascimento... Renascimento do que mesmo? – Do paganismo! De lá para cá, o povo outrora cristão foi abandonando a fé católica. As crianças de hoje sequer aprendem as orações mais elementares e trilham por caminhos opostos à razão mesma de ter sido criada: prazeres, drogas e prostituição. Querem viver sem lei e os frutos todos conhecem: o crime, a violência, o homicídio...

Onde a miséria ou a pobreza se mistura com a promiscuidade, surgem todos os vícios, a lepra moral. É preciso organizar a sociedade – a começar pela família – sobre a ideia de Deus e da eternidade.  A noção de bem e de mal consignados nos Mandamentos é essencial para a uma sociedade. Não basta ter noção, é preciso criar condições para que vicejem a virtude do recato e do pudor.

As autoridades abdicaram de seus deveres. Leis atentatórias à moral cristã são aplicadas. Alastra-se a desordem social. A família está dilacerada. Hoje se reivindica tanto, cobra-se dos políticos bens materiais como saúde, emprego, transportes, lazer, mas nunca se ouve uma voz autorizada a ensinar que a moralidade é fundamento da ordem social ou que o decálogo deva ser cumprido. Quem semeia ventos!...

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Onde estão os nossos pastores?

*Pe. David Francisquini
Por instituição divina, a Igreja visa à salvação das almas, pois o preceito de Jesus Cristo é claro: “Ide por toda parte e pregai o Evangelho, aquele que crer e for batizado será salvo e o que não crer será condenado”. A Igreja é católica, isto é, universal, abarca todos os povos e nações, e haverá um só rebanho e um só pastor.
Nosso Salvador se comparou ao bom pastor que não apenas vigia, mas que é capaz de lutar e dar a vida por suas ovelhas. Quis Ele mesmo ser modelo vivo dos pastores que viria instituir para dar continuidade à Sua obra, os quais devem ser vigilantes e militantes na defesa do rebanho a eles confiado.
Exemplo de militância que a Igreja deve sempre mostrar é o de Nosso Senhor enfrentando por três vezes a Satanás, ensinando-nos com isso que a vida neste mundo é de luta. Outros exemplos deixou-nos o Divino Mestre quando discutia com os escribas, os fariseus e os doutores da Lei.
Portanto, o sacerdócio católico deve ser militante – tônica essencial da Santa Igreja até a consumação dos séculos. Depois do pecado de nossos primeiros pais, a luta contra as más paixões passou a ser regra neste exílio, neste vale de lágrimas, como se reza na Salve Rainha.
Luta posta pelo próprio Deus ao decretar: “Porei inimizades entre ti e a Mulher, entre a tua descendência e a descendência d’Ela, e Ela te esmagará a cabeça e tu armarás ciladas ao Seu calcanhar” (Gn. 3,15). Luta que não existe apenas agora, mas que há de recrudescer até o fim dos tempos.
Vigilância e luta poderia bem ser o lema dos sacerdotes, pois os filhos das trevas costumam ser mais sagazes do que os filhos da luz. Os seguidores de Satanás não se cansam de investir contra as muralhas indefectíveis da Santa Igreja, o que perpetuará esta luta até a fim do mundo.
Como é incessante hoje em todos os lugares e em todas as circunstâncias a propagação do erro – quer nas tendências, nas ideias e nos fatos – isso nos impõe, ou pelo menos deveria nos impor, não somente uma vigilância contínua, mas uma luta sem tréguas, sob pena de trairmos a missão sacerdotal.
Iniciativas como o aborto, a contracepção, a identidade de gênero, o pseudo-casamento homossexual e a prostituição; a eliminação da família, da propriedade e do pátrio poder; o interconfessionalismo religioso e o laxismo moral – todas elas visam à completa relativização do ensinamento de Jesus Cristo.
Meios não faltam aos propagadores do mal, cujos erros fazem grassar através da mídia, da educação, dos divertimentos, dos shows, das músicas que apodrecem a moralidade e, portanto, as famílias e a vida pública. Com toda razão, os fieis poderiam perguntar: – Onde estão os pastores?
Ao decretar que as portas do inferno não prevaleceriam contra a Sua Igreja, Nosso Senhor sem dúvida nos confirmava na fé e na esperança. Caso contrário, poderíamos vacilar nessas virtudes, à vista da imobilidade de muitos pastores diante dos lobos que investem contra os seus rebanhos. 


segunda-feira, 9 de junho de 2014


Requinte, elevação, nobreza

*Pe. David Francisquini

Nosso Senhor Jesus Cristo comparou a Igreja a uma minúscula semente de mostarda que ao vicejar se enche de tal vigor que os pássaros podem se aninhar em seus ramos. A metáfora representa a potência e a expansão da Igreja ao deitar suas raízes em todos os campos da atividade humana. 

Corpo místico de seu divino fundador, dentro dessa fortaleza só pode haver requinte, elevação, nobreza, predicados próprios do Deus humanado. Razão sem dúvida sobejamente forte para que seus ministros se identifiquem com os hábitos e as indumentárias que lhe são próprios. 

Pousam sobre os sacerdotes os desígnios de Deus. Ao se apresentarem em público, seus predicados – internos ou externos – ajudam-nos sem dúvida a ser reconhecidos pelo rebanho fiel, que poderá assim ser mais facilmente conduzido ao redil, para se arrepender de suas faltas. 

O sacerdote não pode se confundir com a massa, pois ele é o fermento que a leveda. Na epístola aos Hebreus, São Paulo recomenda ao candidato a ministro de Deus que, além da vocação, se compadeça dos que estão na ignorância e no erro, porque também ele está cercado de fraquezas. Por isso deve oferecer sacrifícios, tanto pelos seus pecados quanto pelas culpas do povo fiel. 

Se o hábito não faz o monge, pelo menos ajuda enormemente a tornar mais digno o homem consagrado a Deus. Até o Concílio Vaticano II, o hábito talar – ou seja, a batina que desce ao calcanhar – caracterizava todo sacerdote católico. Infelizmente ele foi desprezado, juntamente com toda a hierarquia de valores que representava.

Bispos Leste2 - Vista de Limina - 2010, de acordo com os novos rumos e ventos

 As consequências aí estão: incontáveis apostasias, tanto nas fileiras do clero quanto entre os católicos. E compreende-se, pois sem esta barreira que separava o padre do mundo, ele se tornou mais vulnerável às nefastas influências deste; e ao verem o padre igualado a si mesmos os fieis se desedificaram.

Por ocasião da convocação do referido Concílio, os bispos, cardeais, metropolitas e patriarcas partiram revestidos de suas
Magna Assembleia Conciliar decide os novos rumos da Igreja 
respeitáveis indumentárias que transcendiam requinte e esplendor. A pompa com a qual se apresentaram foi objeto de admiração por parte dos fieis do mundo inteiro. Mas ao findar a primeira fase daquela Magna Assembleia, voltaram às suas dioceses despojados dos trajes que os elevavam em dignidade e nobreza, além da respeitabilidade própria desses atributos.

Não há dúvida de que as vestes eclesiásticas faziam parte da vocação, do chamado divino que desperta nas almas o sobrenatural, reaviva nelas a fé, a consciência do bem e do mal, produzindo sentimentos de arrependimento e de propósitos a ponto de se poder exclamar que Deus vive entre nós por meio do padre.

A presença de um sacerdote virtuoso e bom dá conforto, segurança, equilíbrio, convida a pensar em Deus e a viver com vistas à vida eterna. Diante da investida protestante do século XVI, o Concílio de Trento determinou que os clérigos portassem sempre o hábito talar, como manifestação de honestidade interior dos costumes.

São Pio X

Infelizmente, a dessacralização na Igreja já se fazia sentir no início do século XX entre os modernistas, que bradavam contra o “triunfalismo da batina” e queixavam-se do requinte e da grandezadas insígnias reais dos papas. Com santa justiça foram eles condenados por São Pio X. 

Por natureza e sagração, o sacerdote é outro Cristo. E seu instrumento para difundir a graça e o perdão. Isso pode ser visto, por exemplo, quando ele se aproxima de um moribundo que se contorce de dor e preocupação em face da eternidade. O agonizante se recompõe, a paz e a tranquilidade passam a reinar em seu coração.

*Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria - Cardoso Moreria-RJ

domingo, 25 de maio de 2014

Chegou o tempo?

Casamento com a Santa Missa
A mídia tem sido pródiga em divulgar declarações do ex-presidente do Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, o cardeal Walter Kasper, de 81 anos. Ele acaba de apresentar mais uma proposta escandalosa: a admissão na comunhão eucarística de divorciados que tenham contraído novas uniões. 
O que a doutrina católica ensina a respeito?  São Paulo deixa claro: a Escritura, inspirada por Deus, é útil para ensinar, repreender, corrigir e formar na justiça. E a Igreja ensina que o casamento é indissolúvel nas dores e nas alegrias, no luto e nas dificuldades, nas vitórias e nas derrotas, nos reveses e nas bonanças, nas desilusões e nas esperanças. 
Caso a união anterior não tenha preenchido as condições para a sua validade, diz-se que o casamento não existiu. Portanto, o matrimônio realizado posteriormente, preenchendo as devidas condições, passa a ser legítimo e verdadeiro. 
Aos efésios confirma São Paulo o Gêneses: o que Deus uniu o homem não separe. O homem deixará seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher e serão dois em uma só carne. Ficam excluídos da Eucaristia aqueles que estão em aberta violação da Lei de Deus.
A Igreja não pode abrir as portas deste Sacramento aos cônjuges que violam ensinamentos multisseculares, pois eles próprios é que resolveram viver em situação irregular, abandonando com isso a frequência dos sacramentos.
Uma comunhão sacrílega 
Já aos coríntios, ao ensinar as condições para se comer da Carne de Cristo e beber de Seu sangue, São Paulo aponta o dever de se encontrar em estado de graça, pois quem o fizer indignamente come e bebe a própria condenação. 
A Igreja especifica as condições para o acesso à Eucaristia, a fim de que os fiéis a recebam com frutos. Nenhuma autoridade humana pode abrir seu acesso àqueles que vivem de maneira irregular, pois aproximar-se deste Sacramento em pecado mortal constitui sacrilégio, profanação do Corpo de Cristo. 
Ninguém pode ensinar algo diferente do que foi sempre ensinado, afirma a tradição. São Paulo adverte: “Ainda que alguém – nós ou um anjo baixado do céu – vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema.” 
O que dizer de um eclesiástico que ensina e propõe o contrário daquilo que o Magistério sempre ensinou? Santo Afonso de Ligório afirma, com base nas Sacras Letras, que é de fé que os impudicos, os impuros e os fornicadores não possuem o Reino dos Céus. 
A iniciativa do cardeal Kasper de tentar liberar a comunhão eucarística aos recasados acabará por envolver a instituição familiar numa crise sem precedentes, pois diz respeito aos fundamentos de nossa religião. Essa crise será também a ruína de tantos que deveriam pregar a boa doutrina. 
São Paulo Apóstolo
A vida matrimonial e familiar é sustentada pelos princípios, convicções e certezas oriundos da Fé, e tudo o que se constrói sobre o sentimentalismo não passa de edificação fantasiosa. 
Cumpre encontrar soluções para que os recasados se afastem do mau caminho, e não subterfúgios para abalar ainda mais os já tênues laços familiares, como propõe o cardeal Kasper.
São Paulo recomenda: “Prega a palavra, insiste, quer agrade, quer desagrade; repreende, suplica, admoesta com toda paciência e doutrina. Porque virá tempo em que os homens não suportarão a sã doutrina, mas contratarão para si mestres conforme os seus desejos, levados pela curiosidade de ouvir. E afastarão o ouvido das verdades para abrirem às fábulas.”
Terá chegado esse tempo? – Para o referido cardeal, expoente do progressismo, parece que sim...

domingo, 18 de maio de 2014

Onde está o teu tesouro?

*Pe. David Francisquini
                                                              
Células constitutivas da sociedade, as famílias funcionam como um termômetro dela. Quando estão sadias, a sociedade se ordena. Quando não, o corpo social fica comprometido, com reflexos em todos os campos da atividade do homem, da religião à economia.  
Assim, o grau de decadência da sociedade atual pode ser avaliado em função da situação das famílias que a constituem. De tal modo elas se distanciaram da formação recebida de seus antepassados que romperam com a estabilidade perene dentro das mutações normais das coisas. Romperam com aquilo que é imutável no mundo que muda, ou seja, a tradição.
Em sua obra-prima Revolução e Contra-Revolução, Plinio Corrêa de Oliveira afirma que a crise do homem contemporâneo tem sua raiz nos problemas de alma mais profundos. E ao apontar para a amplitude da Revolução, o autor mostra que ela visa destruir toda uma ordem de coisas legítima a fim de substituí-la por uma situação ilegítima.
Ao sacramentar o matrimônio, Jesus Cristo abriu para os esposos uma via de santidade, na qual o fim natural da multiplicação da espécie humana foi elevado a um objetivo ainda mais nobre: o da geração de membros para o seu Corpo Místico. Por isso, a verdadeira composição da sociedade tem por base a união familiar indissolúvel entre o homem e a mulher.
Mas essa indissolubilidade está profundamente abalada, como também a educação religiosa e moral dos filhos. Devido ao hedonismo de nossos dias e de leis cada vez mais socialistas, a finalidade primordial do matrimônio – a procriação e educação da prole – não é mais levada em conta, levando à fragmentação da estabilidade e do equilíbrio da instituição familiar.
Hoje os filhos não mais aprendem com seus pais a se dirigirem a Deus, pois muitas vezes sequer são batizados. Como uma sociedade que não reza poderá alcançar as graças de Deus? Enquanto as igrejas estão vazias, os estádios, os shoppings centers, os bancos, as repartições públicas regurgitam de gente: “onde está o teu tesouro, aí está o teu coração”.
A ausência dos pais, especialmente da mãe, no ambiente doméstico, tem contribuído para corromper a sua autoridade junto aos filhos. As crianças são afastadas do aconchego materno e da vida de família e colocadas em creches, onde não raro seguem uma cartilha socialista, aprendendo vícios, passando a ter sede precoce de liberdade e independência.
Em vez de cultivar as mais sólidas virtudes e princípios que regerão suas vidas, as crianças são educadas para a intemperança, o desequilíbrio e o desajuste. Na realidade, apenas nos braços de uma mãe extremosa aprendem elas amar a Deus e ao próximo, a regrar os seus instintos. Quando os pais as entregarem à sociedade, elas saberão se comportar no convívio social.
Quando se elimina Deus do centro da vida humana, tudo perde a razão de ser. Se a sociedade se encontra hoje pervertida e erodida, é porque o conjunto das famílias abandonou a moral, a religião, até mesmo a lei natural. Quando isso acontece, ela cai nas mãos de políticos aventureiros, demagogos e inescrupulosos, oriundos eles mesmos de famílias e de colégios que os corromperam e doutrinaram.



sábado, 3 de maio de 2014


Morta a morte, o triunfo de Cristo
 
*Pe. David Francisquini


        Por que Jesus Cristo morreu na Cruz?  - Para redimir o homem. Parar destruir o pecado. Para abrir as portas do Céu. Para purificar a Terra e deixá-la preparada para que sobre ela se edificasse a Igreja. Depois de ter recebido honras funerárias de seus discípulos, o corpo do Filho de Deus foi colocado no sepulcro.
         As piedosas e heroicas mulheres que O acompanharam em todos os passos da Paixão se condoíam, mas algo nelas lhes fazia pressentir um triunfo glorioso. A ideia de ir ao encontro do Divino Salvador as perseguia devido à fidelidade, ao amor, ao carinho que iluminava suas almas. Como um sol, Jesus Cristo para elas era tudo; não podiam viver sem Ele.
 

Ao alvorecer do domingo foram até o sepulcro e o encontraram vazio. Dois homens com vestes resplandecentes pararam perto delas e disseram: –– Por que procurais entre os mortos Àquele que está vivo? Não está aqui, mas ressuscitou. Recordai-vos que quando estava na Galileia, dizia ser necessário que o Filho do Homem fosse entregue aos pecadores e crucificado, para ressuscitar ao terceiro dia.
          Com efeito, as santas mulheres viram a grande pedra fora da entrada do sepulcro. Àquela hora, enquanto os inimigos ainda dormiam, prostrados por atormentado sono, a vida rejuvenesce o Salvador, pois Ele é o Rei da glória. Como o troar do canhão ao prestar homenagens a um rei vivo, a terra tremeu para O vencedor da morte à maneira de um grande terremoto.
          Tratava-se do aviso de que Cristo saíra do sepulcro, mesmo antes de a lousa sepulcral ser retirada. O Anjo apenas removeu a pedra para que as santas mulheres pudessem ver e acreditar que o Senhor tinha realmente ressuscitado e levarem a boa nova aos discípulos.
            Enquanto na Paixão o sol se eclipsou, produzindo tristeza, luto e temor, pois Cristo havia sido crucificado, os resplandecentes Anjos que anunciaram a sua ressurreição demostravam grande alegria e júbilo. Eles se apresentaram revestidos de luz, trajes próprios para aquele momento ápice da História, o anúncio do grande vencedor do duelo com a morte, pois era esta que estava morta.
Quando as santas mulheres se encontraram com os Anjos, elas não se prosternaram, mas apenas inclinaram a cabeça. Mesmo alguns apóstolos que viram o Senhor depois da ressurreição, não se prostraram em atitude de adoração. Daí o costume na Igreja de se rezar algumas orações aos domingos e durante o tempo pascal não de joelhos, mas de cabeça inclinada, para perpetuar a lembrança da Ressurreição do Senhor.
              Ao dizer às mulheres para não buscarem entre os mortos
Aquele que está vivo, o Anjo lembra que Cristo já havia anunciado a Sua paixão, morte e ressurreição. Jesus, que acabara de passar um dia inteiro e duas noites na sepultura para testemunhar a Sua morte, não podia dilatar por mais tempo para que não ficasse oculta a verdade da incorruptibilidade de seu corpo.
Brilhou no meio das trevas a chama viva de Cristo, o triunfador glorioso do demônio, do mundo e da carne, e também da própria morte. Uma vez reportado tudo isso, temos razões de sobra para nos enchermos de esperança e de certeza de que a Igreja triunfará do novo paganismo que tomou conta dos nossos dias.
             Ao sair da sepultura, triunfante e glorioso, Jesus Cristo passou a iluminar o caminho da sua Igreja, que triunfará pela fidelidade dos bons, pois que A assiste a divina proteção.